Pesquisar no Blog

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Frutas na Dieta: Mito ou Verdade Que a Frutose Engorda e Deve Ser Evitada?

Comer ou não comer frutas na dieta? Esse dilema virou um dos maiores debates no mundo da nutrição. Será que a frutose, o açúcar natural das frutas, é mesmo perigosa? Ou estamos deixando de lado um dos alimentos mais ricos e essenciais para a saúde humana?



Quando falamos de frutas, muitas vezes imaginamos um alimento leve, saudável e refrescante. No entanto, nos últimos anos, elas foram colocadas sob os holofotes de dietas restritivas, sendo acusadas de atrapalhar o emagrecimento e até prejudicar a saúde. O motivo? A presença de frutose, o açúcar natural presente nesses alimentos. 

Mas será que essa preocupação faz sentido? Com base na ciência, a nutricionista Vivian Sanches desmistifica os mitos e explica por que as frutas merecem (ou não) espaço no seu prato, mesmo se o objetivo for emagrecer.
 

O que é a frutose e por que ela gera tanta polêmica?

A frutose é um tipo de açúcar simples encontrado naturalmente em frutas, mel e algumas hortaliças. Ela é frequentemente associada ao açúcar de mesa (sacarose) e ao xarope de milho de alta frutose, usado em alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, bolachas e molhos industrializados. Esses produtos, ricos em frutose adicionada, têm sido relacionados ao aumento da obesidade, diabetes tipo 2 e doenças hepáticas. 

Porém, é fundamental separar a frutose natural da frutose processada. A frutose encontrada nas frutas vem acompanhada de fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes — um pacote completo que beneficia o corpo de várias maneiras. Já a frutose adicionada nos alimentos ultraprocessados é consumida em grandes quantidades e sem o equilíbrio natural dos nutrientes, o que pode sobrecarregar o fígado e contribuir para problemas metabólicos.
 

Frutose natural x frutose processada: o contexto importa

A chave para entender o impacto da frutose está no contexto alimentar. Enquanto consumir frutose isolada, como a encontrada em refrigerantes, pode levar a efeitos adversos, o consumo de frutas inteiras não apresenta os mesmos riscos.

  • Fibras são o diferencial:
    “As frutas são ricas em fibras, que retardam a absorção do açúcar no sangue, prevenindo picos glicêmicos e ajudando no controle da fome. Isso significa que, ao comer uma fruta, o corpo processa a frutose de forma lenta e equilibrada, diferentemente de uma lata de refrigerante.”. Comenta Vivian Sanches.
     
  • Quantidade é crucial:
    A frutose em excesso é prejudicial, mas é praticamente impossível atingir níveis perigosos apenas consumindo frutas. Para se ter uma ideia, um refrigerante de 350 ml contém cerca de 40 g de frutose, enquanto uma maçã média tem cerca de 10 g. O risco está nos exageros de alimentos ultraprocessados, não nas porções de frutas.
     

As frutas engordam? O que a ciência diz?

Uma das maiores preocupações em relação às frutas é o impacto delas no peso. É verdade que elas contêm calorias provenientes do açúcar natural, mas atribuir o ganho de peso apenas ao consumo de frutas é simplista e impreciso. Estudos recentes apontam:
 

1. Frutas ajudam no emagrecimento:
Um estudo publicado no Journal of Nutrition mostrou que o consumo regular de frutas está associado a um menor índice de massa corporal (IMC). Isso porque as fibras e a água presentes nas frutas aumentam a sensação de saciedade, ajudando a controlar a fome.
 

2. Frutas e metabolismo saudável:
Uma revisão no British Medical Journal concluiu que a inclusão de frutas na dieta melhora o controle glicêmico e reduz o risco de obesidade, especialmente em comparação com dietas que restringem seu consumo.
 

3. Calorias naturais, não vazias:
As frutas fornecem energia de alta qualidade, repleta de nutrientes que favorecem o metabolismo, a imunidade e até o humor. Ao contrário de alimentos ultraprocessados, as calorias das frutas não são "vazias".
 

Quem deve ter cuidado com as frutas?

Embora as frutas sejam benéficas para a maioria das pessoas, existem algumas exceções:

  • Diabetes mal controlado:
    Pessoas com diabetes descompensado devem moderar o consumo de frutas de alto índice glicêmico, como banana madura, manga e uva, dando preferência a frutas com menor impacto glicêmico, como maçã, pera e morango. Ainda assim, o acompanhamento médico é indispensável.
     
  • Dietas muito restritivas em carboidratos:
    Em protocolos como a dieta cetogênica, onde a ingestão de carboidratos é extremamente limitada, as frutas podem ser consumidas com moderação, mas não devem ser eliminadas sem orientação profissional.
     

Benefícios das frutas que você não deve ignorar

Eliminar frutas da dieta significa abrir mão de uma série de benefícios únicos:

  • Riqueza em antioxidantes:
    Compostos como flavonoides, carotenoides e polifenóis combatem os radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce e doenças crônicas.
     
  • Saúde digestiva:
    As fibras das frutas promovem um intestino saudável, melhorando a absorção de nutrientes e reduzindo inflamações.
     
  • Apoio ao sistema imunológico:
    Frutas cítricas, como laranja e limão, são fontes potentes de vitamina C, essencial para a imunidade.
     
  • Bem-estar mental:
    Frutas como banana e abacate contêm nutrientes que favorecem a produção de serotonina, contribuindo para o equilíbrio emocional.
     

Cortar frutas da dieta com medo da frutose é como jogar fora um presente valioso por causa do embrulho. Quando consumidas inteiras e com moderação, as frutas não só são seguras, mas essenciais para uma alimentação equilibrada. Elas fornecem energia, saciedade e uma gama de nutrientes que dificilmente podem ser substituídos por outros alimentos. 

