Pesquisar no Blog

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Pandemia, isolamento e distanciamento social alteram relógio biológico e sono dos brasileiros

A pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) resultou em brasileiros mais ansiosos e com distúrbios de sono e alimentação. É o que concluiu uma pesquisa feita em parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade de Valência, na Espanha. O levantamento “Hábitos saudáveis e estilo de vida durante a pandemia de Covid-19", foi realizado com 22 mil pessoas abordando como o isolamento/distanciamento social afetou a saúde de brasileiros e espanhóis. A análise apontou que 44% dos brasileiros modificaram hábitos alimentares, 50% relataram alterações no sono e 51% mudança nos níveis de estresse.

De acordo com a médica neurologista Ester London, responsável pelo Laboratório do Sono do Hospital VITA, em Curitiba, o sono é o momento de consolidação da memória e do controle da temperatura corporal. “Diversos hormônios são influenciados pelo sono, como a insulina, que controla a glicose no sangue, a leptina, responsável pela saciedade, a grelina, responsável por estimular o apetite, e a somatotrofina, que age no crescimento”, destaca Dra. Ester.

Por isso, neste momento de pandemia, mais do que nunca, é preciso manter o ritmo circadiano, isto ajuda a melhorar a imunidade, alerta a neurologista. Ela explica que o ritmo ou ciclo circadiano designa o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos, sendo influenciado principalmente pela variação de luz, temperatura, marés e ventos entre o dia e a noite. “São os ciclos diários de funções corporais que mantém a pessoa saudável. Estão presentes em vários órgãos do corpo humano, inclusive no cérebro”, ressalta a médica.

Uma dessincronização do ritmo biológico leva a um prejuízo em relação ao sistema imune, abrindo uma brecha para a ocorrência de problemas de saúde. “Por isso, é necessário manter o funcionamento adequado do ciclo circadiano. São atitudes simples, como manter os horários de sono – criar o hábito de dormir e acordar nos mesmos horários”, complementa a especialista.

Dra. Ester salienta que mesmo neste momento em que a rotina diária está alterada - home office, aulas suspensas, em que a pessoa passa mais tempo em casa, é necessário manter-se regrado nos horários de dormir, de acordar e das refeições. Além disso, é extremamente importante e necessário pegar o sol da manhã. A médica conta que a luz é um dos principais sincronizadores, daí a necessidade de acordar com a claridade e dormir no escuro absoluto.  

Deve-se dormir de oito a dez horas no máximo, mais do que isso é desaconselhável pelos especialistas em sono. O mesmo ocorre para as refeições, devem ser realizadas com frequência, em horários pré-determinados e com antecedência da hora de ir dormir.  Essas dicas ajudam a sincronizar o relógio biológico e a ter qualidade de sono e, indiretamente, a fortalecer o sistema imunológico. Além disso, “a privação ou sono irregular leva a danos secundários, ou seja, dormir pouco aumenta os riscos de diabetes, estresse, hipertensão, obesidade, entre outros problemas que afetam a saúde e qualidade de vida dos indivíduos”, alerta Dra. Ester.

 

*Higiene do sono*

Dra. Ester London destaca a necessidade de manter alguns hábitos que melhoram a qualidade do sono. São eles:

– Deitar e levantar no mesmo horário todos os dias;

– Desligar os eletrônicos (celular, tablet, computador) pelo menos uma hora antes da hora de dormir;

– Ler um livro e/ou escutar uma música suave para relaxar;

– À noite, deve-se optar por refeições leves;

– A temperatura do quarto deve ser suave (no máximo, 22 º C);

– Usar um pijama confortável;

– Roupa de cama limpa também ajuda a dormir bem;

– Evitar ingerir bebida alcoólica ou com cafeína à noite;

– O sono é induzido pelo relaxamento e a falta de luz, então deve-se relaxar e deixar o quarto escuro para seu cérebro liberar a melatonina;

– Se acordar durante a noite e não voltar a dormir, pegue um livro para ler, isso ajuda.

– Evitar atividades físicas perto da hora de dormir (preferir os alongamentos e relaxamentos), mas não deixar de praticar exercícios físicos regularmente, ao menos três vezes na semana. “A atividade física aeróbica é um hábito que contribui para melhorar a qualidade do sono”, ressalta a neurologista.

 

 


Hospital VITA

www.hospitalvita.com.br


Como fica o estado psicológico do paciente com testagem positiva para Covid-19

Ao se deparar com um resultado positivo para a COVID-19, é natural que o ser humano entre em um processo de confusão mental e depressão - motivado pelo medo, pela insegurança e pela instabilidade ocasionados por dimensões incertas do vírus. O que poderá provocar sentimentos e reações que configurem alterações psicológicas que, se não tratadas desde o início, certamente, levarão esse indivíduo a desenvolver neuroses e traumas irreversíveis, agravando seu estado físico e mental.

A grande expectativa para quem testa positivo é de que a manifestação da doença não venha abastada por situações mais graves ou críticas. Que desperte apenas a forma branda da doença e, principalmente, que seja descartada a necessidade de isolamento em um Centro de Tratamento Intensivo (CTI) com riscos de intubação traqueal, seguindo um tratamento de linha de frente aplicado nos hospitais. Além disso, fortalece o desejo de que expressões habituais mais observadas nos pacientes positivados - como o desespero, medo exagerado, transtornos de ansiedade generalizada e as sensações de pânico - sejam eliminados e não entrem em cena. 

