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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Médicos são maioria entre os apontados como responsáveis por casos de assédio entre profissionais de saúde


 Levantamento do Medscape expõe dinâmicas de poder e silenciamento em casos de assédio sexual no setor médico brasileiro


Um estudo inédito realizado pelo Medscape entre junho e setembro de 2024 revelou dados preocupantes sobre a frequência de assédio, abuso e má conduta sexual na área da saúde no Brasil. A pesquisa contou com a participação de médicos, residentes, enfermeiros e estudantes de medicina e destacou as dinâmicas de poder, os perfis de assediadores e vítimas, além das graves consequências emocionais e profissionais enfrentadas pelas vítimas. Médicos foram apontados como os responsáveis pelo assédio em 46% das experiências de assédio vividas pelos participantes vítimas desse tipo de violência.

A pesquisa identificou, ainda, que o assédio ocorre com maior frequência em situações de hierarquia, com 46% das vítimas sendo assediadas por superiores, 37% por colegas de mesmo nível hierárquico e 17% por subordinados. Um estudante de medicina relatou no levantamento que recebeu convites para sair feitos por uma pessoa que não tinha intimidade para tal, além de pedidos de informações de contato e redes sociais.

Eu estava no estágio de Pediatria, no setor de urgência, quando ocorreu o assédio. O preceptor médico me chamou para acompanhá-lo na evolução dos pacientes na enfermaria. No meio do caminho, começou a me fazer perguntas pessoais: se eu morava sozinho, em qual local, e se eu namorava. Ele chegou, inclusive, a insinuar que eu devia aprontar bastante por morar sozinho na cidade. Fiquei constrangido e tentei mudar de assunto", comenta o estudante. 

Além do assédio entre colegas, a conduta inadequada por parte de pacientes também foi abordada no levantamento. Cerca de 15% dos profissionais afirmaram ter enfrentado situações de sexualização explícita por parte de pacientes, incluindo gestos, comentários inapropriados e convites para sair, sendo que 8% receberam abordagens diretas que ultrapassaram os limites profissionais. 

Muitos profissionais relataram mudanças em seus horários para evitar contato com os agressores, dificuldades de concentração, atrasos e até absenteísmo. 37% dos entrevistados mudaram suas rotinas por medo ou desconforto, enquanto 34% afirmaram que o assédio não influenciou diretamente seu comportamento.

“Muitos desses profissionais que participaram da pesquisa não denunciaram seus agressores por medo ou com receio de retaliação no ambiente de trabalho.  78% das pessoas que responderam nosso questionário on-line não denunciaram o perpetrador, sendo que 54% justificaram essa decisão afirmando acreditarem que nenhuma providência seria tomada", comenta Leoleli Schwartz, editora sênior do Medscape em português.

Cerca de 46% dos entrevistados acreditam que, nos últimos cinco anos, o assédio sexual passou a ser tratado com mais seriedade no ambiente de trabalho. Além disso, 70% apontaram que a cobertura midiática de casos de assédio em outros setores, como esporte, cinema e política, contribuiu para ampliar a conscientização e promover discussões mais abertas na área médica.


Dados da pesquisa

O levantamento foi realizado com um total de 885 médicos, residentes, enfermeiros e estudantes de medicina assinantes do Medscape em português, entre 11 de junho a 7 de setembro de 2024. com 57% homens e 43% mulheres. O estudo completo pode ser encontrado em: https://portugues.medscape.com/assedio_e_abuso_na_saude_br_2024





Medscape
medscape.org


Pela valorização da Advocacia Criminal: ser criminalista é defender direitos


No dia 02 de dezembro, celebra-se o Dia da Advocacia Criminal, data que, por força da união promovida pela Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), passou a integrar o calendário oficial de eventos em todas as unidades federativas do Brasil. Este é um dia de celebração e reconhecimento do papel indispensável da advogada e do advogado criminalista na defesa da cidadania, da liberdade e na concretização da justiça. 

Neste ano a Abracrim está promovendo uma campanha que reforça a importância da advocacia criminal em sua importante e indispensável contribuição para o aperfeiçoamento do Poder Judiciário no Brasil: "Ser criminalista é defender direitos. Ser Abracrim é defender o criminalista.”  

Será um mês de ações e atividades para fortalecer uma categoria que vem enfrentando dias difíceis em seu ofício cotidiano, sendo vítima, entre outras violações, de violência física e moral em fóruns, delegacias e nas ruas do nosso país. 

O advogado e a advogada criminalista exerce um múnus público essencial, merecendo respeito e valorização pelo seu trabalho dedicado à defesa dos direitos da cidadania e na construção da paz social. Mais que uma celebração, o Dia da Advocacia Criminal também é um momento de união e resistência. 

 A advocacia criminal enfrenta desafios históricos para preservar sua imagem e função social. Muitas vezes, enfrenta o estigma de ser criminalista, sendo confundida com a conduta/imputação do seu constituinte e injustamente é vista como obstáculo à persecução penal. 

O papel do profissional da advocacia criminal é essencial para assegurar o contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal, princípios fundamentais para um julgamento justo. Como bem pontuou Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente de honra da Abracrim, “os direitos contidos no ordenamento jurídico não podem sucumbir ante a opinião pública convencida da culpa de alguém.” 

Ao longo de sua história, a advocacia criminal brasileira contribuiu significativamente para a construção do Estado Democrático de Direito. Essa tradição é sustentada por nomes ilustres como o patrono da advocacia brasileira, Rui Barbosa, que afirmou que “em matéria criminal, não há causa em absoluto indigna de defesa.” Também por vozes contemporâneas, como a do eterno presidente, idealizador e fundador da Abracrim, Elias Mattar Assad, que resume o anseio de todos nós, criminalistas: “queremos um Brasil conforme a Constituição da República prometeu.” 

