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domingo, 13 de setembro de 2020

Ensino à distância para crianças em debate durante a pandemia

A especialista em educação infantil e terapeuta familiar Evelyn Stam aponta os prós e contras do ensino à distância durante a pandemia da covid-19, que se tornou uma das principais questões familiares do momento.




Estamos vivendo em época de pandemia. Muitas incertezas, muitas mudanças e uma situação que não tem data de término. Uma das mudanças mais comentadas e questionadas por pais e educadores durante a pandemia é o ensino à distância, que se tornou necessário quando muitos países decidiram fechar as escolas e fornecer ensino online, forçando pais a assumirem muitas vezes o papel de educadores, na tentativa de ajudar seus filhos a acompanharem as aulas neste novo formato.

A especialista em educação infantil e terapeuta familiar
Evelyn Stam, aponta que existem vantagens e desvantagens na adoção da telescola ou ensino à distância, e que ambas precisam ser consideradas antes de um veredicto final: “tivemos que nos adaptar a essa mudança quase que de um dia para o outro, quando a pandemia do novo coronavírus veio e surpreendeu a todos. Não estávamos totalmente preparados, sejam os pais ou os professores e a até mesmo os próprios alunos, para nada do que viria a acontecer depois e, naturalmente, foram necessários alguns ajustes de última hora para encontrar soluções minimamente viáveis e impedir que nossos filhos perdessem um ano escolar. Mas nem tudo tem sido mal e há também benefícios na educação à distância, que tende a ser algo ao qual nós vamos ter de nos adaptar, já que deve ser uma tendência.”


Desvantagens

Evelyn Stam ressalta as principais desvantagens do ensino à distância:


 Acesso à tecnologia

Nem toda família tem acesso à computadores de qualidade e internet estável. Famílias que não possuem um computador ou não dispõem de internet rápida simplesmente não têm como acompanhar as aulas online, fazer fotos de atividades realizadas ou enviar arquivos grandes.


 Disponibilidade

Famílias que possuem um computador e internet de boa qualidade nem sempre estão preparadas para lidar com o ensino online. Famílias com mais de um filho nem sempre tem um computador para cada membro da família. Além disso, a mesma internet que era suficiente para atender a todos os moradores agora está sobrecarregada, com pais e filhos utilizando a conexão ao mesmo tempo para cumprir com suas cargas horárias de trabalho e estudo.



Uso das ferramentas de software

Nem todas as pessoas estão acostumadas a sistemas de reunião online, como Zoom, Google Classroom, Microsoft Teams, etc… Há pessoas que estão experimentando um enorme sentimento de sobrecarga, tendo que lidar não só com a pandemia, mas com o aprendizado de novas tecnologias.



Sobrecarga

Muitas pessoas estão experimentando um aumento significativo da carga de trabalho. Trabalhar de casa não significa trabalhar menos. Além disso, todos estão em casa o tempo todo então o tempo de limpeza da casa e a frequência na limpeza aumentam. Somado a isso há ainda a carga de tarefas dos filhos que precisam ser supervisionadas pelos pais. Pais estão se sentindo professores, profissionais, mães e pais, tudo ao mesmo tempo.

Professores também estão sobrecarregados e têm que aprender a lidar com novas tecnologias, criar materiais que funcionem para o ensino online, tudo isso enquanto lidam com os próprios filhos e com o aprendizado dos próprios filhos em casa.

 

Vantagens


Da mesma forma, a especialista aponta diversas vantagens que o ensino à distância pode trazer



Possibilidade de revisar o conteúdo


 A aula online pode ser assistida quantas vezes o aluno precisar. O aluno pode pausar para fazer anotações, copiar diagramas da internet. O ensino se torna mais interativo e acessível para os alunos.



Estude no seu ritmo

O aluno pode estudar no seu próprio ritmo. Cada aluno prepara a suas tarefas na sua velocidade, sem a pressão de fazer as coisas na mesma velocidade e da mesma forma que os colegas.



Pais têm contato com o universo dos filhos

Agora sabemos exatamente o que os nossos filhos estão aprendendo na escola, o que eles gostam mais e o que têm mais dificuldade. Sabemos o quanto de tempo eles precisam para entender determinado conteúdo e entendemos melhor como a escola funciona.



As crianças estão aprendendo habilidades novas

Crianças aprendem rápido e se adaptam mais fácil que os adultos às novas tecnologias. As aulas online estão preparando os nossos filhos para o trabalho do futuro.



Estamos aprendendo novas formas de ensinar e aprender

 Sim, tem sido desafiador. Contudo já estamos a ver os primeiros sinais de coisas que tem funcionado muito bem no ensino online. Estamos criando soluções para lidar com o deslocamento, condições climáticas e ausências por motivos médicos. A pandemia nos forçou a ser criativos, a pensar em novas soluções e melhores maneiras de aprendizado.


Veredicto

Evelyn pondera o panorama geral da educação à distância: “Como podemos ver, o ensino à distância tem vantagens e desvantagens. Nos demanda muito tempo, mas aprendemos muito com a experiência. O verdadeiro desafio é não deixar o nosso papel de pais para assumir o papel de professores. Somos e continuaremos a ser pais sempre. Essa é a nossa relação mais importante. Aconteça o que acontecer o ensino nunca deve ser o preço da nossa relação com os nossos filhos.”


7 Dicas Para Voltar À Prática Do Esporte Neste Momento de Maior Flexibilização

Ortopedista E Especialista Em Traumas Do Esporte, Da Dicas Valiosas Para Que Você Volte A Praticar Suas Atividades Físicas.

Indicada pela OMS, a prática de exercícios físicos deve ser feita constantemente para que possamos manter nossa saúde física e mental.

Infelizmente nestes dias de Pandemia, malhar e fazer um esforço para ultrapassar nossos próprios limites, se tornou um desafio ainda maior. Acabamos deixando muitas das nossas atividades rotineiras de lado, mas agora, com uma maior flexibilização é hora de vencer os desafios e voltar à forma.