Porém a necessidade em seguir as orientações de isolamento total de parentes e das pessoas que se ama provoca o desafio em tentar manter uma saúde mental equilibrada, já que a demanda por um esforço psicológico tende a ser maior que o esforço físico. Sabemos que permanecer isolado dentro de casa não é muito agradável e tem-se demonstrado como um grande contratempo para os já diagnosticados com distúrbios de ansiedade ou transtornos de pânico. E a situação pode se agravar ainda mais ao ser  recomendado o isolamento em unidade hospitalar, pois o paciente, para inibir o lastro de contaminação, passa a ficar longe da família, privado de visitas e fora de seu ambiente natural. Tendendo a elevar a tensão e o medo que, consequentemente, irão contribuir para um diagnóstico de desequilíbrio mental e depressivo. 

A testagem positiva também faz com que, por insegurança ou vergonha, alguns pacientes evitem comunicar o resultado do exame aos seus contatos, isolando-se de todos e esquivando-se das manifestações virtuais de vídeos chamadas ou telefonemas que ajudam a aproximar os amigos e a diminuir a solidão e a sensação de abandono tão devastadores para este momento.

É primordial manter a calma, controlar a ansiedade e cuidar da sua saúde mental, por mais assustador que possa ser descobrir-se infectado pelo Coronavírus. Tentar ficar tranquilo será de fundamental importância para enfrentar a doença e se recuperar, sem adquirir outros distúrbios ou neuroses psicológicas. 

Não se colocar no papel de vítima ou alimentar pensamentos negativos que farão com que a angústia cresça e contribua para fomentar uma tristeza interior devastadora e fulminante também será de suma importância para atravessar esse período. Lembre-se:  a maior barreira que podemos enfrentar é a de não acreditarmos que a cura é possível. Manter os pensamentos positivos e ter a certeza de que momentos ruins passam, não se permitindo dominar-se por sentimentos prejudiciais ao equilíbrio físico e mental, sem sombra de dúvidas é a maior prova de autocontrole do indivíduo. Sendo assim, aproveite a tecnologia para conectar-se com amigos e entes queridos. Transborde emoções e não tenha receio de externar o que sente. De maneira consciente, esvazie-se das angústias e das incertezas naturais que o isolamento provoca.

Se faz imprescindível refletir positivamente sobre os momentos já vivenciados, em que a superação o ajudou a vencer dificuldades, traumas e processos difíceis ao longo de sua jornada. Ao perceber o quanto amadureceu e cresceu em meio a situações conflituosas e desafiadoras, ficará mais fácil entender que, fortalecendo sua mente e alimentando a energia do enfrentamento, poderá sair vitorioso do processo traumático em que se encontra.

Por fim, no período da confirmação da testagem positiva para o COVID-19 e ao longo do tratamento, cultive a confiança e desenvolva rotinas que elevem seu bem-estar e sua autoestima. Hidrate-se e alimente-se corretamente, seguindo todas as recomendações médicas e não se deixe abater por paranoias e sentimentos depressivos. Cuide de seus pensamentos e valorize suas emoções. Crie uma rotina própria que propicie sensações de prazer e tranquilidade. Além disso, ao perceber a necessidade, busque ajuda de um profissional de saúde mental. Muitos estão realizando atendimentos virtuais que facilitam a condução dos casos. Assim, você poderá descobrir, mesmo em meio ao caos, que o autocuidado e o controle emocional são extremamente eficazes na eliminação de possíveis terrores e traumas mentais gerados por um inimigo invisível. 

 



Dra. Andréa Ladislau - Doutora em Psicanálise, Palestrante, Colunista, Academia Fluminense de Letras, Gestora em saúde, Repres. Intern. (USA) da University Miesperanza


Hormônio do exercício pode modular genes relacionados à replicação do novo coronavírus, sugere estudo


 Pesquisadores da Unesp observaram em adipócitos não infectados que o hormônio irisina altera a expressão de genes reguladores do ACE2, gene que codifica uma proteína à qual o vírus se liga para entrar nas células humanas (enzima ACE2; imagem: Wikimedia Commons)

 

Estudo conduzido na Universidade Estadual Paulista (Unesp) sugere que o hormônio irisina, liberado pelos músculos durante a atividade física, pode ter efeito terapêutico em casos de COVID-19. Ao analisar dados de expressão gênica de células adiposas, os pesquisadores observaram que a substância tem efeito modulador em genes associados à maior replicação do novo coronavírus (SARS-CoV-2) dentro de células humanas.

O achado teve como base dados de transcriptoma (conjunto de moléculas de RNA expressas em um tecido) de células adiposas não infectadas por SARS-CoV-2 que receberam doses de irisina.“Confrontamos as informações sobre os genes importantes na COVID-19 com nossos dados do transcriptoma para fazer correlações. O resultado representa uma sinalização positiva para a busca por novos tratamentos nesse momento de emergência com a pandemia. É preciso ressaltar que trata-se de dados preliminares, uma sugestão do potencial terapêutico da irisina para casos de COVID-19. Estamos indicando um caminho de pesquisa para comprovar ou não o efeito benéfico do hormônio em pacientes infectados”, diz Miriane de Oliveira , pesquisadora da Faculdade de Medicina da Unesp, em Botucatu (SP).

