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quarta-feira, 3 de junho de 2020

Os novos hábitos de consumo durante e pós-covid-19


Pesquisa mostra que 60% da população brasileira tem procurado fazer mudanças no estilo de vida para reduzir o impacto no meio ambiente


O estudo “Novos hábitos digitais em tempos de covid-19”, realizado com mil pessoas, pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), mostrou que os brasileiros aumentaram suas compras on-line e devem continuar com esses costumes de aquisição no pós-pandemia. De acordo com os dados divulgados, 61% dos clientes que compram por meio digitais, fazem isso por causa do isolamento social. Segundo a mesma fonte, 79% do consumo tem em vista alimentos e bebidas.

A indústria varejista tem crescido muito nos últimos tempos e a crise causada pelo novo Coronavírus tem fortalecido isso. A pesquisa feita pela SBVC afirma que o consumidor brasileiro está mudando o comportamento de consumo e essa pandemia tem feito as pessoas quererem comprar mais por sites e aplicativos. Aliás, 70% dos entrevistados disseram que pretendem continuar adquirindo produtos on-line depois que essa situação passar. Mas será que isso tem sido de forma consciente a ponto de as pessoas mudarem suas rotinas e desejarem um mundo mais sustentável a partir de agora?

Para o especialista em sustentabilidade, professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS), Marcus Nakagawa, esse período tem servido para a população rever seus hábitos, principalmente, no que diz respeito ao consumo sustentável. “Acredito que isso já está acontecendo. As pessoas estão ampliando um pouco mais a percepção dos seus gastos e da relação com os resíduos. A realização de compras passou a ser mais responsável, visto que, agora é um momento de crise, de economizar para o que está por vir. Além disso, todos estão vendo o quanto de lixo “jogam fora” e o quanto adquirem coisas que talvez nem precisam”, explica Nakagawa.

De acordo com um estudo da McKinsey & Company cerca de 60% da população brasileira está fazendo mudanças no estilo de vida para reduzir o impacto no meio ambiente como a prática diária relacionada à realização de compras mais responsáveis, com a devida compreensão dos impactos ambientais e sociais. Não só as pessoas, mas as empresas também estão querendo incorporar a sustentabilidade dentro da proposta de valor de seus negócios, segundo a mesma pesquisa McKinsey. Isso porque os indivíduos estão cada vez mais engajados sobre os propósitos das marcas e querem se identificar com ações que visem o meio ambiente e sociedade como um todo.

Nesse sentido, o especialista Marcus Nakagawa também acredita que, para alcançarmos esses novos hábitos, é preciso investir em itens que envolvam menos recursos naturais em sua produção e que facilitem o reaproveitamento e a reciclagem. Sem esquecer-se de optar por elementos que tenham uma “vida mais longa”, como no caso das empresas que têm se dedicado a produzir máscaras reutilizáveis nessa época de pandemia. “Essas são apenas algumas ações para quem deseja entrar nessa jornada mais sustentável durante e pós-covid-19”, conclui Nakagawa.






Marcus Nakagawa - professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo e Marketing para Ambientes Disruptivos. www.marcusnakagawa.com, www.blogmarcusnakagawa.com

Covid-19 pode garantir vaga na universidade

foto: Curso Positivo

O impacto da pandemia na vida dos estudantes não ficará restrito à suspensão de aulas presenciais e alterações no cronograma do Enem e de muitos concursos vestibulares Brasil afora. A Covid-19 e seus desdobramentos serão tratados em diversas questões de provas e concursos por muito tempo e professores das mais diferentes disciplinas já estão trabalhando on-line os conteúdos correlacionados com o atual momento.




Especialmente para quem vai prestar vestibular, os professores do Curso Positivo Luiz Fernando Giacchero (Química), Filipe Ferrari (Filosofia e Sociologia), Alexandre Detzel (Geografia) e Diego Venantte (Biologia) sugerem uma forma de se preparar para os diferentes tipos de questões: traçando uma linha do tempo da História e, de forma interdisciplinar, estudar diferentes desafios enfrentados pela humanidade. Da redação às disciplinas das Ciências da Natureza e Ciências Humanas, os professores apontam alguns caminhos para os vestibulandos.


Alterações no modo de vida, valorização da Ciência e preconceito permeando os temas das redações

Na visão dos quatro professores, o modo de vida da humanidade foi revisto em cada crise - e essa não será diferente, o que pode render bons temas de redação. “O modo de vida que tivemos até agora foi o que potencializou a disseminação do novo coronavírus, tal qual o modo de vida de 1970/80 potencializou o HIV”, defende Venantte. “Hoje achamos normal chegar ao mercado ou farmácia e encontrar a comercialização de camisinhas, mas nem sempre foi assim”, exemplifica Detzel. Essa mudança de comportamento, bem como a capacidade do homem em superar crises e também o legado tecnológico podem render diversas abordagens para a elaboração das redações. “Hoje, estamos desenvolvendo novas técnicas e novos métodos forçados por conta de uma pandemia”, destaca Giacchero. “Sempre chamou a minha atenção como professor de Química o poder do ser humano de mudar o mundo pelo processo de fissão nuclear”, exemplifica.

Segundo os especialistas, a valorização da Ciência também pode inspirar diversas argumentações. “Enquanto as informações das Ciências Biológicas atreladas às Ciências Humanas não forem utilizadas, muitas estratégias serão em vão ou pouco servirão para conter uma pandemia ou epidemia. Exemplo disso foi a medida de fechar rodoviárias e aeroportos depois do Carnaval, quando o vírus já estava circulando por aqui”, lembrou Venantte.

