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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Relatos de fraqueza e dor muscular em pacientes cardíacos podem ser sinal de intolerância a medicamento

Em caso de sensibilidade, pacientes devem buscar por orientação médica de imediato para possível diagnóstico e, se necessário, ajuste de medicação

 

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), quatro em cada dez brasileiros adultos tem níveis de colesterol elevado - representando aproximadamente 40% da população do país¹. Entretanto, por se tratar de uma doença silenciosa detectada por meio de exames laboratoriais, boa parte dos casos não são diagnosticados, portanto o tratamento necessário para o controle do colesterol "ruim" (LDL) não é realizado como deveria. Uma das opções mais comuns para o controle do LDL são os remédios à base de estatinas, principal classe farmacológica disponível para cuidado da dislipidemia. Entretanto, um efeito conhecido como intolerância às estatinas (IA) afeta cerca de 5% das pessoas que iniciam a medicação² e pode apresentar riscos ao quadro clínico do paciente.

Sensação de fraqueza, dores e câimbras nas extremidades do corpo são as principais queixas registradas pelos médicos que tratam pessoas com a condição³. "A IA, ou sensibilidade às estatinas, se manifesta como dor ou desconforto muscular frequentes de intensidade variável, podendo haver lesões como inflamação ou alteração estrutural e funcional das células musculares", explica Dr. Jairo Lins Borges, professor da disciplina de Cardiologia da UNIFESP. "A medicina ainda não sabe ao certo o que gera a intolerância às estatinas, mas quando o paciente apresenta esses sintomas diante do uso de pelo menos duas estatinas diferentes, podemos considerar o diagnóstico de IA".

Uma vez constatada a intolerância às estatinas, o médico responsável pelo caso deve tentar outra abordagem de tratamento. A ciência sugere que esses pacientes que apresentam sensibilidade a uma estatina mais antiga podem se adaptar melhor à algumas estatinas mais modernas. Contudo, no período de isolamento social, essa troca de medicação pode ser dificultada pelo receio de sair de casa e se contaminar com o novo coronavírus. Nessa situação, existe o perigo de o paciente interromper o tratamento por conta própria, de forma inadequada e sem supervisão médica, correndo o risco de só perceber as consequências com a ocorrência de um evento cardiovascular grave, como o infarto do miocárdio ou AVC.

Portanto, é de extrema importância que o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como a dislipidemia (colesterol alto), seja mantido e orientado pelo médico, principalmente em um momento de isolamento social. "Como médico, entendo que é nosso papel conscientizar o paciente sobre os riscos das doenças cardiovasculares e explicar os cuidados com possíveis reações adversas do tratamento. Devemos estar disponíveis para o diálogo e incentivar a troca de informações cada vez mais", finaliza Dr. Jairo Borges.

 

 

Libbs Farmacêutica

 

 

Referências Bibliográficas:

1. Martinez TLR, et al. Campanha Nacional de alerta sobre o colesterol elevado. Determinação do nível de colesterol de 81.262 brasileiros. Arq Bras Cardiol. 2003; 80 (6): 631-4
2. Toth PP, Patti AM, Giglio RV, Nikolic D, Castellino G, Rizzo M, Banach M. Management of Statin Intolerance in 2018: Still More Questions Than Answers. Am J Cardiovasc Drugs. 2018; 18(3): 157-173.
3. Di Stasi SL, MacLeod TD, Winters JD, Binder-Macleod SA. Effects of statins on skeletal muscle: a perspective for physical therapists. Phys Ther. 2010;90:1530-42.


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