O Dr. Samuel Lopes, médico ortopedista e especialista em joelho e trauma do Esporte, nos mostra em pequenos passos, como dar um salto de qualidade em nossa prática esportiva diária.


1 – A prática regular de alguma atividade física ou esportiva é essencial para promover e manter a saúde física e mental. Sendo assim, não há desculpas para ficar parado e seguir na inércia. E a primeira dica é se movimentar, manter-se motivado e criar uma rotina para implementar um novo hábito saudável no seu dia a dia.



2 – Se a sua escolha for ficar em casa, procure fazer suas aulas pela internet; práticas on-line pode ser uma opção em tempos de isolamento, claro que tendo sempre a orientação de bons profissionais. Importante buscar atividades que se adequem ao seu gosto pessoal e à sua capacidade física atual.


3 – Improvise, pense “fora da caixinha”, trabalhe com o que você tem em mãos. Por exemplo, você pode usar outros objetos como peso, como mochilas com pesos, garrafas ou latas. Pode usar calças de lycra no lugar das calças de elástico, e um tapete confortável. E lembre-se, a correta execução dos movimentos bem como cuidados com a postura são importantes. Se necessário, busque auxílio de um profissional de educação física para te orientar adequadamente.


4 – Crie uma nova agenda com dias e horários para as práticas semanais. Adapte seus exercícios da academia quando possível, mas mantenha sempre o foco. Procrastinar não é uma escolha.


5 – Comece pelo mais fácil, pelo mais simples; abdominais, barras, agachamentos ou flexões são exercícios básicos, mas que podem ajudar muito quem está começando ou retomando as atividades. E, além de tudo, você pode fazer isso dentro da sua casa.



6 – Infelizmente, com a quarentena, somos obrigados a praticar atividade física mantendo um distanciamento adequado além do uso da máscara. Sendo assim, procure praticar suas atividades sem acompanhantes, procure a máscara mais adequada para suas práticas, que possam ser mais confortáveis, não dificultem muito a respiração e possam absorver melhor o suor sem ficar encharcadas.


7 – Queimar calorias pode ser mais simples do que se imagina, com a realização de exercícios desde os mais básicos aos mais complexos e, acreditem, serviços domésticos como varrer a casa, limpar ou lustrar móveis, lavar louça entre outros, também ajudam na queima de calorias.

Ainda que a quarentena possa ter mudado sua rotina, não perca o hábito de se exercitar. E lembre-se: a rotina diária de atividades físicas, acompanhado de um profissional da área, e uma alimentação balanceada faz parte da boa saúde física e mental.

 



Dr. Samuel Lopes - Médico, especialista em trauma do esporte. Membro efetivo da sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT), Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) e da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte. Chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Juiz de Fora – MG. Reabilitação -Tratamento – Ortopedia – Medicina Esportiva – Saúde

Site: www.drsamuellopes.com.br

Instagram@ drsamuellopes

https://www.youtube.com/channel/UCjyIdBIYxiFKYzGsm8wdbEg


O que muda com a chegada de um irmão

Nascimento de um novo filho e o vínculo de irmão
(Cegonha Imagens)


O nascimento de um segundo filho altera toda a dinâmica familiar

 

 

Se por um lado, a chegada de um bebê traz felicidade, há alguns sentimentos que podem provocar angústia nos pais e no irmão mais velho. Na vida adulta a relação de irmãos também é impactante podendo contar com casos de um amor inexplicável e identificação entre ambos, assim como ser fruto de atritos familiares.

Os estudos na área não são tão frequentes, mas reflexões filosóficas e psicanalíticas ajudam a entender qual a importância do vínculo e desafios a serem abordados no âmbito familiar. O pediatra do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Renato Santos Coelho, destaca um dos sentimentos mais comuns quando é criado o vínculo entre irmão que é o ciúme, questão trazida inúmeras vezes pelos pais nos consultórios médicos.

"O ciúme é um sentimento universal e humano e não pode ser evitado. O irmão que diz que não tem ciúme algum, pode na verdade estar negando. O irmão mais velho sempre foi o centro das atenções e viveu a experiência de ser o único. O segundo, terceiro ou quarto filho nunca passou por isso, então a maneira como cada um vai lidar é diferente. Tudo vai depender do temperamento da criança. Recomendo aos pais não dizer para criança que ela não pode ter ciúmes. Ao invés disso, dizer que entende o filho e compreende o sentimento se dispondo a ajudar", afirma o pediatra do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Renato Santos Coelho.

(Freepik)

O médico destaca outro um fenômeno cultural. A tradição antiga era de famílias numerosas. Na sociedade contemporânea o número de irmão diminuiu muito. Há famílias com menos irmãos e muitos filhos únicos.

"Há experiências muito boas entre irmãos, na qual se tornam amigos inseparáveis para o resto da vida trazendo cumplicidade. Por outro lado, não dá para esquecer que há muitos casos de problemas familiares entre irmãos. Um alerta é para que o pensamento romântico e clássico de que os pais sempre vão gostar dos filhos da mesma maneira pode ser interpretado de maneira diferente. O sentimento de gostar dos filhos é pra todos, mas nenhum pai ou mãe precisa se sentir culpado por ter uma sintonia ou identificação maior com um determinado filho”, completa Renato.

Por fim, o cenário atual está acentuando alguns problemas por conta do confinamento nas residências. A pandemia colocou todo mundo dentro de casa e nessa hora as diferenças se acentuam.

"Assim como aconteceram casos de problemas entre casais, os problemas entre irmão se acentuaram. É preciso cooperação e respeito para que todos passem por essa situação”, finaliza o médico.

