Grande parte dos brasileiros não passa um
dia sem acessar celular, computador e outros dispositivos móveis, além de
eletroeletrônicos e outras novidades tecnológicas. Mas o que quase todos
desconhecem é que esses equipamentos emitem uma luz azul bastante prejudicial à
saúde. A luz azul violeta visível tem o potencial de causar danos aos
nossos olhos, mesmo tendo menos energia do que a luz ultravioleta. Ela está nos
escritórios e escolas (luz espiral), nos aviões, nos dispositivos móveis que
acessamos continuamente durante o dia e a noite. Diante desse risco, o
oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital
de Olhos, em São Paulo, faz um alerta: além de se proteger contra os
efeitos nocivos dos raios UVA e UVB, as pessoas devem se proteger contra os efeitos
deletérios da luz azul violeta dos LEDs.
“A exposição continuada à tela do
computador, do tablet, leitor digital, videogame, telefone celular etc.
pode impactar a saúde ocular de muitas formas. O primeiro problema para quem
passa muitas horas por dia diante desses equipamentos e dispositivos
tecnológicos é uma redução significativa na produção de lágrimas. Com o tempo,
a visão fica estressada. Ou seja, mesmo que temporariamente, a pessoa percebe
imagens com pouca definição, meio sem foco e borradas, resultado da pouca
lubrificação ocular. Além disso, episódios de dor de cabeça e enxaqueca podem
se tornar mais frequentes”, diz Neves.
De acordo com o especialista, o problema
pode se tornar crônico se não for tratado. No longo prazo, a exposição à luz
azul violeta pode resultar em risco aumentado para DMRI (degeneração macular
relacionada à idade) e catarata. “No centro da retina está a mácula, um tecido
sensível à luz situado bem no fundo do olho. As células que compõem a mácula
não têm capacidade de regeneração. Sendo assim, passar tanto tempo exposto a
ambientes com luz artificial em espiral e equipamentos que emitem luz azul
violeta acelera os danos a essas células, levando à perda gradual da visão.
Como os efeitos são cumulativos, acelerando o envelhecimento dos olhos, também
a catarata ocorre mais frequentemente e mais cedo neste caso”.
Hoje em dia, os telefones celulares mais
modernos têm um recurso chamado ‘night shift’. Trata-se de um método que ajusta
a temperatura da cor da tela dos aparelhos. Esse recurso foi implementado
justamente depois que um estudo demonstrou o quanto o uso de
smartphones/tablets pode causar problemas de insônia em usuários. Sendo assim,
das 22h às 7h, a tela emite consideravelmente menos luz azul violeta, não
comprometendo o sono.
Mas há outro recurso para ser usado durante
o dia. As melhores lentes do mercado já contam com tecnologia para filtrar a
luz azul violeta. Sendo assim, fazer óculos de grau com esse filtro diminui os
riscos da exposição exagerada em ambientes de estudo ou trabalho. “Os pacientes
que já fazem uso dessas lentes destacam uma mudança imediata no conforto
ocular. Além de melhorar o contraste, as lentes que filtram a luz azul ajudam a
relaxar os olhos e impedem que o sono seja prejudicado. Ou seja, garantem que a
vida útil dos olhos dure mais que esses acessórios tecnológicos”, afirma o
especialista.
Outra medida aparentemente simples para
proteger os olhos é piscar mais vezes durante o dia. Desviar os olhos da tela a
cada 20 minutos e focar um objeto que esteja longe por pelo menos 20 segundos é
outra dica importante. “Esse exercício é ótimo para dar um ‘reset’ nos olhos”.
Mas Neves alerta para um problema ainda mais sério, com consequências mais
graves para a saúde ocular: a luz azul emitida pelos novos equipamentos é
prejudicial à saúde por ser o comprimento de onda mais alto da energia de luz
visível. Ela penetra diretamente no fundo do olho, atravessando os filtros
naturais, e causa danos permanentes com o tempo.
“As crianças são as mais vulneráveis à
emissão de luz azul violeta, porque têm acesso a todos os dispositivos
tecnológicos e já os incorporaram à rotina, inclusive durante os estudos. Como
seus olhos estão ainda em desenvolvimento, eles não têm pigmentos que ajudam a
filtrar uma parte dessa luz. Mas isso não quer dizer que os adultos não estão
correndo um grande risco, especialmente aqueles conectados com todas as
novidades tecnológicas. O ideal, em todos os casos, seria limitar a exposição diária
a essa emissão luminosa, principalmente antes de ir para a cama. Estudos
mostram que a exposição à luz azul violeta por algumas horas antes de dormir
acaba suprimindo a melatonina, que é um dos hormônios do sono, e dificulta
alcançar aquele estágio do sono profundo e reparador. Por isso, quem quer
acordar com mais disposição para estudar e trabalhar deveria começar limitando
o horário que confere recados no celular, por exemplo”, afirma Neves.
Fonte:
Dr. Renato Neves -
médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos,
em SP – www.eyecare.com.br
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