A
nutrição individualizada visa a prevenção
de
doenças por meio da análise de determinados genes
Por
meio de exames genéticos que analisam o DNA é possível detectar o risco de uma
pessoa desenvolver obesidade, considerada pela Organização Mundial de Saúde
como um grande problema de saúde pública. Ainda que a doença não tenha se
manifestado, alguns genes podem indicar a possibilidade de desenvolvimento. É
por meio da Nutrigenética que os variantes genéticos associados ao risco de
desenvolver obesidade são avaliados. Com estes dados, aliado a outras análises
que são feitas durante a consulta, como exames bioquímicos, sinais e sintomas,
cria-se uma conduta individualizada. Desta forma, promove relação direta e
benéfica entre os alimentos ingeridos e a genética.
“A
obesidade é uma doença inflamatória e multifatorial, que envolve questões
genéticas, hormonais e ambientais. Dentro da genômica nutricional, realizamos a
análise dos exames genéticos que identificam os genes que conferem risco. O
ambiente e o estilo de vida do paciente também são observados. Com as
informações em mãos, podemos estabelecer uma dieta que irá minimizar o risco de
manifestação da doença. No caso dos pacientes já diagnosticados com obesidade,
por meio dos exames, podemos identificar onde estão os genes relacionados a
obesidades e, assim, buscar estratégias que beneficiem este paciente”, explica
a nutricionista Ana Poletto, uma das três especialistas em genômica
nutricional do país que atua em clínica.
A
nutricionista explica que, no caso da obesidade, existem alguns genes que
corroboram para a doença, como por exemplo, genes que apontam menor capacidade
de metabolizar carboidratos, reflexo de saciedade reduzido e tendência para
acúmulo de gordura subcutânea, entre outros. “No primeiro caso, o metabolismo
mais lento é um fator de risco para obesidade. No segundo, a resposta para saciedade
pode estar bastante comprometida. Ao identificarmos estas questões, conseguimos
estabelecer uma dieta bem direcionada, que irá agir no ponto certo. Utilizando
a nutrigenômica e considerando a obesidade uma doença inflamatória, podemos
inserir alimentos com substâncias anti-inflamatória, como o caso do açafrão da
terra, o gengibre, chá verde e a pimenta vermelha”.
Para a
análise do DNA, basta a coleta de material genético por meio do sangue ou da
saliva. No entanto, é importante ressaltar que os exames genéticos não devem
ser avaliados isoladamente. “É preciso que um profissional capacitado faça esta
análise e que os fatores externos também sejam considerados. Costumo dizer que
as heranças genéticas e as características de cada indivíduo estão ali, mas as
escolhas que fazemos também influenciam no que somos”, ressalta Ana.
Obesidade
e crianças
Segundo
último levantamento do IBGE, em 2008, em parceria com o Ministério da
Saúde, 40% da população brasileira está acima do peso. Entre crianças de 5
a 9, a taxa de sobrepeso é de 36,6%. Um dado preocupante, mas que pode ser
mudado.
“Os
genes que conferem ao indivíduo o risco para obesidade são transmitidos aos
filhos pelos pais. No entanto, muitos fatores podem influenciar a expressão
desses genes e a alimentação é um deles”, destaca Ana.
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a projeção é que, em 2025,
cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões,
obesos. Caso nada seja feito, o número de crianças com sobrepeso e obesidade no
mundo poderia chegar a 75 milhões, segundo as expectativas.
Dra.
Ana Poletto - formada em Nutrição pela Universidade Estadual do Centro Oeste do
Paraná e possui mestrado e doutorado em Fisiologia Humana pelo Instituto de
Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP). Atua como nutricionista
clínica, palestrante em congressos e eventos e é docente em cursos de
pós-graduação em Nutrição Clínica, nas áreas de Genômica, Endócrino e
Bioquímica. Possui trabalhos publicados em revistas internacionais e nacionais
e participa ativamente de congressos no Brasil e no exterior.