Em caso de sensibilidade, pacientes devem buscar por orientação médica de imediato para possível diagnóstico e, se necessário, ajuste de medicação
Segundo a Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC), quatro em cada dez brasileiros adultos tem
níveis de colesterol elevado - representando aproximadamente 40% da população
do país¹. Entretanto, por se tratar de uma doença silenciosa detectada por meio
de exames laboratoriais, boa parte dos casos não são diagnosticados, portanto o
tratamento necessário para o controle do colesterol "ruim" (LDL) não
é realizado como deveria. Uma das opções mais comuns para o controle do LDL são
os remédios à base de estatinas, principal classe farmacológica disponível para
cuidado da dislipidemia. Entretanto, um efeito conhecido como intolerância às
estatinas (IA) afeta cerca de 5% das pessoas que iniciam a medicação² e pode
apresentar riscos ao quadro clínico do paciente.
Sensação de fraqueza,
dores e câimbras nas extremidades do corpo são as principais queixas
registradas pelos médicos que tratam pessoas com a condição³. "A IA, ou
sensibilidade às estatinas, se manifesta como dor ou desconforto muscular
frequentes de intensidade variável, podendo haver lesões como inflamação ou
alteração estrutural e funcional das células musculares", explica Dr.
Jairo Lins Borges, professor da disciplina de Cardiologia da UNIFESP. "A
medicina ainda não sabe ao certo o que gera a intolerância às estatinas, mas
quando o paciente apresenta esses sintomas diante do uso de pelo menos duas
estatinas diferentes, podemos considerar o diagnóstico de IA".
Uma vez constatada a
intolerância às estatinas, o médico responsável pelo caso deve tentar outra
abordagem de tratamento. A ciência sugere que esses pacientes que apresentam
sensibilidade a uma estatina mais antiga podem se adaptar melhor à algumas
estatinas mais modernas. Contudo, no período de isolamento social, essa troca
de medicação pode ser dificultada pelo receio de sair de casa e se contaminar
com o novo coronavírus. Nessa situação, existe o perigo de o paciente
interromper o tratamento por conta própria, de forma inadequada e sem
supervisão médica, correndo o risco de só perceber as consequências com a
ocorrência de um evento cardiovascular grave, como o infarto do miocárdio ou
AVC.
Portanto, é de extrema
importância que o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como a
dislipidemia (colesterol alto), seja mantido e orientado pelo médico,
principalmente em um momento de isolamento social. "Como médico, entendo
que é nosso papel conscientizar o paciente sobre os riscos das doenças
cardiovasculares e explicar os cuidados com possíveis reações adversas do
tratamento. Devemos estar disponíveis para o diálogo e incentivar a troca de
informações cada vez mais", finaliza Dr. Jairo Borges.
Libbs Farmacêutica
Referências Bibliográficas:
1. Martinez TLR, et al. Campanha Nacional de alerta sobre o
colesterol elevado. Determinação do nível de colesterol de 81.262 brasileiros.
Arq Bras Cardiol. 2003; 80 (6): 631-4
2. Toth PP, Patti AM, Giglio RV, Nikolic D, Castellino G, Rizzo M, Banach M.
Management of Statin Intolerance in 2018: Still More Questions Than Answers. Am
J Cardiovasc Drugs. 2018; 18(3): 157-173.
3. Di Stasi SL, MacLeod TD, Winters JD, Binder-Macleod SA. Effects of statins
on skeletal muscle: a perspective for physical therapists. Phys Ther.
2010;90:1530-42.
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