Empatia
é uma palavra em alta. O tema, que já virou até capa de revista, tem sido
amplamente estudado por especialistas do mundo todo. Felizmente, assim como
muitas outras habilidades, ela pode - e deve - ser desenvolvida.
A
definição mais comum para o termo é “colocar-se nos sapatos” do outro. A ideia
foi levada tão à sério que criaram o Museu da Empatia, uma exposição itinerante
que inclusive já esteve no Brasil. Nela, um container imita uma caixa de
sapatos. Dentro, centenas de pares de todos os tamanhos e modelos podem ser
encontrados.
Quem
visita esse museu é convidado a escolher um par de sapatos qualquer para
calçar. Junto, recebe um fone de ouvido. Enquanto caminha nos sapatos de um
desconhecido, ouve um relato sobre a história do dono deles. Fatos emocionantes
não faltam nessa experiência.
Em
meus treinamentos costumo sempre mostrar um vídeo que exibe um cachorro
tentando atravessar uma ponte de madeira ao lado de sua tutora. Morrendo de
medo, ele se abaixa e fica imóvel. Empática, em vez de simplesmente colocá-lo
no colo, ela se abaixa e, sobre quatro apoios, atravessa a ponte dando
confiança ao amigo, que se ergue e começa a segui-la.
Uma
situação como essa nos mostra a importância de aprendermos a olhar a partir das
lentes do outro. Se eu fosse um cachorro e estivesse com medo, o que gostaria
que fizessem? Ao carregá-lo no colo, aquela tutora estaria reforçando uma
incapacidade do cão, em vez de mostrar a ele que era possível seguir em frente
com suas próprias patas.
Quantas
vezes nós anulamos ou desprezamos o outro tomando decisões apenas sob o nosso
ponto de vista? Quantas decisões radicais são tomadas apenas pelo fato de não
sermos capazes de parar por alguns minutos e exercitar a empatia? Como o mundo
seria diferente se fossemos mais empáticos...
Ouvi
uma história quando criança que me marcou muito. Certa vez, um homem que
acompanhava a agonia de uma larva no processo de metamorfose para se
transformar em uma borboleta, resolveu interferir. Com uma tesoura, cortou as
partes que a prendiam, imaginando estar sendo muito útil e bondoso. O
resultado, é possível imaginar. Como não viveu o processo de metamorfose, ela
se tornou uma borboleta incapaz de voar.
Já
parou para pensar quantas “borboletas” impedimos de voar pelo simples fato de
acharmos que sabemos o que é melhor para elas? Infelizmente, nossas suposições
e “achismos” fazem com que tomemos decisões equivocadas. Por isso, antes de
“achar” qualquer coisa, precisamos desenvolver o hábito de perguntar, observar
e se colocar sob a perspectiva do outro.
Recentemente,
li uma reportagem que me chamou muito a atenção. Uma escola de Santa Catarina
criou a “Feira da Empatia”, cujo objetivo era permitir aos alunos vivenciarem
situações a partir do olhar de um idoso, um deficiente ou mesmo um
refugiado.
Criativos,
os professores propuseram exercícios como subir escadas usando pesos nos
tornozelos para proporcionar a experiência física de um idoso. Para se sentir
na pele de um refugiado, os alunos sentavam em colchões infláveis usando óculos
de realidade virtual que simulavam uma fuga em alto mar.
Vivências
como essas nos possibilitam desenvolver a empatia até um ponto em que ela se
torne algo natural e intrinsecamente humano. Em mundo líquido, onde as coisas e
relações são tão efêmeras que não há tempo suficiente para se solidificar, se
colocar no lugar do outro é mais uma necessidade, é uma condição para uma
convivência harmoniosa e de respeito mútuo.
Marília Cardoso -
jornalista, com pós-graduação em comunicação empresarial, MBA em Marketing e
pós-MBA em inovação. É empreendedora, além de coach, facilitadora em processos
de Design Thinking, professora de inovação em universidades e consultora na
PALAS, consultoria de inovação e gestão. Ama aprender e é adepta da mentalidade
de crescimento.
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