O artigo, publicado na revista Molecular and Cellular Endocrinology , descreve dados gerados no estudo de pós-doutorado de Oliveira, que analisou a ação da irisina e de hormônios tireoidianos em adipócitos. O trabalho contou com apoio da FAPESP .

Por meio de técnicas de sequenciamento, os pesquisadores identificaram 14.857 genes expressos em uma linhagem de adipócitos subcutâneos. Ao tratar as células com irisina, observaram que a expressão de vários genes foi alterada.

Por causa da pandemia, os pesquisadores decidiram investigar possíveis efeitos da irisina em genes relacionados à replicação do SARS-CoV-2. A partir do cruzamento de dados, eles descobriram que o tratamento com a irisina em células adiposas diminuiu a expressão dos genes TLR3HAT1HDAC2KDM5BSIRT1RAB1AFURIN e ADAM10, reguladores do gene ACE2 – fundamental para a replicação do vírus em células humanas. O ACE2 codifica a proteína a que o vírus precisa se ligar para invadir células humanas.

Outro aspecto positivo encontrado no estudo foi a irisina ter triplicado os níveis de transcrição do gene TRIB3. Estudo anterior demonstrou a importância da manutenção da expressão de TRIB3. Em indivíduos idosos é comum ocorrer a diminuição da expressão desse gene, o que pode estar relacionado à maior replicação do SARS-CoV-2 e ao risco aumentado dessa população à COVID-19.

“Um terceiro aspecto importante está no achado de outros grupos de pesquisa sobre o tecido adiposo aparentemente servir como repositório do vírus. Isso ajuda a entender por que indivíduos obesos têm maior risco de desenvolver a forma grave da COVID-19. Fora isso, indivíduos obesos tendem a ter níveis menores de irisina, assim como maiores quantidades da molécula receptora do vírus [ACE2], quando comparados a indivíduos não obesos”, afirma (leia mais em: agencia.fapesp.br/33612/).

A irisina, normalmente produzida de modo endógeno durante o exercício físico contínuo, é conhecida pela função de modificação metabólica do tecido adiposo branco – que armazena triglicerídeos, lipídios, acumula gordura e pode vir a ser inflamado –, tendo função similar ao tecido adiposo marrom. Esse processo favorece o gasto energético, o que torna a irisina um agente endógeno terapêutico para doenças metabólicas, como a obesidade.

É também conhecida a capacidade moduladora do hormônio na atividade dos macrófagos (células de defesa do sistema imune), o que confere potencial propriedade anti-inflamatória.

Gerenciamento de dados

O estudo de Oliveira é um exemplo de como o gerenciamento de dados obtidos em pesquisas básicas pode semear outras descobertas e linhas de pesquisa.

“Fizemos inicialmente uma análise comparativa entre a ação da irisina e dos hormônios tireoidianos na diminuição de acúmulo lipídico e na modulação de genes nas células adiposas. O estudo gerou um volume grande de dados e, conforme veio a pandemia e outros grupos de pesquisa iam descobrindo os genes associados à replicação do SARS-CoV-2, decidimos investigar no nosso banco de dados como a irisina [e os hormônios tireoidianos] poderia influenciar a doença”, relata à Agência FAPESP.

A investigação original do grupo de pesquisadores buscou descobrir de que forma esses hormônios desempenham o papel termogênico na diminuição do tecido adiposo e geração de energia nos adipócitos. “Para isso, fizemos o transcriptoma e identificamos que genes seriam afetados na presença desses hormônios. Dados que serviram de base para o estudo sobre COVID-19”, diz.

Com o estudo, Oliveira identificou que a irisina não só diminui o acúmulo lipídico como aumenta a expressão da proteína desacopladora 1 (UCP1), associada a maior gasto calórico. O aumento da expressão dessa proteína é compatível com a redução de dano de DNA e de estresse oxidativo.

Com a maior compreensão do papel da irisina em fatores correspondentes à obesidade e também a sua possível relação com os casos de COVID-19, o grupo de pesquisadores vai analisar o efeito do hormônio em células infectadas com SARS-CoV-2. O trabalho, que também será coordenado pela professora da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu Célia Regina Nogueira de Camargo, é apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

“O objetivo é dar mais um passo nesse estudo e verificar em modelo tridimensional de cultura celular de adipócitos os resultados obtidos no nosso trabalho de bioinformática. Queremos entender como ocorre a modulação, por parte da irisina, nos genes relacionados à replicação do novo coronavírus”, diz.

O artigo Irisin modulates genes associated with severe coronavirus disease (COVID-19) outcome in human subcutaneous adipocytes cell culture (doi: 10.1016/j.mce.2020.110917), de Miriane de Oliveira, Maria Teresa De Sibio, Lucas Solla Mathias, Bruna Moretto Rodrigues, Marna Eliana Sakalem e Célia Regina Nogueira, pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0303720720302173 .