A nutricionista Vivian Sanches conclui afirmando que em vez de temer a frutose, é mais sensato focar na qualidade geral da dieta. Evitar alimentos ultraprocessados, equilibrar as porções e dar espaço para a variedade alimentar são os verdadeiros segredos para uma relação saudável com a comida. 

Na próxima vez que você pensar em cortar frutas por medo de engordar, lembre-se: a natureza sabe o que faz, e as frutas, em sua forma natural, são um presente que merece estar no seu prato.


Nutricionista Vivian Sanches - CRN 3 30-798


Nova forma de medir obesidade é o índice BRI


Uma nova forma de medir obesidade, chamado Body Roundness Index (BRI), se destaca por ser uma análise mais precisa e personalizada sobre a gordura corporal e o risco metabólico. Quem explica é a médica nutróloga Dra. Ana Luisa Vilela, médica especialista em emagrecimento da capital paulista. 

“O BRI veio com uma alternativa ao IMC (Índice de Massa Corporal calculado com o peso em kg dividido pela altura²) e leva em conta a relação entre a circunferência da cintura e a altura, que olha com mais detalhes para a distribuição da gordura no corpo e pode ser mais eficiente para avaliar o impacto da gordura visceral - a mais perigosa – que pode estar associada a doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares”, explica. 

A médica explica que para calcular o índice de redondeza corporal é preciso utilizar duas medidas básicas: a circunferência da cintura (em centímetros) e a altura (também em centímetros). “Essa equação vai relacionar o formato corporal à distribuição de gordura abdominal, que é um fator de risco importante para a saúde”, ensina.

Enquanto o IMC considera o peso e a altura sem calcular a composição corporal e a localização da gordura, o BRI ajuda a identificar melhor esses riscos à saúde, mesmo em pacientes com IMC normal, mas que apresentam gordura concentrada no abdômen. “Pessoas musculosas, por exemplo, muitas vezes são classificadas como obesas pelo IMC, mas o BRI consegue diferenciar massa magra de gordura de forma mais assertiva”, destaca a médica. 

O cálculo do BRI é feito pela altura e circunferência da cintura. O resultado é comparado a uma escala de referência que indica o grau de gordura corporal e os riscos associados. “É uma metodologia prática e acessível, que pode ser incorporada em consultas e exames de rotina”, sugere Dra. Ana Luisa que vê vantagem em transformar as estratégias de prevenção e tratamento de doenças relacionadas à obesidade.



FONTE:

Dra. Ana Luisa Vilela - Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Itajubá – MG, especialista pelo Instituto Garrido de Obesidade e Gastroenterologia (Beneficência Portuguesa de São Paulo) e pós graduada em Nutrição Médica pelo Instituto GANEP de Nutrição Humana também na Beneficência Portuguesa de São Paulo e estágio concluído pelo Hospital das Clinicas de São Paulo – HCFMUSP. Atualmente, dedica-se à frente da sua clínica especializada em emagrecimento, para melhorar a autoestima de seus pacientes com sobrepeso com tratamentos personalizados que aliam beleza e saúde.
draanaluisavilela


Efeitos colaterais de hormônios na saúde sexual: o que você precisa saber

Envato
Médica explica que anticoncepcionais podem causar baixa libido, dor durante o sexo e até secura vaginal

 

Os medicamentos hormonais, amplamente utilizados para diferentes condições, têm o potencial de transformar vidas, mas também podem trazer consequências que precisam ser consideradas. De acordo com especialistas, o uso de pílulas anticoncepcionais combinadas e outros medicamentos hormonais podem impactar a saúde sexual e geral das mulheres de maneira significativa.

Alexandra Ongaratto, médica especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, explica que “as pílulas anticoncepcionais são uma revolução na liberdade reprodutiva das mulheres, mas como qualquer medicamento, possui efeitos colaterais. Um deles é a redução dos níveis de testosterona livre, o que pode levar a sintomas como baixa libido, dor durante o sexo e até secura vaginal”.

 

Como os anticoncepcionais afetam os hormônios?

As pílulas anticoncepcionais combinadas funcionam para suprimir a ovulação e aumentar os níveis de globulina de ligação ao hormônio sexual (SHBG), proteína que se liga à testosterona, proporcionando sua disponibilidade no corpo. Embora nem todas as mulheres sejam sintomáticas, alguns efeitos podem se assemelhar a condições como a menopausa precoce.

Além disso, estudos apontam que o uso prolongado dessas pílulas pode estar associado a infecções urinárias recorrentes, especialmente em jovens na faixa dos 20 anos, devido às alterações hormonais que afetam a região vaginal. “Não é demonizar o uso de anticoncepcionais, mas estudos trazem à tona os possíveis impactos para que pacientes e profissionais de saúde possam ter conversas informadas sobre as opções disponíveis”, reforça Alexandra.

 

Alternativas e cuidados

Outros métodos contraceptivos, como dispositivos intrauterinos (DIUs), podem causar menos interferências hormonais. O DIU de cobre, por exemplo, não libera hormônios, enquanto o DIU à base de progesterona tem menos impacto na produção de estrogênio e testosterona em comparação com as pílulas orais.

“É fundamental personalizar o tratamento e considerar fatores como histórico médico, sintomas e expectativas da paciente. Além disso, é importante envolver o parceiro nas decisões, como a opção por uma vasectomia, que pode trazer mais liberdade para ambos”, sugere Alexandra.

 

Impacto nos homens e outros medicamentos

Os efeitos hormonais não afetam apenas as mulheres. Homens que usam medicamentos como finasterida para tratar calvície ou problemas na próstata também podem enfrentar efeitos colaterais graves, como disfunção erétil, perda de libido e até sintomas cognitivos, como depressão. A chamada síndrome pós-finasterida, embora rara, pode ter impactos devastadores.

