Com aumento de 9% em relação a 2019, Brasil ocupa 8ª posição no ranking da International Business Report
Nos últimos anos, a participação da mulher no mercado de
trabalho principalmente no setor empresarial, tem sido bastante discutida e
levada mais a sério pelas organizações. Segundo a pesquisa mais recente do International
Business Report da Grant Thornton, as mulheres brasileiras ocupam hoje 34% dos
cargos de diretoria executiva, acima da média global que é 29% e com um
crescimento de 9% em relação a 2019. A pesquisa, realizada com 4.812 empresas
em 32 países, apontouque o Brasil ocupa a 8º colocação no ranking que é
liderado por Filipinas (43%), África do Sul (40%), Polônia (38%) e México
(37%).
O crescimento é notável, e para a executiva do transporte e
atual presidente executiva do SETCESP (Sindicato das Empresas do Transporte de
Cargas de São Paulo e Região), Ana Jarrouge, "isso se dá porque nos
últimos anos, as mulheres entram no mercado de trabalho com a mesma competência
que os homens, elas gostam de se capacitar com mais frequência e de se sentirem
preparadas para assumir novos desafios a qualquer momento, e o fato de diversas
empresas multinacionais estarem colocando mulheres para ocupar cargos de
liderança sênior e executiva incentivam e inspiram para que isso ocorra nas
demais organizações. Aliado a isso, vejo que os homens e a alta direção das
empresas, estão cada dia mais abertos ao conceito de que competência não tem
gênero, e abrindo portas para que as mulheres participem de processos seletivos
de cargos antes ocupados somente por homens".
Porém, apesar das notícias serem animadoras, a pesquisa
apontou que a maioria das empresas ainda não possuem iniciativas para eliminar
as barreiras da desigualdade de gênero em níveis mais seniores. No Brasil,
apenas 18% das empresas têm essa política, contra 22% na média global e segundo
a executiva "realmente ainda faltam políticas claras a respeito de
inclusão, com ações práticas desde o treinamento do pessoal de RH para que se
faça uma abordagem e seleção mais adequada, a adoção de jornadas de trabalho flexíveis
incluindo home office esporádico e também treinamentos gerais, incluindo
sócios, alta direção e demais lideranças, para que a equidade seja efetivamente
aplicada e absorvida no dia a dia de todas as organizações".
Jarrouge também acredita que as mulheres são mais desafiadas
no cotidiano do trabalho, não apenas pela empresa, mas também por suas tarefas
diárias. "Desempenhamos muitos papéis e temos que fazer malabarismo para
ter equilíbrio emocional entre os mesmos. A preocupação da mulher com a casa e
com a família é peculiar dela, e isso é sim um desafio maior durante o dia no
trabalho, por isso, acredito que um ambiente inclusivo e favorável nas empresas
é de extrema importância para dar oportunidade de crescimento profissional e
espaço para que as mulheres possam mostrar suas competências".
Falando agora do segmento de transporte rodoviário de cargas,
no qual Ana atua a mais de 20 anos, a executiva que também é a única mulher a
ter sido coordenadora nacional da COMJOVEM (Comissão de Jovens Empresários da
NTC&Logística), acredita que essa comissão foi ponto chave para que mais
mulheres pudessem participar e ter mais oportunidades no setor. "No começo
realmente eu era sozinha nestas reuniões, mas logo mais mulheres apareceram e
isso foi me motivando dia a dia à carregar esta bandeira, de que elas devem sim
participar mais, buscar seu espaço e ocupar os cargos que queiram. Capacidade e
competência não faltam a nenhuma delas e a cada dia vejo que meus pares, em sua
grande maioria homens, estão mais abertos à recebê-las, razão pela qual farei
de tudo para incentivá-las porque a presença feminina em nossas entidades de
classe será muito benéfica".
Por estar em um cargo de liderança no transporte de cargas,
um setor historicamente masculino, Ana tem se tornado um exemplo a ser seguido
para as mulheres do setor, mas faz questão de dizer que não está sozinha.
"Nunca tive pretensão e nem imaginava chegar no cargo que ocupo hoje. As
coisas foram tomando um rumo e minha trajetória nas entidades de classe acabaram
me impulsionando a ocupar o cargo que estou atualmente. É fato que nas nossas
entidades ligadas ao setor de transporte rodoviário de cargas temos poucas
mulheres que ocuparam e/ou ocupam cargos de presidência, diretoria e liderança
em geral, mas temos alguns exemplos sim, como a Tânia Drumond no Rio de
Janeiro, Nazaré Cunha no Acre, Cilene Moreira Sabino de Oliveira no Pará, Maria
das Graças Nery em Rondônia e Paulina Di Giorgio de Sorocaba, as quais devem
ser lembradas e citadas" e finaliza "podemos e devemos incentivar
esta participação para que ela seja cada vez maior no nosso setor, espero
continuar colaborando neste sentido".
Ana Jarrouge - Formada em Direito, Pós Graduada em Direito e Relações do Trabalho e com MBA em Gestão de Pessoas, Ana Jarrouge trabalhou como gerente administrativa jurídica e de RH na Ajofer, empresa fundada pelo pai e pelo avô. Também teve grande participação na Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), onde foi coordenadora nacional da Comissão de Jovens Empresários do Transporte de Cargas e Logística (COMJOVEM). Atualmente exerce a função de presidente executiva do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo (SETCESP) e de diretora na Confederação Nacional dos Transportes (CNT) na Seção II do transporte rodoviário de cargas.
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