 



Maria Fernanda Ziegler

Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/hormonio-do-exercicio-pode-modular-genes-relacionados-a-replicacao-do-novo-coronavirus-sugere-estudo/33847/

 

Os males provocados pelo açúcar

 Dentre as doenças acarretadas pelo consumo exagerado de açúcar, o médico, diretor-presidente da Associação Brasileira LowCarb (ABLC), José Carlos Souto, destaca o diabetes tipo 2 e a síndrome metabólica


Com o objetivo de combater e tratar as doenças relacionadas à má alimentação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de até 18,2 kg de açúcar por pessoa ao ano, o equivalente a 12 colheres ou 50 gramas do produto por dia. O brasileiro, no entanto, está bem longe de atingir esta meta. Segundo o Ministério da Saúde, a média de consumo anual de quem habita o país é de 30 Kg, ou seja, cerca de 80 g ou 18 colheres de açúcar por dia. São números bem acima dos estipulados, o que vem gerando muita preocupação, haja vista o potencial nocivo do açúcar.

Formado por glicose e frutose, a sacarose, também conhecida como açúcar de mesa, acarreta diversos efeitos tóxicos à saúde humana. Conforme o médico, diretor-presidente da Associação Brasileira LowCarb (ABLC), José Carlos Souto, eles começam pela boca, sendo a principal causa de cáries e doença gengival. Outra doença que está intimamente relacionada ao consumo do açúcar é o diabetes tipo 2 ou diabetes mellitus. De acordo com Souto, mesmo ingerindo a quantidade igual de calorias, – de açúcar ou de outros alimentos - a chance de o indivíduo desenvolver diabetes é dez vezes maior por causa do açúcar.

Mais um mal que vem atrelado à ingestão de açúcar é a síndrome metabólica. De acordo com o diretor-presidente da ABLC, a substância contribui para o desenvolvimento dessa doença por meio de dois mecanismos principais:

1 – O primeiro está relacionado ao ganho de peso. Souto explica que tanto a glicose quanto a frutose são carboidratos. Sendo assim interferem no uso da gordura como fonte de energia. “Quando o corpo emprega carboidratos para produzir energia, ele para de utilizar a gordura e começa a armazená-la”, justifica. Quanto mais açúcar ingerido mais gordura é estocada, gerando o aumento de peso e até a obesidade e por consequência a síndrome metabólica.

Conforme o diretor-presidente da ABLC, uma das razões que levam as pessoas a consumirem açúcar em grande quantidade reside no sabor agradável e viciante. Neste ponto, a culpa pode recair na frutose, que apresenta um sabor mais adocicado que a glicose. “Não há dúvidas de que o sabor doce de um alimento é que desencadeia a reação de prazer, a liberação de dopamina no cérebro, fazendo com que tanto seres humanos quanto animais busquem consumir mais daquele produto”, afirma.

2 – O segundo mecanismo está associado ao efeito específico que o excesso de frutose exerce sobre o fígado. Ele gera acúmulo de gordura no órgão, – esteatose hepática não alcóolica – que, por sua vez, leva à síndrome metabólica.

Souto explica que diferentemente da glicose, que é metabolizada em todo o organismo, a frutose é processada somente no fígado. Dessa forma, quando consumida em demasia a frutose gera o acúmulo de gordura no órgão, obtendo como resposta o aumento da produção da insulina, o que torna o fígado mais resistente ao hormônio. A maior resistência, por sua vez, eleva ainda mais os níveis da insulina no sangue, tendo como consequência a síndrome metabólica.

Tanto a sacarose ou açúcar de mesa (glicose + frutose) quanto alimentos que contêm apenas glicose, como o amido, são carboidratos, cujo consumo em excesso pode dificultar a perda de gordura e facilitar o ganho de peso. Contudo, no que diz respeito à esteatose hepática não alcóolica e à gordura no fígado, a sacarose se mostra mais deletéria à saúde humana. Segundo o diretor-presidente da ABLC, estudo recente realizado em adolescentes com síndrome metabólica corrobora esta afirmação. Nessa análise, ao manter as calorias e a quantidade total de carboidratos iguais na dieta dos jovens, mas substituindo a sacarose por glicose, na forma de amido, os pesquisadores detectaram uma melhora significativa na esteatose e de alguns outros marcadores de síndrome metabólica.

A respeito da quantidade que pode ser ingerida de açúcar, em média, Souto enfatiza que se trata de uma toxina, tal como o álcool e, assim, a dose importa. “O ideal é que não houvesse nenhum açúcar adicionado aos produtos alimentícios, de uma forma geral, e que todo o açúcar ingerido fosse aquele naturalmente encontrado nos alimentos”, afirma. Em alguns casos, mesmo o açúcar existente de forma natural na comida deve ser minimizado; “Uma pessoa saudável não tem problema em comer uma banana, mas para um diabético, essa mesma fruta produzirá um pico substancial na glicose sanguínea”, diz.

O açúcar já foi detectado como um vilão para a saúde. E muitas pessoas vêm buscando consumir alimentos com menor quantidade dessa substância. A low carb, por exemplo, é uma prática alimentar que tem como uma de suas regras básicas evitar a ingestão de açúcar. Uma questão, porém, que dificulta o acesso dos consumidores a uma dieta mais saudável desse ponto de vista, encontra-se na falta de informação adequada.

De acordo com o diretor-presidente da ABLC, o fato de um alimento apresentar na embalagem os dizeres “sem adição de açúcar” não significa que ele não contenha a substância. “Um suco de uva integral, por exemplo, contém tanto açúcar quanto um caldo de cana. No entanto, o rótulo sugere ao consumidor que seja um alimento saudável por não ter açúcar adicionado”, explica. Souto enfatiza que para o pâncreas não faz nenhuma diferença se o açúcar foi adicionado posteriormente ou se veio da cana ou da fruta.

