Médico
fala sobre prevenção e tratamentos da retinopatia diabética
Uma em cada onze pessoas no
mundo tem diabetes. No Brasil, de acordo com o Ministério de Saúde, houve um
aumento de 60% no diagnóstico da doença entre 2006 e 2016. Mas o dado mais
alarmante é que 50% dos pacientes desconhecem que têm diabetes. Isso preocupa
muito o sistema de saúde, já que se trata de uma doença que, quando não
controlada, pode ter muitos desdobramentos – a perda de visão é um deles. Até
hoje, não há cura para a retinopatia diabética. Os danos causados pelo
crescimento de vasos sanguíneos anormais, hemorragias e falta de oxigenação são
permanentes.
De acordo com o
oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos,
em São Paulo, embora a retinopatia diabética seja irreversível, é possível
prevenir essa doença ocular estando com os exames em dia, tanto de visão,
quanto de sangue. Embora haja tratamentos disponíveis, a prevenção ainda é o
melhor remédio. Para quem descobriu a doença tardiamente, quando os olhos já
começaram a ser afetados, o ideal é dar início o quanto antes a um tratamento a
fim de evitar ao máximo a progressão da retinopatia.
Entre os sintomas mais
comuns do diabetes, estão: vontade frequente de fazer xixi (com episódios de
urgência), fome e sede em excesso, fadiga, perda de peso repentina, nervosismo
e outras mudanças no humor. Geralmente, há uma combinação de sintomas. Mas o
que vai ser fundamental para o diagnóstico da doença é um exame de glicemia
para determinar a taxa de açúcar no sangue. “Os diabéticos sabem que precisam
monitorar uma série de coisas, como o que comem e o que bebem, além de praticar
exercícios físicos. O check up anual da visão é fundamental justamente
para que os portadores da doença não deixem de enxergar no médio ou longo
prazo. Esse cuidado pode prevenir até 95% da perda de visão relacionada à
doença”, diz Neves.
Segundo o médico, o paciente
diabético deve dilatar a pupila todos os anos e se submeter a um exame ocular
bastante minucioso. “Esse paciente pode apresentar problemas de visão a
qualquer momento. Daí a importância de um acompanhamento oftalmológico
frequente. Como o comprometimento da retina pode ser assintomático, sem
alterações na qualidade da visão, o exame de fundo de olho é fundamental para
detectar pontos e vasos sanguíneos propensos a romper e desencadear hemorragia.
É sempre melhor investir na prevenção do que correr atrás do prejuízo depois”.
Em termos de tratamento,
estudos recentes apontam para o sucesso das injeções intravítreas de
antiangiogênicos em pacientes com retinopatia diabética. Somente em casos raros
há complicações, como descolamento da retina, formação de catarata e aumento ou
redução da pressão intraocular. “O principal papel dos antiangiogênicos é a
interrupção da perda de visão. Embora seja difícil recuperar a visão perdida,
as injeções intravítreas impedem a progressão da doença, evitando que a pessoa
acabe ficando cega. Com anestesia local e pupilas dilatadas, a injeção é
aplicada diretamente no vítreo, camada gelatinosa localizada entre a retina e o
cristalino”, diz Neves. Esse tratamento precisa ser repetido em intervalos
regulares para atingir resultados duradouros. Além disso, o paciente deve usar
colírios antibióticos durante cerca de trinta dias. Ensaios clínicos
demonstram melhora em até 34% da visão central e estabilização da visão em 90%
dos casos.
No mundo inteiro, a perda de
visão por causa do diabetes tem aumentado assustadoramente. Nos Estados Unidos,
o número de pacientes com retinopatia diabética aumentou 89% entre 2000 e 2010,
atingindo 7,7 milhões de pessoas. No Brasil, 19 milhões de pessoas sofrem de
diabetes e muitas nunca fizeram acompanhamento oftalmológico. Como a
retinopatia diabética costuma atingir três em cada dez portadores da doença,
pode levar à perda total da visão se não for tratada a tempo.
Fonte: Prof. Dr. Renato
Neves - médico oftalmologista e diretor-presidente do Eye Care
Hospital de Olhos, em SP – www.eyecare.com.br
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