Ainda merece destaque o legado do saudoso mestre Osvaldo Serrão, um dos fundadores da Abracrim e cujo nome batiza a maior comenda da entidade. Ele sintetizou a essência da advocacia criminal ao afirmar que “a profissão do advogado criminalista nunca poderá automatizá-lo, porque a matéria-prima do nosso trabalho diário são sempre os dramas reais das vidas das pessoas que nos procuram.” 

Neste ano de 2024, a Abracrim celebra 31 anos de fundação, reafirmando seu compromisso com a defesa da advocacia criminal e o fortalecimento das prerrogativas dos seus associados e associadas. Ao longo da sua história, a Abracrim se destacou por suas ações em defesa dos seus associados e pela promoção de eventos, palestras, campanhas e projetos voltados ao aperfeiçoamento profissional. Com a missão de representar e valorizar a classe, a Abracrim tem sido um pilar de resistência e progresso para a advocacia criminal brasileira. 

Esperamos fechar um ano de 2024 mais fortes e unidos. E que 2025 seja o tempo e o espaço de mais conquistas, celebrações e avanços para a advocacia criminal. Sempre em frente com a defesa de nossas prerrogativas profissionais e as ações em prol da Justiça e do Estado Democrático de Direito. 

Parabéns à advocacia criminal brasileira!!! 

 

Sheyner Yàsbeck Asfóra - Presidente Nacional da Abracrim

 

Cinco dicas essenciais para quem vai fazer as provas discursivas da Fuvest e Unicamp

Canva
As provas discursivas da Unicamp ocorrem dia 1 e 2 de dezembro e a Fuvest nos dias 17 e 18 de dezembro; Professor Michel, Arthaud da plataforma Professor Ferretto, dá dicas para os vestibulandos

 

As provas discursivas da Unicamp e Fuvest representam um grande desafio para muitos candidatos, especialmente porque exige não apenas conhecimento, mas também habilidades de redação e argumentação. Para ajudar os vestibulandos a se destacarem, o Professor Michel Arthaud, da plataforma Professor Ferretto, compartilha dicas valiosas para ter um bom desempenho nas provas, que nesta segunda fase apresentam questões discursivas.
 

1. Preste atenção ao enunciado: a interpretação é fundamental 

A leitura atenta do enunciado é a primeira e mais importante etapa para uma boa resposta. “Muitos candidatos erram logo ao não compreender a questão”, alerta o Professor Michel. Ele enfatiza que é crucial entender exatamente o que está sendo pedido. "Leia com calma, sublinhe palavras-chave e identifique os elementos principais da questão. Isso garante que sua resposta esteja totalmente alinhada ao que o corretor espera", explica Michel. Além disso, o professor recomenda que, ao responder, o candidato evite adicionar informações desnecessárias que não estão relacionadas ao enunciado. Isso ajuda a evitar desvios de foco e aumenta a clareza.
 

2. Seja direto e objetivo: clareza é essencial 

Quando o tempo é limitado, como nas provas discursivas, a clareza e objetividade se tornam diferenciais. “O corretor tem que corrigir muitas provas e não há tempo para rodeios. Ser direto ao ponto mostra que você domina o conteúdo e facilita o trabalho de quem está corrigindo”, afirma Michel. Para isso, ele sugere que o candidato evite frases longas e complexas. "Em vez de elaborar uma explicação extensa, procure ser o mais claro e preciso possível." 

O professor também recomenda que, ao introduzir um conceito, você já mostre como ele se aplica à questão. “Inicie com a ideia central e depois desenvolva-a de maneira lógica. Respostas objetivas e concisas têm mais chances de serem bem avaliadas.”
 

3. Organize seu texto: introdução, desenvolvimento e conclusão 

O formato clássico de estruturação do texto continua sendo o mais eficiente. “Uma boa organização permite que o corretor compreenda facilmente seu raciocínio”, destaca Michel. Ele orienta os candidatos a não pularem etapas. "A introdução deve apresentar claramente o tema da questão. O desenvolvimento é onde você expõe suas argumentações e soluções, e a conclusão serve para retomar o assunto e reafirmar sua posição ou solução de forma conclusiva." 

No caso das questões mais abertas ou dissertativas, ele aconselha que a introdução seja direta e clara sobre o ponto de vista adotado. “Não deixe o corretor adivinhar qual é a sua opinião. Mostre logo de cara que você está pronto para argumentar e apresentar soluções.” 

A conclusão deve sintetizar os principais pontos discutidos e garantir que a resposta esteja completa. "Evite terminar com algo vago ou sem um fechamento adequado."
 

4. Em Exatas, destaque a resposta final 

Quando o assunto são as disciplinas de Exatas, como Matemática, Física ou Química, a clareza nos cálculos e na resposta final é imprescindível. "Muitas vezes, os candidatos fazem todo o processo corretamente, mas a resposta final acaba perdida em meio aos cálculos", alerta Michel. Ele sugere que, após apresentar todos os passos necessários, o candidato destaque a resposta final. "Isso ajuda o corretor a localizar rapidamente a solução e facilita a correção." 

Além disso, o professor enfatiza a importância de mostrar o raciocínio por trás dos cálculos. "Mesmo em Exatas, não basta apresentar o resultado; é preciso demonstrar de forma clara como ele foi alcançado, sem omitir nenhum passo importante."
 

