Diversas
doenças provocam o declínio progressivo da função cerebral e atrapalham a
qualidade de vida de muitas pessoas
Perder
a memória, a capacidade intelectual, o raciocínio, as competências sociais e as
reações emocionais são alguns dos sintomas de uma pessoa que sofre de demência.
Esse termo é utilizado para descrever diversas doenças que provocam o declínio
progressivo da função cerebral. “Essa condição afeta diretamente a qualidade de
vida da pessoa, podendo afetar a linguagem, o comportamento e alterando até a
personalidade e o convívio social”, afirma Dr. Rafael Brandes
Lourenço, especialista em psicogeriatria pelo Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Associação Brasileira de Psiquiatria
(ABP).
As demências costumam ser
irreversíveis e neurodegenerativas, ou seja, pioram com o
passar do tempo, apesar do tratamento, quando ele existe. A mais conhecida
delas é a doença de Alzheimer que causa danos ao cérebro que não podem ser
interrompidos ou revertidos. Há outros tipos como a demência com corpos
de Lewy, que possui sintomas similares aos do Alzheimer, a demência vascular,
que ocorre devido a pequenas ou grandes lesões vasculares
cerebrais (AVC) e a demência frontotemporal, cujo
tipo mais comum é uma degeneração do lobo frontal do
cérebro.
Existem
ainda outras causas da doença, como as priônicas causadas por agentes
infecciosos (como a doença de Creutzfeldt-Jakob, conhecida como doença da
vaca louca), demência associada
a outras doenças neurodegenerativas como a doença de Parkinson, a atrofia de
múltiplos sistemas, paralisia supranuclear progressiva, degeneração
corticobasal, doença de Huntington. Ainda existem causas potencialmente
reversíveis de demência como
as causadas por deficiência de vitamina B12, hipotireoidismo, sífilis ou HIV,
que melhoram com o tratamento das doenças de base.
Estima-se
que em 2050, os idosos alcancem 22% da população mundial. E com o envelhecimento
da população, há um grande aumento das doenças degenerativas. “É importante
destacar que muitos fatores podem levar à demência.
A idade avançada é a principal delas, pois o risco aumenta consideravelmente
especialmente a partir dos 60 anos, mas também pode ocorrer em
pessoas mais novas. O histórico familiar também contribui para o surgimento da
doença”, explica Dr. Rafael.
Os
sintomas variam bastante. Além da perda de memória, há dificuldade para se
comunicar e realizar atividades complexas, alteração nas funções de coordenação
e motoras, além de problemas na organização, planejamento e na
linguagem. "A pessoa às vezes tem algumas alterações nas
funções mentais, mas ainda realiza as suas atividades do cotidiano. A demência só
é diagnosticada quando começa a existir um prejuízo na funcionalidade, ou seja,
esta pessoa passa a precisar de ajuda em muitos aspectos da vida, e isto
costuma aumentar com o tempo", ressalta o psicogeriatra. Em
alguns casos, a pessoa afetada pelademência pode
ter alterações de comportamento, inadequação
social, paranoia, alucinações, agitação.
Para
diagnosticar a demência,
o médico realiza uma consulta e diversas perguntas sobre o histórico clínico,
sintomas e realiza o exame físico e neurológico. Com a
avaliação neurológica, avalia-se o movimento, os sentidos, equilíbrio e
reflexos. Com exames cognitivos e neuropsicológicos, é possível
identificar as habilidades de linguagem, memória e orientação, e com a ajuda de
exames de imagem do cérebro, é possível saber quais partes do órgão
foram afetadas. Também podem ser solicitados exames de sangue para
descartar causas reversíveis de demência.
O
diagnóstico precoce é a melhor forma de lidar com a demência, pois
ajuda a pessoa e a família a lidarem com esse problema. Ainda não existe cura,
mas no caso do Alzheimer, por exemplo, o tratamento pode
retardar a evolução do processo. “Um especialista deve ser procurado logo
após os primeiros sintomas para ser avaliado e acompanhado. Existem
casos que ficam bastante estáveis com o tempo, e outros evoluem para a demência.
Além disso, o papel dos familiares é fundamental, pois são eles que acompanham
o uso da medicação, além de lidarem com as dificuldades do dia a dia
garantindo o bem-estar do paciente”, afirma Dr. Rafael.
Dr. Rafael Brandes Lourenço
- psiquiatra do Hospital Estadual Mário Covas e especialista em medicina
do sono e psicogeriatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria
(ABP).
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