 


Marcelo Matusiak

 

Sono na Pandemia - Aumentam casos de insônia entre os profissionais de saúde

Pesquisa revela que 13% dos profissionais de saúde iniciaram tratamento medicamentoso para insônia durante a Pandemia


Como está o Sono dos Profissionais de Saúde, em tempos de Pandemia

Esse foi o tema da pesquisa liderada pelos especialistas da ABMS (Associação Brasileira de Medicina do Sono) e da ABS (Associação Brasileira do Sono), contabilizando mais de 4.900 entrevistados de todas as Regiões do Brasil, no período de 30 de maio a 25 de junho de 2020.

O estudo foi coordenado pelos Drs. e pesquisadores do Incor HCFMUSP Luciano Drager (vice-presidente da ABMS) e Pedro Genta (Presidente da ABMS.

“Este estudo é inovador por sua abrangência nacional e espírito colaborativo entre os coordenadores da ABMS e ABS. O número de participantes foi extraordinário, além de nossas expectativas, e retrata o grau de envolvimento que os profissionais de saúde estão tendo durante a Pandemia”, comenta Dr. Pedro Genta.

De acordo com o Dr. Luciano Drager, esse estudo sobre o sono é o maior do mundo realizado até o momento.

O especialista explica que o objetivo primário do estudo foi detectar o aumento de casos de insônia entre os profissionais de saúde, correlacionando com diversos fatores relacionados à pandemia bem como ansiedade e o burnout (estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional).

Os resultados desta primeira etapa da pesquisa revelaram que 41% dos profissionais de saúde entrevistados apresentam sintomas de insônia ou pioraram a insônia já existente durante a pandemia. Além disso, 61% dos participantes reportaram piora da qualidade do sono. Outro dado alarmante é que 13% dos entrevistados iniciaram tratamento medicamentoso para a insônia.

Dentre os profissionais entrevistados, 55,7% relataram que atendem ou já atenderam pacientes com Covid-19, sendo a maioria técnicos ou auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos.

Entre os fatores independentemente associados com novas queixas de insônia ou piora da insônia, destacam-se:

- Sexo feminino (75% de aumento);

- Redução da renda em 30 a 50% (55% de aumento);

- Alterações de peso (aumento ou redução) – aumento de 55 a 87%, respectivamente;

- Atender ou já ter atendido pacientes com Covid-19 (28% de aumento).

- Ter desenvolvido o Burnout (quase 2x maior);

- Ter ansiedade (o maior fator obtido relacionado à insônia neste estudo com 3x mais chance).

De forma interessante, o aumento da renda observado em alguns profissionais e o fato de trabalhar no consultório foram associados com menor chance de ter novas queixas de insônia ou piora da insônia.

 “A partir desses dados, podemos intensificar nossos esforços para ajudarmos esses profissionais que, em sua grande maioria, atuam na linha de frente da Covid-19 a obterem melhor qualidade de sono”. Isto pode não só melhorar a qualidade de vida, mas até mesmo a tomada de decisões no dia a dia deste trabalho que exige muito destes Profissionais, comenta Drager.




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Setembro Amarelo: relação entre redes sociais e suicídio

Especialista explica como a internet pode ser propagadora de gatilhos e como diálogo pode diminuir incidência de casos


O suicídio, hoje em dia, ainda é considerado tabu por muita gente. Mas não deveria. Afinal, faz uma média de uma vítima a cada quatro segundos no mundo, ou seja, 800 mil vítimas por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A psicóloga Ana Gabriela Andriani explica que, em muitos lugares, existe um empecilho extra para tentar diminuir esse número. “Existe a crença de que, ao falar sobre o assunto, estaríamos, na verdade, propagando ou divulgando o suicídio e suas tentativas”. Ela adverte, no entanto, que deveria ser o oposto, que falar disso poderia reduzir a incidência de casos.


Redes Sociais e suicídio

De acordo com a especialista, as redes sociais, sim, têm sido um meio propagador de gatilhos para as tentativas de suicídio, especialmente quando falamos de jovens e adolescentes. Isso principalmente em um momento em que o consumo da internet aumentou tanto em função da necessidade do isolamento físico social. O bullying e a constante necessidade de aprovação virtual têm levado cada vez mais jovens a desenvolver quadros de depressão e ansiedade. Um estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, mostrou que os “heavy users” (usuários que passam grande parte do tempo na internet) possuem três vezes mais chances de sofrer de depressão comparando com aqueles que conferem suas redes sociais com menos frequência.

Já um estudo de 2017 da agência nova/sb analisou mais de 1 milhão de menções ao suicídio nas redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter e Youtube): em 34,2% dos casos eram piadas ou memes, 24,4% eram opiniões, 22,1% citações, 7,5% notícias, 6,3% relatos e 5,5% se tratavam de depoimentos. OS dados também mostraram informações preocupantes: 18,3% das postagens eram falas negativas ou preconceituosas, como por exemplo “conte a um psicólogo, não ao Facebook”, “quem tem depressão não fica em rede social tentando aparecer” ou “quem quer se matar não avisa”. Algumas, inclusive, incentivavam os usuários a tirar a própria vida. “Esses resultados mostram a necessidade de uma abordagem e de um espaço sem julgamentos para sensibilizar e educar e, assim, contribuir com a prevenção”, afirma Ana Gabriela.


Diálogo como prevenção

Para a psicóloga, o diálogo é fundamental. “É necessário falar sobre o assunto. Mas isso não significa apenas divulgar números. É preciso entender o que leva ao suicídio, como é possível prevenir e que o suicídio é uma questão de saúde pública. Precisamos abrir esse canal de diálogo e trazer informações sobre o tema e tudo o que o cerca, como as doenças mentais, saúde mental, o que é e quais são os sinais de comportamento suicida.”

Ela explica que o assunto é complexo e nem todas as pessoas que cometem o suicídio apresentam algum tipo de sinal prévio, por isso que é tão importante erradicar esse preconceito. Outro ponto fundamental para se esclarecer é que muitas vezes não existe um planejamento para tal ato. “Muitas vezes a pessoa busca uma maneira de acabar com algum sofrimento e vê na tentativa do suicídio uma saída. Ela não pensa em morrer, ela pensa em uma solução para aquele momento de dor. É importante esclarecer que nem toda pessoa que comete suicídio planejou a ação, pretendia de fato acabar com a vida ou tinha histórico de tentativas”, analisa.