Além disso, argumenta o diretor-presidente da ABLC, alguns produtos rotulados como “diet” e “zero açúcar” podem não conter açúcar (sacarose), mas apresentam grande quantidade de carboidratos, na forma de amido (glicose), ou na forma de sua variante, a maltodextrina.

Nesse sentido a ABLC gostaria que houvesse uma revisão do conceito de “açúcares adicionados” na forma que se encontra atualmente na legislação brasileira, a fim de que os consumidores não adquirissem produtos tidos por eles como saudáveis, mas que, na realidade, apresentam grande quantidade de açúcares e carboidratos oriundos dos próprios ingredientes, ou seja, não “adicionados”.

 



Porta-vozes da ABLC:

Dr. José Carlos Souto - médico e diretor presidente da ABLC

Dr. Rodrigo Bomeny de Paulo – médico endocrinologista e diretor de Medicina na ABLC

Patrícia Gomides Ayres – nutricionista da ABLC


Pandemia exige contato direto entre médico e pacientes para controle e prevenção de complicações

 Diretor da Cochrane Brasil ressalta a necessidade um canal de atendimento a outras doenças que não a COVID-19 durante pandemia

Diretor da Cochrane Brasil ressalta a necessidade um canal de atendimento a outras doenças que não a COVID-19 durante pandemia

 

Enquanto a demanda por leitos hospitalares para COVID-19 cresce no país, outras doenças ficam em segundo plano. No Brasil, a procura por serviços na área de oncologia caiu em 70%. No caso do AVC, houve queda de mais de 60% dos atendimentos globais. Já os tratamentos para diabetes, muito frequente na população e causa de sérias complicações, foram, em grande parte, abandonados.

A pandemia resultou no isolamento e distanciamento social, com a suspensão de cirurgias eletivas para não sobrecarregar o sistema de saúde. No entanto, a assistência a doenças crônicas e àquelas que precisam de atendimento urgente mantiveram-se ativas, ainda que em modelos adaptados. O problema é que muitas pessoas se recusam a frequentar hospitais e centros de saúde com medo do novo coronavírus.

"Se você tem uma doença e não realiza ou interrompe o tratamento, ela pode progredir e causar complicações ainda maiores", alerta dr. Álvaro Atallah, nefrologista, clínico e diretor da Colaboração Cochrane do Brasil. Ele chama a atenção principalmente para pacientes com câncer, doenças cardíacas e diversas doenças crônicas. De acordo com o especialista, os exames preventivos, controles, tratamentos e atendimentos de urgência não podem ser deixados de lado por conta da COVID-19.

Por outro lado, dr. Atallah opina que não é só responsabilidade do paciente saber quando e se ele tem que ir ao hospital, ainda mais quando há certo temor em se contaminar. Para ele, é dever também dos centros médicos comunicar e manter contato com a população para garantir os atendimentos no tempo certo.

 

Canal direto entre médicos e pacientes

O médico aposta em uma relação mais integrada entre os serviços de saúde e a sociedade. "É preciso haver uma central que atenda as pessoas e distribua os casos para os ambulatórios específicos, como pré-natal, hipertensão arterial, doenças renais, oncologia, endocrinologia ou o que for mais adequado", pontua.

Uma linha de contato direta pode ajudar a tirar as dúvidas sem sobrecarregar os hospitais, mantendo a qualidade da assistência. Pacientes de câncer e doenças crônicas, por exemplo, são ainda mais vulneráveis à COVID-19 quando não recebem o tratamento necessário. No caso das urgências, correm risco de vida se não forem atendidos com rapidez. Já outras doenças, como gastrite ou hérnia simples, não precisam dessa pressa.

"Há que haver uma triagem por profissionais experientes da saúde para marcar consultas e retornos", afirma dr. Atallah. Rotas separadas também são uma opção: enquanto os pacientes suspeitos de COVID-19 são atendidos em determinada área do hospital, o restante da população circula em outra. "O medo de buscar ajuda pode resultar na perda da possibilidade de recuperação e no desenvolvimento de sequelas para o resto da vida, dependendo do caso", alerta.

 "É preciso que as pessoas não percam a prática das consultas, mesmo que a distância, por telefone, telemedicina ou redes sociais. O importante é que haja um contato fácil entre os pacientes e seus médicos ou profissionais de saúde. As consultas devem ser feitas com horário marcado em locais adequados e seguros. E é necessária pontualidade de ambas as partes, para se evitar aglomerações”, finaliza.


Cuidados com dentes podem evitar partos prematuros

 Pré-natal odontológico é pouco difundido, mas especialista do Órion Complex ressalta importância dos cuidados, que podem evitar até partos prematuros


Uma revisão de estudos das universidades Pedagógica e Tecnológica da Colômbia e Miguel Hernández de Elche, na Espanha, revelou que gestantes com periodontite (infecção que destrói a gengiva e até os ossos que dão suporte aos dentes) correm um risco duas vezes maior de passarem por um parto prematuro (com menos de 37 semanas de gravidez). Em 60% dos levantamentos, essa associação entre infecção periodontal e aumento da possibilidade de parto antes da hora foi confirmada.

