Segundo
especialista, ignorar o medo pode aumentar os níveis de ansiedade e estresse,
que impactam na saúde física e mental
A pandemia acabou
afetando todas as áreas da nossa vida. Além da tensão em nos mantermos seguros,
proteger nossos entes queridos, reduzir a disseminação da covid-19 e manter a
saúde financeira, também se tornou importante darmos atenção às respostas
emocionais da pandemia. Lidar com o medo, enfrentando o aumento dos níveis de
ansiedade e estresse, que impactam na saúde física e mental, é um desafio, já
que essa emoção forte pode suprimir a função imunológica. O medo nada mais é do
que uma resposta natural a tudo aquilo que não entendemos e que ameaça nossa
segurança e saúde.
"O medo
influencia nosso comportamento e, quando saudável, serve para nos proteger.
Mas, se nocivo, paralisa nossas ações e prejudica a tomada de decisão, acabando
por nos fazer escolher soluções de curto prazo com consequências de longo
prazo, já que não ativamos o pré-frontal, e deixamos de pensar de maneira
racional e tranquila", explica Patrícia Santos, especialista em Anger
Management (Gerenciamento da Raiva), pela National Anger Management
Association - NAMA de Nova Iorque, EUA.
Segundo Patrícia,
muitas vezes, acabamos contaminados emocionalmente pelo medo dos outros.
"Ver outras pessoas em pânico nos incentiva a fazer o mesmo e, como somos
seres sociais, entramos em conformidade, em um estado de comoção social. Não
falar sobre o problema, não querer ter informações atualizadas a respeito, não
reduz o medo. Pode, inclusive, fazê-lo aparecer muito mais forte depois",
reforça a especialista.
A especialista explica
que, do mesmo modo, minimizar e desprezar o problema também não resolve.
"Muitas pessoas que passam por algum tipo de sofrimento tentam escapar de
suas emoções desagradáveis, negando o que está acontecendo, se convencendo de
que não existe risco e deixando de tomar precauções. Tais atitudes podem
prejudicar não só a si mesmo, mas também todo seu circulo de convivência",
afirma Patrícia.
A boa noticia é que
existem algumas estratégias que reduzem o estresse e a ansiedade, de forma a
minimizar os impactos do medo, e que funcionam de forma rápida e eficiente,
ajudando a regular suas emoções. A especialista Patrícia lista abaixo algumas
delas:
• Procurar reduzir a
sensação de medo, não eliminá-la;
• Fazer algumas
respirações profundas. A respiração ritmada promove uma sensação de
tranquilidade;
• Ouvir músicas calmas
ou aquelas que te dão energia, as famosas baladas;
• A melhor maneira de
voltar ao controle, é fazer atividades que te deixem feliz, seja assistir a um
filme, série ou até mesmo cozinhar;
• Estar ciente do que
desencadeou essa sensação de medo;
• Conhecer seus
gatilhos, o que dispara pensamentos que geram preocupação, medo e a ansiedade.
• Praticar o
mindfullness: percebendo pensamentos, sensações corporais e emoções no momento
em que ocorrem, sem reagir de maneira automática ou habitual.
Para ela, as
interpretações aos eventos sobrecarregam a intensidade de nossas emoções.
"Faça perguntas questionando seus pensamentos, levante os fatos, aprenda a
ver com mais clareza, sem interpretação ou julgamento, não tire conclusões
precipitadas. Pare um momento para observar: o que estou pensando?; este
pensamento está relacionado a preocupações futuras ou a um problema do
passado?; estão trazendo paz e solução?; são úteis?", orienta a
consultora.
Por fim, Patrícia, que
atua há 6 anos com gerenciamento de emoções, explica que uma vez que você tenha
seu próprio medo sob controle, pode ser útil apoiar outras pessoas queridas, se
esses estiverem ansiosos. "Reconheça a emoção, não tente animar alguém com
dizeres como ‘já já passa ou ‘anime-se’, pois, não vai funcionar. Faça
perguntas para ativar a consciência, e use algumas das técnicas citadas, aquela
que fizer mais sentido para a pessoa. Ao praticar o gerenciamento de suas
emoções, você experimentará uma sensação única de liberdade e equilíbrio",
finaliza.
Patrícia Santos - Consultora, escritora e palestrante, docente em cursos de pós-graduação em diversas instituições pelo país. É especialista em Anger Management (Gerenciamento da Raiva), pela National Anger Management Association - NAMA de Nova Iorque, EUA, onde também é fellow. É coautora do livro "Raiva, quem não tem?". A obra é um verdadeiro crossfit emocional que não só discorre sobre o tema, mas também ensina o leitor a medir, encarar, transformar e a seguir em frente.
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