Ana Gabriela ainda salienta que o preconceito de achar que quem comete suicídio é fraco também não é válido. “Vemos pessoas fortes que, em um momento de desespero, só enxergam isso como saída. Julgar o próximo não vai ajudá-lo”. Desde 2014, ocorre no Brasil a campanha do Setembro Amarelo, que é realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). Uma tentativa de levar luz ao assunto.

“Quando falamos sobre a prevenção do suicídio, devemos prestar atenção à forma como abordamos o tema. Muitas vezes focamos na morte apenas de pessoas famosas e colocamos uma certa dose de romance no ato, ligando o suicídio ao estilo de vida dessa personalidade, como falta de sono, vida agitada e conturbada, por exemplo. O que é deixado de fora nesses casos, muitas vezes, são as reais causas do suicídio”, diz Ana Gabriela. Ela finaliza alertando que estão no grupo de risco pessoas com esquizofrenia, bipolaridade, borderline, uso excessivo de drogas e de álcool.

 



Gabriela Andriani - Graduada em Psicologia pela PUC-SP, Ana Gabriela Andriani é Mestre e Doutora pela Unicamp. Tem pós-graduação em Terapia de Casal e Família pelo The Family Institute, da Northwestern University, em Illinois, Estados Unidos, e especialização em Psicoterapia Dinâmica Breve pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas/USP. Possui, ainda, aprimoramento Clínico em Fenomenologia Existencial na Clínica Psicológica da PUC-SP. Ana Gabriela acredita que o autoconhecimento influencia diretamente no trabalho, nas relações afetivas e na qualidade de vida.


QUE DEMOCRACIA É ESSA?

        Se você quer um país onde a criminalidade seja punida de modo a desestimulá-la e as penas cumpridas, mas a realidade anda no sentido oposto... 

                                                                                Se você quer leis mais duras contra a corrupção, mas o Congresso aprova lei sobre abuso de autoridade para inibir a ação de juízes, promotores e policiais... 

        Se você quer que as penas comecem a ser cumpridas após a condenação em segunda instância, mas o STF impede e o Congresso não faz a alteração constitucional que dizem ser necessária... 

        Se você quer que os processos criminais tramitem mais rapidamente, para benefício da segurança dos cidadãos, mas vê o Congresso criando juizados de garantias que são mais um nó na correia dos processos penais do Brasil... 

        Se você quer que os tribunais superiores evitem a prescrição das condenações penais, mas fica sabendo que processos prescrevem ou são empurrados para a prescrição... 

        Se você quer que magistrados, como os ministros do STF, não atuem em casos que envolvam amigos, ou inimigos, mas os vê dedicados a isso expedita e alegremente... 

        Se você se envergonha e se constrange ao saber que organizações criminosas, como em nenhum outro país, se constituíram rapidamente para roubar, em pelo menos 19 estados, bilhões das verbas destinadas à saúde durante a pandemia... 

        Se você sabe que isso só acontece porque os criminosos recebem evidências diárias e históricas de que no Brasil o crime compensa... 

Se você quer que, em favor do direito de defesa, seja facilitada a posse e o porte de armas, mas a tese, majoritária na sociedade, não consegue maioria no Congresso Nacional... 

        Se você quer que o Senado delibere sobre uma forma qualitativamente superior de provimento das vagas no STF, mas o Senado foge do assunto... 

        Se você quer que o Senado julgue as denúncias contra ministros do Supremo (impeachment) que se empilham nas gavetas do presidente David Alcolumbre, mas tais gavetas permanecem lacradas... 

        Se você quer que o Congresso revogue a PEC da Bengala, recuando de 75 para 70 anos a aposentadoria dos servidores, acelerando a renovação no STF, mas a proposta não consegue tramitar... 

Se você quer que recursos públicos sejam orientados à sociedade e não sirvam para financiar partidos políticos e processos eleitorais, mas vê essas verbas sendo ampliadas...

Se você quer que os presidentes Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre encerrem seus mandatos no final deste ano, mas vê manobras para que sejam reeleitos...

 Se você acha um absurdo a UNE arrecadar anualmente milhões de reais com a emissão da carteira estudantil, mas sabe que o Congresso Nacional deixou caducar a Medida Provisória que as tornava gratuitas...

Se você gostaria que houvesse entre nós um renascimento do amor à pátria, mas vê, por toda parte, serem plantadas sementes de divisão e conflito, traição e revolta...

 ... enfim, se você é conservador, ou liberal, e pensa que tendo vencido a eleição realizou o necessário e suficiente para corrigir alguns dos pecados mortais da vida nacional, acorde.

 Sim, acorde! Entenda, no jogo jogado da "democracia" brasileira, o tamanho do estrago feito em nosso país. É porque estamos institucionalmente tão mal que os bons brasileiros, como você, são tão necessários.




Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Integrante do grupo Pensar+.

 

Setembro Amarelo: obstetras são fundamentais no combate à depressão pós-parto e identificação de tendências suicidas

No mês em que se coloca em questão os cuidados com a saúde mental, profissionais da obstetrícia fazem alerta e explicam comportamentos psicológicos das gestantes que devem ser tratados

 

O "Setembro Amarelo” é a campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, foi criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar a cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, 10 de setembro. A ideia é pintar e estampar o amarelo nas mais diversas ações e garantir visibilidade à causa. O Hospital Icaraí (HI), na região metropolitana do Rio de Janeiro, adere à mobilização em seus diversos serviços, principalmente os ligados à maternidade. 

Para Flávia do Vale, coordenadora da Obstetrícia do Hospital Icaraí, o trabalho do obstetra é fundamental nos casos de prevenção do suicídio e deve se iniciar no pré-natal.  