O que muitas mulheres desconhecem é que, para evitar situações como esta, existe o pré-natal odontológico, no qual o profissional pode orientar a gestante sobre os cuidados com os dentes e toda a cavidade oral. Isso evita o surgimento de doenças e abre a possibilidade de tratar eventuais problemas já presentes. Além disso, durante a gravidez, há um aumento nos níveis dos hormônios progesterona e estrogênio, que provocam a dilatação dos vasos sanguíneos. Assim, ocorrem mais facilmente sangramentos na gengiva. 

Com 20 anos de profissão, o cirurgião-dentista André Ferreira, que possui um consultório no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, alerta que poucas mulheres sabem que esse cuidado durante a gestação é necessário. “Pela minha experiência, tanto na rede pública quanto privada, digo que não chega a 10% das mães que têm esse cuidado”, estima. Ele revela que a primeira consulta com o odontólogo deve ocorrer assim que a gravidez for descoberta. “É feita uma avaliação da saúde bucal da mulher e o resultado vai apontar quantas vezes ela precisará se consultar no período”, explica.

 

Consequência para o feto


O especialista ressalta que há questões específicas em gestantes, como a gengivite gravídica, e que, também, dependendo do problema bucal que a mãe apresenta, pode haver consequências para a saúde do feto, propagadas por meio da corrente sanguínea. “Doenças podem se tornar sistêmicas e podem causar danos ao bebê como baixo peso, infecções respiratórias e até o parto prematuro”. André conta ainda que também são passadas orientações quanto a higiene bucal do recém-nascido, que deve acontecer desde sempre e não apenas quando nascem os primeiros dentes.

“Muitas mães se surpreendem com todas as informações que passamos. Porque, por exemplo, após o nascimento a mulher deve continuar atenta com sua saúde bucal, pois ela pode passar alguma doença para o bebê através do beijo, do compartilhamento de talheres e até pela fala próxima”, destaca o cirurgião-dentista. Ele explica que odontopediatras costumam fazer o pré-natal odontológico, mas que clínicos gerais ou algum profissional que a paciente já tenha o hábito de ir também podem fazer o acompanhamento da gestante.

André Ferreira lembra que muitas grávidas evitam se consultar durante a gestação, pois existem vários mitos e medos, como de anestesias, mas nada deve impedir o acompanhamento. “Os profissionais devem ter alguns cuidados com as grávidas, pois entre o terceiro e o quarto mês não é recomendado fazer radiografias, a anestesia deve ser evitada em certos momentos, mas nada que atrapalhe o tratamento. Até porque, talvez ela esteja com uma boa saúde bucal e não precise de nada muito complexo. O importante é preservar a saúde de mãe e filho”, destaca.


Mitos e verdades sobre a candidíase de repetição

 A candidíase afeta, em média, 80% das mulheres em algum momento da fase reprodutiva


A candidíase é uma infecção causada pelo fungo Candida albicans, que se aloja comumente na área genital, provocando coceira, secreção e inflamação na região. Essa doença afeta, em média, 80% das mulheres em algum momento da fase reprodutiva. Entre essas, 5% desenvolvem a candidíase de repetição.

Segundo a Dra. Erica Mantelli, diante de tantas informações sobre a candidíase, em nosso dia a dia de consultório, muitas das nossas pacientes chegam cheias de dúvidas sobre o problema, afirma a médica.

Conheça os mitos e verdades mais comuns que dá para perceber.

O foco do tratamento da candidíase é acabar com o fungo da candida.

MITO. Os fungos do gênero candida são encontrados na flora vaginal e intestinal regularmente. A candidíase é resultado do desequilíbrio entre esses fungos, mas também pode envolver outros tipos de fungos.

Os fungos da espécie candida podem se aproveitar da disbiose intestinal e outros desequilíbrios do organismo para se proliferar de forma desproporcional. Assim, podem originar os sintomas adversos da candidíase, como corrimento, coceira e irritação.

A espécie Candida albican é o mais comum e, nos casos da candidíase de repetição, temos os fungos da espécie Candida glabratta. Outras espécies também podem gerar o mesmo efeito, portanto, o foco não é acabar com o fungo.

 

Para caracterizar candidíase de repetição, é preciso que volte pelo menos 4 vezes ao ano.

VERDADEO diagnóstico da candidíase deve ser realizado através de exame físico realizado pelo ginecologista. A candidíase, para ser considerada recorrente, costuma ter essa característica.

De acordo com os episódios de repetição e os sintomas, o tratamento pode ser prescrito com antifúngicos e com observação nas mudanças do estilo de vida.


A candidíase é sexualmente transmissível

MITO. Como vimos, esse é um problema com raízes em desordens orgânicas. É importante continuar se protegendo contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis – ISTs, principalmente porque a candidíase aumenta os riscos de inflamações causadas por essas doenças.

No entanto, as causas estão mais relacionadas ao estilo de vida e alimentação. Inclusive, pode estar relacionada com disbiose intestinal.

A candidíase deve ser recebida como um alerta para refletir sobre os hábitos e mudá-los para que outros problemas não encontrem terreno para se manifestar no organismo.

Para caracterizar candidíase de repetição, é preciso que volte pelo menos 4 vezes ao ano.