5. Lembre-se: o corretor não gosta de corrigir provas longas e prolixas 

O tempo do corretor também é um fator importante. “Quanto mais objetiva e bem organizada for a sua resposta, melhor será a avaliação", afirma Michel. O professor recomenda que o candidato evite repetições e jargões desnecessários, pois isso pode prejudicar a clareza e resultar em uma correção mais demorada. “Em vez de estender a resposta com exemplos desnecessários ou explicações excessivas, concentre-se em fornecer o essencial de forma direta e bem estruturada”, sugere. 

Michel também destaca que a legibilidade do texto é fundamental. "Evite rasuras, escreva de forma clara e legível. O corretor pode se distrair ou se cansar ao tentar ler um texto ilegível, o que pode prejudicar a avaliação." 

Seguindo essas orientações, é possível melhorar a objetividade, clareza e estrutura das respostas, elementos fundamentais para conquistar uma boa pontuação nas provas discursivas.
 

 Plataforma Professor Ferretto

 

Inteligência emocional de gestores é a chave da liderança humanizada

Empatia e autoconsciência são alguns dos elementos que fazem diferença para lidar com público e colaboradores


Marcado por desafios dinâmicos e uma crescente necessidade de ambientes colaborativos, a inteligência emocional tem sido muito comentada nos últimos tempos e acaba como um diferencial para líderes que buscam construir equipes coesas, motivadas e resilientes. Mais do que um conceito abstrato, a inteligência emocional se traduz em habilidades práticas como empatia, autocontrole e comunicação assertiva, fundamentais para transformar as dinâmicas organizacionais e promover uma cultura de respeito e colaboração.

Líderes com alta inteligência emocional têm a capacidade de compreender e gerenciar suas próprias emoções e as de suas equipes, utilizando essas competências para criar ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos. Empatia e autoconsciência ajudam os gestores a se conectarem mais genuinamente com suas equipes, enquanto a comunicação assertiva promove transparência e confiança. 

De acordo com Bia Nóbrega, especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional com quase 30 anos de experiência e embaixadora da orienteme, plataforma que oferece soluções integradas para promover a saúde, bem-estar e produtividade, esses elementos tornam-se ainda mais relevantes em tempos de mudança e adversidade, quando as organizações precisam de líderes que inspirem segurança e adaptação. “A inteligência emocional é o ponto de equilíbrio entre competência técnica e humana”, comenta. 

Líderes que desenvolvem essa habilidade constroem conexões verdadeiras com os times, transformando desafios em oportunidades de crescimento coletivo. A aplicação da inteligência emocional na gestão permite a resolução eficaz de conflitos ao mesmo tempo em que promove a criação de uma cultura organizacional voltada à inovação, inclusão e engajamento. 

Empresas que investem no desenvolvimento dessas competências em seus líderes colhem benefícios como maior retenção de talentos, aumento da produtividade e uma atmosfera de trabalho marcada pela confiança e colaboração.

“O mundo corporativo está cada vez mais orientado para pessoas, porque descobriu que é apenas dessa forma que vai colher resultados com os clientes e também internamente, no desenvolvimento de pessoas e no engajamento dos talentos”, explica a especialista.

Nesse cenário, a inteligência emocional não é mais uma escolha, mas uma necessidade. Sua integração às práticas de liderança é um convite à construção de organizações mais humanas, onde o potencial de cada indivíduo é valorizado e alinhado aos objetivos estratégicos. “Assim, a inteligência emocional se consolida como um pilar indispensável para o sucesso sustentável de empresas que desejam se destacar no mercado e promover um impacto positivo em suas comunidades”, conclui.

 


Bia Nóbrega - com mais de 25 anos de experiência como Executiva de Gente & Cultura e reconhecida como LinkedIn Top Leadership Voice, é uma especialista dedicada ao Desenvolvimento Humano e Organizacional. Sua trajetória profissional é marcada por liderar equipes em variados setores e empresas de diferentes tamanhos, além de conduzir projetos internacionais e enfrentar desafios complexos. A partir de 2019, Bia expandiu seu campo de atuação para incluir Experiência do Cliente, Excelência e Governança, utilizando Metodologias Ágeis para promover um crescimento sustentável. Atuando também como palestrante, mentora, conselheira, embaixadora de soluções inovadoras, escritora e professora, Bia tem impactado inúmeras empresas e indivíduos, fornecendo orientações valiosas em temas como Liderança, Governança e Desenvolvimento Pessoal, sempre enfatizando o potencial ilimitado do ser humano.
Para mais informações, acesse https://www.linkedin.com/in/beatrizcaranobrega ou pelo site www.bianobrega.com.br


Governo busca restringir a isenção legalmente prevista para contribuintes de alta renda

Medida pode prejudicar aposentados e pensionistas diagnosticados com doenças graves

 

O governo federal anunciou proposta que altera as regras de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para contribuintes com doenças graves. Atualmente, pessoas diagnosticadas com enfermidades como câncer, cardiopatias graves e HIV, entre outras listadas na legislação, têm direito à isenção total do IR sobre seus rendimentos.

A nova medida, no entanto, restringe esse benefício a renda mensal de até R$ 20.000. Para aqueles que recebem acima desse valor, a isenção será restrita, embora seja mantida a possibilidade de deduzir despesas médicas.

A proposta faz parte de um pacote maior de ajustes fiscais e foi apresentada como uma forma de financiar a ampliação da faixa de isenção do IRPF para brasileiros que ganham até R$ 5.000 por mês. De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a medida busca redistribuir recursos para fazer frente às despesas públicas. Estima-se que o impacto financeiro da restrição à isenção será usado para compensar a arrecadação perdida com a isenção ampliada para rendas mais baixas.

