Personagens
inspiram obras da literatura e podem ajudar a compor pauta da educação
ambiental
Comemorado no dia 22 de agosto, o folclore é
composto pelo conjunto de crenças, tradições, lendas e costumes de um povo.
Lendas como a Comadre Florzinha habitam o imaginário cultural brasileiro e
representam a preocupação de povos antigos em relação a um tema extremamente
atual: a conservação da natureza.
Na obra infantil “A Flor do Mato”, lançada em 2018
pela Editora Positivo, Comadre Florzinha é retratada como uma figura que habita
as matas e as protege – crença de algumas áreas rurais do Nordeste,
principalmente na Paraíba, Pernambuco e Ceará. Traiçoeira, a menina conhecida
como Flor do Mato pode tanto ajudar como prejudicar as pessoas que adentram a
mata sem lhe pedir a devida licença. A obra é o segundo trabalho autoral do
ilustrador e designer gráfico carioca Marcelo Pimentel e traz essa história da
Zona da Mata nordestina, reinterpretando grafismos do Maracatu Rural –
manifestação cultural com estampas florais e arabescos multicoloridos de grande
personalidade e impacto visual.
Assim como a Comadre Florzinha, o Curupira e o
Boitatá também são famosos protetores das florestas e dos animais. O Curupira,
palavra de origem tupi guarani que significa “corpo de menino”, é conhecido
como um anão de cabelos vermelhos que tem os pés virados para trás, sua
principal arma para despistar e confundir os invasores das matas. Já o Boitatá
significa “cobra de fogo” e é representado como uma grande serpente que possui
a capacidade de se transformar em uma grande tora em brasa, punindo as pessoas
que incendeiam as florestas.
Para Márcia Marques, professora titular da
Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da Rede de Especialistas em
Conservação da Natureza, tais narrativas ajudam na construção e na transmissão
de valores permanentes. “Essa riqueza cultural, que é tão característica do
Brasil, pode ser utilizada também para a educação ambiental. Essas lendas
representam uma preocupação antiga em relação à conservação da natureza e
aprendizados como esse são levados pelas crianças até a fase adulta, criando
cidadãos conscientes”, ressalta.
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