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segunda-feira, 24 de junho de 2019

Como ajudar crianças a lidar com a saudade


A palavra “saudade” está na lista das dez palavras mais difíceis de traduzir em todo o mundo, de acordo com a empresa britânica chamada Today Translations. A origem latina do termo é resultado da transformação da palavra “solidão”, do latim solitatem, que com o passar dos anos sofreu variações de pronúncia e deu origem a esse sentimento que dispensa explicações.

No dicionário, ‘saudade’ é descrita como “uma sensação de incompletude, ligada à privação de pessoas, experiências, prazeres já vividos e vistos, que ainda são um bem desejável”. Apesar do termo ser uma exclusividade da nossa língua, representa um sentimento universal. Seja por perda ou mudança, esse sentimento, que requer muita inteligência emocional para adultos, pode ser especialmente desafiador quando se trata da vida de crianças e jovens.

Quem acha que o mundo infanto-juvenil é só alegria e divertimento, pode estar enganado, já que a vida dos pequenos também é repleta de transformações: mudanças de situação familiar, de endereço, de escola ou de turma; de pessoas que vêm e vão; de animais de estimação que se vão cedo demais e muitos outros tipos ou ocasiões de perdas. Quem não se lembra, por exemplo, dos amigos da infância, das brincadeiras, da primeira professora, dos passeios do colégio? Todas são recordações que nos transportam em segundos, mesmo para quem ainda não viveu muito, e isso é fruto da saudade.

Quando uma criança ou adolescente tem dificuldade para lidar com esse sentimento, os pais e educadores podem e devem oferecer recursos emocionais para que entendam melhor o que estão passando. Não há vergonha em precisar de ajuda de um psicólogo para isso. Nossos filhos precisam entender e se sentirem seguros em expressar suas emoções naturais de maneira apropriada à sua idade  para que possamos desenvolver respostas saudáveis às situações  de desapego, de valor humano e de amor.

Lidar com a perda e com a saudade é um caminho muito saudável para crescimento pessoal e apoiar os mais jovens a processar essas informações que podem ser dolorosos faz parte do amadurecimento de todos. E isso pode acontecer diante das mais variadas situações, como resultado de transições rotineiras, a chegada de um novo bebê na família ou a mudança de cidade de um ente querido e o falecimento de uma pessoa da família. Nossa primeira responsabilidade é refletir como estamos emocionalmente.

Para estar apto a ajudar, é importante refletir sobre nós mesmos antes, examinar nossas mentes e corações, refletindo sobre as experiências vividas em relação a esse sentimento. Como ele foi tratado em nossas próprias famílias quando crescemos? Quais tipos de perdas foram vivenciadas na escola e locais de culto que frequentamos? O que fizemos a respeito dessas mudanças em nossas vidas e o que aprendemos com elas? Se fizermos isso corretamente estaremos aptos a oferecer boas respostas às crianças e jovens.

Em conclusão, a sugestão é perguntar o que faremos com o presente ou futuro a partir de agora? Em vez de focar na dor, devemos agradecer pelo que vivemos. Só sentimos saudades do que é bom e devemos sempre agradecer por aquilo que nos fez bem em algum momento. Por exemplo, tenho saudades de um familiar que já partiu para a eternidade, mas sempre que me recordo de sua presença, a gratidão por ter vivido ao lado dele é maior que o sentimento de vazio que sua morte deixou. Então, sinto saudades por sua perda sim, e muita. Mas hoje sou grata, e isso me faz seguir em frente de coração aberto à vida, fortalecida com as experiências adquiridas e memórias construídas.




Claudia Hara Hashimoto - coordenadora do Ensino Fundamental do Colégio Marista Maringá


Rede Marista de Colégios (RMC)
www.colegiosmaristas.com.br

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