“Com a nova regra apenas as pessoas diagnosticadas com doenças graves que recebem até R$ 20.000 por mês poderão continuar totalmente isentas do IRPF. Esse teto abrange aposentadorias, pensões e outros rendimentos mensais e os contribuintes com renda superior a R$ 20.000 mensais obterão a isenção de forma parcial.” explica o advogado Fabrício Klein.

Críticas à proposta

A medida tem gerado controvérsias em diferentes setores. Uma vez que limitar  a isenção por doença grave com base na renda ignora os custos indiretos e elevados que muitas dessas enfermidades acarretam, como internações, medicamentos de alto custo e perda de produtividade. Embora a dedução de despesas médicas seja mantida, os gastos relacionados a tratamentos longos e complexos muitas vezes extrapolam o que é passível de dedução.


Outro ponto de preocupação é a possível judicialização do tema

Klein aponta que a restrição pode ser questionada com base no direito à saúde, garantido pela Constituição Federal, além do princípio da dignidade da pessoa humana. “Esses princípios reconhecem que o Estado deve proteger indivíduos em situações de maior vulnerabilidade, especialmente em casos de doenças graves”, acrescenta.


Impactos para grupos específicos

Servidores públicos inativos e pensionistas, que frequentemente dependem da isenção do IRPF por doença grave para equilibrar despesas médicas e custos de vida, podem ser fortemente afetados pela mudança. Muitos desses beneficiários têm rendas pouco acima do novo limite proposto e enfrentam custos elevados com tratamentos de saúde, especialmente em casos de doenças crônicas.


Justificativas do Governo

O governo argumenta que a proposta busca aumentar a progressividade do sistema tributário, garantindo que aqueles com rendas mais altas contribuam proporcionalmente mais para o financiamento de políticas públicas. A ampliação da isenção para pessoas que ganham até R$ 5.000 é apresentada como um contrapeso social que beneficiará milhões de trabalhadores e aposentados de menor renda. 

Apesar disso, críticos apontam que a restrição à isenção por doença grave pode criar uma espécie de teto de vulnerabilidade financeira, desconsiderando que altos rendimentos não eliminam a fragilidade gerada por condições de saúde graves.


O que esperar?

A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional, onde será debatida e possivelmente ajustada. Entretanto, seu anúncio já gerou forte repercussão na sociedade, especialmente entre grupos de apoio a pessoas com doenças graves, sindicatos e profissionais do setor jurídico.

Se aprovada, a medida entrará em vigor no ano posterior e exigirá maior atenção dos contribuintes ao declarar o IR. Para aqueles afetados, será aconselhável contar com suporte jurídico e contábil para maximizar os benefícios disponíveis, como as deduções médicas.


Orientação aos contribuintes

Diante dessa possível mudança, é importante que contribuintes diagnosticados com doenças graves revisem suas declarações de imposto de renda e se informem sobre seus direitos.

Escritórios especializados, como o Fabrício Klein Sociedade de Advocacia, oferecem suporte técnico para lidar com situações complexas envolvendo a legislação tributária e podem ajudar a identificar formas legais de reduzir os impactos dessa mudança.


Para mais informações acesse:
https://www.fabriciokleinadvocacia.com.br/artigos-como-obter-isencao-irpf-doencas-graves/o-fim-da-isencao-do-irpf-para-doencas-graves-para-contribuintes-de-alta-renda-o-que-isso-significa-para-voce/


Reinvente sua Carreira em 2025: Como planejar a mudança e dar o primeiro passo

Divulgação
 Literare Books International


Mudar de carreira pode parecer assustador, mas com as estratégias certas e a mentalidade adequada, o processo pode se tornar mais tranquilo e recompensador

 

As pessoas mudam de carreira por vários motivos: um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional; um salário mais alto; para seguir uma paixão; ou porque simplesmente querem um novo desafio.

Seja qual for o motivo, a mudança de carreira se tornou aceita e até celebrada. Mas nem sempre é fácil dar o salto. Exige pensamentos e atos cuidadosos, planejamento e ação.

Decidir mudar de carreira é um processo que exige mais do que coragem; demanda reflexão profunda e planejamento estratégico. Mara Avellar, mentora, adviser, palestrante e juíza aposentada, acaba de lançar o livro “Por que não tentar?” (Literare Books International), e destaca que essa transição deve estar enraizada na harmonia entre valores pessoais e aspirações profissionais. “Uma carreira gratificante é aquela em que essas duas esferas se encontram, gerando propósito e satisfação”, explica Mara.

Em sua obra, Mara Avellar explora as complexidades da vida e oferece uma abordagem inspiradora para aqueles que buscam mudanças significativas. Segundo a mentora, é fundamental que a nova carreira ressoe com as crenças e princípios do indivíduo. “Por que não tentar?” é um convite para abraçar a vida com autenticidade e coragem.

A autora propõe que a chave para uma transição de carreira saudável está em três pilares: Gratidão, Autocompreensão e Respeito. Essa trindade fortalece o indivíduo para enfrentar desafios e se reconectar com seu verdadeiro eu, permitindo uma transição mais alinhada e satisfatória.

Mara Avellar também alerta para a importância da resiliência, paciência e perseverança nesse processo. Para ela, a resiliência transforma contratempos em oportunidades, a paciência permite o crescimento gradual e a perseverança nos mantém firmes em direção aos nossos sonhos. Esses elementos são cruciais para qualquer pessoa que deseja não apenas mudar de carreira, mas florescer em meio às transformações da vida.

