Queixas relacionadas à estética ainda são as
que mais levam pacientes a buscar consulta com dermatologista
A dermatologia é uma
complexa área da medicina: são mais de três mil doenças que afetam pele,
mucosas, cabelos e unhas. Por ser o mais extenso e versátil órgão do corpo
humano, a pele tem um importante papel de proteção, estando mais exposta a
variações climáticas, atrito e contato com microrganismos. Apesar disso, a
especialidade ainda é comumente associada a questões estéticas - levantamentos
mostram que a maior parte das queixas que levam os pacientes ao consultório do
dermatologista incluem acne, rugas e manchas.
Segundo a
dermatologista Seomara Passos Catalano, dermatologista e coordenadora de
pós-graduação das Faculdades BWS, isso acontece porque a pele está sempre em
evidência. “Estamos em contato com a pele o tempo todo. Se há algo nela que
incomoda, isso pode afetar a autoestima e o bem-estar. Por isso, é mais fácil
procurar auxílio para os problemas que estão aparentes. Mas é preciso alertar
para o fato de que há diversas outras doenças – genéticas, autoimunes e
infecciosas, por exemplo – que podem ou não apresentar manifestações cutâneas e
que impactam diretamente na saúde física e mental do indivíduo”.
À frente da última
edição da Virada da Pele Saudável, que aconteceu em setembro e promoveu 36
horas de atendimento dermatológico gratuito para a população em São Paulo, a
especialista comenta que ainda há muito desconhecimento em torno das doenças de
pele. “Recebemos muitas pessoas que estão há meses, até mesmo anos, com uma
lesão que não cicatriza. Em geral, começa com o que a pessoa acredita ser uma
espinha ou um pelo encravado, ela vai espremendo, até que um dia a ferida
infecciona, a dor aumenta e passa a atrapalhar a rotina. Aqueles que decidem
procurar um dermatologista, muitas vezes, têm que esperar meses para uma
consulta. Então a pessoa passa a conviver com aquele problema, mesmo incômodo,
e sem receber um diagnóstico formal”.
Muitas doenças podem
ter essas características. Os eczemas, por exemplo, são bastante comuns. São
lesões avermelhadas, com aspecto áspero ou descamativo, que podem aparecer em
qualquer parte do corpo. Essa irritação, quando não tratada, pode levar ao
surgimento de pequenas bolhas e até mesmo lesões mais graves. Já a hidradenite
supurativa, apesar de menos frequente, tem um impacto bastante negativo na vida
dos pacientes. Trata-se de uma doença inflamatória crônica e dolorosa, que se
caracteriza por nódulos que se localizam em áreas de dobras e atrito, como
axilas e virilha. Quando os nódulos estão inflamados, além da dor, há
eliminação de pus e consequente mau cheiro – por isso, é bastante comum que a
hidradenite leve, também, ao isolamento social.
“A falta de
conhecimento a respeito de doenças como hidradenite, psoríase e vitiligo é, sem
dúvidas, um desafio. Muitas pessoas acreditam, por exemplo, que toda doença de
pele é contagiosa e, por isso, evitam manter contato com quem tem esses
problemas. O preconceito afeta a forma como o paciente se vê e lida com a
doença, o que, em alguns casos, pode levar a uma piora do quadro”, alerta a Dra.
Seomara. Só neste ano, passaram pela Virada da Pele Saudável mais de três mil
pessoas – das quais 754 passaram por algum procedimento cirúrgico. “Mais do
que oferecer um atendimento resolutivo, nosso objetivo é disseminar
conhecimento a respeito das doenças de pele e reforçar que o diagnóstico
precoce é o primeiro passo para um tratamento exitoso”, completa a médica.
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