Empresa tem papel fundamental da prevenção da doença que mais mata no Brasil
Principal causa de morte no Brasil, as doenças
cardiovasculares afetam com mais frequência pessoas acima de 40 anos. Esse é o
caso dos infartos, que podem ser mais letais nos mais jovens. Segundo o
Ministério da Saúde, dos 56.399 brasileiros que morreram por causa de infarto
agudo do miocárdio em 2017 (últimos dados disponíveis), 95,6% tinham mais de 40
anos, mas entre aqueles com menos de 40 anos, a faixa entre 30 e 39 anos
concentrou a maior parte dos casos, 1.831.
A
explicação está no fato que apesar de terem normalmente mais força física que
os mais velhos para suportar o infarto, os mais jovens não têm uma proteção
chamada "circulação colateral", ou seja, pequenos vasos sanguíneos
que surgem no coração para compensar a falta de irrigação causada por uma
artéria entupida. Os mais jovens não têm esse tipo de proteção, portanto, o
infarto tende a ser mais letal nessa faixa etária.
De acordo com o médico e gestor em saúde Ricardo Pacheco, 93% dos casos
de morte súbita (que ocorre nas primeiras 24 horas após um sintoma) são
resultados de doenças isquêmicas agudas, e que podem ser detectadas por exames
preventivos e solicitados pelo médico do trabalho. “A prevenção começa no
ambiente laboral. Muitas vezes o trabalhador não procura um médico no sistema
público ou privado, fazendo da medicina ocupacional o único meio de prevenção.
Nesse atendimento o médico pode levantar importantes fatores de risco para
infartos, como pai ou mãe desse trabalhador que já tenha sofrido infarto. Neste
caso pode ser recomendado que esse paciente comece um acompanhamento com um
cardiologista a partir dos 30 anos", recomenda.
O médico, que também é diretor da MGP Saúde e presidente da Associação Brasileira de Empresa de Saúde
e Segurança no Trabalho (ABRESST), lamenta que a prevenção no Brasil seja muito incipiente, mesmo
no ambiente de trabalho. “A prevenção é muito baixa aqui, cerca de 2% a 4%.
Enquanto isso, esse índice chega a mais de 50% em alguns países desenvolvidos.
As empresas têm grande responsabilidade na prevenção dos infartos entre seus
trabalhadores, promovendo campanhas que combatam a obesidade, o sedentarismo, o
tabagismo, o estresse, o diabetes e distúrbios do sangue, fatores esses
determinantes na ocorrência da doença. Nas consultas de rotina, as doenças
genéticas, como a cardiomiopatia hipertrófica, também devem ser levadas em
conta”, esclarece Pacheco.
O infarto é uma
das doenças relacionadas ao trabalho
É o que diz o Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde, da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), que trata das doenças relacionadas ao trabalho.
A
entidade lembra que apesar da crescente valorização dos fatores pessoais, como
sedentarismo, tabagismo e dieta, na determinação das doenças cardiovasculares,
pouca atenção tem sido dada aos fatores de risco presentes na atividade
ocupacional atual ou anterior dos pacientes. O aumento dramático da ocorrência
de transtornos agudos e crônicos do sistema cardiocirculatório na população faz
com que as relações das doenças com o trabalho mereçam maior atenção.
“A
literatura médica e a mídia têm dado destaque às relações entre a ocorrência de
infarto agudo do miocárdio, doença coronariana crônica e hipertensão arterial,
com situações de estresse e a condição de desemprego, entre outras”, afirma
Ricardo Pacheco, médico e gestor em saúde.
Números da doença
No Brasil, as doenças cardiovasculares representam a primeira causa de óbito, correspondendo a cerca de um terço de todas as mortes. A participação das doenças cardiovasculares na mortalidade do País vem crescendo desde meados do século XX. Em 1950, apenas 14,2% das mortes ocorridas nas capitais dos estados brasileiros eram atribuídas a moléstias circulatórias.
Passaram a 21,5% em 1960, 24,8% em 1970 e 30,8% em 1980. Em 1990, as doenças cardiovasculares contribuíram com cerca de 32% de todos os óbitos nas capitais dos estados brasileiros.
Além de contribuírem de modo destacado para a mortalidade, as moléstias do aparelho circulatório são causas frequentes de morbidade, implicando 10,74 milhões de dias de internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e representando a principal causa de gastos em assistência médica, 16,2% do total.
Entre as causas de aposentadoria por invalidez, os estudos disponíveis mostram que a hipertensão arterial está em primeiro lugar, com 20,4% das aposentadorias, seguida dos transtornos mentais (15%), das doenças osteoarticulares (12%) e de outras doenças do aparelho cardiocirculatório, com 10,7%. Assim, as doenças cardiovasculares ocupam o primeiro e o quarto lugar de todas as causas de aposentadoria por invalidez e, juntas, representam quase um terço de todas as doenças que provocam incapacidade laborativa total e permanente.
Para o Dr. Ricardo Pacheco esses números são alarmantes e as empresas são impactadas de forma significativa por esses dados. “A empresa que investe em prevenção sabe que colhe os benefícios de uma marca bem vista pela sociedade; além de lucros, com menor afastamento de seu contingente pensante, mais produtividade e maior satisfação. Quem faz essa conta sabe que trabalhador saudável é mais feliz e produz mais”, completa o gestor em saúde, presidente da ABRESST e diretor da MGP Saúde.
