Comercialização de medicamentos mais baratos também cresceu no e-commerce, mas há regras para os itens de uso controlado
A revogação do artigo 40 da Lei de Patentes (que
determinava que o tempo de patente das indústrias não poderia ser quebrado
antes de 10 anos para patente de invenção e 7 para patente de modelo de
utilidade) facilitou a produção de medicamentos genéricos e, consequentemente,
aumentou a venda desses itens em 2021. De acordo com dados da Abrafarma
(Associação Brasileira de Farmácias), de janeiro a dezembro do ano passado, o
volume de comercialização deste tipo de medicamento cresceu 6,57% no
comparativo com 2020. As vendas no e-commerce também aumentaram no mesmo
período.
O crescimento é registrado pelo segundo ano consecutivo e
as fabricantes de genéricos vivem um bom momento. Isso porque, além da extinção
do artigo da Lei, com a queda da renda da população brasileira, esse tipo de
medicamento foi alternativa para manter o tratamento de doenças como pressão
alta e diabetes, por exemplo.
“Com isso, toda a indústria de genéricos se beneficia e é
possível produzir genéricos a partir dos medicamentos base antes deste período,
que antes tinha um tempo mínimo. Facilita, também, a vida das pessoas que, com
a crise, passaram a comprar ainda mais este tipo de medicamento, inclusive pela
internet”, resume o chefe de redação da MyPharma, startup especializada em
ferramentas para e-commerce de farmácias, Jair Paulo Siqueira.
Foram mais de 1,7 bilhão de unidades de genéricos vendidas
no varejo farmacêutico do país; 107 milhões de unidades a mais que no ano
anterior, conforme levantamento do IQVIA, empresa que audita o varejo
farmacêutico do país.
Venda no e-commerce
Assim como no cenário de varejo do balcão, a venda no
e-commerce de medicamentos genéricos também aumentou. Pesquisas mostram que
mais de 60% das pessoas procuram pelo medicamento genérico que, no e-commerce,
é vendido da mesma forma que os medicamentos comuns.
“São medicamentos vendidos normalmente, desde que não
sejam de uso controlado. Os que são de uso controlado precisam seguir a
determinação, que ainda está em vigor e que vale durante a pandemia do
coronavírus para medicamentos controlados que não podem ser vendidos pela
internet: em caso de comercialização via e-commerce, é preciso que a farmácia
busque a receita na casa do cliente, leve para a drogaria e só então, mediante
documentação, comercialize esse remédio”, explica Jair.
Sobre os genéricos
O medicamento
genérico é aquele que contém os mesmos princípios ativos, na mesma dose e forma
farmacêutica e é administrado pela mesma via do medicamento de referência,
apresentando a mesma eficácia e segurança.
A substituição
do medicamento de referência pelo seu genérico é assegurada por testes de
equivalência terapêutica e só pode ser feita pelo farmacêutico responsável pela
farmácia ou drogaria e precisa ser registrado na prescrição médica. Todos os
genéricos do Brasil são identificados pela tarja amarela em seus rótulos.