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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

ANVISA aprova primeiro medicamento subcutâneo para o tratamento da hemofilia A



 O medicamento emicizumabe, o primeiro com administração semanal e subcutânea, foi aprovado pela ANVISA e é inicialmente indicado para pessoas com Hemofilia A com inibidores contra o fator VIII da coagulação


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) acaba de aprovar o medicamento HEMCIBRA (emicizumabe), da Roche Farma Brasil, para o tratamento da hemofilia A em pessoas que desenvolveram inibidores contra o fator VIII da coagulação, um distúrbio hereditário que afeta o sistema de coagulação e faz com que os pacientes tenham dificuldade de estancar sangramentos espontâneos ou causados por traumas. Isso ocorre devido à ausência, no sangue, do Fator VIII, uma proteína que atua nesse processo.

Cerca de 30%¹ das pessoas que possuem a forma grave da doença desenvolvem inibidores, que são capazes de neutralizar o efeito do fator infundido no organismo para o tratamento e, por conta disso, a terapia de reposição padrão deixa de ser eficaz nesses pacientes. Foram realizados quatro grandes estudos clínicos, em escala mundial, que evidenciam o potencial do novo medicamento emicizumabe, para melhorar o tratamento das pessoas que sofrem com este distúrbio. Esta é a primeira inovação no mercado de hemofilia A desenvolvida nos últimos 20 anos. 

Os estudos clínicos que serviram de embasamento para a aprovação do fármaco demonstraram   redução significativa dos episódios de sangramento em adultos e crianças com inibidores contra o Fator VIII, quando comparado com as terapias atuais disponíveis no mercado. Além disso, devido à possibilidade de administração subcutânea e uma vez por semana, o impacto da aplicação da droga nos pacientes é menor, quando comparado com a administração profilática das drogas disponíveis hoje, que é intravenosa e, pelo menos, 3 vezes por semana. Hemcibra demonstrou, assim, eficácia superior com suas aplicações subcutâneas semanais e bom perfil de segurança.

No HAVEN 1, o primeiro dos quatro estudos de fase III realizados pela farmacêutica, houve diminuição de 87% na taxa anualizada de sangramento, quando comparado com os agentes de by-pass, nos pacientes maiores de 12 anos de idade com inibidores contra o Fator VIII e tratados com a molécula em profilaxia. Enquanto no HAVEN 2, que analisou o uso da droga em crianças de 2 a 12 anos, esta mesma analise gerou redução  de 100% na comparação intrapaciente.

Os estudos mais recentes, HAVEN 3 e HAVEN 4, publicados durante o congresso da Federação Mundial de Hemofilia, verificaram o uso de emicizumabe em adultos e adolescentes com hemofilia A com, pelo menos, 12 anos de idade. No HAVEN 3, 55,6% dos pacientes sem inibidores do Fator VIII tratados com o fármaco semanalmente e 60% dos que fizeram uso a cada duas semanas, não tiveram sangramentos. Já na última pesquisa clínica realizada, com aplicação da molécula a cada 4 semanas, 56,1% não apresentaram sangramentos e 90,2% tiveram menos de três no período da análise.

“A aprovação da ANVISA redefine as possibilidades de tratamento para pessoas com hemofilia A com inibidores do Fator VIII”, afirma Lenio Alvarenga, diretor médico da Roche Farma Brasil. “É de extrema importância disponibilizarmos uma opção de terapia comprovandamente eficaz na prevenção e redução da frequência de episódios hemorrágicos de forma flexível, eficiente e segura às pessoas que convivem com a hemofilia”.


Sobre os estudos


Haven 1

Estudo de fase III, multicêntrico, aberto e randomizado que avalia a eficácia, a segurança e a farmacocinética da profilaxia com emicizumabe versus tratamento sob demanda e profilático com agentes “bypass” em pessoas com hemofilia A e inibidores do Fator VIII. Incluiu 109 pacientes de 12 anos de idade ou mais. As análises realizadas no estudo HAVEN 1 demostraram uma redução em 87% na taxa de sangramentos, nos pacientes tratados com emicizumabe em profilaxia. Após 31 semanas de observação, 68,6% dos pacientes que receberam a molécula não tiveram sangramentos espontâneos, em comparação com 11% dos que receberam “agentes by-passing” sob demanda.


Haven 2

Estudo de fase III, braço único, multicêntrico e aberto que avalia a eficácia, a segurança e a farmacocinética da administração subcutânea de emicizumabe uma vez por semana versus tratamento sob demanda e profilático com agentes “bypass” em crianças de 2 a 12 anos. Análise após uma mediana de 12 semanas de tratamento incluiu 19 crianças com menos de 12 anos de idade com hemofilia A e inibidores do Fator VIII de coagulação, que necessitam de tratamento com agentes de “bypass”. Após 12 semanas de acompanhamento, o estudo revelou que apenas 1 dos 19 pacientes relatou episódios de sangramento que precisaram de tratamento e que não houve sangramentos articulares ou musculares. Na comparação intra-paciente foi observado uma redução de 100% nos sangramentos durante o tratamento com emicizumabe, incluindo os que usaram agentes “by-passing” profilático ou sob demanda previamente.