Distúrbios
psicológicos no trabalho – adoecem empresa e profissionais
Ansiedade, stress
e depressão têm sido percebidas com uma frequência cada vez maior nos registros
do Ministério da Previdência
Social
Ansiedade,
stress e depressão são problemas de caráter
psicológico, muitas vezes ocasionados pelo excesso de
pressão, cada dia mais comum nos mais diversos ambientes de
trabalho. Há casos, inclusive, em que essas doenças acabam afastando
profissionais definitiva ou provisoriamente.
Segundo pesquisa sobre estresse no ambiente de trabalho, realizada no Brasil e
em outros 11 países pela International Stress Management Association
(ISMA-BR), 89% dos profissionais consultados apresentam ansiedade, 83% angústia
e 78% preocupação. São quase 9 ansiosos em cada 10 profissionais.
Ainda de acordo com esse estudo, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking do
estresse no trabalho, atrás apenas do Japão. Quase 50% dos profissionais
avaliados já lidaram também com a depressão, em algum grau.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem números preocupantes
com relação a ansiedade. Pesquisa realizada pela entidade apontou que18,6
milhões de brasileiros sofrem com a doença, que pode ter seu estado agravado
para síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, síndrome de Burnout,
fobias e estresse pós-traumático Somos o país com o maior número de pessoas
afetadas pelo transtorno de ansiedade em todo o mundo. E com a depressão não é
diferente, pois contamos com 5,8% da população com a doença. Ocupamos a
liderança no número de depressivos na América Latina e somos o quarto colocado
no ranking mundial.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a depressão será
enfrentada, em algum momento da vida, por 20% a 25% dos brasileiros.
Para a OMS a depressão como o “Mal do Século”. É um transtorno mental comum,
caracterizado por uma tristeza que não passa, ausência de prazer, perda de
interesses, sentimento de culpa, baixa autoestima, além de distúrbios do sono
ou do apetite. Também há a sensação de lentidão, cansaço extremo, dificuldade
de concentração e de memória. A depressão está também intimamente ligada a
quadros de alcoolismo, uso de drogas e suicídio. A entidade alerta que até ano
de 2020 a depressão será a doença mais incapacitante do mundo.
Doenças
são principais causas de afastamento
No Brasil, a depressão e ansiedade são a segunda maior causa de adoecimento
relacionado ao trabalho no Brasil, ficando atrás apenas dos problemas
osteomusculares, como LER/DORT (Lesão por Esforço Repetitivo/Distúrbio
Osteomuscular Relacionado ao Trabalho).
Ricardo Pacheco, médico e gestor em saúde alerta que o absenteísmo (a falta ao
trabalho) gera custos importantes para as empresas, para o governo e para as
pessoas. “As empresas precisam contratar mais pessoas ou aumentar a carga de
trabalho entre os trabalhadores presentes. O governo, nos casos de afastamento
por tempo mais prolongado, arca com os custos dos auxílios-doença. Quando o
excesso de faltas gera demissão do trabalhador, ou quando o ele é autônomo e
vê-se impedido de trabalhar, existe o prejuízo financeiro à família. Nesse
cenário as doenças psicológicas se agravam”, alerta.
Para o médico, que também é diretor da MGP Saúde e presidente da Associação Brasileira de Empresa de Saúde
e Segurança no Trabalho (ABRESST), os quadros de estresse, ansiedade e depressão podem ter como
principais causas o ambiente laboral e a atividade profissional. “A empresa,
por meio de seu serviço de saúde tem como identificar, logo no início, o
aparecimento dessas enfermidades e ajudar no tratamento. O médico do trabalho
também pode propor campanhas e dinâmicas que ajudem os trabalhadores a superar
seus obstáculos. É bom enfatizar que a medicina no trabalho não é figurante
nesse ambiente, é protagonista, promovendo a prevenção, o tratamento das
doenças e o bem-estar dos trabalhadores”, esclarece o Dr. Ricardo.
Ele complementa que os trabalhadores sofrem de estresse sobretudo quando sentem
que há um desequilíbrio entre as solicitações que lhes são feitas e os recursos
que possuem para responder a elas. “Este descompasso pode agravar o quadro de
estresse e levá-lo a quadros emocionais mais graves, como distúrbios de
ansiedade e depressivos, detectáveis pelo serviço de saúde da empresa”,
ressalta o gestor em saúde.
O médico do
trabalho também cuida do emocional da empresa
A medicina do (e no) trabalho vai muito além do que pedir exames de rotina e
fazer avaliações de praxe.
O médico Ricardo Pacheco destaca que o departamento de saúde em conjunto com o
administrativo e de recursos humanos pode operar milagres nas organizações. “Em
conjunto, essas equipes podem voltar o olhar para dentro, avaliando, por
exemplo, o excesso de afastamentos do trabalho por um mesmo motivo, indicando
que pode haver uma causa comum, como situações que gerem estresse laboral,
assédio moral ou bullying”.
O que percebemos é que embora o tema da saúde mental na empresa esteja ganhando
espaço, infelizmente as doenças psicológicas e psiquiátricas ainda são
consideradas tabus em alguns ambientes profissionais. Muitos gestores ainda não
reconhecem a gravidade do distúrbio psicológico e tendem a enxergá-lo como uma
fase passageira, uma tristeza momentânea ou até mesmo falta de interesse e
envolvimento do trabalhador.
É importante não esquecer de olhar para cada pessoa, individualmente. Segundo a
ONU, algumas empresas já adotam intervenções relacionadas à saúde mental como
parte de suas ações, que incluem a identificação precoce do mal-estar
psicológico, seu acolhimento e apoio até sua reabilitação completa. E nesse
sentido o serviço de saúde das organizações é de fundamental importância.
MGP Saúde
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