Não é novidade que os filhos, antes mesmo de aprenderem a andar ou falar, já aprendem a movimentar os dedinhos em direção à tela do tablet ou celular. Vídeos, jogos educativos e até a conversa com familiares pelo meio digital aproximam os pequenos da tecnologia desde o primeiro ano de vida. Em casa, a automação também já faz parte da rotina, a exemplo dos assistentes virtuais, como Alexa, da Amazon, Siri, da Apple, Bixby, da Samsung e o Google Assistant, que obedecem às ordens pelo comando de voz – inclusive das crianças.
Mas será que as futuras gerações estão prontas para
os avanços tecnológicos? De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef), no Brasil, 4,8 milhões de crianças e
adolescentes, na faixa de 9 a 17 anos, não têm acesso à internet em casa. Eles
correspondem a 17% de todos os brasileiros nessa faixa etária. Além desses, que
não contam com acesso em suas casas, mas podem recorrer a escolas, bibliotecas
e espaços públicos, outros 11% ficam sem nenhuma possibilidade de conexão.
O cenário da tecnologia apresenta avanços e
inovações diariamente, mas, para serem aplicados e exercerem funções
facilitadoras no dia a dia, os jovens e crianças de hoje precisarão estar
preparados e familiarizados com o mundo digital do futuro. Para isso, investir
somente na máquina não é a solução. A partir do investimento na educação e
inserção da tecnologia em escolas e ambientes voltados para o aprendizado ainda
na infância, o desenvolvimento de novos softwares, inteligência artificial,
análise de dados e a criação de sistemas serão consequências, pois contaremos
com mais indivíduos preparados para encarar o desafio da revolução tecnológica.
Sendo assim, estruturas que promovam igualdade de
oportunidades e que tragam para o dia a dia de todos a chance de utilizar e
conhecer novos formatos de comunicação e interação são essenciais. Um exemplo
disso são as cidades inteligentes, que possibilitam conexão, agilidade,
igualdade e, além de tudo, qualidade de vida aos cidadãos. Oportunidades que
aproximam realidades distantes e despertam o interesse em novas ferramentas.
Desde a automação dentro de casa até a necessidade
de dominar os princípios básicos da tecnologia para se encaixar no mercado de
trabalho, os critérios que preparam nossos jovens para o futuro ainda são
desiguais e carentes de melhorias no processo de educação. Para garantirmos um
amanhã tecnológico, as crianças de hoje devem receber a oportunidade de
conhecer novas ferramentas e navegar nesse futuro que já chegou.
Fabrício Ormeneze Zanini - diretor-presidente do
Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).
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