“A mensagem para os profissionais de saúde é clara: valide as queixas dos pacientes e informe sobre as possíveis consequências. Mesmo quando a solução parece difícil, considerar o problema é um passo terapêutico essencial”, conclui a médica.

 

Educação e sensibilização são fundamentais

No Brasil, onde o acesso aos contraceptivos orais é alto e amplamente incentivado, a discussão sobre seus efeitos colaterais continua sendo essencial, mas muitas vezes negligenciada. 

Dados apontam que aproximadamente 80% das mulheres em idade fértil já utilizaram pílulas anticoncepcionais em algum momento da vida, o que torna ainda mais relevante a conscientização sobre os impactos a curto e longo prazo. No entanto, ainda é comum que muitas pacientes, e até mesmo profissionais da saúde, não discutam abertamente os possíveis efeitos adversos desses medicamentos.

Além disso, a conscientização deve incluir não apenas o impacto físico, mas também o emocional. Mudanças hormonais podem afetar a libido, o prazer sexual e até mesmo o equilíbrio psicológico, gerando dificuldades que precisam ser abordadas com empatia e cuidado. 

Por isso, a sensibilização sobre o impacto dos anticoncepcionais deve ser ampla, abrangendo não só as mulheres, mas também os parceiros e profissionais de saúde, para que todos compreendam o papel fundamental das escolhas contraceptivas na saúde sexual e no relacionamento.

 

Instituto GRIS


Prevenção ao câncer de pele deve ocorrer durante todo o ano

Especialista alerta para a urgência de medidas preventivas para enfrentar o cenário alarmante, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, que concentram 70% dos casos no Brasil.
 

O mês de dezembro é dedicado à conscientização sobre o câncer de pele, uma oportunidade fundamental para a sociedade refletir sobre os hábitos de exposição ao sol e os cuidados necessários para prevenir essa doença. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele é o tipo de tumor mais frequente no Brasil, representando 25% dos diagnósticos de câncer no país. “O Brasil tem um dos maiores índices de câncer de pele no mundo, e as altas taxas de incidência estão diretamente ligadas à exposição solar intensa e contínua ao longo da vida”, explica o oncologista Dr. Yuri Beckedorff Bittencourt, do Hospital Santa Catarina – Paulista. 

Os dados do INCA mostram que as regiões Sul e Sudeste do país concentram 70% da totalidade dos casos, em grande parte devido à genética de uma população com pele mais clara, o que aumenta a vulnerabilidade aos danos causados pela radiação ultravioleta (UV). “As pessoas com pele clara, além da exposição solar crônica, estão mais propensas a desenvolver o câncer de pele. Isso ocorre porque possuem menos melanina, o pigmento que ajuda a proteger a pele dos danos causados pelos raios UV”, destaca o especialista.
 

Fatores de risco e como a conscientização pode ajudar


O principal fator de risco para o câncer de pele continua sendo a radiação UV, tanto do sol quanto de fontes artificiais como câmaras de bronzeamento. Além disso, a exposição a queimaduras solares, principalmente na infância, e a predisposição genética, aumentam o risco de desenvolvimento da doença. “A combinação da exposição solar intensa e a falta de proteção durante a infância, quando a pele é mais vulnerável, contribui para o aumento do câncer de pele em adultos”, alerta o oncologista. 

Ele explica que outros fatores como a presença de lesões pré-cancerosas, histórico familiar de câncer de pele, uso de medicamentos imunossupressores e a exposição a produtos químicos também estão entre as causas que podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento do tumor. “A conscientização sobre esses fatores é a chave para prevenir o câncer de pele. A adoção de medidas simples, como o uso de protetor solar, chapéus, óculos escuros e roupas adequadas, pode reduzir significativamente o risco”, afirma.
 

Sinais precoces e diagnóstico

A detecção precoce é fundamental para o sucesso do tratamento, por isso deve ser prevenida o ano todo. Segundo o oncologista, a realização de autoexames regulares e a observação atenta das alterações na pele podem salvar vidas. “O câncer de pele não apresenta sintomas dolorosos nas fases iniciais, mas é possível identificar sinais, como manchas ou pintas que mudam de cor, forma ou tamanho. Lesões que não cicatrizam ou que sangram com frequência também devem ser avaliadas por um especialista”, recomenda o médico. 

Além disso, Dr. Yuri reforça a importância da consulta regular com dermatologistas, profissionais capacitados para identificar lesões suspeitas e indicar os exames necessários para diagnóstico definitivo, como a biópsia. “A avaliação feita por um dermatologista qualificado é essencial. Não podemos esperar que as lesões desapareçam sozinhas ou que os sinais desapareçam, pois isso pode significar que o tumor está avançando”, alerta o especialista, que também explica que exames de imagens também devem ser pedidos pelo médico, ao encontrar algo que sugira investigação.
 

Tratamentos modernos: da cirurgia à imunoterapia

Quando se trata de câncer de pele, a cirurgia continua sendo a abordagem mais comum e eficaz, mas as opções de tratamento evoluíram consideravelmente nos últimos anos. De acordo com o oncologista, para tumores superficiais, técnicas como curetagem, criocirurgia e excisão com margens de segurança são eficazes. Contudo, a cirurgia micrográfica de Mohs é indicada para casos mais complexos, como aqueles localizados em áreas delicadas, como o rosto. “A técnica de Mohs permite a remoção do tumor em camadas, o que garante a preservação de tecido saudável e reduz o risco de recorrência”, explica Dr. Yuri. 

