Quem não passou a
adolescência ouvindo a palavra “vestibular”, talvez ainda esteja imune às
várias armadilhas que o tempo revela. Se a carreira é uma delas, esse
texto é para você. Afinal, o que considerar ao mudar de carreira? O dilema de
muitos é que, aos 17 anos, nos deparamos com algumas decisões que nem mesmo aos
27 estamos tão certos sobre qual caminho tomar. De qualquer maneira, somos
ensinados a fazer "o que gostamos". Mas se você foi ensinado a
escolher o que te agrada desde o início, você pode se perguntar: "como vim
parar aqui"?
Faço parte da
geração Y, um grupo orientado pela satisfação profissional, talvez acima da
busca pela própria estabilidade. Quando ingressamos no mercado de trabalho,
nosso perfil profissional surpreendeu as gerações anteriores e fomos celebrados
pela nossa versatilidade, conectividade e senso de autonomia.
Hoje, minha visão
sobre o nosso perfil é menos romântica quanto ao mercado que construímos.
Tivemos - e ainda temos - um oceano de escolhas, de cursos, de carreiras,
de trabalhos informais como freelancers e até de materiais gratuitos na web
capazes de nos ensinar a executar qualquer habilidade que venhamos a precisar,
mas isso tem consequências.
Esse mundo de
possibilidades nos torna constantemente insatisfeitos e instáveis quanto ao
nosso curso profissional e pessoal. Mudamos de ideia o tempo todo, porque nos
foi intitulado o direito de fazê-lo sempre que conveniente. E isso nos privou
de uma linha norteadora que agregaria a construção, ao invés da dispersão na
qual tantas pessoas da minha geração se encontram em tantos aspectos da vida.
Podemos e devemos
explorar as possibilidades de trabalho, mas temos que fazer essas experiências
serem construtivas, e não ferramentas de procrastinação. Estamos deixando de
construir carreiras sólidas e adquirir real consistência para as nossas vidas?
Pelo contrário. Permanece o valor do trabalho com propósito, de buscar aquela
carreira que realmente dialoga com nossos valores e habilidades que são só
nossas. Vamos construir nossa linha norteadora a partir disso, mesmo que isso
signifique buscar uma nova área de atuação.
Além do mais, a
maneira como a civilização moderna está organizada faz com que estejamos
trabalhando o tempo todo. Sem falar no cenário econômico brasileiro, que, para
todos os efeitos, criou uma verdadeira cultura de desapego de empresas,
equipes e modelos de trabalho. Então, por que não estamos trabalhando naquilo
em que realmente acreditamos?
Mas dessa vez, sem
pensar em vestibular. Vamos nos apropriar desse universo de informações, dessa
cultura colaborativa, das nossas experiências anteriores (mesmo que em uma área
distante da desejada) e construir, com autonomia, foco e objetividade, a
vida que desejamos. Não porque estamos procurando algo mais legal para fazer,
mas porque queremos dar à nossa força de trabalho, acima de tudo, um
verdadeiro significado.
Marianna
Greca - publicitária por formação e coordena a frente de Formação Complementar
do Centro Europeu, uma das principais escolas de profissões do mundo
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