Em 84% dos casos de contas em atraso, os motivos são cartão de crédito, cheque especial ou empréstimos pessoais
Pesquisa inédita
da Fundação Seade mostra que em 2023 o pagamento em dia das dívidas assumidas
pelas famílias no Estado de São Paulo foi apurado para 24% delas, uma melhora
de 4 pontos percentuais em relação ao ano anterior; na Região Metropolitana de
São Paulo - RMSP o resultado foi ainda mais positivo, ao passar de 17% para
23%. Já entre aqueles que não pagam em dia, a proporção passou de 39% para 35%,
entre 2022 e 2023. São consideradas dívidas os compromissos assumidos que
estejam em dia ou em atraso.
Em 2023, 59% das
famílias no Estado de São Paulo estão endividadas, parcela igual à observada em
2022. O endividamento é menor na faixa de renda familiar mais alta (mais de 10
salários mínimos, com 46%) e maior naquelas famílias com renda de mais de 1 a
10 salários mínimos (62%). O interior paulista apresenta maior proporção de
endividamento (61%) do que a RMSP (57%).
“O nível de
endividamento das famílias reflete diretamente no poder de consumo e na
qualidade de vida, pois parte do orçamento pessoal ou familiar, com gastos como
alimentos, remédios, moradia adequada e uso de serviços essenciais, como água,
gás e energia elétrica, estará comprometida com o pagamento de dívidas”,
destaca Alexandre Loloian, da Divisão de Indicadores Sociais da Fundação Seade.
Em 84% dos casos
de contas em atraso, os motivos são cartão de crédito, cheque especial ou
empréstimos pessoais, com aumento de 2 p.p. entre 2022 e 2023. Nas famílias com
mais de 3 salários mínimos, esse percentual é de 90%, mas o maior aumento
ocorreu entre aquelas com até 1 salário mínimo (de 75% para 83%).
Em 2023, para 29%
das famílias com atraso em seus pagamentos, o tempo estimado para que possam
colocar as contas em dia é de três meses a um ano. No entanto, 39% não têm
ideia de quando poderão efetuar seus pagamentos, proporção que equivale a 42%
na RMSP e 55% entre as famílias com renda de até 1 salário mínimo.
Inadimplência
e economia de dinheiro
Entre as famílias
mais pobres – até 1 salário mínimo –, 57% se consideram muito endividadas em
2023, proporção 3 p.p. mais elevada que em 2022. Já entre as famílias com mais
de 3 salários mínimos de renda essa percepção diminuiu de 49% para 37%.
Apesar da menor
proporção em relação a 2022, ainda há 27% de famílias no Estado que não
conseguiram pagar em dia suas contas de água, luz e gás em um período de até
seis meses. Por faixa de renda familiar, 35% das famílias com menor renda não
puderam fazer esse tipo de pagamento.
A inadimplência é
mais elevada quando se trata de despesas com alimentação e farmácia, pois 37%
das famílias estavam em atraso há pelo menos seis meses em 2023. Essa proporção
é de 58% entre as famílias com menor renda e de 54% entre aquelas que recebiam
Bolsa Família, Bolsa do Povo, BPC ou outro programa de transferência de renda.
Embora tenha
aumentado de 18% para 21% a proporção de famílias que conseguem guardar
dinheiro, essa ainda é uma média baixa, que sintetiza níveis de renda muito
desiguais: enquanto 62% das famílias com renda de mais de 10 salários mínimos
têm condição de guardar dinheiro, apenas 10% daquelas com até 1 salário mínimo
e 13% de 1 até 3 salários mínimos o fazem.
Usar o dinheiro
que conseguiu guardar é mais recorrente entre os mais pobres (49%),
provavelmente pela dificuldade em obter crédito no setor financeiro: apenas 18%
o fazem; recurso usado por 43% das famílias com renda de mais de 3 salários
mínimos.
Sobre
a pesquisa
Pesquisa de
Percepção da População do Estado de São Paulo sobre Endividamento e
Inadimplência no Estado de São Paulo foi realizada por telefone e entrevistou
3.704 pessoas com 18 anos e mais, em abril de 2022, e 3.635, em julho de
2023.
A pesquisa será elaborada anualmente
pela Fundação Seade no Estado de São Paulo
Mais informações: https://endividamentodasfamilias.seade.gov.br/wp-content/uploads/sites/27/2023/08/seade-percepcao-populacao-sao-paulo-endividamento-inadimplencia.pdf