Além da cirurgia, terapias inovadoras como imunoterapia e terapias-alvo também têm demonstrado resultados promissores, especialmente para casos mais avançados ou metastáticos. “Imunoterapias estimulam o sistema imunológico do paciente a combater as células tumorais, e as terapias-alvo atuam diretamente em mutações genéticas específicas, bloqueando o crescimento das células cancerígenas. Ambos os tratamentos têm demonstrado aumento na sobrevida e melhora na qualidade de vida dos pacientes”, diz o especialista.
 

A prevenção começa agora

A campanha Dezembro Laranja não deve ser vista apenas como um alerta para os cuidados com a pele durante o verão, mas como uma oportunidade para que todos se conscientizem da importância da proteção solar diária. “A prevenção começa com a mudança de comportamento. Protetor solar com FPS 30 ou superior, uso de roupas apropriadas, óculos de sol com proteção UV e, claro, a aplicação correta do protetor solar são atitudes simples que ajudam a reduzir o risco de câncer de pele ao longo da vida”, conclui o oncologista.
 

Hospital Santa Catarina - Paulista


Mais frequente entre adultos, câncer de pele pode ser resultado de exposição inadequada ao sol desde a infância, alertam especialistas

 Neste mês de conscientização sobre esse tipo de tumor, que é o mais comum entre adultos no Brasil, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) explica sobre riscos, diagnóstico e prevenção da doença.

 

É de conhecimento da população que o risco do câncer de pele é decorrente da exposição prolongada e sem os cuidados necessários ao sol, por isso, o efeito da radiação ultravioleta (UV) - radiação eletromagnética proveniente do sol e com alto poder de penetração na pele - ocorre em pessoas submetidas à exposição solar, como lavradores, carteiros e surfistas. No entanto, nem sempre as pessoas sabem que esse tipo de tumor ocorre porque essa radiação atinge o núcleo das células, onde está guardado o DNA. 

O Dr. Gilles Landman, médico patologista especialista em doenças da pele e membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), explica que a radiação UV danifica o DNA e provoca mutações cumulativas que, a longo prazo, superam a capacidade de reparo do organismo que começa a sofrer seus efeitos: “Com isso, há o crescimento descontrolado de células podendo resultar em um tumor maligno e que em alguns tipos de câncer, como o melanoma, pode se disseminar, gerando as chamadas metástases”. 

O especialista faz um alerta para que os familiares das crianças acima de 6 meses tenham cuidado com a exposição delas ao sol, evitando o período onde a radiação UV é mais intensa. Crianças até os 6 meses não devem ser expostas aos raios solares porque os melanócitos, células especializadas na produção da melanina a qual protege contra essa radiação, ainda são imaturas. 

“É no período das 10 às 16 horas que há a maior incidência da radiação. É preciso que a população entenda que as principais alterações no DNA acontecem até os 18 anos, mesmo que a pessoa só tenha o câncer com seus 50 ou 60 anos. Então, muito cuidado com as crianças e os jovens”, salienta Landman, que também é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

O efeito da radiação UV que causa danos ao DNA é mais observado em algumas doenças hereditárias. Dessa maneira, quando uma pessoa possui o xeroderma pigmentoso, doença genética não contagiosa caracterizada pela extrema sensibilidade à radiação, seu organismo não tem a capacidade de reparar o DNA afetado pela exposição ao sol. “Tais indivíduos desenvolvem o câncer de pele logo cedo, com 15 ou 20 anos”, complementa o especialista. 

No entanto, o câncer de pele é mais frequente após os 40 anos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). E em geral, esse tipo de tumor é classificado em dois tipos. O câncer de pele não-melanoma ocorre na superfície da pele. Embora menos agressivo, se mal diagnosticado ou não tratado, pode se tornar agressivo. É mais frequente na região da face (área mais exposta ao sol). Dados do INCA estimam 176.930 novos casos e 2.616 mortes desse tipo de tumor no Brasil todos os anos. 

Já o câncer de pele melanoma é mais raro, porém, mais agressivo e possui uma estimativa do INCA de 8.450 casos e 1.978 mortes no País anualmente. “Imagino que esse tipo de tumor seja subnotificado, pois vê-se muitos casos no Sul e Sudeste do Brasil. Ele é originário nas células que protegem contra a radiação UV, os chamados melanócitos”, pontua Landman. O especialista orienta à população prestar atenção em pintas que crescem, mudam de tamanho ou sangram e procurar o médico dermatologista para que realize os exames clínicos e procedimentos médicos necessários.
 

Diagnóstico preciso - Para um diagnóstico preciso, o dermatologista solicita uma biópsia, que é quando um fragmento do tecido afetado é retirado e encaminhado para a análise do médico patologista em laboratório. Este especialista além de confirmar o câncer, identifica outras características, entre elas, o tipo do câncer, sua profundidade e o grau de agressividade. 

“O profissional que dá o diagnóstico de fato é o patologista. E se o câncer de pele for mais profundo, grande e diagnosticado muito tardiamente, a probabilidade de cura diminui muito. Por exemplo, em um melanoma que tenha acima de 4 milímetros de profundidade e que não for tratado, a estimativa é de que em 5 anos metade dos pacientes diagnosticados cheguem a óbito. Já em tumores com menos de 1 milímetro, a chance de cura é de até 95%. Estou falando de milímetros”, alerta Landman. 

A partir do diagnóstico pelo patologista, o médico clínico tem condições de definir o melhor tratamento, que vai desde a cirurgia para retirada do tumor até sessões de quimioterapia. Mais recentemente, conforme o caso, há tratamentos inovadores que vêm sendo utilizados como a imunoterapia, que melhora a capacidade imunológica do paciente de responder ao câncer, e a terapia alvo a qual usa medicamentos projetados para atingir alvos específicos, como proteínas, enzimas ou genes mutados que desempenham papel fundamental no crescimento e na sobrevivência das células tumorais. 