Outro tema que pode ser cobrado é a correlação entre doenças e a onda de preconceitos que deriva da desinformação. Os educadores lembraram que, da mesma forma que o HIV foi classificado como a "praga gay" em um primeiro momento de completa falta de conhecimento sobre a transmissão, a Covid-19 também trouxe uma onda de preconceitos contra chineses, motivada pela necessidade de rotular e buscar culpados.


Ciências Humanas: de olho na intervenção do Estado, planos de recuperação e transformações econômicas

A intervenção do Estado, mesmo em países liberais como os Estados Unidos, pode gerar diversas questões de História, Geografia, Filosofia e Sociologia nas provas. Para o professor Ferrari, os alunos devem estabelecer comparações entre as crises de 1929, 2008 e a atual porque podem surgir questões nesse sentido. "As fraudes nos investimentos da Bolsa de Nova Iorque culminaram na Grande Depressão ou Crise de 1929. De 1921 até 1929, a bolsa norte-americana cresceu 500%. Em oito anos, a bolsa teve um crescimento maior do que a economia e as empresas dos Estados Unidos, isso indica uma bolha financeira”, explicou.

Tal situação desembocou na 2ª Guerra Mundial. “A intervenção do Estado na economia foi importante, tanto com o New Deal (programas de recuperação da economia norte-americana de 1933 a 1937) quanto na Crise de 2008 e nos dias atuais”, contextualizou o professor de Sociologia e Filosofia. “Após a chamada coronacrise, se fará necessário um novo pacto social, pois o Estado tem que cuidar das pessoas quando elas estão em situação de fragilidade. Só que para o Estado ajudar precisa ter dinheiro”, alerta.

Alguns exemplos de novos pactos sociais oriundos dessas crises foi o processo de industrialização no Brasil com a Crise de 1929, quando os EUA deixaram de comprar o café brasileiro, e a precarização/uberização do trabalho com a crise de 2008. Segundo o professor de Geografia, o processo de industrialização, aliado a urbanização rápida e sem planejamento promoveu a favelização no Brasil e a crise da Covid tende a agravar isso e os riscos sanitários e ambientais. “Muitas doenças são transmitidas pela água e há de se levar em consideração que a maior parte das favelas são desorganizadas (classificadas pelo IBGE como “aglomerados subnormais”), aponta Detzel.

Outro ponto a ser observado na reformulação dos pactos sociais das grandes crises é o aumento da regulação das bolsas. “Os EUA passaram a ter maior regulação e controle das bolsas. Se em 2008 também colocou em xeque o controle, imagine em 1929”, ressalta. Ainda sobre a intervenção do Estado, Ferrari esclareceu que, para ocorrer um Plano Marshall no Brasil, outro país precisaria investir aqui. “Aí seria um novo Plano Marshall no Brasil, por isso que essa ideia já sumiu. Mas um novo New Deal virá”, aposta. O referido Plano Marshall foi o programa dos EUA para a recuperação da Europa após a 2ª Guerra Mundial.


Ciências da Natureza: pandemia x epidemia global e as razões da diferenciação do status entre Covid-19 e HIV

Tanto as provas de Biologia, quanto Geografia e até a redação devem testar a compreensão dos vestibulandos sobre as razões da diferenciação entre pandemia e epidemia global para o novo coronavírus e o HIV. Isso porque o número de mortos pela Aids no mundo é muito mais elevado. Entre 1981 e 2018, cerca de 32 milhões pessoas morreram, sendo que 750 mil mortes foram em 2018, mesmo assim a OMS classifica a doença como epidemia global e a Covid-19 como pandemia.

Venantte esclarece que o status depende do grau de transmissibilidade do vírus e das variações do número de casos em diferentes regiões, em determinado intervalo de tempo. Segundo ele, o HIV foi tratado como pandemia anteriormente porque a disseminação se dava entre continentes, de forma global. “Hoje, o fluxo não é global, não há uma ampla disseminação do HIV do Brasil para outro país, porque surgiram vários subtipos e, em relação a outros vírus, a transmissibilidade baixou. A alteração da OMS no status é para que os diferentes continentes adotem diferentes medidas, ao contrário do que ocorre em caso de pandemia”, ensina.

O professor alerta que a OMS já sinalizou para o risco da Covid-19 permanecer por anos e virar uma epidemia global. A razão disso está relacionada com outro conteúdo da Biologia, a reprodução celular. “A Covid é um RNA vírus e, ao se multiplicar na célula, não há um reparo das moléculas erradas - e então surgem moléculas alteradas, que dão origem a novas linhagens, daí o risco da Covid-19 virar uma epidemia global, assim como a Aids. O importante é juntar as Ciências para que possam trazer soluções e evitar que as novas linhagens tragam a situação em que vivemos hoje”, defende.


Química

Do ponto de vista da Química, simples medidas como água e sabão e o hábito de lavar as mãos poderiam ter salvado milhões de vida ao longo das diferentes crises sanitárias enfrentadas pela humanidade. Segundo o professor Giacchero, tanto a Gripe Espanhola, que tem conexão com toda a sujeira do ambiente da 1ª Guerra Mundial, quanto a Covid-19 encontram no uso do sabão um dos principais instrumentos de prevenção. Para as questões de prova, o professor sugere dedicar atenção a dois produtos de higiene por conta de estarem inseridos no contexto de grandes crises: “a água oxigenada, a molécula simples do H2O2, foi fundamental para evitar infecções na 1ª Guerra. Já o sabão atua sobre o revestimento, o envelope viral, que destrói o vírus por meio de um hábito simples”, afirma Giacchero. 