A especialista ainda dá dicas para início de qualquer decisão a respeito: pesquisar seu novo campo; encontrar um mentor para ajudar você a fazer uma transição bem-sucedida; considere uma reciclagem ou nova formação acadêmica; networking, tendo em vista que ajuda a fazer conexões valiosas, descobrir novas oportunidades e obter insights de outras pessoas em seu novo campo.

Mudar de carreira pode ser desafiador, mas com orientação adequada e um olhar otimista, é possível encontrar um caminho que traga não apenas sucesso, mas também realização pessoal e profissional.

 

Dicas para ingressar na área de tecnologia e inovação


O Brasil possui mais de 2 milhões de profissionais atuando no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), como apontam dados recentes publicados pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom). No entanto, a área deve registrar um déficit de 530 mil especialistas no próximo ano, como mostra um levantamento feito pelo Google for Startups, em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups). 

As estimativas também apontam que, entre 2021 e 2025, devem ser formados 53 mil profissionais de tecnologia, que não conseguirão suprir a alta demanda do mercado de inovação por talentos.

Em crescimento acelerado, o setor de transformação digital é visto com atenção por universidades, escolas técnicas e bootcamps voltados para a formação de especialistas em Tecnologia da Informação (TI). 

Atualmente, os benefícios oferecidos pela área, que conta com salários que variam de R$8 mil a R$20 mil, de acordo com o nível de experiência e especializações, além de modelos de trabalho flexíveis, têm chamado a atenção dos estudantes. Por isso, cresce o número de pessoas buscando se capacitar em setores como segurança da informação, desenvolvimento de softwares e serviços de nuvem. 

Quem já atua na área de transformação digital, aponta que os profissionais que desejam ingressar no mercado precisam se preparar para o aprendizado constante e ter habilidades como organização e gestão de tempo, adaptabilidade, proatividade, empatia, entre outras. 

“O interessante, ao meu ver, é estar aberto ao conhecimento, às oportunidades e ao compartilhamento. Isso porque, nesse setor, existem várias possibilidades de atuação e muito dinamismo, no que diz respeito aos avanços de cada tecnologia. O conhecimento de diferentes disciplinas ou áreas de especialização também é benéfico, porque para construir ou manter soluções de TI é preciso contar com um time multidisciplinar”, explica Marcelo Borba, head de operações da companhia Framework Digital, que trabalha há 16 anos na área de tecnologia. 

“Se você está começando em TI ou pensando em ingressar na área, o importante é descobrir o que realmente te interessa, pois o setor é muito amplo. Aprender os fundamentos, vai dar uma base sólida. Escolha linguagens de programação relevantes para a sua especialização e invista em cursos e certificações que possam te destacar. Fazer networking e participar de comunidades e eventos ajudará a aprender mais rápido e a encontrar oportunidades. A prática também é fundamental. Por isso, busque oportunidades de estágio e se envolva em projetos reais, participando de grupos de estudo e compartilhamento de conhecimento”, completa Jamila Ventura, head de gente da Framework Digital, que acumula mais de 11 anos de experiência no mercado de inovação.
 

Habilidades indispensáveis

Os especialistas da Framework Digital listaram sete habilidades indispensáveis para quem deseja trabalhar no setor de tecnologia e inovação. Veja quais são elas: 

Resolução de problemas: independentemente do segmento, no setor de TI é crucial saber como enfrentar desafios de forma lógica e eficiente. Praticar com projetos reais ou simulações ajuda a desenvolver essa habilidade e se destacar. 

Vontade de aprender: é essencial querer aprender, uma vez que se manter atualizado em uma tecnologia faz toda a diferença. 

Empatia: tenha empatia para entender e construir soluções que sejam centradas nas reais necessidades humanas. 

Proatividade: é preciso ser proativo para resolver problemas por meio do uso de tecnologias. 

Comunicação e trabalho em equipe: a comunicação é fundamental para identificar necessidades, dialogar durante os projetos e garantir alinhamentos assertivos. 

Adaptabilidade: o setor de TI é dinâmico e exige que os profissionais estejam sempre aprendendo e se ajustando às novas tecnologias e metodologias. 

Organização e gestão de tempo: no mercado de inovação, é necessário organizar o trabalho e gerenciar prazos.
 

"Como a tecnologia evolui rapidamente, a capacidade de aprender continuamente também é essencial, assim como o domínio de linguagens de programação populares. A habilidade de resolver problemas de maneira criativa é sempre valorizada, assim como a colaboração em equipe, já que muitos projetos são feitos em conjunto. Organização e gestão de tempo ajudam a lidar com prazos, enquanto a adaptabilidade mantém o profissional atualizado com as mudanças do setor”, conclui Jamila. 



Framework Digital
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Justiça é alternativa viável para o acesso aos medicamentos de alto custo

A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica que afeta o sistema nervoso central, provocando uma série de sintomas debilitantes. Os tratamentos para essa condição são complexos e frequentemente requerem o uso de medicamentos de alto custo, como o Fampyra 10mg, que auxilia na melhoria da função de deambulação (caminhada) dos pacientes. No entanto, não raramente, pacientes enfrentam a negativa por parte dos planos de saúde ao requisitarem esses medicamentos. 

A negativa de fornecimento de medicamentos de alto custo por parte dos planos de saúde, apesar de possuir cobertura contratual, é uma prática comum e preocupante. Esta negativa contraria o princípio da boa-fé objetiva e fere os direitos dos consumidores, conforme previsto no Código de Defesa do Consumidor (CDC). Muitos pacientes se veem forçados a recorrer ao Judiciário para garantir o acesso ao tratamento necessário. 

