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quinta-feira, 10 de março de 2016

A política como feira: tomate podre pra todo lado





Overdose informacional combinada à fragmentação identitária resulta em crescente incapacidade de atribuição de sentido e de produção de conhecimento. Pode levar à passagem da neurose para a necrose (num jogo de palavras à Edgar Morin). Não por acaso, o antídoto para o excesso de informações é o reducionismo informacional: mensagens mais simples e ambivalentes, como praticado pela publicidade comercial há muito tempo, migrando depois para o marketing político – a disputa do poder como numa feira.

Em tempos de atenção instantânea das redes sociais, dos quinze segundos de fama só restam cinco. E é com esses que os políticos têm que se virar para apresentar aos seus eleitores-audiência plataformas políticas complexas. Isso explica porque as questões passaram a ser sempre traduzidas em termos dicotômicos, para não dizer mesmo maniqueístas: a favor ou contra. Cabe ao bom marqueteiro político identificar quais questões estão nos trending topics da conjuntura e colocar seu candidato no lado certo da força.

Uma hiperssíntese dessa tendência é o “meu nome é Enéas”. Nos cinco segundos de fama de que dispunha, o candidato colocava ao eleitor: eu estarei lá, você é a favor ou contra mim? No fenômeno Enéas transpareceu, também, outra face da política como feira: o feirante (político) importa mais do que os hortifrutis (programas de governo). As motivações e as imagens pessoais dos políticos acabam sendo o resíduo informacional que permanece na memória dos eleitores.

O marqueteiro tornou-se peça-chave na arena eleitoral, pois traz um know-how importante. Sabe traduzir termos técnicos difíceis (sobre as políticas públicas propostas) em discurso corrente. Conhece o valor da linguagem e o poder dos símbolos. É hábil para simplificar as mensagens em termos dicotômicos e mais que hábil em exacerbar a aura de santa liderança dos candidatos. Ele deve tornar amigável ao público aquilo que talvez não prendesse sua atenção normalmente: esta é sua glória.

O gap entre realidade e sonhos vendidos aparece aqui como o grande problema: o marqueteiro não tem obrigação de que suas peças ou campanhas sejam reflexo da realidade, afinal uma das principais habilidades no mundo publicitário é justamente criar uma realidade diferente, que justifique demanda sobre o que se quer vender. Se a realidade “colar”, se a necessidade for gerada, a publicidade foi eficiente. Se o produto for ruim, o problema é dele (não do marqueteiro), que não fez a sua parte. Mas e se, afinal, o produto for ruim? Frustração. E a cada frustração, aumenta o cinismo e instala-se a desesperança. Mas a feira – ah, a feira – a feira não pode parar.

No mundo da política, onde certo nível de confiança é pré-requisito fundamental para manutenção da democracia, a estratégia de publicidade que vende, mas não garante a coerência com o produto, pode não só destruir sonhos, como minar a capacidade de sonhar. Desconfiadas do hortifruti que saíram para comprar porque não confiam mais no feirante, as pessoas vão ficando confusas e irritadas: pode sobrar tomate podre na cara de todo mundo.    


André Rehbein Sathler - economista e doutor em Filosofia e Coordenador do Mestrado Profissional em Poder Legislativo da Câmara dos Deputados.

Malena Rehbein Sathler - jornalista, Doutora em Ciência Política e professora do Mestrado em Poder Legislativo da Câmara dos Deputados.

Valdemir Pires - economista e Professor-doutor e Pesquisador do Departamento de Administração Pública da Unesp.

A tradicional encenação da Paixão de Cristo promete fortes emoções, em Parada de Taipas




Mais de seis mil pessoas devem acompanhar a tradicional apresentação
O estacionamento do Hipermercado Atacadão Taipas, na zona norte de São Paulo, será palco da 20ª encenação de A Paixão de Cristo, na sexta-feira santa, dia 25 de março, às 19h30. Com duração média de 3 horas, a encenação tem bastante visibilidade, e levou no ano anterior mais de seis mil pessoas ao local. Espera-se superar as expectativas este ano.

A apresentação reúne toda a região, formada pelos distritos de Pirituba, Parque São Domingos e Jaraguá, que abrange também o bairro Parada de Taipas. Ao longo das duas décadas de realização, o evento ecumênico se destacou pela comoção de toda a comunidade em sua realização.

A encenação, que já é tradição no bairro, faz parte do calendário oficial da cidade de São Paulo, e é ainda um dos poucos contatos que muitos moradores têm com a arte. Um dos principais diferenciais deste ano é a abertura construída com o tema da Campanha da Fraternidade 2016, “Casa Comum, nossa responsabilidade”, e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” - (Am 5,24).

Mais de cem pessoas, entre elenco e produção, fazem parte do trabalho realizado por coletivos culturais da região, como Cia de Teatro Monfort (Paróquia São Luis Maria Grignion de Montfort), Comunidade Missão Mensagem de Paz, Grupo Teatral Arte de Viver (Paróquia Nossa Senhora das Dores) e Ministério de Artes Cristo Libertador (Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima).


Sobre o elenco:

Grande parte do elenco cresceu encenando a Paixão de Cristo. Alguns se tornaram atores profissionais das artes cênicas e outros de áreas distintas, mas todos são amantes da arte e do fazer teatral. Dentre os atores estão, Clayton Lima, ator e fotógrafo que novamente interpretará o personagem Jesus Cristo, junto a sua esposa, a atriz e pedagoga Beatriz Duarte, começaram no Grupo Teatral Arte de Viver quando ainda eram adolescentes. Ambos já interpretaram diversos personagens na Paixão de Cristo e também em outros coletivos do teatro paulistano, revivendo essa história. No ano passado, a filha do casal, Clarice Duarte, ainda era recém-nascida quando subiu ao Palco interpretando o menino Jesus, nos braços de Maria.

Além deles, temos também o ator e jornalista Paulo Gratão, que há anos interpreta o Rei Herodes e praticamente fundou o grupo ao lado do Ator e Diretor Roberto Bueno, em 1996. Gratão ainda era um garotinho de apenas 8 anos, ao lado também da atriz e pedagoga Miriam Jardim, também criança na época.

O grupo segue com grande parte do Elenco que comemora esses 20 anos de apresentação: os atores Márcio Marques, Jéssica Nunes, Adilson de Paula, Fernando Vaz, Antonio, Dand Funari, Cibele Lima, Beatriz Luz, Larissa Freitas, Walyson Ferraz e grande elenco, além de todo o pessoal da produção que faz tudo ganhar vida. Complementando esse quadro temos os atores, bailarinos e músicos dos outros coletivos que também muitos cresceram contando, dançando e cantando essa história de Amor, Fé e Esperança.

Já há alguns anos a Organização e Produção Geral fica por conta dos quatro Coordenadores dos Coletivos envolvidos, Fernando Baptista, Edvan Freitas, Roberto Bueno e Guilherme Maggio, onde cada um tem uma ligação com a Arte, unindo forças e experiências para que tudo fique cada vez melhor.


Sobre o espetáculo

Desde 1996, a encenação vem arrancando fortes emoções daqueles que prestigiam o momento. O espetáculo explora todas as etapas da vida de Jesus, desde o "sim" de Maria, os milagres e curas, a morte e a Ressurreição.


Serviço:


A Paixão de Cristo
Quando: Dia 25/03 às 19h30
Onde: Estacionamento do Atacadão Taipas
Acesso pela Avenida Elísio Teixeira Leite, 1250 ou Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, 11980 - