O último livro da Bíblia, chamado de Apocalipse, de
autoria de João, um dos discípulos de Jesus, descreve acontecimentos
devastadores, relacionados ao final do mundo. No capítulo 13, ele faz menção a
duas bestas, uma que emerge do mar e outra que emerge da terra. Essa segunda
besta faz com que a todos lhes seja dada uma marca sobre a mão direita ou sobre
a fronte, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a
marca, o nome da besta, ou o número de seu nome.
Nesse mesmo capítulo 13, no ultimo versículo 18,
aparece o seu número: Aquele que tem entendimento, calcule o número da Besta,
pois é número de Homem. Ora, esse número é 666. A partir dessa interpretação
bíblica, esse número passou a ser associado com o diabo e tudo que está
relacionado ao maligno. Acontece que foi encontrado em 1895 um fragmento do
Livro do Apocalipse, datado do século 3, na cidade egípcia de Oxyrhynchus,
escrito em grego, a língua oficial do Novo Testamento.
Esse fragmento estava ilegível e sem pigmentação e faz
parte do acervo do Ashmolean Museum, em Oxford na Inglaterra. Apenas recentemente esse papiro foi submetido
a técnicas avançadas na Oxford University, permitindo a sua leitura.
Segundo os especialistas responsáveis pelo estudo, o
número citado por João é 616 e não 666. Entre eles, o professor David Parker,
especialista em Paleografia do Novo Testamento da Universidade de Birmingham,
atesta que o número 616 é o original da escrita de João. Já a falecida Dra.
Ellen Aitken, professora de história do cristianismo primitivo na Universidade
McGill, no Canadá, concordou que o número correto é 616. Ela disse que quando
comentamos sobre os textos bíblicos, estamos falando de cópias feitas sobre
cópias, sujeitas a erros e alterações por motivos políticos ou religiosos.
Agora, com o fragmento original decifrado, o número
real aparece como 616. O professor Elijah Dann, que ensina religião e filosofia
na Universidade de Toronto, no Canadá, comentou que parece que muitos sermões
terão que ser reescritos e filmes precisarão ser mudados.
Muitos esotéricos gostaram da mudança pois o número
666, cuja soma resulta em 18 e 9, é o arcano do Ermitão e da Lua, que na
numerologia cabalística, simboliza a sabedoria e a prudência. Já o número 616,
cuja soma é 13 e 4, é o arcano do Imperador e da Morte, representam um grande
personagem comandando a destruição e a renovação, mais de acordo com o contexto
bíblico do Apocalipse.
Célio Pezza - colunista,
escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A
Palavra Perdida e o seu mais recente A Tumba do Apóstolo. Saiba mais em www.facebook.com/celio.pezza