A higiene é um fator decisivo para a candidíase de repetição

VERDADE. O desequilíbrio dos fungos que habitam a flora vaginal também pode se dar por causas externas. O uso abusivo de produtos cosméticos cheios de químicos, ficar muito tempo com o biquíni molhado ou até sem trocar a própria calcinha podem acarretar em problemas como a candidíase. Pois contribui para o desequilíbrio.

 



Dra. Erica Mantelli - ginecologista, obstetra e especialista em saúde sexual - CRM-SP 124.315 | RQE 36685 - Graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, com Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Pós-graduada em disciplinas como Medicina Legal e Perícias Médicas pela Universidade de São Paulo (USP), e Sexologia/Sexualidade Humana. É formada também em Programação Neolinguística, por Mateusz Grzesiak (Elsever Institute).


Pandemia agrava problemas de visão

 

Lentes de contato e óculos com grau desatualizado, muitas horas online, envelhecimento e falta de acompanhamento são as causas. Entenda.

 

 

A maior causa de deficiência visual no mundo é a falta de óculos de grau. A informação é da OMS (Organização Mundial da Saúde). O levantamento demonstra que a prevalência dos problemas de visão varia entre os países. Por aqui, a falta de correção da presbiopia que dificulta enxergar de perto a partir dos 40 anos e dos erros de refração - miopia, hipermetropia e astigmatismo – respondem por 53% das deficiências visuais evitáveis. Superam, inclusive, a catarata, opacificação do cristalino, que no Brasil responde por 49% da perda reversível da visão, contra 35% nos países mais ricos.


Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, a pandemia de coronavírus piorou ainda mais a saúde ocular do brasileiro. Isso porque, os prontuários do hospital mostram que 53% dos brasileiros acreditam ser possível perceber qualquer alteração na visão logo no início. Não é bem assim. O médico afirma que a maioria das doenças passam despercebidas no início.  Por isso, para preservar a saúde dos olhos é necessário acompanhamento médico. A quarentena e o medo da Covid-19, comenta, fizeram muitas pessoas falharem na periodicidade das consultas oftalmológicas. Resultado: Na retomada das atividades do hospital, uma das queixas mais frequentes tem sido a dor de cabeça decorrente de lentes de contato e óculos com grau desatualizado.

 

Mais horas online

O oftalmologista afirma que outra causa da dor de cabeça é o aumento de horas em frente ao computador para realizar trabalhos home office. Isso porque, em frente às telas fazemos menos movimento com o globo ocular e diminuímos de 20 para seis ou sete vezes o número de piscadas. “Por isso, quem usa computador ou celular por mais de 2 horas tem cefaleia, olho seco e visão embaçada. Para reduzir o desconforto nos olhos as dicas são: diminuir o brilho e aumentar o contraste da tela, olhar para um ponto distante com frequência, piscar voluntariamente e manter a iluminação ambiente difusa.

 

Risco das lentes de contato

 “Muitas horas online entre pessoas que usam lente de contato, principalmente do tipo gelatinosa, provocam a quebra mais rápida do filme lacrimal”, salienta.  O risco é ainda maior no inverno porque a baixa umidade aumenta o ressecamento da lágrima e facilita a formação de depósitos na lente. Estes fatores, ressalta, podem provocar alterações na textura, coloração e transparência da lente por causa de sua maior fricção na superfície do olho.

Por isso, recomenda consultar um oftalmologista e interromper imediatamente o uso da lente quando os olhos apresentarem vermelhidão, sensação de corpo estranho e visão embaçada.  Em muitos casos, ressalta é necessário trocar a lente antes do vencimento. As dicas do especialista para  o uso seguro de lente de contato são: jamais dormir com lente, limpar e enxaguar a  lente e o estojo só com solução higienizadora, nunca enxaguar com água, trocar o estojo a cada quatro meses, respeitar o prazo de validade e  interromper o uso sempre que sentir algum desconforto.

 

Miopia em crianças

O especialista afirma que a dupla jornada online de crianças navegando um período para estudar e outro para brincar aumenta o risco de miopia. Isso porque até os 8 anos de idade o olho está em desenvolvimento e o excesso de esforço visual para enxergar as telas próximas contrai a musculatura ciliar dos olhos que perdem a capacidade de focalizar à distância. Isso ficou demostrado em um levantamento feito por Queiroz Neto com 360 crianças de 6 a 9 anos. É a miopia acomodativa, uma dificuldade temporária de enxergar à distância. O médico afirma que este tipo de miopia pode ser eliminado com mudança de hábitos, atividades ao ar livre que aumentam a produção de dopamina e controle do consumo de açúcar que interfere no crescimento do eixo óptico de crianças. O problema, comenta, é que a pandemia dificulta a prática de exercícios por crianças que vivem em apartamentos sem opção de espaços abertos. Ainda assim, um banho de sol na varanda do apartamento é melhor que permanecer o tempo todo em ambientes fechados olhando para uma tela.


Envelhecimento e doenças crônicas

Queiroz Neto afirma que o rápido envelhecimento da população brasileira vem acompanhado do aumento de casos de catarata que acumula pessoas na fila de espera do SUS por causa da diminuição das cirurgias eletivas durante a pandemia. O único tratamento para catarata, ressalta, é a cirurgia que consiste no implante de uma lente intraocular que substitui o cristalino opaco. Ele conta que recentemente recuperou a visão de uma paciente que tinha grande chance de ficar definitivamente cega por ter comorbidades. Na pandemia, ressalta, muitos portadores de doenças oculares crônicas que podem levar à perda irreversível da visão como o glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular falharam no acompanhamento dessas doenças.  Por isso após a pandemia os casos de cegueira definitiva podem aumentar no País, conclui.