As pessoas com doenças graves, no momento da negativa da cobertura pela operadora, ainda devem reunir forçar para conseguir acesso ao tratamento nos tribunais. Assim, acionam advogados especialistas que ingressam com uma ação de obrigação de fazer, que é um instrumento jurídico utilizado para compelir o plano de saúde a cumprir com suas obrigações contratuais, fornecendo o medicamento prescrito. A base legal para tal ação inclui: o Código de Defesa do Consumidor: Artigos 6º (direito à saúde e segurança) e 51 (nulidade de cláusulas abusivas); a Lei dos Planos de Saúde (Lei nº 9.656/98): Artigos 10 (cobertura mínima obrigatória) e 12 (direitos e deveres dos consumidores) e; a Constituição Federal: Artigos 196 (direito à saúde) e 197 (competência do Estado para a prestação de serviços de saúde). 

Para ingressar com a ação, é fundamental que o paciente reúna toda a documentação possível. São essenciais os relatórios médicos detalhados que justifiquem a necessidade do medicamento; a receita médica (no caso dos portadores de esclerose múltipla o Fampyra 10mg); o registro da negativa formal do plano de saúde; o contrato do plano de saúde; os comprovantes de pagamento das mensalidades do plano de saúde e; os documentos pessoais do paciente (RG, CPF, comprovante de residência). 

Importante destacar que a batalha é dura, mas existe uma chance. Isso porque os tribunais têm reiteradamente se posicionado a favor dos pacientes em casos de negativa de fornecimento de medicamentos de alto custo. Vale aqui citar exemplos:

 

Agravo de instrumento. Plano de saúde. Obrigação de fazer. Tutela antecipada deferida para impor à ré o fornecimento de medicamento prescrito à autora, sob pena de multa diária (astreintes). Agravante sustenta que medicamento não faz parte do rol da ANS e que é de uso domiciliar. Paciente com doença grave (esclerose múltipla), com piora acentuada, havendo indicação médica de uso do remédio Fampridina (Fampyra). Medicação prescrita por autoridade médica que assiste a autora. Precedentes desta Corte acerca da necessidade de fornecimento do medicamento em tela pelo plano de saúde. Compete exclusivamente ao médico a recomendação do tratamento adequado, de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Inteligência dos enunciados das Súmulas nº 95 e 102 desta Corte. 

Decisão mantida. Recurso não provido. (TJ-SP - AI: 22246676620228260000 SP 2224667-66.2022.8.26.0000, Relator: Emerson Sumariva Júnior, Data de Julgamento: 03/02/2023, 5ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 03/02/2023)

Tutela de urgência - Plano de saúde - Paciente portador de esclerose múltipla primariamente progressiva – Prescrição do medicamento FAMPYRA 10 mg a ser ministrado em ambiente domiciliar – Negativa de cobertura abusiva – Exclusão de direito incompatível com o CDC, diante da necessidade e urgência evidenciadas pelo relatório médico – Prevalência, em sede de cognição sumária, do interesse do consumidor em preservar a vida e a saúde – Decisão reformada - Recurso provido. (TJ-SP - Agravo de Instrumento: 2017596-26.2024.8.26.0000 São Caetano do Sul, Relator: Augusto Rezende, Data de Julgamento: 03/05/2024, 1ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 03/05/2024). 

Agravo de instrumento. Plano de saúde. Tutela de urgência indeferida. Fornecimento dos medicamentos "Ofatumumabe 20 mg" e "Fampridina 10 mg", indicados ao tratamento de esclerose múltipla de que acometida a autora. Recusa a pretexto de que o fármaco não se encontra listado no rol da ANS. Aparente abusividade. Taxatividade assentada em acórdão da Corte Superior no qual, de todo modo, ressalvadas situações excepcionais a permitir a cobertura de procedimento fora do rol. Perigo de demora evidenciado. Decisão revista. Recurso provido. (TJ-SP - AI: 20566930420228260000 Botucatu, Relator: Claudio Godoy, 1ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 24/08/2022). 

Sendo assim, decisões como a do Superior Tribunal de Justiça (STJ), confirmam a obrigação dos planos de saúde em fornecer tratamentos e medicamentos prescritos por médicos, mesmo que de alto custo. 

Portanto, a Justiça é uma alternativa viável, através da ação de obrigação de fazer contra o plano de saúde, em casos de negativa de fornecimento de medicamentos essenciais como o Fampyra 10mg para pacientes com esclerose múltipla. Trata-se de uma ferramenta fundamental para a garantia dos direitos dos consumidores à saúde e ao tratamento adequado. A judicialização dessas questões tem se mostrado uma via eficaz para garantir o acesso aos tratamentos necessários, reafirmando o compromisso dos planos de saúde com os seus beneficiários e com a legislação vigente.

 

Débora Nogueira - advogada especialista em Direito Médico e da Saúde do escritório Mariano Santana Sociedade de Advogados


José Santana Júnior - advogado especialista em Direito Empresarial e da Saúde e sócio do escritório Mariano Santana Sociedade de Advogados


Entre os BRICS e o G20: a ambígua postura brasileira

 Opinião


O G20, ou Grupo dos 20, é um fórum internacional formado pelas principais economias do mundo, que reúne tanto economias avançadas quanto emergentes. Criado em 1999 em resposta às crises financeiras dos anos 1990, especialmente a crise asiática de 1997, o G20 inclui 19 países e a União Europeia, representando aproximadamente 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e cerca de dois terços da população global. Seus membros são: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia, além da União Europeia.

