Dieta cetogênica auxilia na diminuição de crises
em casos de epilepsia refratária
A dieta
cetogênica, conhecida por ser um regime eficiente para emagrecimento rápido,
também pode ser aplicada à saúde, para diminuir crises epiléticas. Se adotada
com rigor, por no mínimo, três meses, ela apresenta bons resultados para os
pacientes que têm a doença.
No mundo,
mais de 50 milhões de pessoas sofrem com essa enfermidade e para 30% delas, que
têm epilepsia refratária, o uso só de medicamentos não é totalmente eficiente.
A alimentação entra como um complemento ao tratamento.
“A dieta
ajuda pacientes que tomam medicamentos em dose máxima e, mesmo assim, as crises
não são controladas. É uma alternativa considerável para buscar qualidade de
vida, principalmente, para as pessoas que têm muitas crises por dia",
explica a médica Fernanda Silva, especializada em medicina integrativa.
A dieta
cetogênica pode diminuir pela metade a incidência de crises epilépticas. Como
qualquer tratamento, a dieta precisa ser prescrita e acompanhada por um
nutrólogo, além do paciente seguir as recomendações do seu neurologista.
“Um
acompanhamento multiprofissional é o mais recomendado", comenta.
A
Associação Brasileira de Epilepsia indica gorduras insaturadas e saturadas,
tais como castanhas, creme de leite e toucinho. De carboidratos, apenas os
complexos, como frutas, legumes e verduras. As fontes de proteína são as de
origem animal, tais como ovos, carnes bovinas e suínas, frango, peixes e frutos
do mar, já que têm mais gorduras.
“As
massas podem ser trocadas por espaguete de legumes, como abobrinha e cenoura.
As saladas com folhas e tomates podem ser consumidas à vontade. As porções de
raízes e frutas devem ser em pequenas quantidades e outras fontes de gordura
como abacate, coco e azeite de oliva também são indicados”, sugere Fernanda.
Como a
dieta ajuda nas crises?
Para
funcionar, o cérebro precisa de uma fonte de energia, que pode ser carboidrato
ou gordura. Numa dieta convencional, metade dos alimentos são carboidrato, como
massas, cereais, frutas e o próprio açúcar, que causa picos de energia no corpo
humano, por ser um estimulante.
“Um pico
de energia não é bem o que precisa um cérebro de quem tem crises epilépticas,
já que ele sofre descargas de energia mais fortes. Para evitar a excitação dos
neurônios e um possível curto-circuito, o ideal é garantir ao cérebro uma fonte
de energia estável, como os corpos cetônicos, provenientes da oxidação de
gordura feito pelo fígado. Os corpos cetônicos têm efeito sedativo no sistema
nervoso central, porque dão mais estabilidade neuronal”, esclarece a médica.
A adoção
da dieta cetogênica no controle da epilepsia é um procedimento conhecido desde
a década de 1920, quando médicos que tratavam de crianças com epilepsia numa
clínica, observaram que quando alguns pacientes praticavam jejum, apresentavam
menos crises.
“A
quantidade de corpos cetônicos aumenta no sangue quando passamos muito tempo em
jejum, pois não há ingestão de carboidrato”, finaliza.
Com o
avanço nas pesquisas de laboratórios, nas décadas de 1940 e 1950, medicamentos
mais eficientes foram lançados e a dieta caiu em desuso. Em 1990, voltou a ser
pesquisada, porque alguns pacientes não respondiam aos remédios.
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