"Existem pacientes que já possuem fatores de risco passíveis de serem identificados no pré-natal. Assim, a pessoa já tendo um histórico de problemas anterior, como depressão, uso de antidepressivos ou gestação não desejada, já possui um risco maior de desenvolver a depressão pós-parto também", destaca a médica. Segundo a especialista, outro papel fundamental da atuação do obstetra vem, justamente, logo após o parto. De acordo com ela, é muito comum no as pacientes apresentarem uma tristeza nessa fase. 

"É algo normal, porém diferente de uma depressão. Acredito que falta aos obstetras passar esse ponto de vista às pacientes. É natural a paciente se sentir insegura em relação à amamentação, à novidade em receber o bebê. Isso se associa a uma falta de sono, pois o bebê dá trabalho nos primeiros dias", salienta.  

A doutora explica, ainda, sobre o processo de alteração hormonal pelo qual a mulher passa durante a gestação, contribuindo diretamente para a tristeza comum do pós-parto, o chamado baby blues. 

"Nos primeiros dias após a chegada do bebê, é comum a mulher chorar, ficar nervosa, ansiosa, se questionar se vai dar conta. Se faz extremamente importante falarmos isso quando a paciente recebe alta e é encaminhada para sua residência. É necessário esclarecer esse aspecto para que ela não se sinta menos mãe por isso e saiba diferenciar essa situação de uma depressão pós-parto. Isso é o baby blues acontecendo, geralmente na primeira semana pós-parto, com curta duração", esclarece.

 

Protocolo de suicídio 

No Brasil, a média de suicídio a cada dia é de 32 casos, conforme a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Casos entre adolescentes têm aumentado a cada ano, e se estende às mães. Entre 2011 e 2018, houve um crescimento de 10% nas taxas entre jovens de 15 a 29 anos no país, segundo o perfil epidemiológico divulgado em setembro de 2019 pelo Ministério da Saúde. No Ceará, por exemplo, entre janeiro e julho de 2020, foram contabilizados 306 casos na plataforma Integra SUS, da Secretaria da Saúde (Sesa). A média corresponde a 43 suicídios por mês, uma das maiores do país. 

A doutora Flávia acredita que o médico assistente cria intimidade com a paciente durante o pré-natal e isso ajuda a identificar um quadro de depressão que pode, inclusive, provocar pensamentos suicidas. A médica explica que o Hospital Icaraí possui um protocolo de suicídio. O processo ocorre da seguinte maneira: a paciente que tem algum fator de risco para depressão ou que apresenta comportamento suspeito de depressão, responde a um questionário para tentar identificar melhor. Após o questionário, ela passa por uma avaliação médica que avalia o questionário e outros quesitos de depressão pós-parto que ofereça risco à sua própria vida ou ao bebê. Então o apoio psiquiátrico é acionado com celeridade.  

"Após identificarmos pacientes com depressão ou com pensamentos suicidas, são adotadas medidas de segurança, a exemplo da retirada de materiais cortantes do quarto, o uso de garfo e faca nas refeições somente descartáveis, bem como verificar se as janelas estão trancadas e até a retirada do bebê de perto dessa mãe", elucida Flávia, acrescentando que o hospital também conta com um serviço de ouvidoria no qual uma assistente social realiza intervenções para auxiliar a paciente. 

"Na depressão pós-parto, a paciente vai deixar de cuidar do bebê, perder o interesse em cuidar da cria e de si mesma, ficando sem força, não querendo tomar banho, não querendo pegar o bebê no colo. Somados a esses sintomas, também irá rejeitar amamentar e pode até ter pensamentos suicidas, tanto de terminar com a própria vida quanto de fazer mal ao bebê. Ela perde a paciência enquanto o mesmo chora e tem pensamentos perversos. Daí a relevância do obstetra em explicar para a paciente e seus familiares sobre tudo que é normal ou não, visando identificar possíveis fatores de risco e sinais de alerta, comunicando-se com a equipe especializada de psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais", diz.

 



Hospital Icaraí

Rua Marquês do Paraná, 233. Icaraí. Niterói – RJ

Ouvidoria: ouvidoria@hospitalicarai.com.br

Telefone: 55 21 3176-5000


Setembro Amarelo: psicóloga dá dicas sobre autocuidado durante a quarentena

Durante o período de distanciamento social, a saúde mental tornou-se um tema ainda mais discutido, e muitos médicos alertam que o isolamento pode acarretar uma epidemia de transtornos de depressão e ansiedade. Um estudo feito pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) apontou que os casos de depressão praticamente dobraram desde o início da quarentena.

Este ano, o Setembro Amarelo, que tem como objetivo a conscientização para prevenção do suicídio, apresenta um papel ainda mais relevante ao trazer informações sobre o aumento desenfreado do número de transtornos mentais. Pensando nisso, a Care Plus convidou a Melina Cury Haddad, coordenadora de psicologia da operadora, para apresentar os principais hábitos que auxiliam no bem-estar mental durante este momento, confira.

 

– O equilíbrio vem quando conseguimos dosar a quantidade de estresse que temos com momentos de lazer e que proporcionam prazer, então é necessário fazer um balanço, por exemplo, se estou trabalhando muito e até tarde por causa do home office, então tentar deixar um momento no dia para relaxar, talvez ouvir uma música que goste, tomar um banho relaxante.

 

– O sono é um fator primordial pra manter a saúde emocional. Busque ter horário pra dormir e acordar, fazer um ritual para o sono antes de dormir e se desligar com antecedência de telas de celular, TV, tablets. Pode também fazer um exercício de respiração profunda, relaxamentos ajudam muito na indução do sono.

 

– Ter como base uma alimentação balanceada, com alimentos nutritivos irá auxiliar você no bem-estar. Praticar exercícios físicos regularmente, mesmo em casa, pois são responsáveis pela liberação de neuro-hormônios que auxiliam na sensação de prazer e bem-estar.

 

Conversar com pessoas, mesmo que seja a distância, faz nos sentirmos conectados, e isso é muito importante para enfrentar sentimentos de solidão e sentir que pertencemos a um lugar.