As crises e o meio ambiente

Em relação à Crise de 1929, não se pode deixar de lado a associação à Biologia. A quebra dos EUA levou a uma séria questão de saúde, com o aumento nos casos de depressão e suicídio. Além disso, as condições de vida se tornaram miseráveis para algumas famílias de diferentes estados norte-americanos. Nessa nova configuração socioeconômica, ficou estabelecido um quadro favorável à disseminação de doenças, de bactérias e vírus, por conta de problemas sanitários relacionados à falta de água tratada e saneamento básico.

Paralelamente, o Brasil também foi afetado com a queda nas exportações de café, causando um prejuízo enorme para a economia brasileira e o consequente aumento da industrialização, como solução para a crise. “Isso acarretou, no longo prazo, em um prejuízo direto a determinados biomas, além do avanço para regiões onde não existiam indústrias, o que contribuiu para um grande prejuízo ambiental”, afirma Venantte, que provoca os estudantes a pensar nas consequências da Covid-19 para o meio ambiente.


Lives

Um exemplo dessa metodologia de aprendizagem envolvendo diferentes conteúdos em torno de um mesmo tema pode ser conferido na live “Como a humanidade superou as principais crises da história”, disponível no Canal do YouTube do Curso Positivo. A live reuniu os quatro professores que correlacionaram 1ª e 2ª Guerras Mundiais, Crise de 1929, HIV e Crise de 2008 com todos os aspectos econômicos, sociais, sanitários e ambientais envolvendo a pandemia da Covid-19. O canal traz ainda outros temas que os professores do Curso Positivo apostam que devem aparecer nas provas do Enem e dos vestibulares: inteligência artificial, cultura do cancelamento, democracia, entre outros.

EDUCAÇÃO & PROVAS NA QUARENTENA


 Como os educadores podem aplicar provas e conduzir avaliações no contexto de ensino online?


Um levantamento do Instituto Península – Sentimentos e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil, conduzido em março de 2020 com profissionais de escolas públicas e particulares – aponta que mais de 48 milhões de alunos da rede básica brasileira tiveram as rotinas alteradas durante a pandemia; são mais de 2,2 milhões de docentes no país que estão enfrentando o inédito cotidiano das aulas online no período de distanciamento social. Entre os entrevistados, oito em cada 10 educadores não se sentem preparados para ensinar a distância; eles se declaram ansiosos e despreparados para o contexto de trabalho atual. Diante desse enorme desafio, um outro fator de estresse e insegurança – tanto para docentes, quanto para os pais e responsáveis – é pensar em como será possível aplicar provas e avaliar os estudantes nessa modalidade de educação.

Esse tema é bastante relevante, sobretudo porque ainda não sabemos com certeza quanto tempo vai durar essa situação do distanciamento das salas de aula. Trabalhando com avaliação há mais de 15 anos e incorporando a defesa da potencialidade da tecnologia – quando aplicada com intencionalidade pedagógica –, posso afirmar que o ensino remoto não é um impeditivo para que o docente realize suas avaliações. Pelo contrário, a necessidade imposta de se manter aulas online têm demandado dos educadores a criação de novas formas de avaliação e pode ser uma oportunidade de transformação das formas avaliativas em sala de aula. Não estou falando da perspectiva convencional baseada em examinar o processo final de ensino-aprendizagem por meio de uma prova, mas de uma prática avaliativa que ocorre durante o processo, ou seja, em diferentes etapas e com propósitos distintos. Nesse contexto, as evidências de aprendizagem coletadas durante as dinâmicas educacionais permitem aos professores tornar visível o real aprendizado – são dados coletados que direcionam as decisões pedagógicas e facilitam esse processo de avaliação, mesmo a distância.

Dentro dessa lógica, para garantir que o processo avaliativo ocorra de forma integral é importante que sejam avaliados três elementos do processo de aprendizagem: participação (engajamento e colaboração), desenvolvimento (acompanhamento da evolução da aprendizagem: a avaliação formativa) e resultado. Esse conjunto resolve uma equação que possibilita uma avaliação mais integral e construtiva.

Mas, como avaliar a participação do estudante a distância? Essa tarefa se refere à possibilidade de o educador de observar comportamentos e atitudes que os estudantes demonstram durante todo o percurso da aprendizagem. Essa análise é realmente importante, pois transmite ao aluno a noção do quão valorizado é o engajamento dele – revelado por uma atitude aberta à mentalidade do crescimento (em substituição a uma mentalidade mais fixa) e de aprendizado contínuo. Essa assimilação é essencial porque substitui a concepção negativa de que avaliar é somente comprovar o domínio do conteúdo ao final do processo.

Com esse olhar mais amplo e valorizando a jornada, mostramos a coerência dos projetos pedagógicos que buscam desenvolver habilidades como empatia e colaboração. Na análise, itens como a entrega de atividades no prazo estipulado; presença e interações nos momentos síncronos; interação nos encontros virtuais; e colaboração com membros da turma são indicadores a serem utilizados pelos professores. Investir nessa forma de pensar é ter um ciclo mais completo do impacto da educação. Um ponto importante é que esse processo seja claramente apresentado ao aluno. Todo processo avaliativo precisa ser transparente, inclusive para fortalecer a autonomia e as escolhas dos alunos. Muitas escolas utilizam a rubrica como suporte para a avaliação da participação, é realmente um bom instrumento.