O G20 tem como principal objetivo promover a cooperação econômica internacional e discutir temas que impactam a estabilidade econômica e financeira global. Embora o grupo não possua um secretariado fixo ou sede permanente, suas atividades ocorrem por meio de reuniões anuais entre chefes de Estado dos países membros, além de encontros entre ministros de finanças e presidentes de bancos centrais. O G20 opera com uma presidência rotativa anual, na qual o país anfitrião define a agenda de discussões. Essa estrutura informal e sem exigências jurídicas rígidas permite que o G20 responda rapidamente a crises e questões emergentes na economia global, tornando-o um fórum estratégico para negociações.

De dezembro de 2023 a dezembro de 2024, a presidência do grupo está a cargo do Brasil. Na pauta, Brasília colocou como temas centrais o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global. Essas prioridades refletem as posições e preocupações do atual governo brasileiro.

A ênfase do Brasil em temas como justiça social, sustentabilidade e reforma institucional pode ser vista como uma tentativa de reposicionar o país como líder na agenda de desenvolvimento e ponte entre o Norte e o Sul globais. Essa postura alinha o Brasil a outras nações emergentes que buscam uma ordem internacional mais multipolar e representa uma crítica indireta à forma como as economias desenvolvidas têm tratado questões de desigualdade e meio ambiente. A estratégia brasileira de fomentar discussões inclusivas e envolver a sociedade civil — como na iniciativa do "G20 Social" — reforça seu posicionamento como defensor de uma governança global mais democrática e acessível, ao menos em teoria.

Entretanto, essa pauta para a presidência do G20 pode parecer inconsistente frente à participação brasileira nos BRICS — que recentemente expandiu-se para incluir regimes autoritários com baixo comprometimento com os direitos humanos. A postura do Brasil reflete uma tentativa de equilibrar sua influência em dois blocos com ideologias e visões distintas: o G20, mais alinhado com democracias liberais e valores ocidentais, e os BRICS, um agrupamento diverso que inclui Estados que desafiam normas de direitos humanos e governança.

Do ponto de vista realista, a aproximação com regimes autoritários pode ser vista como uma estratégia pragmática em que o Brasil busca maximizar seus interesses nacionais, diversificar alianças e ampliar sua influência global. Contudo, essa postura coloca o país em uma posição ambígua, especialmente ao se apresentar como defensor da democracia e dos direitos humanos em fóruns como o G20. Críticos observam que, ao estreitar relações com governos que violam direitos civis e políticos, o Brasil arrisca diluir sua credibilidade em pautas democráticas, comprometendo sua imagem de defensor de valores dados como universais. Um exemplo crescente é o reconhecimento, pelo partido do presidente Lula, da vitória do ditador venezuelano Nicolás Maduro, em eleições amplamente contestadas.

Geopolíticos como Zbigniew Brzezinski argumentam que alianças com regimes autoritários podem resultar em afastamento de aliados ocidentais e marginalização em fóruns que priorizam os direitos democráticos. Ao se aproximar de países como Irã, Arábia Saudita e Rússia, o Brasil pode perder parte do apoio das potências ocidentais em temas como sustentabilidade e desenvolvimento inclusivo, gerando uma tensão entre seus discursos sobre justiça social e o apoio a regimes opressivos.

Independentemente da presidência brasileira e sua postura ambígua, o G20 enfrenta desafios e limitações. Como fórum informal, suas decisões, embora influentes, não têm poder vinculante. A implementação das resoluções depende da vontade política e da capacidade dos países membros, limitando a eficácia do G20 na resolução de questões globais urgentes, como o combate às desigualdades econômicas e às mudanças climáticas, já que seus compromissos se baseiam no consenso, sem garantias de cumprimento.

Além disso, as crescentes tensões geopolíticas entre os membros do G20, como a rivalidade entre Estados Unidos e China e as questões ligadas à invasão russa da Ucrânia, representam obstáculos à construção de consensos. As diferenças políticas e econômicas, bem como os interesses divergentes entre economias desenvolvidas e emergentes, dificultam soluções conjuntas para desafios globais. Apesar dessas limitações, o G20 permanece um fórum influente, cuja presidência o Brasil parece não aproveitar plenamente para estreitar laços comerciais com outras nações.

 

João Alfredo Lopes Nyegray - doutor e mestre em Internacionalização e Estratégia. Especialista em Negócios Internacionais. Advogado, graduado em Relações Internacionais. Coordenador do curso de Comércio Exterior e do Observatório Global da Universidade Positivo (UP). Instagram: @janyegray


Customer Experience 60+: Como criar conexões humanas em um mundo digital

 

Nos últimos anos, o Brasil tem passado por uma revolução demográfica. Segundo o IBGE, a população idosa (60 anos ou mais) dobrou entre 2000 e 2023, saltando de 15,2 milhões para 33 milhões de pessoas, representando hoje 15,6% da população. O envelhecimento acelerado indica que, até 2030, haverá mais idosos do que crianças no país, e, em 2070, quase 40% dos brasileiros terão mais de 60 anos. Esses números destacam uma das maiores megatendências da nossa sociedade, além de indicar uma transformação no ambiente de negócios. Empresas que entendem esse fenômeno têm a oportunidade de se destacar, atendendo de forma eficaz esse grupo crescente de consumidores. 

O mercado 60+ no Brasil já movimenta mais de R$ 1,6 trilhão por ano, composto por um segmento que, além de possuir rendimentos médios 7% superiores ao de outras faixas etárias, demonstra um potencial de consumo significativo. Além disso, segundo a Associação AARP, os 50+ nos Estados Unidos são responsáveis por mais de 53% do consumo e por cerca de metade ou mais dos gastos globais nas cinco maiores categorias de consumo: saúde (60%), bens e serviços diversos, como profissionais e financeiros (52%), moradia e serviços públicos (51%), alimentos e bebidas (49%) e transporte (49%). Apesar desses números expressivos, uma pesquisa da AlmapBBDO realizada no Brasil mostrou que mais de 70% dos idosos brasileiros se sentem ignorados pelas marcas. Isso revela um vasto campo de oportunidades para empresas que souberem criar conexões mais humanas e inclusivas com esse público.

