Recuperação da microbiota pode ser feita por meio
da hidrocolonterapia, procedimento que limpa o intestino, favorecendo até o
emagrecimento
O número de pessoas com excesso de peso e obesidade
aumentou nos últimos anos, segundo o Ministério da Saúde e a Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS). Divulgado no início deste ano, o estudo aponta o
aumento de 15,5% nas taxas de sobrepeso e 41,6% nas taxas de obesidade, de
acordo com o levantamento feito com pessoas que possuem planos de saúde no
país. Dentre os fatores determinantes para o excesso de peso estão
comportamento – como alimentação inadequada, consumo de bebida alcoólica em
excesso e sedentarismo –, genética e fatores emocionais. Mas, o que muitos não
sabem, é que a microbiota – o conjunto de
bactérias do intestino – exerce uma influência significativa para essa
condição.
É possível modular a microbiota
intestinal por meio da alimentação, uso de técnicas que estimulem o
funcionamento intestinal, por meio de probióticos (bactérias selecionadas),
prebióticos (que propiciam o crescimento de boas bactérias) ou até por
transplante de fezes. O transplante fecal por enquanto, só é realizado em
ambiente hospitalar e de forma experimental.
Em 2015, a revista Open Forum
Infectious Diseases publicou o caso de uma mulher magra que, ao receber um
transplante fecal de um homem obeso, se tornou obesa e não conseguiu emagrecer
mesmo com dieta e exercícios físicos. Um estudo publicado em 2016, pela
Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, revisou mais de 20 pesquisas
científicas em diversos países e constatou que o processo de fermentação de
algumas bactérias são responsáveis pelo adipogênese, isto é, a fabricação de
gordura pelo organismo, e podem causar, também, resistência a insulina, uma
condição que leva à diabetes tipo 2.
De acordo com Sarina Occhipinti,
especialista em clínica médica e em nutrição funcional, do Instituto Sari (Nova
Lima/MG), a microbiota pode definir se você vai ser uma daquelas pessoas que
come e não engorda com facilidade ou se faz parte do time das que vivem
brigando com a balança. “Um aumento de apenas 20% de uma bactéria chamada
Firmicutes e uma diminuição correspondente de Bacteroidetes é suficiente para
tornar uma pessoa obesa. Já conseguimos identificar dezenas de bactérias
benéficas e maléficas para o tratamento da obesidade, então,
saber selecionar as bactérias emagrecedoras é estratégia crucial nos processos
de emagrecimento refratários aos tratamentos convencionais”, explica.
Hidrocolonterapia para emagrecimento
A flora intestinal pode ser entendida como um
ecossistema onde habitam milhares de seres vivos. Então, a primeira coisa a
fazer para melhorar um ecossistema é tratar o ambiente em que os seres vivos
habitam. Dentre as técnicas utilizadas com essa finalidade está a
hidrocolonterapia, um procedimento de limpeza do intestino grosso no qual, por
meio de um aparelho apropriado, se insere água morna filtrada, purificada e
ozonizada através do ânus, permitindo eliminar as fezes acumuladas, desinflamar
a mucosa e estimular a peristalse que são os movimentos fisiológicos do
intestino.
Segundo Sarina, existem técnicas associadas à
hidrocolonterapia que auxiliam na reabilitação das funções intestinais e
aliviam vários processos de inflamação da mucosa. Dessa forma, há uma melhora
na sensação de bem-estar e nos processos de constipação e inflamações, que
atrapalham o desenvolvimento de boas bactérias no lúmen do órgão. É
por isso que muitas clínicas têm usado a hidrocolonterapia como excelente
técnica de auxilio no emagrecimento.
“Entretanto, antes de tomar probióticos ou
partir para a hidrocolonterapia, é necessária a avaliação de um médico que vai
solicitar os exames necessários e receitar os melhores tratamentos e dietas
para cada paciente”, orienta Sarina.
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