Para medir o desenvolvimento da aprendizagem – o segundo tópico –, o professor precisa estar atento às devolutivas claras dos alunos que possam gerar as evidências do domínio de assuntos e do desenvolvimento de habilidades, ou seja, foco no progresso do estudante. Essa forma possibilita uma análise da evolução da aprendizagem em diferentes momentos e por múltiplas estratégias do docente, direcionando cada ação. Mostra para o estudante o quanto o processo é importante para o resultado final. Nessa seara, uma maneira eficiente de avaliar é analisar o desempenho da turma nas atividades; os resultados individuais de estudantes em atividades; além disso, é importante conceber que as evidências estão no dia a dia em todas as interações que realizamos com os estudantes, em uma discussão realizada em sala de aula ou numa reflexão ao final de um capítulo. Um bom instrumento que permite um registro contínuo do desenvolvimento é os portfólios.

A função aqui é gerar para o professor (mediador e tutor do conhecimento) evidências da assimilação da evolução – o pensamento do estudante fica visível para o professor. Quanto mais o docente registra essas evidências, melhor será a sua tomada de decisão e sua ação pedagógica. Assim, quando a escola consegue se apropriar e ter o domínio dessas informações, o processo de ensino-aprendizagem se torna mais eficiente. Além disso, prover essa mesma visibilidade para as famílias dará segurança de que o processo de aprendizagem está preservado, mesmo diante de um momento tão desafiador como o que estamos vivendo.

Em resultado temos a avaliação de qual ponto o estudante conseguiu chegar ao final de um processo – pode ser bimestral, trimestral ou do ano letivo. Ele gera informações sobre a efetividade de um processo pedagógico. Geralmente, as escolas usam as provas para mensurar esse resultado; hoje, podemos usar relatórios de pesquisas como entregas e análises de portfólio que tragam evidências da assimilação por parte do aluno do conteúdo passado. As tradicionais provas ainda são alternativas possíveis, apesar das dificuldades de aplicação e da fidedignidade das respostas. Para contornar esse segundo ponto, é interessante pensar em questões abertas e que avaliam níveis cognitivos mais avançados. É importante ressaltar que resultado é o conjunto do que foi desenvolvido ao longo de um tempo determinado.  

A avaliação desses três elementos – participação, desenvolvimento durante o processo e resultado final de aprendizado – engloba, de modo geral, os principais aspectos que precisam ser considerados em um processo educativo que valoriza não apenas a conclusão, mas o envolvimento e o esforço ao longo da jornada. A partir desses elementos, a escola pode comprovar a execução do trabalho pedagógico realizado e fazer uma deliberação sobre aprovação ou reprovação, requisito legal necessário. Ressalto que os educadores devem observar as normas estabelecidas pelos conselhos estaduais de educação, que estão deliberando sobre a temática de provas a distância. Em São Paulo, por exemplo, a secretaria autorizou a realização de avaliações, mas há várias localidades que aguardam o retorno das aulas presenciais para aplicar provas.

Uma pergunta recorrente que tenho ouvido de professores é sobre como avaliar de uma forma mais integral – não apenas o cognitivo. É notório que o cognitivo só vai funcionar se o socioemocional do aluno estiver atendido de alguma forma. 
Nesse período a distância, a escola deve estar mais presente, mais ativa para garantir a manutenção dessa saúde emocional do estudante. E como podemos avaliar e propiciar essa estabilidade? Nas rotinas de pensamento – voltadas também para trabalhar o bem-estar social e emocional – reside uma boa resposta à essa questão. Uma delas, “Cor, símbolo e imagens” incentiva os alunos a associar alguma situação específica com sentimentos. Ao tornar essa emoção visível, o docente pode avaliar e atuar para além do cognitivo. Vale pensar que o momento síncrono não precisa ter turmas iguais ao ensino presencial. Com ajustes na grade que auxiliem o professor a agrupar alunos de outras formas, esse educador terá mais tempo e mobilidade para estreitar a proximidade com os estudantes; poderá, ainda, identificar melhor os aspectos socioemocionais de jovens e crianças. Quando liberamos o espaço na grade, a equipe de orientação pedagógica pode ser ainda mais proativa. Eles podem ajudar o estudante a enfrentar esse novo contexto.

Por último, quero colocar que mesmo diante de todo o desafio que a avaliação a distância envolve, vejo que essa é uma oportunidade de diversificar os métodos avaliativos. Muitas vezes, quando pensamos em avaliação, associamos imediatamente ao conceito de prova; ouso dizer que essa é uma classificação muito restrita. Diminuímos a dimensão da importância de avaliar o aluno, quando restringimos esse processo à uma mera prova. Defendo – antes, durante e pós-pandemia – que não devemos ceder à tentação de procurar a melhor prova online; devemos nos desafiar a ampliar nossos processos avaliativos, a mudar o nosso mindset para irmos em direção de um método que de fato corrobora com o processo pedagógico; seja ele presencial ou a distância.






Camila Akemi Karino - diretora pedagógica da Geekie. Psicóloga, mestre e doutora pela Universidade de Brasília (UnB), estagiou na Universidade de New Brunswick (Canadá), onde estudou “Igualdade, equidade e eficácia do sistema educacional brasileiro”. Entre 2010 e 2014 foi coordenadora-geral de Instrumentos e Medidas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), sendo responsável pelas principais avaliações da educação básica, tal como o Enem. Atualmente, é pesquisadora-colaboradora do programa de pós-graduação do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da UnB.