Ao considerarmos as mudanças fisiológicas que acompanham o envelhecimento, como:


Alterações visuais

  • Diminuição da acuidade visual: idosos podem ter dificuldades para ler textos pequenos ou em cores com baixo contraste;
  • Presbiopia: a dificuldade de focar em objetos próximos pode exigir o uso de óculos para leitura, reforçando a necessidade de um design gráfico claro e legível;
  • Sensibilidade à luz: idosos podem ser mais sensíveis a brilhos e reflexos, o que deve ser considerado em displays, websites e publicidade ao ar livre.

Alterações auditivas

  • Perda auditiva: a audição pode diminuir, especialmente em frequências mais altas, exigindo locução clara e a possível adição de legendas;
  • Redução da capacidade de discriminação sonora: ruídos de fundo podem dificultar a distinção de vozes ou sons importantes.


Alterações cognitivas

  • Diminuição da capacidade de processamento de informações: a complexidade das informações deve ser reduzida, com mensagens simples, diretas e repetitivas;
  • Preferência por informações familiares: idosos tendem a confiar mais em marcas e produtos já conhecidos;
  • Maior tempo de resposta: a tomada de decisões pode ser mais lenta, exigindo paciência nas abordagens de vendas e suporte.


Alterações no sistema musculoesquelético

  • Dificuldades de mobilidade: produtos e serviços devem ser adaptados para facilitar o acesso e uso por pessoas com mobilidade reduzida;
  • Conforto e usabilidade: produtos que oferecem facilidade de uso, ergonomia e conforto são mais valorizados;

Por esses efeitos fisiológicos, fica evidente que o atendimento a esse público demanda estratégias diferenciadas.

A personalização e humanização do atendimento tornam-se fundamentais. Apesar do avanço das tecnologias digitais, muitos clientes 60+ preferem o contato direto com um atendente, seja por telefone ou presencialmente. Uma pesquisa recente realizada pela Verint nos Estados Unidos destacou que mais do 65% dos consumidores 45+ prefere um atendimento telefônico comparado com digital. Esses números são ainda maiores quando estamos falando de faixas 60+.

 

Desafios e Oportunidades no Atendimento ao Público 60+

  • Inclusão digital e acessibilidade: O uso da tecnologia está crescendo, mas muitos consumidores 60+ ainda enfrentam barreiras. Isso cria oportunidades para empresas que desenvolvem interfaces mais acessíveis e oferecem suporte técnico adequado.
  • Atendimento personalizado: Esse público valoriza interações que vão além do básico, com empatia e paciência.
  • Confiabilidade e segurança: As transações online são uma preocupação. Proporcionar um ambiente seguro é fundamental para ganhar a confiança desse público.
  • Empatia e paciência: A flexibilidade nas métricas tradicionais de atendimento, como o tempo médio de resposta, é necessária, pois os consumidores 60+ demandam mais tempo e dedicação.


Estratégias para Encantar o Público 60+: Humanização e Adaptação

  • Treinamento para equipes: Capacitar as equipes para compreender e atender as necessidades específicas desse público pode melhorar significativamente a experiência. A inclusão de pessoas dessa faixa etária nas equipes de atendimento também proporciona uma visão mais realista das demandas desse segmento.
  • Adaptação de canais de comunicação: Oferecer múltiplos canais, como telefone, chat ao vivo e suporte presencial, permite que os clientes escolham a forma mais confortável de interação.
  • Design inclusivo: Produtos e serviços devem ser projetados considerando a usabilidade para todas as idades, com interfaces intuitivas e materiais de fácil leitura.
  • Apoio digital assistido: Identificar a faixa etária dos clientes permite ajustar o suporte, oferecendo tutoriais e guias passo a passo para facilitar o acesso aos serviços digitais.
  • Humanização do atendimento: Mesmo com a digitalização, o toque humano permanece insubstituível. Desenvolver habilidades de comunicação, empatia e paciência nas equipes é essencial.
  • Simplificação de processos: Processos de atendimento e compra devem ser simplificados para reduzir frustrações e aumentar a satisfação desse público.

As empresas precisam estar preparadas para oferecer múltiplos canais de comunicação que permitam ao consumidor escolher como deseja ser atendido, seja por telefone, chat ao vivo ou videoconferência. A tecnologia pode ser uma aliada, mas somente quando acompanhada de suporte assistido. Plataformas digitais com tutoriais e guias passo a passo são um exemplo claro de como as companhias podem facilitar a jornada do consumidor idoso no mundo digital, enquanto oferecem uma experiência mais humana e acessível.

Em resumo, o atendimento ao público 60+ é uma oportunidade para criar relações mais profundas e duradouras. Ao reconhecer suas necessidades e adaptar as estratégias de atendimento e produtos, as empresas podem ganhar a lealdade e confiança desse importante segmento, construindo uma experiência de consumo verdadeiramente significativa. 



Cristián Sepúlveda - Cristián Sepúlveda, CEO da Apex América Brasil. Executivo com mais de 25 anos de experiência internacional na América Latina (LATAM), ocupando cargos de alta direção em empresas multinacionais de BPO e Tecnologia. Especialista em Customer Experience e na Silver Economy


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