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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Pesquisa destaca os efeitos negativos do isolamento social na saúde mental de jovens e adolescentes

 Mestre em psicologia positiva e especialista em parentalidade, Adriana Drulla fala sobre a fase de inseguranças vivida pelos adolescentes e como os pais podem ajudá-los a superar os momentos ruins.


A cada ano, cerca de 800 mil mortes por suicídio ocorrem no mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos. Entre os jovens (15 a 29 anos), é a segunda causa de morte globalmente, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Realmente, a transição da infância para a adolescência representa um período crítico para a vulnerabilidade do comportamento suicida. Para agravar, enfrentamos globalmente um momento de pandemia, com o confinamento impactando diretamente a saúde mental de jovens e adultos. 

Uma pesquisa nacional do instituto Datafolha, em parceria com a Fundação Lemann, o Itaú Social e a Imaginable Futures, vem acompanhando crianças e jovens do ensino público ao longo do isolamento. A falta de motivação, que em maio atingia 46%, chegou a 51% em julho, segundo os responsáveis por 1.556 alunos entre 6 e 18 anos. O percentual dos que estão tristes passou de 36% em junho para 41% em julho. No mesmo período, o de irritados foi de 45% para 48%. E são 74% os que se sentem tristes, ansiosos ou irritados.

Mestre em psicologia positiva e especialista em parentalidade e estudos de compaixão e autocompaixão, Adriana Drulla destaca que os jovens têm uma maior necessidade de conexão social. A adolescência é uma fase de descoberta de si mesmo e de formação da identidade, e para isso o grupo é muito importante. “Ao mesmo tempo é uma fase de desenvolvimento muito sensível. Pesquisas feitas com diversas faixas etárias mostram que, naturalmente, pessoas na faixa etária entre 14 e 17, por exemplo, tem mais chances de desenvolver depressão e ansiedade do que em qualquer outra faixa etária, e a pandemia acentua isso”, revela Adriana.

A insatisfação não vem apenas como resultado da diminuição de interações sociais. Os adolescentes estão vivenciando um período de insegurança muito novo: preocupação com a saúde; com a situação do emprego e da condição econômica da família; a questão da morte; a  separação repentina de amigos; a interrupção escolar; rotina bagunçada; dieta menos balanceada e atividades físicas prejudicadas.

A recomendação para os pais é que acompanhem e orientem seus filhos da melhor forma. “Primeiro, aceitando o sofrimento como natural, ajudando a validar o sentimento do jovem que sofre. É importante que ele se sinta ouvido e compreendido. E a partir desse  lugar  de  vínculo e apoio entenderem juntos, pais e filhos, se existe alguma atitude possível para amenizar essa dor. Ver uma amiga apenas, tomando todo o cuidado, ou então, marcar conversas de vídeo, pode ser uma saída”, completa a especialista. 

É importante que esse jovem tenha alguém que ele confie para desabafar e para falar abertamente. O primeiro passo para ganhar a confiança da criança, do jovem é validando seus sentimentos, acolhendo o que ele está sentindo com empatia. Além dos pais, amigos também são importantes para a elaboração de sentido. 

“Os momentos de dificuldade são importantes porque quando paramos o piloto automático podemos refletir sobre a nossa vida e adotar valores e objetivos mais coerentes com a nossa felicidade. Quando as pessoas conseguem encontrar sentido e propósito para além de si, elas superam as dificuldades com mais facilidade. Esse é inclusive um dos grandes benefícios de se fazer trabalhos sociais, por exemplo”, finaliza Adriana Drulla.

 



Adriana Drulla - Mestre em Psicologia Positiva, pela Universidade da Pennsylvania, é especialista em Compaixão e Autocompaixão. Estudou com Martin Seligman, psicólogo fundador da psicologia positiva, e outros pesquisadores referência neste campo nos Estados Unidos e no mundo. Formada em Conscious Parenting por Shefali Tsabary, psicóloga referência em parentalidade e autora do método que une psicologia, parentalidade e espiritualidade, é também especialista em Mindfulness e Autocompaixão pela Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA) e pela USP.

https://www.instagram.com/adrianadrulla/?hl=pt-br

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