HAVEN 3 

HAVEN 3 é um estudo de fase III, multicêntrico, aberto, randomizado, que avalia a eficácia, a segurança e a farmacocinética da profilaxia com emicizumabe versus tratamento sob demanda e profilático com fator VIII em pessoas com hemofilia A sem inibidores do fator VIII. O estudo incluiu 152 pacientes com hemofilia A (12 anos de idade ou mais) que haviam sido previamente tratados com fator VIII sob demanda ou profilático. Os pacientes previamente tratados com fator VIII sob demanda foram randomizados na proporção de 2:2:1 para receberem profilaxia com Hemcibra por via subcutânea na dose de 3 mg/kg/semana por quatro semanas, seguida por 1,5 mg/kg/semana até o final do estudo (grupo A), profilaxia com emicizumabe por via subcutânea na dose de 3 mg/kg/semana por quatro semanas, seguida por 3 mg/kg/2 semanas por pelo menos 24 semanas (grupo B), ou nenhuma profilaxia (grupo C). Os pacientes previamente tratados com fator VIII profilático receberam profilaxia com emicizumabe por via subcutânea, na dose de 3 mg/kg/semana por quatro semanas, seguida por 1,5 mg/kg/semana até o final do estudo (grupo D). O protocolo permitia o uso de fator VIII para tratamento de novos episódios de sangramento.


HAVEN 4

HAVEN 4 é um estudo de fase III, multicêntrico, aberto, randomizado, com um só grupo, que avalia a eficácia, a segurança e a farmacocinética da administração subcutânea de emicizumabe a cada quatro semanas. O estudo incluiu 48 pacientes (12 anos de idade ou mais) com hemofilia A com ou sem inibidores do fator VIII e que haviam sido previamente tratados com fator VIII ou agentes de bypass profiláticos ou sob demanda. O estudo teve duas partes: uma fase introdutória de farmacocinética e uma coorte de expansão. Todos os pacientes da fase introdutória de farmacocinética haviam sido previamente tratados sob demanda e receberam emicizumabe por via subcutânea, na dose de 6 mg/kg para caracterização completa do perfil farmacocinético após uma dose única durante quatro semanas, seguida por 6 mg/kg a cada quatro semanas por pelo menos 24 semanas. Os pacientes da coorte de expansão receberam profilaxia com emicizumabe por via subcutânea, na dose de 3 mg/kg/semana por quatro semanas, seguida por 6 mg/kg a cada quatro semanas por pelo menos 24 semanas. O protocolo permitia o uso de fator VIII ou agentes de bypass para tratamento de novos episódios de sangramento, dependendo da condição do paciente quanto a inibidores do fator VIII, tratamento sob demanda e profilático com agentes “bypass”






Referências:
  1. Matéria da revista científica da Faculdade de Medicina de Campos - http://www.fmc.br/revista/V6N1P07-13.pdf. Acessado em 20/06/2018.

Doenças podem voltar a atingir a população brasileira devido a diminuição do número de pessoas vacinadas



Entre os dias 6 e 31 de agosto, ocorre a campanha nacional de vacinação contra a poliomielite e o sarampo em todo o território brasileiro. Nos municípios abrangidos pela 13ª Coordenadoria Regional de Saúde, o objetivo é imunizar um total de 15.128 crianças com idades entre 1 ano até 4 anos 11 meses e 29 dias.

A preocupação com essas doenças é grande, pois, apesar de dados recentes demonstrarem que em 2017, o mundo bateu o recorde de vacinação infantil, tivemos redução das taxas de imunização no Brasil e estamos abaixo da meta recomendada pelo Ministério da Saúde para diversas vacinas. 

Segundo a ONU, a cada dez crianças no mundo, nove foram vacinadas pela tríplice bacteriana, que protege contra a difteria, tétano e coqueluche. No Brasil, a cobertura dessa vacina declinou de 90%, em 2015, para 78,2%, no ano passado. Ainda conforme o Ministério da Saúde, a vacinação de bebês e crianças teve no ano passado, a menor taxa dos últimos 16 anos.

A OMS e a Unicef também apontaram que a cobertura vacinal contra o sarampo e a rubéola já chegou em cerca da metade da população mundial em 2017. Durante o período entre 2016 e 2017, foram registrados 173.330 casos de sarampo, sendo que 775 deles aconteceram no continente americano. Já a poliomielite foi registrada em 96 pessoas.

Neste mês de julho, o Ministério da Saúde enviou um alerta que aponta que doenças antes erradicadas no Brasil – como a sarampo, rubéola e difteria – voltaram a ocorrer em decorrência do não atingimento das metas de vacinação no país. O grande número de viagens internacionais, além do fluxo de imigrantes e refugiados de países que já possuem casos comprovados de poliomielite e sarampo são facilitadores do ressurgimento das infecções. 