Dia dos Namorados sem presentes e com mais de R$ 19 bilhões de prejuízo ao comércio paulista


No consolidado do primeiro semestre, o recuo tende a chegar a 20%, em razão do fechamento do comércio não essencial nos meses de março, abril e maio


Mesmo com a reabertura de parte das atividades em algumas regiões do Estado de São Paulo, anunciada recentemente pelo governador João Doria, a FecomercioSP estima queda de 33% no comércio varejista para o mês de junho. Assim, não deve haver muita procura para presentes no Dia dos Namorados, uma vez que também houve baixa na intenção de consumo das famílias. O prejuízo pode ultrapassar R$ 19 bilhões, comparado ao mesmo período no ano passado.

Já no primeiro semestre de 2020, o recuo deve ser de aproximadamente 20%, consequência do fechamento de parte do comércio não essencial nos meses de março, abril e maio. Nesse processo, considera-se também que a retomada gradual e faseada em junho, respeitando as condições regionais, deverá se dar de forma muito lenta, em que a grande parte do varejo não está operando de forma plena ao longo do mês, limitando, portanto, as vendas no Dia Dos Namorados.

O segmento de vestuário, que costuma apresentar altas em junho em virtude da compra de presentes para os namorados, tende a um recuo de 67% nas vendas e prejuízo de até R$ 3,5 bilhões. No acumulado do ano, a queda deve ser de 44%, refletindo também a baixa nas vendas no Dia das Mães.
 
O comércio varejista pode fechar 2020 com o pior desempenho de sua história. A FecomercioSP não espera uma recuperação rápida frente à crise, pois as famílias tiveram suas rendas encolhidas decorrentes das altas do desemprego e do endividamento, com a intenção de consumo drasticamente reduzida e focada apenas em produtos essenciais, como alimentos e remédios, tal como ocorreu na recessão de 2015/2016.

A estrutura do comércio varejista também voltará bem debilitada, com quadro reduzido de funcionários, endividamento, baixa liquidez e níveis de estoques inadequados.


Dicas aos empresários

A Federação orienta que os empreendedores busquem alternativas para manter a liquidez e o fluxo de caixa, com rigor para evitar endividamento e excesso. Para isso, recomenda-se fazer um levantamento de estoque, diminuir a margem de lucro e realizar promoções.

Para a possível reabertura anunciada, mesmo que de forma gradual, é o momento de pequenos comerciantes se unirem, compartilhando mailings e mercadorias por consignação. Além disso, existe a possibilidade realizar encomendas conjuntas com os fornecedores, a fim de chegar a preços mais atrativos.
 


Retomada das atividades: Abralimp lança manual de limpeza durante a pandemia para escritórios



Conteúdo elaborado pela Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional traz recomendações de práticas de higiene e limpeza

A limpeza é fundamental para a qualidade de vida e preservação da saúde das pessoas, principalmente neste momento de pandemia. Pensando na retomada das atividades, após anúncio do Governo do Estado de S. Paulo, e na importância da limpeza como instrumento essencial ao combate à proliferação do novo coronavírus, a Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp) acaba de lançar o Manual de Procedimentos de Limpeza Durante a Pandemia para Escritórios e Áreas Administrativas, que possuem mão de obra própria na limpeza. O objetivo do manual é contribuir com informações sobre os processos de limpeza recomendados. 

Elaborado com base em diretrizes do Ministério da Saúde, da OMS (Organização Mundial da Saúde), e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), além de demais órgãos de saúde, o conteúdo disponibilizado pela publicação é aplicável em ambientes corporativos e áreas administrativas, quando houver a retomada. Além deste conteúdo, a entidade elaborou também os Manuais de Procedimentos de Limpeza Durante a Pandemia para estabelecimentos comerciais, com foco em pequenos comércios, além de lançar o Manual de Procedimentos de Limpeza – Covid-19.

Neste momento, todos os ambientes, sejam eles corporativos, empresas em geral, instituições de ensino, estabelecimentos comerciais, supermercados, condomínios, residências, meios de transporte, ambientes de serviço público e escritórios devem adotar protocolos de limpeza mais rígidos e frequentes para evitar a possível disseminação do vírus.


Treinamento da equipe de limpeza

Diante deste cenário, onde a limpeza assume o protagonismo no combate à disseminação do novo coronavírus, o treinamento das equipes de limpeza é parte fundamental para que esse enfrentamento seja eficaz e seguro aos colaboradores, assim como a valorização dos profissionais de limpeza e a humanização dos processos.

Desta forma, as empresas devem certificar-se de que todos os profissionais foram instruídos, treinados e estejam aptos a utilizar os EPI´s antes de iniciar as tarefas. Um ponto importante é sempre ter alguém como observador durante a realização das tarefas para orientar as equipes.

Para auxiliar o trabalhador a realizar as ações de maneira correta, dentro do seu espaço de trabalho, veja alguns procedimentos que devem ser reforçados antes do início das atividades:
  • Não utilizar acessórios como anéis, brincos, pulseiras e colares;
  • Lavar as mãos com água e sabão;
  • Colocar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s);
  • Nenhum EPI deve ser retirado durante a execução das tarefas;
  • Não levar as mãos ao rosto ou tocar os cabelos enquanto estiver calçando as luvas;
  • Antes da retirada das luvas, lavá-las com água e sabão;
  • Imediatamente após a retirada dos EPI´s, as mãos devem ser lavadas com água e sabão para evitar a contaminação com micro-organismos e vírus.

