A liderança é um suporte fundamental em uma crise global sanitária, social e econômica. Ela se torna um pilar de sustentação para que as decisões e transformações sejam ágeis, estratégicas e sistêmicas, com foco na resolução dos três pontos da crise atual.
Nos últimos meses, em diversas situações, veio à tona a questão: como liderar com o isolamento social? Passei a dar minha resposta com outra pergunta: o que você procrastinou ou evitou desenvolver no modelo da sua liderança? A razão de devolver a resposta com esta questão é fazer refletir sobre o que foi desconsiderado nos últimos tempos.
O que vivemos hoje é fruto de um modelo de liderança praticado há muito tempo. Uma liderança voltada para interesses imediatos e com uma total cegueira metódica. Deixa-se de lado o fato de que ninguém faz nada sozinho, e que se existe um líder, é porque há uma equipe por trás.
Quando aprofundamos a conversa sobre valores e competências para formar uma liderança de qualidade, os clichês se repetem com argumentos vazios, prevalecendo o ambiente nocivo de competição, onde despeito, arrogância, inveja e desmotivação drenam a produtividade.
Isso mostra uma carência de um modelo pautado em cultura, metas, métricas, mensuração e sucessão, além de características essenciais, como saber lidar com gente, ser diligente, carismático e ter o dom de inspirar as pessoas. A colaboração, por exemplo, se tornou uma competência de grande valor e destaque nos últimos tempos.
A conclusão é que a genialidade, da forma como o mundo corporativo vem propagando, é paradoxal ao modelo de uma liderança plural e visionária. Um formato atrasado, que classifica as pessoas, desconsiderando suas singularidades e as oportunidades de explorar suas diferenças a favor da empresa.
A pandemia e suas consequências no universo dos negócios mostraram a necessidade de adotar uma maior flexibilidade para avaliar habilidades, novos talentos, repensar e aprender a se desapegar de valores que já estão ultrapassados.
A empresa precisa enxergar cada colaborador como parte de uma grande engrenagem. Desde o estagiário ao presidente, cada um tem a sua importância. Se não houver envolvimento, irá comprometer toda essa engrenagem.
Quando se cria o hábito de envolver a equipe
em decisões estratégicas, a cumplicidade passa a ser um processo natural,
fazendo com que os colaboradores se sintam parte de cada resultado.
Vale lembrar que o sucesso de uma empresa, especialmente em crises como a
atual, não é mérito de uma única pessoa, mas da junção de várias competências
que estejam no mesmo nível de comprometimento com o negócio.
Marcia
Dolores Resende - psicóloga, especialista em Gestão de RH pela USP, em
Marketing Estratégico pela ESPM, pós-graduada em Criatividade e Inovação pela
FAAP e conselheira em Desenvolvimento Humano e Estudos da Família no IBGC
(Instituto Brasileiro de Governança Corporativa)
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