Setembro Amarelo: Escolas se reinventam no combate à ansiedade, depressão e suicídio

Considerada “o mal do século” por muitos especialistas da saúde, a depressão tem colocado em cheque algumas das principais bases da civilização ocidental. A preocupação é ainda maior quando são consideradas apenas as novas gerações, que têm apresentado  distúrbios de ansiedade, depressão e até tendências suicidas, cada vez mais cedo.


Para se ter um breve resumo do cenário, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 16% das doenças e lesões em crianças e jovens entre 10 e 19 anos são ocasionadas pelas condições de saúde mental, sendo a depressão e o suicídio as principais causas de morte. Estima-se, ainda, que entre 10% e 20% dos adolescentes passem por problemas psicológicos no mundo. 

Os estudos sobre o impacto da pandemia nestes números ainda não são conclusivos, mas, ao que tudo indica, o atual contexto deve estar contribuindo para uma piora considerável neste cenário, que já não era nada bom.

Neste contexto, as escolas e sistemas de ensino estão cada vez mais atentos às suas práticas pedagógicas, a fim de oferecer mais ferramentas para que seus estudantes lidem com suas emoções de maneira mais saudável. Entre as práticas que mais vão ganhando corpo nos colégios brasileiros, estão a meditação mindfulness (atenção plena) e a inclusão da educação socioemocional na grade curricular.

Para Ligia Cavalaro, Diretora do Sistema Piaget, sistema de ensino presente em mais de 250 escolas do país, cada vez mais escolas têm procurado essas soluções. “Temos percebido uma preocupação cada vez maior, por parte dos gestores dos colégios, em oferecer mais recursos para que seus estudantes lidem melhor com suas emoções. É importantíssimo que haja essa consciência, mas isso é só o começo”, observa Ligia.

Para ela, a implementação dessas ferramentas precisa ser acompanhada de uma mudança na mentalidade e na cultura das escolas. “Muitas escolas acabam gerando ainda mais pressão nas crianças e adolescentes, reproduzindo um discurso que faz com que a autoestima destes estudantes esteja condicionada aos seus resultados e suas notas. Por mais que a prática da meditação e a educação socioemocional se mostrem eficientes para preservação da saúde mental, é preciso que as escolas também passem por uma mudança cultural, valorizando as dimensões sociais e emocionais dos seres humanos, tanto quanto o conteúdo curricular”, analisa.

 


Sistema Piaget


Setembro Amarelo, psicóloga fala sobre a importância de identificar os sinais e procurar ajuda

Nos últimos anos as pessoas estão perdendo cada vez mais suas características, deixando a tristeza ter grande participação em suas vidas e consequentemente, abrindo portas para os traumas, fobias e principalmente, a depressão. Doenças mentais agravadas, podem se manifestar de diversas formas, incluindo uma das mais cruéis, o suicídio.

A psicóloga Célia Siqueira, utiliza técnicas diferenciadas em suas terapias para auxiliar no autoconhecimento e tratamentos complexos. Os métodos aplicados são para identificar pensamentos distorcidos e interpretar situações específicas, buscando a raiz do problema e assim criar a estratégia ideal para a solução do que possa gerar uma energia depressiva avassaladora, a ponto de tirar a própria vida.

“A cada dia me deparo com pessoas que buscam alternativas para tentar viver melhor. Superar frustrações, dificuldades e distúrbios psicológicos não é nada fácil, por isso a busca por ajuda é imprescindível para evitar problemas piores, aumentando ainda mais a dificuldade de solução. Pessoas que cometem suicídio, encontram na morte uma forma de se punir ou acabar com algum tipo de sofrimento, que na sua mente não tem solução”, diz Célia.

Segundo a psicóloga, os familiares de quem sofre de depressão, devem monitorar, acompanhar e ficar em alerta com sinais de suicídio como a tristeza excessiva, isolamento, raiva, irritabilidade, perda de interesse, ou seja, qualquer mudança brusca de comportamento.

Célia Siqueira é formada em Psicologia, atua também como grafóloga (pessoal, criminal e empresarial), quiróloga e escritora. Atende em seu espaço localizado na zona sul de São Paulo, o “Instituto Célia Siqueira”, e presta também consultoria para pessoas e organizações de outros estados e países.

 


www.institutoceliasiqueira.com


Saúde mental: é preciso prestar atenção no comportamento das crianças em casa

O estresse, a ansiedade, o medo e a angústia são sentimentos que, em maior ou menor escala, muitos estão experimentando, alguns de forma inconsciente, mas que se expressam em momentos de agitação, raiva e impaciência. As crianças são um dos grupos que mais preocupam os especialistas. "Como a família inteira está sob pressão por conta das dificuldades do cenário atual, a rede de apoio das crianças acaba ficando fragilizada", afirma Maísa Pannuti, supervisora do Serviço de Psicologia Escolar do Colégio Positivo. O abalo emocional na infância e adolescência pode ser representado por meio de irritação, inquietação, tédio, alterações do sono e do apetite e sinais de medo e insegurança, conta a psicóloga. E os pais devem ficar atentos aos sinais.

Segundo Maísa, ficar o dia inteiro trancado em casa pode afetar o desenvolvimento e o comportamento das crianças de todas as idades. A falta de atividade física, a exposição excessiva às telas e falta de contato com os colegas e professores contribuem para agravar o quadro. Mas a psicóloga alerta: "a tendência natural dos pais protegerem seus filhos, algumas vezes, pode levar à falsa interpretação de que eles estão sofrendo em demasia, dadas as limitações que a situação exige e, com isso, surge a dificuldade de alguns em relação à imposição de limites e de responsabilidades aos filhos, com medo de causar frustração às crianças". E completa: "A família é o espaço mais protegido para frustrar-se e sofrer, pois é o local mais cheio de amor. Se a criança não aprender a lidar com as inevitáveis frustrações que a vida nos impõe, é possível que tente, na adolescência e na idade adulta, outros subterfúgios para sentir-se bem".