“Com esses tratamentos é possível curar ou controlar a doença de uma porcentagem significativa de pacientes. Exatamente por causa de tratamentos como as terapias alvo, existe outro papel importante do patologista, que é fazer a ponte entre a Patologia tradicional com a Patologia molecular. Assim, por meio do teste de imuno-histoquímica conseguimos identificar qual proteína está sendo produzida a partir de uma alteração genética ou estudar o DNA diretamente e indicar uma linha de tratamento ao clínico”, diz o especialista. 

Diante da celebração do Dezembro Laranja, mês de conscientização do câncer de pele, Landman reitera à população a importância de evitar a exposição ao sol, particularmente, das 10 às 16 horas, e do uso de roupas adequadas, de bonés, chapéus e óculos escuros que protejam áreas como os braços e o rosto, além do uso de protetor solar com fator mínimo de 30 e com reaplicação a cada 2 horas: “Isso inclusive em dias nublados, porque a radiação UV ultrapassa as nuvens e existe mesmo com o mormaço”, conclui.


Otite de verão: entenda tudo sobre a condição

O contato frequente com a água do mar e de piscinas pode ocasionar a otite de verão, com sintomas como sensação de ouvido tampado e perda de audição

 

Quando os termômetros alcançam altas temperaturas com a chegada da estação mais quente do ano, o convite para ir à praia bem como à piscina é mais do que bem-vindo. No entanto, o momento de lazer pede atenção, principalmente em relação aos ouvidos. De acordo com otorrinolaringologistas, o período pode ser marcado pela chamada otite de verão.

 

As causas da otite de verão 

Também chamada de otite externa, a condição pode ser causada pelo contato prolongado com água do mar, rio e piscina. “Como o canal auditivo é bastante estreito, a água entra e não seca totalmente, deixando a pele muito úmida e gerando fissuras que levam às infecções”, explica a otorrinolaringologista Maura Neves, da USP. 

Além do contato com a água, segundo a otorrinolaringologista Roberta Pilla, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - ABORL-CCF, o indivíduo acaba mais suscetível à otite externa quando causa algum trauma na orelha. Em outras palavras, quando ele faz uso de cotonetes e outros objetos - como palitos, grampos e tampas de caneta - para cutucá-la. 

Dessa forma, o traumatismo na região associado a retirada do cerume, secreção que serve para proteger o canal auditivo, podem aumentar a ocorrência da otite de verão. “Além disso, eczema, descamação no conduto auditivo externo, alergias e psoríase também estão relacionados à condição”, completa Dra. Roberta.

 

Sintomas da condição 

O diagnóstico final da otite externa demanda avaliação médica para que, então, o paciente possa passar pelo tratamento adequado. No entanto, suspeita-se da condição a partir de alguns sintomas apresentados pelo paciente. Os principais são:

  • Sensação de ouvido tampado;
  • Perda de audição;
  • Dor aguda;
  • Zumbido;
  • Tontura;
  • Febre. 

“Na maioria dos casos, a perda auditiva é transitória e o paciente volta a ouvir normalmente no final do tratamento. Porém, há casos em que o tímpano é perfurado e a perda auditiva pode perdurar”, alerta Dra. Maura.

 

Tratamentos destinados à otite externa 

Para reverter a situação, é importante que o paciente procure por um especialista, ou seja, um otorrino. Assim, ele receberá a orientação adequada para tratar a otite de verão. Normalmente, o tratamento é feito com remédios prescritos pelo médico e, dependendo da gravidade do quadro, recomenda-se que o indivíduo fique em torno de dez dias longe da água do mar, bem como de piscinas. 

Caso o tratamento não seja feito corretamente, a situação pode complicar. “Ela pode evoluir para piora do quadro infeccioso, com infecções maiores e mais profundas, e até mesmo com lesão óssea e cartilaginosa. Além disso, ela pode resultar em problemas na audição, como perda auditiva, zumbido, e sensação de abafamento”, enumera Dra. Roberta.

 

Dicas do que fazer para prevenir a otite de verão 

Com a consciência de que o problema pode vir a surgir na estação mais quente do ano e atrapalhar momentos de lazer, é importante agir na prevenção do problema. Para isso, a Dra. Maura lista seis dicas de como evitar a otite de verão. Confira!

1. Após nadar, seque os ouvidos com a ponta de uma toalha;

2. Se sentir presença de água dentro do conduto, deite a cabeça de lado e encoste a orelha em uma toalha para a saída do líquido;

3. Se a água não sair e houver secreção no ouvido, que pode ser escura ou amarelada, é preciso procurar ajuda de um otorrinolaringologista;

4. Evite o uso de hastes flexíveis dentro do ouvido: elas servem apenas para limpar a parte externa da orelha e não devem ser introduzidas no canal auditivo.

5. O ouvido úmido pode causar coceira, mas é extremamente importante não colocar nenhum tipo de objeto dentro do ouvido para aliviar a sensação. É preciso prestar atenção, principalmente nas crianças, para que não se machuquem;

6. Em caso de dores, não se deve pingar remédios caseiros. Apenas o médico poderá dar a orientação adequada.

  



Dra. Maura Neves – Otorrinolaringologista. Formação: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Residência médica em Otorrinolaringologia no Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Fellowship em Cirurgia Endoscópica Nasal no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - ABORL-CCF. Doutorado pelo Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP



Dra. Roberta Pilla - Otorrinolaringologia Geral Adulto e Infantil. Laringologia e Voz. Distúrbios da Deglutição; Via Aérea Pediátrica.Médica Graduada pela PUCRS- Porto Alegre/ Rio Grande do Sul (2003). Pesquisa Laboratorial em Cirurgia Cardíaca na Universidade da Pensilvania – Philadelphia/USA (2004). Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (2009). Mestrado em Cirurgia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS- Porto Alegre/RS) (2012-2016). Membro da Diretoria da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORLCCF) (2016). Membro do Comitê de Educação Médica Continuada da ABORLCCF (2017-2022). 2019-2020: Presidente do Comitê de Educação Médica Continuada da ABORLCCF. 2021- 2022: Secretaria Comitê de Educação Médica Continuada da ABORLCCF. Médica do Grupo de Otorrinolaringologia e Via Aérea Pediátrica do Hospital Infantil Sabará (SP/São Paulo). Médica do Grupo de Otorrinolaringologia e Via Aérea Pediátrica dosHospitais do Grupo Maternidade Santa Joana e Pró-Matre (SP/ São Paulo). Médica do Grupo de Otorrinolaringologia do CDB Diagnósticos. Médica Otorrinolaringologista do Hospital Moriah (SP/São Paulo). Médica Otorrinolaringologista do Ambulatório da Rede Record de Televisão (SP/ São Paulo)



Coqueluche em adultos: um problema de saúde pública em ascensão que exige atenção global

A doença, muitas vezes subestimada entre adultos, volta a preocupar autoridades sanitárias com o aumento de casos em várias partes do mundo

 

A coqueluche, também conhecida como tosse convulsa, é uma infecção respiratória altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Embora historicamente associada a crianças, a doença tem ressurgido em várias partes do mundo, com um aumento preocupante de casos em adultos. 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em 2023, os casos de coqueluche mais que dobraram em relação a 2022, passando de 64.313 para 159.832 registros. Esse cenário reflete não apenas a baixa imunidade entre adultos, mas também lacunas em campanhas de vacinação e diagnósticos tardios. 

No Brasil, o Ministério da Saúde reportou mais de 4.000 casos de coqueluche em 2023, dos quais cerca de 35% ocorreram em adultos. Este grupo, muitas vezes negligenciado em políticas de prevenção, desempenha um papel significativo na transmissão da doença, especialmente para populações vulneráveis, como crianças pequenas e idosos. A disseminação entre adultos geralmente se deve à perda progressiva da imunidade adquirida na infância, quando essa população foi imunizada, destacando a necessidade de reforços vacinais periódicos. 

A situação não é isolada. Países como Estados Unidos, Reino Unido e França também relatam uma alta incidência de coqueluche em adultos. O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) alertou que surtos recentes no continente europeu foram exacerbados por campanhas insuficientes de revacinação e mudanças nos padrões de circulação da bactéria, agravados por fatores como urbanização e maior mobilidade populacional. 

Dr. Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, enfatiza a gravidade do quadro. “A coqueluche em adultos é subdiagnosticada, em parte porque seus sintomas podem ser confundidos com os de outras infecções respiratórias, como resfriados ou bronquites. No entanto, a doença pode ser severa, causando complicações respiratórias graves, especialmente em pessoas com condições preexistentes. Além disso, os adultos são vetores silenciosos, transmitindo a bactéria para grupos mais suscetíveis”, explica o especialista. 

A coqueluche se manifesta inicialmente como sintomas semelhantes aos de um resfriado comum, incluindo febre baixa, coriza e tosse leve. No entanto, após uma a duas semanas, a tosse torna-se mais severa e persistente, caracterizada por episódios que podem durar minutos e dificultar a respiração. Em adultos, esses episódios frequentemente não são reconhecidos como coqueluche, atrasando o diagnóstico e aumentando o risco de complicações. 

 

Reforço vacinal 

A vacinação é a medida mais eficaz para prevenir a coqueluche, especialmente em crianças. No Brasil, o calendário nacional de vacinação estabelece que os bebês devem receber três doses da vacina pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b) aos dois, quatro e seis meses de vida. Além disso, são recomendados dois reforços com a vacina tríplice bacteriana (DTP): o primeiro aos 15 meses e o segundo entre os quatro e seis anos. 

Apesar da importância da imunização, a cobertura vacinal tem apresentado quedas preocupantes. Em 2022, a taxa de vacinação com a DTP em crianças menores de um ano foi de 77,25%, abaixo da meta de 95% estabelecida pelo Ministério da Saúde. 

Para adultos, especialmente aqueles que convivem com crianças pequenas ou atuam em ambientes de alto risco, como escolas e hospitais, a vacinação também é crucial. O Programa Nacional de Imunizações oferece a vacina para gestantes e profissionais de saúde. No entanto, a cobertura vacinal entre adultos permanece baixa. Por exemplo, em 2024, a adesão à vacina dTpa entre gestantes na cidade de São Paulo foi de apenas 41%. 

“Precisamos urgentemente de campanhas direcionadas que incluam os adultos no plano de vacinação. A coqueluche não é uma doença exclusivamente pediátrica e, se ignorada, continuará a impactar a saúde pública de forma significativa”, alerta o Dr. Piastrelli. 

Além da vacinação, estratégias de conscientização sobre a doença e seus sintomas são fundamentais para reduzir o subdiagnóstico e incentivar a busca por tratamento precoce. A coqueluche é mais do que uma doença respiratória; é uma ameaça silenciosa que exige uma resposta integrada para proteger todas as faixas etárias. Autoridades sanitárias, médicos e a população em geral precisam atuar em conjunto para enfrentar o ressurgimento dessa enfermidade e evitar que ela continue se espalhando. 



Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Acesse o nosso site para saber mais: Link


A hora e a vez dos joelhos esfolados

A digitalização tornou obsoletos os ralados e ossos quebrados, abrindo oportunidades para reconexão das marcas com o mundo longe das telas

 

Parei no hospital por esses dias para acompanhar uma pessoa idosa da minha família que fraturou o braço direito. Cheguei no PS com ela já sentada numa cadeira, devidamente engessada e mascando chiclete. O médico me passou as recomendações para as próximas semanas e comentou que atendia cada vez menos casos como aquele.  "Muito menos do que há dez anos, e muitíssimo menos ainda depois do TikTok”.  Agradeci e fui me ajeitar com a parente, que queria um refrigerante. O comentário ficou na minha cabeça e decidi investigar.

As fraturas em crianças tiveram quedas significativas nos últimos cinco anos, especialmente entre jovens em Israel, nos EUA e no Brasil, segundo estudo da UFCAT. É um fenômeno que começou com a pandemia e que reforça uma mudança global.  A jornalista e escritora Tania Menai descobriu recentemente que "um adolescente americano da atualidade é menos propenso a fraturar os ossos que alguém com a      mesma      idade 15 anos atrás" – e que seus pais e avós, ao contrário, têm mais chance hoje de sofrerem um acidente     .

O motivo é o acesso contínuo à Internet. O médico que nos atendeu estava certo: crianças e adolescentes estão grudados nos smartphones e nas redes sociais interagindo cada vez menos entre si e em grupos, vivendo pouco para além da porta de suas casas. No Brasil, pesquisa do Comitê Gestor da Internet apontou crescimento na proporção de usuários de telas na faixa de nove e dez anos: de 79% em 2019, o índice saltou para 92% em 2021. O IBGE reforça que, no ano passado, mais de 90% dos brasileiros de 10 a 13 anos usaram a Internet diariamente - e mais da metade tinham celular.

O incremento da digitalização na infância e no começo da juventude, associado com a diminuição de joelhos esfolados, ossos quebrados e, vá lá, um ou outro ponto cirúrgico aqui e ali, traz consigo a ideia de que vivemos em um mundo com menos riscos. Os efeitos práticos da exposição permanente ao mundo virtual, entretanto, revelam uma epidemia de solidão. Isolada em seus quartos consumindo conteúdos de marcas e influenciadores, essa parcela da população tem enfrentado problemas de ansiedade e distorção corporal – 92% da Geração Z acreditam que a autoestima está conectada com a aparência e 20% gostariam de ser outra pessoa, segundo pesquisa da Dubu sobre o papel das marcas nos corpos brasileiros. Como resultado, de dez anos para cá, os casos de depressão entre jovens superam o de adultos no Brasil, aponta o SUS.

Os efeitos das tecnologias e de canais sociais dão margem para a construção de novas questões. A principal parece ser o quão gratificante pode ser uma vida mediada pela tecnologia. Evidentemente, ninguém quer ver crianças machucadas depois de brincar. Mas na medida em que a solidão aumenta e seus efeitos se fazem claros - a Universidade de Harvard revela que 75% dos jovens solitários reportam não ver sentido na vida - é preciso reconhecer e resgatar práticas de convívio e estímulo ao entendimento do mundo que há lá fora. No campo publicitário, fica clara a necessidade de investimentos que estão além das experiências de confinamento em que as tecnologias são protagonistas. É preciso reconectar-se ao real e ampliar o papel das marcas nas construções coletivas. Vale também lembrar que a força da comunicação está na criatividade que é fruto do contato com as brincadeiras e com a experiência da vida, reflexão e crescimento compartilhado com outras pessoas. Algo que pode trazer, sim, um osso quebrado.

Na saída do hospital, já com o seu refrigerante nas mãos, a idosa da minha família levou uma bronca. Aos 75 anos, ela quebrou o braço tentando pegar uma goiaba direto de uma árvore na rua.

Quem a conhece me disse que fazia tempo que não a viam tão feliz.  

 


Ivan Scarpelli - sócio e cofundador da Dubu

Como é a rinite na gravidez e quais são as soluções mais seguras para tratá-la?

Especialista do Hospital Paulista explica as causas, sintomas e opções de tratamento mais adequadas para as gestantes que sofrem com o problema

 

A rinite gestacional é uma condição comum que afeta muitas mulheres durante a gravidez. Ela causa sintomas semelhantes à rinite alérgica, como congestão nasal, espirros e secreção, mas é gerada pelas alterações hormonais e fisiológicas do corpo da gestante.

De acordo com a Dra. Cristiane Passos Dias Levy, otorrinolaringologista do Hospital Paulista – referência em saúde de ouvido, nariz e garganta –, a principal causa dessa condição está no aumento dos hormônios como o estrogênio e a progesterona. “Esses hormônios podem causar inchaço nas mucosas nasais, levando à congestão”, explica a especialista.

Além disso, a gestação também provoca um aumento no volume sanguíneo, o que intensifica a circulação nas vias nasais e agrava a sensação de nariz entupido. Dra. Cristiane ressalta que muitas gestantes têm maior sensibilidade a alérgenos e irritantes, o que pode piorar os sintomas. “Mulheres com histórico de alergias podem notar um agravamento durante a gravidez”, enfatiza.

Embora os sintomas da rinite gestacional sejam parecidos com os da rinite alérgica, a médica esclarece que as duas condições têm causas diferentes. “A rinite gestacional é provocada por fatores hormonais e fisiológicos relacionados à gravidez, enquanto a rinite alérgica é desencadeada por alérgenos como pólen, ácaros ou pelos de animais.”

A especialista também destaca que a rinite gestacional tende a desaparecer após o parto, enquanto a rinite alérgica pode ser sazonal ou perene, dependendo da exposição a alérgenos.