Relatos de fraqueza e dor muscular em pacientes cardíacos podem ser sinal de intolerância a medicamento

Em caso de sensibilidade, pacientes devem buscar por orientação médica de imediato para possível diagnóstico e, se necessário, ajuste de medicação

 

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), quatro em cada dez brasileiros adultos tem níveis de colesterol elevado - representando aproximadamente 40% da população do país¹. Entretanto, por se tratar de uma doença silenciosa detectada por meio de exames laboratoriais, boa parte dos casos não são diagnosticados, portanto o tratamento necessário para o controle do colesterol "ruim" (LDL) não é realizado como deveria. Uma das opções mais comuns para o controle do LDL são os remédios à base de estatinas, principal classe farmacológica disponível para cuidado da dislipidemia. Entretanto, um efeito conhecido como intolerância às estatinas (IA) afeta cerca de 5% das pessoas que iniciam a medicação² e pode apresentar riscos ao quadro clínico do paciente.

Sensação de fraqueza, dores e câimbras nas extremidades do corpo são as principais queixas registradas pelos médicos que tratam pessoas com a condição³. "A IA, ou sensibilidade às estatinas, se manifesta como dor ou desconforto muscular frequentes de intensidade variável, podendo haver lesões como inflamação ou alteração estrutural e funcional das células musculares", explica Dr. Jairo Lins Borges, professor da disciplina de Cardiologia da UNIFESP. "A medicina ainda não sabe ao certo o que gera a intolerância às estatinas, mas quando o paciente apresenta esses sintomas diante do uso de pelo menos duas estatinas diferentes, podemos considerar o diagnóstico de IA".

Uma vez constatada a intolerância às estatinas, o médico responsável pelo caso deve tentar outra abordagem de tratamento. A ciência sugere que esses pacientes que apresentam sensibilidade a uma estatina mais antiga podem se adaptar melhor à algumas estatinas mais modernas. Contudo, no período de isolamento social, essa troca de medicação pode ser dificultada pelo receio de sair de casa e se contaminar com o novo coronavírus. Nessa situação, existe o perigo de o paciente interromper o tratamento por conta própria, de forma inadequada e sem supervisão médica, correndo o risco de só perceber as consequências com a ocorrência de um evento cardiovascular grave, como o infarto do miocárdio ou AVC.

Portanto, é de extrema importância que o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como a dislipidemia (colesterol alto), seja mantido e orientado pelo médico, principalmente em um momento de isolamento social. "Como médico, entendo que é nosso papel conscientizar o paciente sobre os riscos das doenças cardiovasculares e explicar os cuidados com possíveis reações adversas do tratamento. Devemos estar disponíveis para o diálogo e incentivar a troca de informações cada vez mais", finaliza Dr. Jairo Borges.

 

 

Libbs Farmacêutica

 

 

Referências Bibliográficas:

1. Martinez TLR, et al. Campanha Nacional de alerta sobre o colesterol elevado. Determinação do nível de colesterol de 81.262 brasileiros. Arq Bras Cardiol. 2003; 80 (6): 631-4
2. Toth PP, Patti AM, Giglio RV, Nikolic D, Castellino G, Rizzo M, Banach M. Management of Statin Intolerance in 2018: Still More Questions Than Answers. Am J Cardiovasc Drugs. 2018; 18(3): 157-173.
3. Di Stasi SL, MacLeod TD, Winters JD, Binder-Macleod SA. Effects of statins on skeletal muscle: a perspective for physical therapists. Phys Ther. 2010;90:1530-42.


Diabetes e covid19: endócrinos lembram os cuidados na hora de aplicar a insulina

O controle adequado do diabetes é essencial para evitar a gravidade da covid-19

 

Pacientes, seus familiares e cuidadores precisam estar em alerta na hora de aplicar insulina e manusear os insumos, conforme alertam os especialistas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).

Entre os cuidados principais, estão:

- Usar a máscara ao sair de casa;

- Higienização das mãos: a lavagem das mãos é essencial no manuseio dos insumos para controle do diabetes;

- Carregue sempre o álcool gel na bolsa ao sair de casa;

- Higienize muito bem com álcool 70% (em gel ou líquido) o medidor da glicemia (glicosímetro). Ao medir a glicemia fora de casa, sempre há contato com alguma superfície não higienizada, portanto, redobre os cuidados;

- Após fazer o teste da glicemia, higienize novamente o glicosímetro;

- Seringas, canetas, frascos e bombas de insulina devem ser sempre higienizados com álcool 70% antes e depois do manuseio;

- Mantenha seu controle glicêmico em dia, isso é essencial;

- Nunca abandone o tratamento!

- Não deixe de sair de casa para buscar os insumos: peça para alguém ir no seu lugar ou, caso não seja possível, redobre os cuidados ao sair da rua;

O controle adequado do diabetes nesse momento é essencial para que, em caso de contaminação pelo novo coronavírus, os riscos de gravidade sejam minimizados.

 



SBEM-SP - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo

 

Posts mais acessados