Como higienizar de forma segura?

Neste momento de pandemia, a indicação é adotar o processo de higienização dos ambientes, que é primeiro realizar a limpeza (com uso de produtos limpadores) e depois fazer a desinfecção (com uso de desinfetantes). Ainda não existem estudos que sinalizem produtos específicos para combater o coronavírus, mas é de suma importância a utilização de produtos regularizados junto a Anvisa, que tenham a eficácia antimicrobiana comprovada, respeitando a diluição e tempo de contato informados no rótulo pelo fabricante.

Abaixo, seguem exemplos, por área, de produtos e métodos de limpeza durante a pandemia, lembrando que o mais recomendável é o aumento da frequência destes processos em todas as áreas de contato, a fim de prevenir a contaminação:

Área
Produto
Método
Piso
Detergente e desinfetante
Limpeza úmida com mop ou pano de limpeza/limpeza molhada com lavadora de pisos
Porta
Detergente e desinfetante
Pano de limpeza
Maçaneta e interruptores
Detergente e desinfetante
Pano de limpeza
Espelho
Detergente e desinfetante
Pano de limpeza
Bancadas e balcões
Detergente e desinfetante
Pano de limpeza
Vaso Sanitário, válvulas de descarga e torneiras
Detergente e desinfetante
Pano de limpeza
Lixeira
Detergente e desinfetante
Pano de limpeza
Dispenser
Detergente e desinfetante
Pano de limpeza
Mobiliários
Detergente e desinfetante
Pano de limpeza
Mouse, teclado, máquinas de cartão de crédito
Detergente e desinfetante
Pano de limpeza

Como ser bem-sucedido ao trabalhar em casa?


Conforme a psicóloga Fernanda Tochetto, o sucesso passa pela decisão, organização e planejamento


Trabalhar por conta própria pode significar abrir um negócio. O número de pessoas que buscam se tornar microempreendedores individuais (MEIs) no país demonstra isso. De acordo com o Portal Empreendedor do Governo Federal, em cinco anos, o número de MEIs cresceu mais de 120% no país, chegando, em maio, a mais de 8 milhões de cadastrados. Tal situação, porém, não deve ser encarada apenas do ponto de vista negativo. Para a psicóloga Fernanda Tochetto, abrir uma empresa – mesmo que formada por apenas um indivíduo - traz mais liberdade e autonomia para desenvolver o trabalho, pois a pessoa atua como chefe de si mesmo e pode estabelecer horários mais flexíveis, que conversem melhor com sua realidade.

Contudo, conforme a psicóloga especialista em carreiras, não se trata de tarefa fácil. Ainda mais em casa. “Para que a empreitada seja bem-sucedida é preciso que a pessoa entenda suas habilidades e as potencialize a um ponto que consiga uma grande concentração e transformação de energia em foco e produção”, diz a psicóloga. De acordo com Tochetto, tal resultado é obtido levando-se em conta três pontos: decisão, organização e planejamento.

Antes de tudo, segundo a psicóloga, a pessoa precisa ter clareza do seu objetivo, por exemplo, que negócio pretende vender, que serviço pretende entregar etc. Em segundo lugar, necessita buscar conhecimento, desenvolver habilidades, que a tornem melhor naquilo que deseja fazer. Outro ponto interessante e que não deve ser esquecido por quem pretende ser um empreendedor é o desenvolvimento de um bom plano estratégico de negócios. Quando tudo estiver pronto e a decisão tomada, a pessoa deve estabelecer regras claras com a família, para que o trabalho em casa não seja minado por tarefas que nada tem a ver com a parte profissional.

“Ao iniciar o processo, muitas pessoas descobrem, porém, que pequenas situações são inimigas dessa modalidade de trabalho”, destaca a psicóloga. Nesse sentido, cuidados devem ser tomados, para que os objetivos sejam alcançados da melhor maneira possível. Tochetto sugere algumas dicas com o intuito de superar os obstáculos que podem surgir ao trabalhar em casa. São elas:


- Criar uma rotina: as horas dedicadas ao trabalho não podem se misturar com as horas dedicadas ao lar, onde a pessoa guarda a intimidade. Conforme Tochetto, é necessário um ambiente exclusivo para realizar as tarefas profissionais. Assim, ao acordar, a psicóloga sugere que a pessoa inicie um ritual, como se fosse sair de casa mesmo: tire o pijama, coloque uma roupa como se fosse ir trabalhar e ao longo do dia tente não desfocar das atividades propostas


- Criar uma agenda: a pessoa não pode confundir flexibilidade com tempo livre. “O que acontece com alguns profissionais em modalidade ‘home office’ é que acreditam poder resolver qualquer problema a qualquer instante do dia, afinal não têm patrão e podem dispor do tempo da maneira que desejarem”, relata Tochetto. No entanto, agir dessa forma pode minar a produtividade.

Por isso, a importância de fazer uma agenda semanal e nunca se desviar dela. Segundo a psicóloga, é possível até abrir espaço para atividades que não estejam atreladas ao trabalho profissional (almoçar, lavar a roupa, pegar os filhos na escola etc.), mas elas devem ter horários pré-estabelecidos. “Coloque horário fixos, siga sua agenda e não deixe situações externas interferirem o tempo todo na sua produtividade. Não abra exceções”, diz.


