Médicos das Oncoclínicas alertam homens sobre um
possível caso de câncer de mama
Recentemente,
o empresário Mathew Knowles, pai da cantora Beyoncé, revelou em entrevista ao
programa de TV Good Morning America que foi diagnosticado com câncer de mama no
meio deste ano. Apesar de raro, estimativas indicam que 1% dos casos da doença
afeta homens.
De
acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil somará cerca de 60
mil novos casos de câncer de mama em 2019, número que corresponde a 28% de
todos os diagnósticos da condição registrada no país. E, apesar de o Outubro
Rosa ser o mês de conscientização sobre a questão voltada principalmente para
mulheres, é preciso lembrar que um dos grandes mitos da saúde é que o câncer de
mama não afeta homens. Das 16.254 pessoas que morreram em decorrência de câncer
de mama no país no ano passado, 185 eram homens.
O
oncologista Daniel Gimenes, do Centro Paulista de Oncologia (CPO) –
Oncoclínicas, explica que um dos grandes mitos relacionados ao câncer de mama é
justamente que ele só afeta mulheres. Homens também apresentam glândulas
mamárias. Apesar da baixa incidência, o câncer de mama masculino pode se
manifestar e existe um alto percentual de mortalidade. Em cerca de 100 casos da
doença, apenas um ocorre no sexo masculino. Nos Estados Unidos, por exemplo,
foram registrados 1910 casos e, na maioria das vezes, o diagnóstico é tardio,
já que homens não costumam realizar a mamografia anualmente.
“Existe
um problema muito comum que faz com que os homens não procurem um médico por
questões de machismo, pois não passa pela cabeça de ninguém que o homem pode
desenvolver um câncer de mama. Por isso, havendo qualquer mudança suspeita na
região mamária, é preciso procurar um especialista para que o câncer não seja
descoberto tarde demais”, explica Gimenes.
O
tratamento e os sintomas são os mesmos. Nos homens, o diagnóstico costuma ser
mais rápido pelo fato de que eles têm menor tecido mamário, facilitando a
visualização de um nódulo. Mas a identificação também é feita por meio de
mamografia.
Para
o oncologista Mário Alberto Costa, da Oncoclínicas Rio de Janeiro, tão
importante quanto estar atento aos sinais é conhecer fatores de risco e medidas
preventivas. “História familiar de câncer de mama, sobretudo quando relacionada
ao gene BRCA2, níveis elevados de estrogênio no homem como em indivíduos que
usam compostos à base de estrogênio ou testosterona, disfunção hepática e
cirrose, obesidade, doenças da tireoide, síndrome de Klinefelter, doenças
testiculares e irradiação prévia da região mamária são fatores de risco. Sobre
prevenção, é importante tentar remover os fatores de risco, quando possível,
evitar uso de compostos hormonais, controle da dieta e peso, evitar álcool,
controle de hepatopatias, entre outros”, esclarece.
Quando
o assunto é tratamento, homens e mulheres enfrentam a doença igualmente. “O
tratamento do câncer de mama no homem é semelhante ao tratamento na mulher e
depende da fase em que a doença é diagnosticada (estadiamento) e
características biológicas do tumor, podendo ser indicada cirurgia,
radioterapia, hormonioterapia, quimioterapia, entre outros”, orienta o
oncologista Costa.
Para
Gimenes, outro ponto importante é desmitificar o câncer de mama em homens. “Há,
é claro, além de uma desinformação, um preconceito em relação a este tipo de
incidência. Apesar de não encararmos dados alarmantes no quesito, é fundamental
que a população em geral, independente do gênero, esteja alerta. O diagnóstico
precoce é fundamental para as chances de recuperação dos pacientes”, salienta.
Gimenes
frisa adicionalmente que, em muitos casos, o câncer de mama em um homem é um
indício sugestivo de que o paciente seja portador de uma mutação genética
hereditária no gene BRCA, sendo recomendada em todos os casos a realização do
teste molecular mesmo que não haja histórico de câncer na família.
Abaixo,
os oncologistas Daniel Gimenes e Mário Alberto da Costa destacam os cinco
principais fatores que podem ser importantes na hora de detectar um câncer de
mama no homem:
- Genética: Se existir um caso alguma mulher (tia, mãe, avó) com câncer de mama
na família, as chances do homem desenvolver aumenta discretamente, mas se
for relacionado à mutação do BRCA, os riscos são significantemente
maiores. Para isso, é recomendável que o homem faça uma pesquisa de
mutação para saber se terá chances de desenvolver a doença. Além disso,
existe uma síndrome genética, associada ao alto nível de estrogênio, uma
condição que aumenta o índice câncer de mama em homem, principalmente
quando tem a mutação do gene BRCA. Se, por exemplo, um homem no qual a
irmã/mãe teve câncer de mama, as chances são maiores, por isso, é preciso
ser feito um acompanhamento mais de perto.
- Hormônios: O principal motivo pelo qual as mulheres apresentam câncer de mama
com mais frequência do que os homens são os hormônios. A mulher produz
muito mais estrógeno do que o homem. A maioria dos cânceres de mama
femininos se desenvolve por conta de hormônios sensíveis. O homem
apresenta uma baixa taxa se estrógeno no corpo, contendo mais
testosterona, que não leva a este tipo de câncer.
- Caroço na área do tórax: Como os homens não tem o costume de realizar exames mamários
frequentemente é preciso que se atentem a alguns sintomas suspeitos.
Caroço na área do tórax é dos principais sintomas do câncer de mama
masculino que pode ser acompanhado de inchaço nos linfonodos axilares.
- Retração na pele: Em situações mais avançados da doença, também pode ocorrer uma
retração do mamilo, ou seja, um inchaço significativo ou distorção da
pele, em alguns casos acompanhados de sangue na região. Quando estes sinais
são detectados, é imprescindível que se procure um médico para saber o
diagnostico correto.
- Cirrose/alcoolismo/obesidade: Pacientes com distúrbios do fígado (cirrose, alcoolismo e
obesidade) correm mais risco de desenvolver câncer de mama e, quanto mais
velho o homem for, maior a possibilidade de a doença aparecer. Na maioria
das vezes o homem com câncer de mama procura uma orientação quando a
neoplasia ainda está no começo, dificultando o tratamento. Quando mais
cedo o câncer é diagnosticado, maiores são as chances de cura. Por isso,
já que a mamografia masculina não é recomendada como um exame de rotina,
homens que estão na área de risco de desenvolver um câncer de mama,
precisam realizar o autoexame.
Oncoclínicas e SBM unidos no combate ao câncer de mama
O
Instituto Oncoclínicas - iniciativa do corpo clínico do Grupo Oncoclínicas para
promoção à saúde, educação médica continuada e pesquisa -, em parceria com a
SBM, lança no mês de Outubro uma campanha de conscientização protagonizada pela
modelo, empresária e ativista pelos direitos da mulher Luiza Brunet. Com o mote
“Seja a melhor pessoa para você”, a ação tem por objetivo transmitir uma
mensagem de alerta sobre os cuidados com a saúde, em especial para que as
mulheres não deixem de realizar a mamografia todos os anos a partir da idade
recomendada.