Ou seja, é necessário impor rotinas de estudos, fazê-los ajudar nas atividades domésticas e nas responsabilidades com os pets, ao mesmo tempo em que presta atenção na sua saúde emocional. "Uma boa ideia é criar um quadro de tarefas para cada pessoa, incluindo as crianças pequenas. Atividades como molhar plantas, alimentar animais de estimação, guardar brinquedos e arrumar a cama são formas dos pequenos fazerem parte desse momento", sugere.

Para ajudar a reduzir os problemas emocionais, a psicóloga indica que o contato com os colegas seja mantido, pelo menos via internet. "Incentivamos bastante nas escolas o trabalho em grupo, mesmo que de forma digital, para que o contato com os colegas, que é uma ferramenta poderosa de combate à depressão, não seja perdido", conta. Além disso, momentos de jogos, filmes e debates em família também ajudam bastante no desenvolvimento da inteligência emocional dos pequenos. "O diálogo é o melhor remédio de todos", finaliza Maísa.


Aprendendo a aprender

 

Mas e as crianças? Como está sendo para elas essa nova realidade? E para os pais que agora se veem cada vez mais inseridos nos estudos dos filhos? Simplesmente largar a criança ou adolescente em frente ao computador e esperar que eles aprendam é producente?; E quanto às crianças e adolescentes com problemas de aprendizagem? Alunos com TDAH já apresentam dificuldades em se concentrar em uma aula presencial, o que dizer de uma aula virtual onde há muito mais distrações e formas de se perder o foco?


De uns tempos para cá, um novo conceito, aliado à tecnologia, foi inserido na vida dos que desejavam cursar o ensino superior: o EAD, ou ensino a distância. A maioria das faculdades, hoje em dia, apresentam a opção de se estudar em casa, online, ou de ter aulas presenciais. No entanto, mesmo cursos presencias inserem um ou dois dias de EAD durante a semana. É bom? É ruim? Cada um tem uma opinião diferente. O fato é que a tecnologia veio para ficar e precisamos nos adaptar a ela.

Hoje, com a ameaça do Covid-19 e a quarentena, a tecnologia provou que o futuro talvez esteja mais próximo do que se imagina. Trabalhar em home office, estudar em casa, fazer compras pela internet, enfim, a tendência é que as pessoas se isolem cada vez mais no conforto e segurança do seu lar.

Mas e as crianças? Como está sendo para elas essa nova realidade? E para os pais que agora se veem cada vez mais inseridos nos estudos dos filhos? Simplesmente largar a criança ou adolescente em frente ao computador e esperar que eles aprendam é producente?

Desde março deste ano, as escolas fecharam e não há previsão para que abram. Essa nova rotina impõe dificuldades e desafios maiores do que o imaginado. O isolamento social criou um conceito de ensino como solução temporária para dar continuidade às atividades pedagógicas e minimizar os impactos da aprendizagem: o ensino remoto. A estrutura do ensino remoto não é a mesma do EAD como tecnologia, recursos utilizados, interação com o professor, videoconferência, material de ensino e outros, uma vez que seu objetivo é contingente. Será?  

Para os professores, essa nova experiência requer muita criatividade, muito mais empenho e maior dedicação. São verdadeiros heróis e, embora sempre tenham sido, agora, mais do que nunca, demonstram o seu talento e comprometimento.  Alguns precisam utilizar laboratórios virtuais, simulações, videoaulas. Precisam criar interesses e estratégias de forma que as aulas sejam mais eficientes e o aluno se sinta motivado a estudar e aprender, mesmo a distância. A carga horária desses profissionais aumentou muito e seus esforços dobraram. Alguns professores chegam a ficar tensos, sabendo que os pais estão acompanhando as aulas e se preocupam não só em ensinar os alunos como em satisfazer aos pais que poderão julgá-los.

Para os pais, a tarefa não é menos árdua. As mães que antes já tinham uma carga de trabalho triplo, revezando entre o cuidado com filhos, casas e emprego, agora ainda enfrentam uma nova missão: estudar com os filhos. As crianças, principalmente, precisam que os pais desempenhem diversas funções que eram exclusivas dos professores. Quanto mais nova a criança, maior a participação dos pais, que passam a ser os braços e pernas dos docentes.

E quanto aos jovens alunos?  Como está sendo esta experiência para eles? Certamente o aprendizado é muito diferente. As crianças e os adolescentes ficam mais livres, desligam a câmera, assistem às aulas, mas, ao mesmo tempo, conversam com os colegas, assistem ao Netflix, dispersam-se facilmente e precisam de mais disciplina para aprender.

As opiniões variam entre os pais. Alguns afirmam que o ensino piorou, que não há aulas suficientes e que o aprendizado está bem inferior. Outros dizem que as escolas estão passando mais atividades, estão sobrecarregando os alunos para compensar a possível deficiência de uma aula virtual. Existe, também, uma preocupação com o tempo excessivo que os filhos passam em frente ao computador.

Alguns alunos, segundo pais e professores, se deram muito bem com essa nova forma de estudar. Outros, no entanto, não conseguiram se adaptar. Não fazem o que é necessário, não conseguem se organizar, deixam as tarefas se acumularem e acabam ficando sobrecarregados e perdidos.    

E quanto às crianças e adolescentes com problemas de aprendizagem? Alunos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) já apresentam dificuldades em se concentrar em uma aula presencial, o que dizer de uma aula virtual onde há muito mais distrações e formas de se perder o foco? Em um ambiente presencial o professor tem mais condições de acompanhar seus alunos, o que não ocorre no ensino remoto. Assim, cabe aos pais suprir a dificuldade que seu filho apresenta na hora de aprender.