- Classificar informações: com a agenda em mãos e ciente de suas atividades diárias e de seus objetivos profissionais, a pessoa que trabalha na modalidade “home office” deve classificar as informações que chegam até ela, levando em conta o que pode impulsionar o negócio e o que não fará diferença alguma para o empreendimento. Dessa forma, a psicóloga sugere que a pessoa classifique as informações como: urgente; importante; e irrelevante (que precisa receber não).

Não estabelecer uma separação bem definida entre profissão e família, quando se trabalha em casa, traz anseios desnecessários, baixando a produtividade. Conforme Tochetto, a falta de organização e a falta de foco em relação às horas dedicadas ao trabalho podem gerar um acúmulo das atividades laborais, acarretando uma execução de baixa qualidade ou prejudicando a entrega. “Em longo prazo isso pode gerar frustração e desistência”, conclui.



Cinco tendências em contabilidade e gestão para o pós-pandemia



São tempos arriscados para quem administra um negócio. Manter a contabilidade em dia é essencial para diagnosticar a saúde da empresa e também facilita a solicitação de empréstimos – por vezes, necessários para manter a equipe de funcionários, investir em novos produtos mediante a crise, ou quitar dívidas com fornecedores.

Antes mesmo da pandemia, a contabilidade já vinha percebendo a importância de estar inserida em uma cultura digital. Não à toa, a imagem do contador nos remete a alguém mergulhado em pilhas de papel, carimbos e arquivos. Mas, assim como avançamos em diversas áreas, cabia ao setor abrir as portas para a modernização.

Incentivar a digitalização também é um desafio em relação às empresas. Por muitos anos – até pouco tempo, na verdade –, o cliente teve o costume de imprimir todos os documentos, organizá-los em uma pasta e pedir para que um office boy os levasse para o escritório de contabilidade. Portanto, a cultura digital também precisa fazer parte do setor administrativo das companhias. Isso agiliza processos, otimiza o tempo e ajuda a desafogar a lista de pendências, que só tem aumentado nos últimos meses.

Na Capital Social, escritório de contabilidade com 10 anos de atuação em São Paulo, sempre fomos preocupados em oferecer as soluções mais ágeis para os clientes. Por isso, nosso sistema contábil fica disponível na nuvem. Sendo assim, trabalhar em home office não foi uma dificuldade para a gente. Todos os documentos, arquivos e fichas de clientes estão disponíveis para os colaboradores, de modo a facilitar o acesso à informação.

Outro sistema faz um gerenciamento de e-mails, alertando sobre mensagens pendentes e nosso prazo de resposta, o que nos ajuda a ter agilidade no atendimento. Já não temos mais calendários, agendas e planilhas impressas: tudo isso fica em uma ficha de trabalho que acompanha o histórico de contabilidade do cliente. A comunicação é feita por uma intranet, que nos garante segurança, e o ponto também é online.

Toda essa cultura digital que já fazia parte de nossa rotina de trabalho nos ajuda a dar confiança e segurança para os clientes em um momento em que muitas empresas estão perdidas em documentação. Com base em nossa experiência, decidi fazer uma lista de tendências em contabilidade que devem permanecer após a pandemia.


1) Contabilidade consultiva: os serviços de contabilidade tendem a ser muito mais digitais, com atendimento remoto e reuniões por videoconferência. Não existe mais isso de solicitar uma informação ao escritório e ficar horas esperando um retorno: o sistema em nuvem e compartilhado permite que qualquer um com acesso a sua ficha de trabalho possa ajudá-lo em instantes.


2) Dashboard financeiro digital: esse tipo de plataforma permite a análise de dados dos clientes, possibilitando o acompanhamento ano após ano. É uma ferramenta de gestão compartilhada que, pela integração de informações, permitem agilizar os processos e acompanhar a contabilidade ao mesmo tempo que o cliente.


3) Comunicação humanizada, mesmo no digital: não importa o quanto avancemos em tecnologia, somente uma pessoa poderá transmitir confiança para outra pessoa. Entender o que o cliente precisa e oferecer um atendimento personalizado, empático e, acima de tudo, humanizado, será o diferencial dos escritórios de contabilidade.


4) Integração com o sistema de gestão: a contabilidade nunca deve estar separada das outras áreas administrativas da empresa. Qualquer alteração na saúde financeira da empresa tem impacto em todas os setores – em algumas vezes, até no quadro de funcionários. Por isso, é preciso enxergar a empresa como um organismo completo.


5) Produtos diversificados: o impacto da crise econômica provocada pelo Covid-19 já é sentido por muitos negócios. Por isso, os escritórios de contabilidade precisam estar atentos para oferecer serviços de acordo com a demanda e o perfil do empreendedor, para todos os portes de investimento das empresas. É preciso caber no bolso. Na Capital Social, temos o Contabilizo, um atendimento sob demanda a um custo reduzido, voltado para empresas de serviços com pouca movimentação.

Espero que a contabilidade deixe de ser vista como um agente fiscalizador de empresas, mas como um parceiro que está ali para ajudar na saúde financeira do negócio. Com agilidade e humanização dos processos, ficará mais fácil garantir a sobrevivência de muitos negócios nos próximos anos.





Regina Fernandes - contadora e responsável técnica da Capital Social, escritório de contabilidade com 10 anos de atuação que tem como objetivo facilitar o dia a dia do empreendedor. Localizado na cidade de São Paulo, atende PME´s do Brasil inteiro por meio de uma metodologia de contabilidade consultiva, efetiva e digital.


Depois do caos na saúde, haverá caos na justiça?