O coordenador clínico da infectologia do Hospital Felício Rocho, Adelino de Melo Freire Júnior, explica que a partir de 2016 foi possível notar os primeiros sinais da diminuição das coberturas vacinais no país. “Naquele ano, o país recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do sarampo, mas neste ano já temos casos confirmados em vários estados, dentre eles, o Amazonas, Mato Grosso, Roraima, Rio Grande do Sul, Rondônia, Rio de Janeiro e São Paulo. Entre janeiro e junho deste ano já foram contabilizados 1.686 casos, de acordo com dados da OMS”, aponta.

Em abril de 2018, a OMS emitiu um alerta sobre o risco de reintrodução do sarampo em cerca de dez países do continente americano como o Brasil, Argentina, Equador, Canadá, Estados Unidos, Guatemala, México, Peru, Antígua e Barbuda, Colômbia e Venezuela. 

No início de julho, o Ministério da Saúde expôs que em 312 municípios brasileiros – sendo 63 da Bahia e 44 de São Paulo –, menos da metade da população está vacinada contra a poliomielite.  A atual cobertura da vacina contra a pólio é de 77%, semelhante as taxas de 1995. No caso da poliomielite, o alerta da OMS sobre a doença no Brasil, também é influenciado pela proximidade da Venezuela, que já possui uma suspeita de caso da doença. Neste mesmo país foram notificadas 142 mortes por difteria, e em nosso país a doença pode ter atingido seis pessoas. No mundo, a difteria já atingiu mais de 16 mil pessoas em 2017, sendo 872 casos na região do continente americano.
Conforme dados do ministério, a cobertura vacinal contra a poliomielite chegou a 100% em 2000 e se manteve até 2014, quando começou a declinar e atingir a taxa de 78% em 2017. Já em relação ao sarampo, a cobertura da tríplice viral chegou a 100% em 2003, mas a partir de 2015, a cobertura deste tipo de vacina começou a declinar e chegou a cobrir 85,2% da população no ano passado.
Segundo Adelino de Melo, a imunização por meio de vacinas é considerada uma das grandes conquistas da ciência em termos de saúde coletiva. “As vacinas são eficientes para prevenir doenças e com isso trazem diversos benefícios associados como a prevenção de incapacidade causada por doenças, redução de consultas médicas e internações, redução de doenças crônicas, do uso de antibióticos e principalmente, a redução de mortalidade”, conclui.


Como identificar a Síndrome dos Ovários Policísticos


SOP altera menstruação, pode levar ao desenvolvimento de acne, além de dificultar a gravidez

Distúrbios no ciclo menstrual e obesidade, muitas vezes acompanhados de acne e aumento da quantidade de pelos, podem indicar a chamada Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). A doença pode atingir  cerca de 20% das mulheres em idade fértil.

 A SOP é caracterizada por anormalidades hormonais que são, ao mesmo tempo, causa e consequência dessa doença. Segundo a médica e especialista em reprodução assistida, Cláudia Navarro, o estado constante de amenorreia (ausência da menstruação) e oligomenorreia (irregularidade de ciclo), devido à anovulação, acabam gerando um desarranjo no padrão endócrino. “Algumas pacientes apresentam elevação dos níveis de insulina, aumentando o risco de diabetes, e a grande maioria delas tem aumento na produção de hormônios androgênios que dificultam a ocorrência da ovulação e, consequente, da gravidez”, salienta.
Segundo a médica, a alteração nas taxas de insulina promove danos não apenas na área ginecológica, mas também está relacionada à incidência de obesidade e elevação da pressão arterial. A anovulação, característica nas mulheres que têm a síndrome, é ainda responsável por quadros de infertilidade. Mas, Cláudia explica que os resultados de uma fertilização in vitro pouco sofrem com a interferência da SOP.
Cláudia destaca que o tratamento pode ser feito com ênfase em um de três objetivos, dependendo de qual seja o predominante em cada paciente: a regularização do ciclo menstrual, o tratamento da infertilidade ou a melhora da pele e do hirsutismo (excesso de pelos, com características masculinas).
“É preciso reduzir a produção e a circulação de hormônios androgênios. Quando necessário, há indicação de medicamentos que diminuam a resistência à insulina”, diz. “O objetivo é proteger o endométrio dos efeitos da constante exposição de estrógenos; evitar os efeitos da superinsulinemia para o organismo; induzir a ovulação para alcançar e manter a gravidez e ainda oferecer suporte para controle do peso ideal”, afirma.





Cláudia Navarro - ginecologista, especialista em reprodução assistida. A médica é diretora clínica da Life Search. Graduada em medicina pela UFMG em 1988, Cláudia titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. Atua na área de ginecologia e obstetrícia, com ênfase em reprodução humana, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de gametas.  


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