Pesquisa em 41
países, incluindo o Brasil, mostra que quase um terço dos diabéticos
desconhecem as doenças que podem surgir nos olhos.
No dia mundial do
diabetes, 14 de novembro, a celebração tem como tema a conscientização da
família na gestão da doença. Isso
porque, dados da OMS (Organização mundial da Saúde) mostram que o diabetes não
para de crescer no mundo todo e o envolvimento familiar ajuda os portadores a
controlar os principais fatores de risco da doença: sedentarismo consumo de
bebidas alcoólicas, cigarros e alimentos calóricos. O atlas da OMS aponta que a
prevalência global do diabetes é de 8,8%, totalizando 425 milhões de casos e
prevê que em 2040 atinja 1 em cada 10 pessoas no mundo. No Brasil 8,1% da população tem debates ou
16,8 milhões de brasileiros. Entre mulheres a incidência é de 8,8% contra 7,4%
dos homens.
Chance de perder a visão aumenta até 25 vezes
De acordo com o
oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier a mulher tem
maior tendência para se tornar diabética porque na maternidade pode ganhar
peso, e 16% contraem diabetes gestacional, que embora desapareça após o parto,
pode se tornar um mal permanente. “O problema é que o diabetes é uma doença
progressiva e aumenta em até 25 vezes o risco de perder a visão” alerta. Isso
porque, explica, afeta toda a
circulação, inclusive dos delicados vasos sanguíneos do fundo do olho sem dar
qualquer sinal de alerta no início. Por isso, toda pessoa que tem diabetes deve
fazer exames oftalmológicos periódicos. Caso enxergue manchas escuras deve
consultar um oftalmologista imediatamente.
Falta informação
Uma evidência do
maior risco de cegueira entra diabéticos foi comprovado por uma recente
pesquisa desenvolvida em 41 países, incluindo o Brasil, pelo IDF (International
Diabetes Federation), IAPB (agência de
controle da cegueira ligada à OMS) e IFA
( International Federation on Ageing). A pesquisa mostra que metade dos
diabéticos só são diagnosticados anos depois de conviver com a doença e quanto
mais tardio o diagnóstico, maior a chance de perder a visão. Pior: quase um terço, 31%, nunca receberam
informação sobre retinopatia e edema macular- decorrentes do diabetes,
importantes causas de perda definitiva da visão entre pessoas de 20 a 60 ano. O
oftalmologista destaca que no Brasil o primeiro diagnóstico de diabetes muitas
vezes acontece durante um exame de fundo de olho porque o brasileiro, não tem
hábito de fazer check-up. A visão, ressalta,
responde por 85% de nossa integração com o meio ambiente. Por isso,
determina a independência conforme envelhecemos.
Catarata e alterações sistêmicas
Além das
alterações na retina, o diabetes dobra o risco de contrair catarata segundo um
estudo realizado no Reino Unido com mais de 50 mil pessoas. Queiroz Neto
explica que isso acontece porque os depósitos de glicemia nas paredes do olho
somados às constantes oscilações dos níveis glicêmicos aumentam a formação de radicais
livres e aceleram o processo de envelhecimento do cristalino, lente interna do
olho. O especialista afirma o adiamento da cirurgia é contraindicado porque
torna o procedimento mais perigoso e porque a catarata avançada impede o bom
acompanhamento de alterações na retina causadas pelo diabetes e por isso pode
levar à perda irreparável da visão.
A hiperglicemia,
observa, também pode causar complicações
cardiovasculares, insuficiência renal,
amputação e danos nos nervos decorrentes da má circulação.
44% falham na dieta
Queiroz Neto
explica que 10% dos casos de diabetes são do tipo 1 causada, ou seja,
causada por uma alteração no sistema
imunológico que dificulta a produção de insulina pelo pâncreas. A falta de
insulina, hormônio que transforma a glicose dos alimentos em energia, cria
depósitos de glicemia no sangue. explica. O tratamento para reequilibrar o
organismo é feito com reposição de insulina.
“Nos outros 90%,
o diabetes é do tipo 2 e resulta de uma resistência das células à insulina
relacionada à hereditariedade, sedentarismo, obesidade e estresse”, salienta. O
tratamento é feito com medicamentos que estimulam a produção de insulina, mas a
manutenção de uma dieta equilibrada é fundamental. O problema é que o 44% dos
participantes da pesquisa afirmaram que
têm dificuldade para manter a dieta correta.
Tratamento mais
acessível
A pesquisa mostra
que os tratamentos para retinopatia diabética e edema macular combinam mais de
uma terapia ao redor do mundo e o laser ainda é o mais utilizado. Quase um terço dos participantes, 29%,
afirmaram ter dificuldade para pagar os exames. A boa notícia é que no Brasil
os planos de saúde passaram a cobrir dois procedimentos a partir deste ano por
determinação da ANS (Agência Nacional de d Saúde). O oftalmologista destaca que
agora a OCT (Tomografia de Coerência Óptica) exame de imagem utilizado no
diagnóstico e a terapia anti-VEGF têm cobertura dos planos de saúde. Por isso,
mais brasileiros já podem preservar a visão das doenças na retina.
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