A pandemia decorrente da Covid-19 tem afetado negativamente diversos setores da vida social e econômica. Entre os setores mais afetados está o da saúde, que já sofre com a falta de leitos em hospitais, medicamentos e equipamentos de segurança para os médicos. Há carências não só nos grandes centros, mas agora também no interior dos Estados.

Mesmo que algumas áreas da economia sigam em franca atividade, sem grandes alterações, preocupam os impactos a longo prazo, o que requer a atenção para o futuro que está à nossa porta. Tais impactos não excluem o  Judiciário, pois esse será um setor fortemente sobrecarregado nos próximos meses, devido ao aumento no número de demissões, quebras ou cancelamentos de contratos, constantes mudanças em medidas provisórias e uma instabilidade legal em larga escala. A questão é: a Justiça está preparada para uma avalanche de processos?

Já há, sem dúvida alguma, um aumento de demanda pelas soluções de conflitos mediante a intervenção do Poder Judiciário. Há notícias de um aumento de 177% de pedidos de divórcio. Há quebra de contrato em escala surpreendente, sob o argumento da imprevisibilidade, que de fato atingiu muitas relações, mas claro que não todas. Há também abusos e todos esses conflitos, certos ou errados, desaguarão em litígios.

Dessa forma, precisaremos de um constante esclarecimento sobre a utilização de todas as ferramentas legais disponíveis para a solução desses conflitos, que permitam o atendimento da população – chamados aqui, jurisdicionados - para que não haja um colapso nas atividades do judiciário. As câmaras de conciliação, mediação e arbitragem deveriam ser melhor explicadas e facilitadas para o grande público, e ainda necessário seria, que houvesse mais habilitações nessas câmaras, de árbitros e de pessoal especializado, de modo a otimizar as soluções, o que poderia ser feito em consórcio ampliado com o Poder Judiciário de modo tornar factível o acesso a esses meios. Além disso, promover rapidamente a homologação de sistemas digitais que já existem, como meio de solução de conflitos de direitos disponíveis, para serem instrumentos válidos e eficazes de solução.

A transformação digital precisa ser considerada como fator decisivo para ganho de agilidade e produtividade no meio jurídico. Entretanto, mesmo com a incorporação de novas ferramentas e de tecnologias, as estruturas e o pessoal serão os mesmos. Por isso, antes de pensar na modernização do setor, é preciso que magistrados, advogados, servidores do judiciário e jurisdicionados, sejam motivados e instruídos para a aceitação da chamada cultura digital. Sem conhecimento e planejamento, isso, sem dúvida, gerará um colapso a médio prazo.

Esse tempo de pandemia tem nos ensinado muito como profissionais da área, apesar de toda a tristeza e o sofrimento que esse quadro gera. Há inovações e novas práticas que tem funcionado bem, por exemplo, os agendamentos de despacho virtual com os magistrados, que têm sido bastante produtivos. Porém, para que continue dando certo, isso requer um modelo eficaz, mais organização, eficiência dos sistemas e uma revisão normativa.

A questão que mais me preocupa nesse momento é massificação dos procedimentos judiciais. Se não houver ampliação dos recursos disponíveis e uma eficiente revisão dos procedimentos, adaptando-os às novas realidades, teremos grandes dificuldades em manter níveis satisfatórios de eficiência no judiciário, para que a população possa encontre estabilidade nesse poder.

Vivemos em meio a grandes mudanças de realidades, de critérios de sobrevivência, de aflições e soluções criativas para seguirmos a vida, de modo geral. Todos os sistemas de serviços e contratos precisarão ser simplificados. Nesse passo, a ciência jurídica não pode ficar à margem do processo: precisará se adaptar rapidamente, reagindo às novas realidades.

O grande volume de ações deve ser representado pela área trabalhista, em razão dos ajustamentos dos novos critérios das relações contratuais do emprego, e pela área cível, em vista do colapso econômico que afetará o cumprimento dos contratos. Por isso, é importante que as empresas se resguardem juridicamente para evitar processos. A recomendação é que as companhias não adotem uma posição passiva, de forma a agir assim que identificado algum problema. A manutençao de canais de comunicação com os clientes, fornecedores e o público em geral é uma excelente ação de prevenção e solução de futuros problemas. Claro, que contratar uma boa consultoria jurídica será um caminho natural e eficiente, porque esses mecanismos de comunicação, de preparação dos entendimentos e mitigação de riscos serão eficientes se acompanhados de uma assessoria jurídica qualificada.

Vivemos, é certo, um momento de “divisão de águas”. Precisamos assumir o compromisso com as tecnologias digitais. Como já observou Albert Einstein, “é impossível obter resultados diferentes fazendo sempre a mesma coisa”. Ou seja, não há como sobreviver no futuro se não pensarmos fora da caixa!

Isso quer dizer que nós, operadores do direito, precisamos abrir nossas mentes e nos prepararmos para mudanças. Se não reagirmos e trabalharmos arduamente para o desenvolvimento de novas tecnologias, de novos modelos de atuação jurisdicional, pouco evoluiremos, especialmente no ramo das relações de trabalho. É preciso dar autonomia aos contratos bilaterais e multilaterais, entendê-los com o olhar das novas realidades. A lei material não precisará mudar, mas deverá se adaptar para possibilitar o exercício dos meios tecnológicos. Assim, conseguiremos um Judiciário mais fluido e eficiente, facilitando a vida de empresas, de profissionais e toda a população.






Marcos Martins - especialista em Direito Civil, Processual Civil e Empresarial, além de sócio-fundador do escritório Marcos Martins Advogados.


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