Médico geriatra, cardiologista e nutrólogo Juliano Burckhardt considera que a importância desta vitamina é pouco abordada por médicos e pela população
O nome é vitamina D, mas, na prática, é
um potente hormônio esteroidal, o qual é fundamental para diversos processos
vitais no organismo. A dica de sair para tomar umas horinhas de sol diariamente
não serve apenas para fortalecer os ossos, como popularmente se diz. Ela
é fundamental para inúmeros aspectos, como a imunidade. “A vitamina D atua em
incalculáveis os órgãos e sistemas , na imunidade, por exemplo, ela tem ação de
liberar um peptídeo chamado catelicidinas e beta defensinas, que agem como
antibióticos naturais, com ação antibacteriana, antifúngica, antiparasitária e
uma potente ação antiviral”, afirma o médico Juliano Burckhardt. Com
especialização em nutrologia, cardiologia e geriatria, ele é um entusiasta da
disseminação desses conceitos que evidenciam os benefícios desta substância ao
corpo.
Este hormônio é dividido em Vitamina D2 e D3, esta última, chamada de colecalciferol, é responsável por mais de 2 mil reações químicas, cerca de 80 funções no organismo, ainda regula mais de 10% da expressão genética. “Dentre todas as funções em termos cardiovasculares e cardiometabólicos, ela está relacionada à hipertensão, diabetes, doenças neurológicas, principalmente as degenerativas, como esclerose múltipla e a lateral amiotrófica”, afirma. Isso sem contar sua importância para os ossos e músculos em todas as idades, principalmente a partir dos 60 anos, quando começa o processo de sarcopenia e osteopenia, a perda de massa muscular e óssea respectivamente.
A preocupação do médico é principalmente com os idosos. Conforme os anos passam, o organismo tende a produzir menos vitamina D devido à diminuição dos receptores periféricos na pele que captam a luz solar, além disso ocorre a chamada heliofobia, a aversão ao sol, que faz com que muitos não queiram se expor ao sol, problema que foi agravado nesta pandemia. “Vira um ciclo vicioso, os idosos já tomavam pouco sol e agora com a quarentena tomam menos ainda, além de já terem menos produção da vitamina”, afirma o médico. Ele ressalta que 9 em cada 10 dez idosos têm deficiência desta substância. Outro problema são os protetores solares: por um lado protegem a pele dos raios solares causadores de câncer de pele, por outro, não permitem que a luz penetre nos tecidos para estimular a produção da substância. “O idoso tem de 4 a 5 vezes menos receptores de vitamina D, que ficam na pele e são ativados com raios solares UVB, o ideal é tomar sol das 10h às 15h, mas não precisa se queimar no sol, de 15 a 20 minutos com 40% do corpo exposto diariamente já ajuda muito”, aconselha o Burckhardt, que não deixa de lembrar a necessidade de passar protetor solar no rosto e usar barreiras como chapéu, boné e roupas com proteção específica.
Quais as fontes?
O médico explica que há 2 tipos de vitamina D fornecidos por alimentos: a D2, de fonte vegetal, e D3, fonte animal. Esta última está presente em peixes e ovos, já a primeira é encontrada em castanhas e cogumelos, estes últimos são fungos, na verdade. Entretanto, o médico destaca que a quantidade adquirida pela dieta é pequena e pouco terapêutica. “O óleo de fígado de bacalhau é uma boa fonte, porém é pouco palatável e nem todos têm acesso, se for adquirir na alimentação, deveria-se comer, por exemplo, 80 postas de salmão selvagem ao dia ou 230 ovos, o que é inviável”, destaca. Assim sendo, o sol continua sendo a principal fonte.
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