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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Pandemia pode dificultar o tratamento da esquizofrenia

 Isolamento social pode comprometer o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento dos pacientes


Embora o tema saúde mental venha ganhando notoriedade nos últimos anos, a esquizofrenia ainda é um assunto pouco abordado, o que acaba acentuando o estigma e contribuindo para que haja demora na busca por um diagnóstico ou tratamento corretos. Estudo mostra que a chegada da Covid-19 tende a piorar o cenário da doença. Além da dificuldade do diagnóstico, potencializada pelo isolamento social, a pandemia pode aumentar o risco de recaídas em pacientes com esquizofrenia, pois o estresse e restrições resultantes da quarentena podem acarretar a piora dos sintomas psiquiátricos que, quando não estabilizados, têm mais chances de resultar em novos surtos[i].

Dados de uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)[ii], em 130 países, mostra que a pandemia de Covid-19 interrompeu os serviços essenciais de saúde mental em 93% dos países em todo o mundo. Mais de 60% relataram interrupções nos serviços de saúde mental para pessoas vulneráveis (incluindo crianças e adolescentes, adultos mais velhos e mulheres que precisam de serviços pré-natais ou pós-natais). Cerca de 67% alegaram interrupções no aconselhamento e psicoterapia, e cerca de 30% relataram interrupções no acesso a medicamentos para transtornos mentais e neurológicos.

Um dos principais obstáculos para tratar a esquizofrenia é a adesão ao tratamento. Segundo especialistas, cerca de 2/3 dos pacientes com transtornos psicóticos não tomam a medicação corretamente[iii]. Em um período de cinco anos, aproximadamente 80% dos indivíduos apresentam recaídas após o primeiro episódio da doença[iv]. As recaídas múltiplas culminam em uma perda progressiva da funcionalidade. Dessa forma, evitar recaídas desde o princípio da doença é uma prioridade no tratamento, e um potencial fator modificador da doença[v].

"Pessoas com essa condição, desde que diagnosticadas e tratadas corretamente, podem levar uma vida socialmente ativa, trabalhar, estudar, casar, ter filhos e serem independentes como qualquer outra. A questão é que em alguns casos, por preconceito, medo ou falta de conhecimento, as pessoas acabam não buscando ajuda médica especializada, o que pode dificultar o diagnóstico e comprometer o tratamento", alerta o Dr. Cristiano Noto, médico psiquiatra da Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Ainda de acordo com a pesquisa da OMS, 70% dos países alegaram ter adotado a telemedicina ou teleterapia como opções para contornar as interrupções nos serviços presenciais durante a pandemia. Há, no entanto, disparidades significativas na aceitação dessas intervenções, já que 80% dos países que relataram a implantação do serviço são de alta renda; países de baixa renda representam menos de 50%. Essa lacuna de cuidado representa um desafio importante, já que são justamente estes os países que mais precisam fortalecer seus sistemas de saúde e os cuidados em saúde mental.

Segundo o Dr. Rodrigo Bressan, médico psiquiatra e professor da UNIFESP, apesar da dificuldade de tratamento, houve grande avanço nos medicamentos para o transtorno nos últimos anos e, atualmente, existem opções no mercado capazes de controlar as diversas fases da esquizofrenia e prevenir possíveis recaídas, com efeitos colaterais mínimos. Para facilitar a adesão às terapias, em alguns casos, são recomendados medicamentos de longa duração, capazes de controlar o quadro com aplicações mensais ou até mesmo trimestrais.

A esquizofrenia é uma condição crônica ainda muito estigmatizada que afeta cerca de 1% da população mundial. No Brasil, a enfermidade atinge cerca de 1.6 milhões de pessoas[vi]. Consiste em um transtorno mental complexo caracterizado por distorções no pensamento, percepção, emoções, linguagem, comportamento e consciência do "eu". Os sintomas podem incluir alucinações (ouvir, ver ou sentir coisas que não existem) e delírios (falsas crenças mantidas mesmo quando há provas que mostram o contrário)[vii].

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a enfermidade é considerada a terceira doença que mais afeta a qualidade de vida entre a população de 15 a 45 anos de idade[viii]. A patologia geralmente tem início entre o fim da adolescência e o começo da vida adulta.

Janssen

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Referências:
[i] Druss BG. Jama Psychiatry. Published on line April 3, 2020
[ii] WHO. COVID-19 disrupting mental health services in most countries, WHO survey. Acessado em 05/10/2020. Disponível em: http://www.who.int/news-room/detail/05-10-2020-covid-19-disrupting-mental-health-services-in-most-countries-who-survey
[iii] Adaptado de Oehl M, et al. Acta Psychiatr Scand 2000; 407:83-6
[iv] D Robinson, MG Woerner, JM Alvir, et al. Predictors of relapse following response from a first episode of schizophrenia or schizoaffective disorder Arch Gen Psychiatry, 56 (1999).
[v] McGorry et al. JAMA Psychiatry, 70(9), 2013.; Nasrallah, HA. Current Psychiatry. 2017;8:4-7
[vi] Revista Brasileira de Psiquiatria. Schizophrenia, the forgotten disorder: the scenario in Brazil. Acessado em 20/08/2019. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462015000400001#B08
[vii] Organização Pan-americana da Saúde (OPAS). Transtornos Mentais. Acessado em 29/09/2020. Disponível em: http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5652:folha-informativa-transtornos-mentais&Itemid=839
[viii] WHO. Burden of Mental and Behavioural Disorders. Acessado em 26/09/2020. Disponível em: http://www.who.int/whr/2001/chapter2/en/index4.html


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