Principais sintomas

  • Congestão nasal e secreção clara
  • Espirros frequentes
  • Coceira no nariz, garganta e olhos
  • Dificuldade para dormir devido à obstrução nasal
  • Dor de cabeça, frequentemente associada à pressão nasal


Diagnóstico

Quanto ao diagnóstico, Dra. Cristiane explica que ele é baseado nos sintomas relatados pela gestante e no histórico médico. “O diagnóstico é feito principalmente pela exclusão de outras condições, como infecções ou rinite alérgica. Em geral, não são necessários exames laboratoriais ou de imagem, a não ser que haja dúvidas sobre a causa dos sintomas”, esclarece.


Tratamento

O tratamento, por sua vez, deve ser feito com cautela, sempre priorizando a segurança da gestante e do bebê. Dra. Cristiane recomenda medidas não farmacológicas, como hidratação, uso de umidificadores e lavagem nasal com soluções salinas para aliviar a congestão. “Essas medidas ajudam a aliviar os sintomas sem riscos para a gestante”, destaca.

Quando o uso de medicamentos é necessário, a especialista indica alguns antihistamínicos, como loratadina e cetirizina, que são geralmente considerados seguros para gestantes. "De qualquer forma, sempre é importante consultar o obstetra antes de tomar qualquer medicamento", reforça a Dra. Cristiane. Já os medicamentos como descongestionantes orais devem ser evitados, segundo a médica.


Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


Como cuidar das varizes e aproveitar o verão sem abrir mão das festas.

O fim de ano chegou, trazendo festas, férias e dias mais quentes. É o momento de usar roupas leves, caminhar ao ar livre e aproveitar o melhor da estação. Mas, se você sente suas pernas cansadas, pesadas ou incomodadas, é importante prestar atenção. Muitas vezes, esses sinais podem estar relacionados à saúde das suas veias. O calor do verão, somado a períodos prolongados em pé ou sentado, pode intensificar os sintomas de varizes e vasinhos. Por isso, cuidar de você agora pode trazer mais leveza e conforto para aproveitar tudo o que a estação tem a oferecer.

 

Dicas práticas para o verão:

  • Movimente-se regularmente: Caminhe sempre que possível para melhorar a circulação.
  • Hidrate-se bem: Beber água ajuda a aliviar inchaço e mantém as veias saudáveis.
  • Use proteção solar: Caso tenha vasinhos ou varizes, o cuidado com a pele é essencial para prevenir manchas.

Além dessas dicas, iniciar um cuidado mais profundo nesta época do ano pode ser um grande passo para o bem-estar. Hoje, existem soluções modernas, práticas e acessíveis que não exigem repouso ou mudanças na rotina.





Fonte: Dr. Eduardo Toledo de Aguiar, Professor Livre Docente em Cirurgia Vascular - FMUSP, Diretor Médico da Spaço Vascular, Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.


Festas de fim de ano: Como as celebrações podem afetar a saúde dos ombros

Na maratona de compras de final de ano, carregar
sacolas pesadas pode forçar músculos e tendões do ombro
  
Freepik

Carregar sacolas pesadas ou preparar a decoração pode sobrecarregar a articulação; Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo explica

 

As festas de fim de ano trazem momentos de celebração, mas também implicam em atividades que exigem esforço físico, como carregar sacolas pesadas de compras, montar árvores de Natal e decorar a casa, além de preparar fartas refeições. Todas essas tarefas, apesar de satisfatórias, podem sobrecarregar os ombros e causar transtornos como dores musculares, inflamações e até problemas nas articulações.
 

Na maratona de compras dos presentes e ingredientes da ceia, carregar sacolas pesadas por longos períodos, por exemplo, pode exigir esforço excessivo dos músculos e tendões do ombro, como o manguito rotador. A ação pode provocar inflamação nos tendões, causando, além de dores, condições como tendinite no ombro. Também pode forçar uma postura ruim se a carga for desigual entre os dois lados do corpo, resultando em dores musculares, com sobrecarga do ombro, pescoço e costas. 

“Quando as sacolas são carregadas de maneira inadequada, com o braço estendido para o lado ou com força excessiva, podem ocorrer microlesões nas articulações do ombro, o que, ao longo do tempo podem evoluir para o quadro conhecido como ruptura do manguito rotador. Caso precise carregar caixas pesadas ou pegar objetos de lugares elevados, a orientação é pedir ajuda ou usar equipamentos adequados para evitar esforço excessivo”, fala o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC), Carlos Henrique Ramos. 

No caso das sacolas, uma das dicas para evitar lesões é distribuir o peso igualmente entre os dois braços para não haver sobrecarga de um lado só. “Também é recomendado usar sacolas mais leves, com laças confortáveis e ajustadas e, principalmente, evitar curvar-se para frente ou torcer o corpo enquanto carrega as sacolas. Mantenha o tronco ereto e use os músculos do abdome para ajudar a estabilizar a carga”, destaca o ortopedista.

Decorar a casa para o Natal, especialmente ao pendurar enfeites que exigem movimentos repetitivos, pode sobrecarregar o ombro e causar desconforto ou lesões. “Muitas vezes, a decoração envolve levantar os braços acima da cabeça por longos períodos ou realizar movimentos em ângulos que não são naturais para o corpo, o que pode levar a sobrecarga na articulação do ombro e nos músculos circundantes. Isso pode causar tensão no ombro, especialmente no manguito rotador”, ressalta o especialista. 

Para evitar problemas, recomenda-se fazer pausas regulares, distribuir a carga de trabalho nos dois braços e ajustar a altura com a postura. “Se possível, use uma escada ou banco para alcançar enfeites mais altos, em vez de esticar os braços de forma inadequada. E procure ficar com a coluna ereta e os ombros relaxados, evitando movimentos bruscos ou forçados”, salienta. “Se a dor no ombro persistir após as atividades, é importante procurar um especialista em ombro para avaliação e tratamento adequados”, conclui.


Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo


Posts mais acessados