Doença é
assintomática no estágio inicial. Por isso, neste Dia do Homem especialistas
alertam para a necessidade de prevenção e a quebra de tabus que levam ao
não tratamento precoce
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre
os homens e deve atingir mais de 65 mil pessoas só em 2020, segundo dados do
Instituto Nacional de Câncer (INCA), ficando atrás apenas do câncer de pele
não-melanoma, que deve alcançar mais de 83 mil homens neste ano. Cerca de 15
mil homens morreram em 2018 devido a doença. Porém, os inúmeros tabus e até
mesmo a preocupação de se procurar o especialista durante o período de pandemia
podem ser fatores que levam os homens a não procurar por auxílio médico
preventivo. Por isso, é importante a conscientização e a informação sobre
novidades que tornam os tratamentos menos invasivos e mais seguros. O assunto
ganha destaque neste Dia Nacional do Homem, comemorado anualmente em 15 de
julho, justamente para lembrar os homens sobre a importância de cuidar da
saúde.
De acordo com o médico urologista Fernando Leão
(CRM-GO 9517), a negligência do público masculino pode resultar em um
diagnóstico tardio do câncer de próstata. Portanto a avaliação periódica é o
primeiro e mais importante passo. “Se a doença for diagnosticada precocemente,
as chances de recuperação chegam até 90%. A ida ao urologista ajuda também a
prevenir outras doenças, como o câncer de bexiga e renal”, alerta o
especialista que também é membro da American Urological Association (AUA) e
da Society
of Robotic Surgery, ambas dos Estados Unidos, e da Société
Internationale d’Urologie (SIU), do Canadá.
A ida ao urologista é principal forma de
prevenção da doença, já que a doença, em seu estágio inicial, é assintomática -
não apresenta sintomas aparentes. “Os sintomas ficam mais evidentes apenas
quando o câncer já está em um estágio mais avançado e, portanto, com um quadro
mais difícil de ser revertido”, afirma Fernando Leão, que ainda ressalta que
homens que já tiveram casos de câncer de próstata na família devem ficar mais
atentos. “Esses pacientes devem ir ao especialista já aos 40 anos. Enquanto que
os demais podem ir ao especialista a partir dos 50 anos. Pessoas com sobrepeso
ou obesidade também devem ter mais cuidado”, completa.
Entre os principais sintomas doença, geralmente
em estágio avançado, estão a dificuldade para urinar, sangue na urina ou no
esperma, diminuição do jato da urina e maior frequência de idas ao banheiro
durante a noite. Já os fatores que podem prevenir o câncer de próstata são
alimentação saudável - ricas em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais
integrais -, manter o peso ideal do corpo, praticar atividades físicas, não
fumar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
“Os exames preventivos são os principais meios de
combate à doença. Dentre eles, temos a dosagem do PSA, o toque retal, que
permite identificar as alterações na próstata, exames de imagem - ultrassom,
ressonância de próstata - e biópsia de próstata em casos selecionados”, detalha
Leão.
Tecnologia como aliada
Outro fator que pode contribuir para a redução do
número de mortes provocadas pelo câncer de próstata é a evolução da tecnologia.
Entre as tecnologias mais recentes utilizadas para a detecção do câncer de
próstata está o PET PSMA (do inglês antígeno de membrana específico da
próstata), utilizado para rastrear células cancerígenas que podem estar
presentes no corpo. Segundo Leão, que também é cirurgião robótico, o exame
possibilita a localização de um tumor e verificar se a doença se espalhou para
outros órgãos. “Ele é mais sensível que outros procedimentos de imagens
convencionais. Além disso, permite diagnosticar e estadiar de maneira mais
precoce os cânceres”, explica o médico urologista.
Segundo Fernando Leão, a cirurgia robótica pode
contribuir para diminuir os riscos de infecções e as dores durante e após os
procedimentos cirúrgicos. “Uma plataforma mais recente do Robô Da Vinci já
comercializada no exterior, a Single Port, por exemplo, é mais minimamente
invasiva, pois realiza apenas um orifício para passagem de todos os
instrumentais para realização da cirurgia. Além de diminuir os riscos para o
paciente, deixa a região da operação esteticamente mais agradável se comparada
com o procedimento tradicional”, explica Fernando Leão.
O especialista destaca que os benefícios dessas
tecnologias durante as operações cirúrgicas e no período de recuperação também
são significativos. “Com a cirurgia robótica há menor risco de infecção
cirúrgica, menor tempo de internação hospitalar, raramente necessita de
internação em UTI ou de transfusão sanguínea, recuperação pós-operatória mais
rápida e menos dolorosa”, detalha Leão.
Outra tecnologia que tem contribuído para o
avanço dos procedimentos urológicos é Vaporização Fotoseletiva de Próstata
(PVP) com Laser Greenlight, usado para o tratamento da Hiperplasia Prostática
Benigna (HPB), doença que atinge cerca de 80% dos homens com mais de 50 anos
caracterizada pelo aumento da próstata que obstrui parcial ou totalmente a
uretra. No procedimento cirúrgico, a fibra de laser é inserida pela uretra do
paciente, que permite a vaporização do tecido prostático, reduzindo os tempos
de internação e recuperação pós-operatória. Segundo a Sociedade Brasileira de
Urologia (SBU), a HPB atinge cerca de 14 milhões de brasileiros.
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