Ouvimos
muito falar nos "empregos do futuro", no fato de que as crianças
estudam hoje para desempenhar funções que nem existem ainda e que a escola tem
que "prever" competências para os alunos se prepararem para esses
empregos que ainda não existem.
Parcialmente
verdade.... Deixe eu me apresentar. Eu sou uma pessoa do passado, que cursou o
Ensino Médio e Faculdade nos anos 90, desempenhei uma função que não tinha
totalmente meu perfil e não ia de encontro com minhas necessidades como
profissional durante anos e hoje ocupo destaque em uma ocupação considerada
"do futuro", tanto hoje quanto em minha "época" de
estudante. Produzo infoprodutos e sou de uma época em que nem internet existia
para todos. Quando faço cursos de tecnologia e falo o que faço, nem os
professores ou instrutores entendem de primeira o que estou falando.
Sim, é
confuso, mas é o que irá acontecer com as crianças de hoje e que irão
desempenhar funções do futuro. Na verdade, sou a prova viva de que eles
existem! Sim, os empregos do futuro existirão, mas também sou a prova viva de
que o que conta é o que você aprendeu antes de eles serem criados.
Veja a seguir
algumas dicas de quem já passou por isso.
- Seja
competente!
As crianças
precisam aprender a ser competentes no que fazem. Competência não tem área, não
tem gênero, não tem cor, não tem idade. A competência vai além de tudo isso e
estamos vivendo uma carência de competência atualmente - não só no Brasil, mas
também em outros países.
Não podemos
aceitar trabalhos do tipo "está bom assim". Temos que ensinar a
criança a perceber falhas e notar o que pode ser melhorado. Ensine também a
comparar como estava antes e como ficou melhor, para que perceba a diferença.
2. Escolha a área,
não a profissão! Observe o que falta na área.
Área vai
além de profissão. Eu optei pela área de educação, ou seja, humanas. Gosto de
escrever, de elaborar, de pensar em novas maneiras de fazer algo. Sou da turma
dos criativos. Sei que minha área precisa de inovação, assim como todas, mas
com maior urgência.
Embora tenha
escolhido a área de educação, tenho um pouco de formação em tecnologia, porque
para o que eu desejava fazer somente a formação em outra área iria
complementar. Vi em meu nicho uma necessidade e quem estava na área não supria,
porque a formação era insuficiente.
Quando tiver
visão das dores (o que falta) na área escolhida, a criança precisa descobrir
como ter o que a complementará. As profissões do futuro vão sendo criadas e
moldadas pelas pessoas. São as pessoas que precisam ter visão do que falta.
Por esse
motivo é essencial que as crianças sejam ensinadas a perceber detalhes. Essa
visão crítica para o que falta em determinada situação é uma competência
atemporal. Não importa qual profissão terão, saber entender a situação e
perceber o que é preciso para melhorar as preparará para as profissões do
futuro, sejam elas quais forem.
3. Não dependa dos
outros.
Autonomia é
a palavra do hoje e do amanhã. Ela nos dá um poder impressionante que é a falta
de necessidade de fatores externos para ter sucesso.
Parece
fácil, mas não é. Desenvolver autonomia em uma pessoa é algo extremamente
trabalhoso e complexo. Para que a pessoa tenha autonomia, é preciso ter
competência e voltamos aqui para o primeiro item! Veja como tudo se encaixa e
coexiste!
A autonomia
permite que não nos prendamos em pensamentos de outras pessoas, que não
dependamos de um empregador, que não fiquemos apáticos esperando que alguém
cuide de nós. Isso tem tudo a ver com as profissões do futuro SEMPRE.
Como uma
pessoa presa à ideia dos outros pode ter uma profissão do futuro? Não tem, a
menos que alguém crie algo pronto para ela e automatize ou crie um método de
trabalho, para ela dar conta. Sendo assim, quando a pessoa assumir a profissão
não será mais "do futuro", terá um montão de gente fazendo aquilo e
logo o mercado estará saturado.
Quem se
prende aos outros dificilmente consegue ter a visão aberta para novas
oportunidades.
4. Evolua SEMPRE!
Evolução é a
palavra final aqui neste artigo. Devemos ensinar as crianças a observarem para
poderem notar o que falta. Conforme o tempo passa, pode ser que algo que esteja
bom hoje não esteja amanhã e aí entra a evolução.
Não estar
satisfeito neste caso significa não ser passivo e isso é ótimo! A necessidade
de evolução torna a pessoa ativa, o que é sinônimo de constante aprendizado e
novos sucessos.
Ainda na
escola é possível mostrar como a evolução é importante. Nem todos os alunos
percebem a evolução, tanto das coisas quanto própria. Registrar e mostrar
evoluções ajuda a criar esta consciência de que tudo tem que mudar um dia e que
o aluno pode ser agente da mudança.
Claro que há
muito mais dicas que podem ser dadas para poder cultivar hoje nas crianças o
que elas precisarão no amanhã, mas trabalhar com criticidade, observação de
detalhes, autonomia e evolução já traz competência valiosíssimas para
indivíduos mais estruturados e com maiores chances de sucesso. São habilidades
que aumentam a autoestima e desenvolvem de maneira ímpar a criança!
Janaína
Spolidorio - pedagoga
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