Inca
estima que em 2020 surjam cerca de 15 mil novos casos de câncer da cavidade
oral, um dos mais comuns na região da cabeça e do pescoço
Em meio à pandemia, chegamos ao mês de
julho e, diante de tantas inseguranças acerca do futuro, existe uma certeza: a
prevenção contra o câncer não pode parar. Este mês é chamado pelos
especialistas em Oncologia de Julho Verde, um alerta para chamar a atenção da
população para os cânceres de cabeça e pescoço.
As neoplasias de cabeça e pescoço
englobam todos os tumores que surgem nessa região. Os mais comuns são os
tumores de orofaringe, de cavidade oral, laringe, hipofaringe e nasofaringe.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer - Inca, a estimativa é que surjam mais
de 15 mil novos casos de câncer da cavidade oral, neoplasia responsável por
cerca de 6 mil mortes ao ano.
“Na maior parte das vezes, são tumores
evitáveis, decorrentes de maus hábitos de vida. Má higiene oral e vírus HPV são
outras causas desses tumores”, explica Bruna Bonaccorsi, médica
radio-oncologista do Instituto de Radioterapia São Francisco. A maior parte dos
pacientes são do sexo masculino e a maioria considerável tem histórico de
tabagismo e alcoolismo durante a vida. O risco do câncer da cavidade oral, por
exemplo, é 30 vezes maior para quem fuma e ingere álcool.
Sintomas
Muitas vezes, o câncer aparece como uma
simples dor de garganta ou uma ferida na boca que não cicatriza. Em alguns casos
são percebidos nódulos no pescoço pelo próprio paciente. “Esse perfil de
paciente, historicamente, demora a procurar atendimento pelo próprio
desconhecimento do risco do surgimento do câncer ou mesmo por descuido”,
comenta a médica.
São tumores com grande chance de cura,
a maior parte com tratamento cirúrgico, outros curáveis apenas com
radioterapia, e há casos em que precisarão também de quimioterapia.
Tratamento
com equipe multidisciplinar
O tratamento envolve uma equipe
multidisciplinar com cirurgião de cabeça e pescoço, oncologista clínico e
radio-oncologista. “O diagnóstico se dá através da anamnese e exame clínico.
Quanto mais avançado o diagnóstico, mais penoso será o tratamento, e mais
difícil a reabilitação do paciente após o período”, alerta Bruna Bonaccorsi.
Outros profissionais são de extrema
importância na reabilitação desses pacientes. O dentista, o fonoaudiólogo e o
psicólogo fazem um trabalho em conjunto com os médicos, que é essencial ao
paciente com câncer de cabeça e pescoço. “A reabilitação é difícil, mas pode
ser alcançada”, afirma a médica.
Cura
A manutenção dos hábitos ruins também
contribui para a não obtenção da cura. “Alguns pacientes insistem no tabagismo,
por exemplo, o que acaba por diminuir consideravelmente a eficácia do tratamento.
Se a causa é o cigarro, continuar fumando é extremamente prejudicial para o
paciente”, diz a médica.
O temor pelo tratamento e os efeitos
colaterais, e a possibilidade de sequelas permanentes são causas importantes
para o paciente também não procurar atendimento médico. “Mas ressaltando,
quanto mais cedo for diagnosticado, menor a chance de complicações”, alerta
Bruna.
Evento
online
Neste mês de julho, a Sociedade
Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, regional Minas Gerais, irá promover
uma série de eventos online, abertos aos profissionais da área de saúde e à
população em geral, principalmente pacientes e familiares, visando esclarecer
as dúvidas sobre diagnóstico e tratamento das principais neoplasias de cabeça e
pescoço. As aulas serão às terças e quintas-feiras, às 19h e no sábado, dia 18
de julho, às 16h. Pela rede social @sbccpmg é possível acompanhar os eventos.
Bruna
Bonaccorsi - médica rádio-oncologista e Diretora Clínica do
Instituto de Radioterapia São Francisco, em Belo Horizonte, especialista em Radio-Oncologia pelo
Instituto Nacional do Câncer (INCA), Rio de Janeiro.
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