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terça-feira, 15 de outubro de 2019

Quebrando mitos sobre a hipnose


Muitas pessoas acreditam que nunca acordarão do estado hipnótico ou que revelerão segredos íntimos durante um transe. Trata-se de medo sem fundamento, já que hipnotizados ficamos conscientes e bem mais alertas do que o normal


A palavra hipnose desperta na maioria das pessoas um sentimento de fascínio e medo. É costumeiro relacionar o termo à figura de um homem, em um palco, que balança um relógio de mão e deixa voluntários da plateia a mercê de seus comandos de voz. Eles imitam animais, comem uma cebola inteira sem derramar lágrima sequer, ficam com pés colados ao chão e mãos grudadas uma na outra. Tudo isso sob o olhar incrédulo do restante do público. Não à toa o receio, mas a hipnose não é só isso e está longe de ser essa "mágica" que transforma pessoas em robôs. Muito pelo contrário, ao ser utilizada como processo terapêutico, quando recebe o nome de hipnoterapia, tem forte impacto no desenvolvimento emocional e até físico do ser humano. 

A hipnoterapeuta especializada em intolerâncias alimentares, Juliana Casagrande, explica que o estado hipnótico é mais comum do que imaginamos. Trata-se de uma característica da mente humana que está presente em todo indivíduo. "Hipnose é pensar, imaginar, estar focado", destaca. Um exemplo comum de hipnose, segundo Juliana, é quando as pessoas assistem a um filme e choram ou riem com a história contada. "Nós sabemos que se trata de ficção, com atores desempenhando papéis, mas mesmo assim nos emocionamos, porque imaginamos o contexto e vivenciamos como se fosse realidade", diz. Conforme a hipnoterapeuta, ao fazemos isso estamos em estado de hipnose.

Logo, estar hipnotizado não é um bicho de sete cabeças e as pessoas podem deixar de lado alguns medos e concepções equivocadas a respeito do assunto. Tais como a de que hipnose induz à inconsciência. "Muitas pessoas acreditam que dormem ao serem hipnotizadas, mas isso não é verdade", afirma Juliana. De acordo com a hipnoterapeuta, na realidade, ocorre o oposto, e ao serem hipnotizadas as pessoas ficam com a mente cerca de 300 vezes mais alerta do que em estado normal de vígília. "Isso é o mais longe do sono que alguém pode chegar na vida", diz. 

Sabendo que se permance consciente durante todo o processo, outros temores relacionados à hipnose caem facilmente por água abaixo, como, por exemplo, não acordar depois da sessão, ficando preso no transe para sempre. Trata-se de algo impossível de ocorrer, pois como destacou Juliana, em nenhum momento se fica inconsciente. "A pessoa permanece o tempo todo acordada, focada, conversando, completamente ciente do que está acontecendo", enfatiza. Quando termina a sessão, a pessoa não acorda, mas emerge da hipnose.

Nesse sentido, destaca a hipnoterapeuta, é igualmente impossível que a pessoa perca o controle durante a sessão e seja obrigada a fazer aquilo que não deseja. A hipnose é consensual e para que uma sugestão do hipnoterapeuta acesse a mente do paciente é necessário que este autorize. Caso contrário, regressa-se ao estado normal de consciência sem prejuizos.

Tampouco a hipnose coloca a pessoa em um estado de fragilidade emocional tão grande a ponto de ela revelar os segredos mais íntimos para o hipnoterapeuta. Ao ser hiipnotizado, o paciente relaxa fisicamente, porém redobra a atenção. Ou seja, tem mais controle sobre si do que normalmente. Dessa forma, caso o responsável pela hipnose faça alguma pergunta que a pessoa não tem interesse em responder, ela não responderá.

Há ainda aqueles que temem esquecer o que disseram no decorrer do transe. "Isso também não é possível, pois quando a pessoa se encontra em estado hipnótico, ela está o tempo inteiro consciente do que é falado ou ouvido. Ou seja, lembra-se absolutamente de tudo o que ocorreu durante a sessão", esclarece Juliana. 

Por fim, a hipnoterapeuta tranquiliza as pessoas que receiam descobrir algo do passado que não estejam preparadas para lidar; algum trauma mascarado pelo subconsciente que ao ser revelado as façam passar por um sofrimento muito grande. "Se houver algo escondido no subconsciente, a pessoa nao sofrerá com as consequências. Por meio da hipnoterapia o evento será ressignificado, fazendo com que carga emocional advinda de sua descoberta não prejudique o paciente e que doenças físicas ou psicológicas sejam tratadas e até evitadas", afirma Juliana. 

A mente humana apresenta uma tendência a resistir a modificações, fazendo com que o indivíduo continue com hábitos muitas vezes prejudiciais ao seu desenvolvimento. Uma das principais barreiras para que as mudanças ocorram é o chamado fator crítico do consciente. Ele recebe ordens conservadoras do subconsciente, para que ponha em espera qualquer sugestão positiva que venha da própria pessoa ou de uma fonte externa. Por isso a importância da hipnoterapia. Como o paciente hipnotizado fica consciente, extremamente alerta, com os sentidos bem aguçados, torna-se mais fácil que as recomendações sejam aceitas e as transformações sejam implementadas. 


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