A crise sanitária provocada pela pandemia do Covid-19 afetou a saúde e o
bolso de milhões de brasileiros. Recente pesquisa realizada pelo Serasa revelou
que 89% dos brasileiros tiveram sua renda reduzida devido à crise e às medidas
de isolamento social. O cenário revelado demonstra o momento difícil em que a
população brasileira está passando, mais especificamente para os que trabalham
em pequenas e médias empresas. Além disso, também demonstra que os problemas
que ocorrem atualmente se manterão nos próximos meses ou até mesmo nos próximos
anos. Ou seja, a reorganização do planejamento financeiro será um dos grandes
desafios das famílias no país.
O estudo foi realizada de maneira online com mais de 350 pessoas, entre
18 e 74 anos (55% homens e 45% mulheres), de todas as regiões do Brasil. Dentre
os resultados, destaca-se que 73% da população economicamente ativa foi afetada
pela pandemia, o que resultou no aumento do desemprego em 5 pontos percentuais
em relação ao mesmo período do ano passado – 41% dos entrevistados apontam a
pandemia como causa desse aumento do desemprego.
De acordo com a pesquisa, 14% declaram estar desempregados, sendo que a
maior parte deles trabalhava em empresas de pequeno e médio porte. Além desse
número total, soma-se o fato de que os empregos, e consequentemente, a renda
perdida, atingem famílias inteiras em mais da metade dos casos.
A pesquisa ainda revela um cenário complexo dentre os entrevistados:
• 70% são responsáveis pelo suporte das contas da casa;
• 54% dos que perderam o emprego ganhavam até 2 salários mínimos;
• 53% afirmam que todos da família perderam renda por causa da crise.
Em relação ao modo como essas famílias têm se organizado
financeiramente, a pesquisa revelou um comportamento de priorização dos
pagamentos das contas da casa – um comportamento habitual em momentos de crise.
Dentre os itens priorizados destaca-se, em ordem decrescente: Alimentação –
ocupa o 1º lugar na lista de priorização; seguido pelos gastos com moradia,
tais como: energia, gás e água, telefonia (celular); e, por último na lista de
priorização, educação.
Cabe uma análise ao fato de que o item educação tenha sido o último
colocado na lista de priorização de pagamentos: os dados da Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo revelam que no ano de 2020 houve um aumento de
10 vezes na migração de alunos do ensino médio privado para as escolas
públicas.
Além de se observar um padrão de como as contas de casa foram
priorizadas, a pesquisa revela ainda que 91% dos respondentes pretendem fazer
um empréstimo financeiro pessoal como alternativa para manter os pagamentos
mínimos das contas. No entanto, cabe uma ressalva: sem emprego e geração de
renda, os desempregados conseguirão obter empréstimos apenas sob condições de
juros elevados. E caso o cenário econômico não melhore no curto prazo (com a
geração de empregos e melhores salários), aqueles que tomarem empréstimos sob
condições de juros mais altos farão parte da grande massa de brasileiros
endividados com seus CPFs negativados.
Portanto, é possível concluir que os dados coletados pelo Serasa
reforçam que o planejamento financeiro pessoal para tempos de crise é essencial
para que famílias passem por esse período da maneira menos estressante e
traumática possível. Uma alternativa é buscar ajuda profissional através de um
planejador financeiro, que é o profissional que possibilita trazer clareza às
difíceis questões financeiras – como priorização de contas e alternativas de
geração de renda – de maneira prática, objetiva e buscar soluções viáveis de
curto, médio e longo prazo.
Thiago
Hagui - planejador financeiro Pessoal na GFAI, engenheiro e pós-graduado em
gestão de projetos
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