Hoje diversos neurocientistas defendem mais aulas com menos duração e intervalos entre elas, para que o cérebro consiga aprender mais efetivamente. No caso de crianças e adolescentes com TDAH, principalmente, a curva de aprendizagem poderia melhorar. Como essa não é uma realidade em nossas escolas, uma vez que vários outros fatores precisam ser considerados, a solução temporária, especialmente no isolamento, seria incentivar o filho a focar sua atenção em pelo menos 15 minutos de uma vez e recompensá-lo pelo esforço nos intervalos, que podem ser de cinco minutos.

Enfim, estamos todos vivendo uma nova experiência e quanto antes nos adaptarmos a ela, melhores resultados teremos.

No entanto, nem tudo é negativo.

Os adolescentes aumentaram o grau de independência e aprendizado dentro de casa, inclusive nas tarefas domésticas. A autonomia aumentou. Precisaram ficar mais familiarizados com o mundo digital. Até mesmo com o contato digital entre os amigos. Aprenderam sobre flexibilidade e adaptação. Sobre disciplina e autonomia.

Pais que passavam muito pouco tempo com as crianças, agora precisam interagir mais com os pequenos, entrar em seu mundo infantil como era antigamente, participar mais das brincadeiras e auxiliar na criatividade e curiosidade da criança, não apenas nos fins de semana, mas todos os dias.

Bom ou ruim, melhor ou pior, o fato é que a realidade de hoje é essa. É preciso se adaptar e tirar o melhor da situação. É preciso reaprender a aprender. Afinal, quem garante que esse não será o nosso futuro? Só o tempo dirá.

 




Lucia Moyses - psicóloga, neuropsicóloga e escritora. Em 2013, a autora lançou seu primeiro livro “Você Me Conhece?” e dois anos depois o livro “E Viveram Felizes Para Sempre”, ambos com um enfoque em relacionamentos humanos e psicologia. Três anos após a especialização em Neuropsicologia, Lucia lançou os três primeiros livros: “Por Todo Infinito”, “Só por Cima do Meu Cadáver” e “Uma Dose Fatal”, da coleção DeZequilíbrios. Composta por dez livros independentes entre si, a coleção explora a mente humana e os relacionamentos pessoais. Cada volume conta um drama diferente, envolvendo um distúrbio psiquiátrico, tendo como elo o entrelaçamento da vida da personagem principal.  Em 2018, a psicóloga lançou mais três livros: “A Mulher do Vestido Azul”, “Não Me Toque” e “Um Copo de Veneno”, totalizando seis livros da coleção. Em 2020, Lucia, lança o livro "A Outra". 

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Setembro Amarelo: atividade física pode combater quadros de depressão na infância

Um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro apontou que casos de depressão aumentaram em 50% durante a quarentena, e quadros de ansiedade e estresse, em 80%. Pesquisadores da Universidade de Bath, no Reino Unido, dizem que há uma tendência de alta nas taxas de depressão e ansiedade em jovens, nos próximos anos, em decorrência do isolamento social provocado pela pandemia. A análise concluiu que os que experimentaram a solidão durante o isolamento podem ter até três vezes mais chances de desenvolver depressão no futuro. 

Para a psicóloga Adriana Cabana, do grupo Prontobaby, é importante que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos e, se observarem algo diferente, procurem a ajuda de um especialista.

"Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a manifestação clínica mais comum é representada pelos sintomas físicos, como dores de cabeça e abdominais, fadiga e tontura. Essas queixas físicas são seguidas por ansiedade. Já na adolescência, os sintomas são mais próximos aos dos adultos, como tristeza, esgotamento afetivo e social e transtornos alimentares, como anorexia e bulimia", explica.

No mês que traz um alerta de prevenção ao suicídio, um dos grandes desafios é conscientizar a sociedade que problemas como depressão estão diretamente ligados a essa causa. A psicóloga Adriana atenta para as dificuldades da população enxergar a depressão como uma doença e como a atividade física pode salvar as crianças de desenvolverem esse quadro.

Confira a entrevista: 



Que efeitos a atividade física produz no cérebro da criança?

A atividade física traz inúmeros benefícios. Além da sensação de bem-estar, estimula o convívio em grupos, a internalização da disciplina e do controle de ansiedade, como o fechamento de ciclos e paciência para aguardar a fiscalização das atividades. 



Por que a atividade física na infância promove maior sociabilidade e confiança nas crianças?

Porque estimula a disciplina, a confiança no outro, o trabalho em equipe. Ensina as crianças o que é ganhar e o que é perder. 



A depressão atinge cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, e, nos últimos anos, vem atingindo populações cada vez mais jovens. Por que isso acontece?

Vivemos em um mundo em que o excesso de tecnologia torna as relações solitárias. O advento do cyberbullying, do acesso a conteúdos não confiáveis na rede e a superexposição em redes sociais fazem com que o jovem se intimide frente ao mundo e se isole cada vez mais, trazendo o risco da depressão e até do suicídio. 



A depressão na infância está relacionada ao fato de as crianças estarem cada vez mais sedentárias, dando preferência aos jogos de computadores e videogames ao invés de brincarem ao ar livre? Explique.

Sim, o excesso de energia que as crianças têm precisa ser liberada, e o sedentarismo aliado ao isolamento social faz com que outros problemas aconteçam, como obesidade infantil, irritabilidade e intolerância a frequentar outras atividades sociais. 



Um dos grandes desafios do Setembro Amarelo é conscientizar a sociedade que problemas como a depressão, que estão diretamente associados ao suicídio, são doenças e devem ser tratados como tal. Como identificar que uma criança sofre de depressão e o que fazer nessa situação?

Avaliar sempre se há mudança de comportamento, entretenimento, isolamento social, falta de sono, de apetite. Atenção ao discurso de menos valia, de depreciação de si mesmo e de atividades que antes eram prazerosas. Isolamento, choro sem motivo e irritabilidade também podem estar entre os sintomas principais. Procure ajuda profissional caso evidencie esses sintomas e, no caso de verbalização explícita de vontade de morrer, não deixe a criança sozinha em hipótese alguma e procure ajuda imediatamente.

 

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