No início do mês, um brasileiro foi preso por ser o responsável pela criação e manutenção de um dos maiores fóruns em língua portuguesa de pornografia infantil da deepweb. O crime, infelizmente, não é um ato isolado. O confinamento, devido ao isolamento social, fez aumentar em até 5.000% os crimes cibernéticos, entre eles a pornografia infantil.
Setembro
também é o mês do Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de
Mulheres e Crianças (23/09) e, a Aldeias Infantis SOS Brasil, que atua no
cuidado infantil, faz um alerta para o risco das crianças e adolescentes
utilizarem a internet sem supervisão dos responsáveis.
Segundo
dados coletados pela Safernet1, nos três primeiros meses da pandemia
foram registradas 42.931 denúncias de pornografia infantil, mais que o dobro do
registrado no mesmo período do ano passado (20.860).
É
importante ressaltar que não só aumentou a oferta, mas também a procura por
esses materiais. O aumento do nível de estresse pode ser um gatilho para os
consumidores. Do outro lado, as crianças e adolescentes passaram a ficar
conectadas por muito mais tempo, tanto para atividades escolares, como para o
lazer. Isso aumenta o risco de serem acessadas por aliciadores em busca de
fotos e vídeos das crianças para publicar da deepweb. Uma vez publicados, é muito
difícil controlar para onde vai o conteúdo.
“Existe
uma falsa sensação de segurança quando os filhos estão em casa mexendo no
celular ou no computador, pelo fato de estarem no mesmo ambiente que os
responsáveis. Mas, com quem nosso filho, que está do nosso lado, está falando?
A internet é um mundo de possibilidades”, comenta Olivia Valente, Coordenadora
de Serviços no Acolhimento na Aldeias Infantis.
As
redes sociais podem ser acessadas por qualquer pessoa, inclusive, pelos
aliciadores que têm técnicas para se aproximar das crianças, ganhar a confiança
delas e, então, começar a pedir fotos e vídeos em troca de algum “presente”.
Algumas vezes, sem que a criança sequer entenda a conotação sexual do que está
fazendo. Depois de conseguir as primeiras imagens, é comum que eles passem a se
utilizar da chantagem para conseguir mais conteúdo.
Segundo
Olivia, para proteger os pequenos desse tipo de crime, o primeiro passo sempre
é criar um ambiente de confiança e manter o diálogo aberto, para que eles se
sintam seguros de contar aos pais se alguma coisa acontecer. É fundamental que
os responsáveis estejam sempre atentos ao que as crianças estão consumindo na
internet e a qualquer mudança de comportamento que possa indicar que estão
passando por algum problema.
Outra dica é ficar de olho em quais redes sociais eles acessam,
que tipo de conteúdo postam e manter os perfis sempre privados. Existem também
aplicativos em que o objetivo é conversar com estranhos. Esses devem ser
evitados. É possível ativar em navegadores e celulares alguns dispositivos de
segurança que podem bloquear conteúdos impróprios. “A melhor forma de combater
esse tipo de crime é através da denúncia, seja quando você encontra um conteúdo
impróprio ou quando conhece alguém que foi vítima”, conclui Olivia.
Sobre a Aldeias Infantis SOS Brasil
Como organização humanitária global, líder em cuidado infantil
direto, a Aldeias Infantis SOS Brasil (SOS Children’s Villages International)
atua no país há 53 anos, onde cuida de crianças, fortalece famílias, dá
resposta a situações de emergência e advoga pelo direito de viver em família e
comunidade. Presente em 31 localidades de Norte ao Sul do país, a Organização
oferece atividades diárias que geram impactos positivos para mais de 11 mil
pessoas, por meio de projetos de educação, esporte, lazer, geração de renda e
empregabilidade, com foco na quebra dos ciclos de pobreza, violência e exclusão.
https://www.aldeiasinfantis.org.br/
1 - DIAS, Tatiana. Crimes
explodem no Facebook, Youtube, Twitter e Instagram durante pandemia. The Intercept Brasil, 2020.
Disponível em:
<https://theintercept.com/2020/08/24/odio-pornografia-infantil-explodem-twitter-facebook-instagram-youtube-pandemia/>.
Acesso em: 18/09/2020.
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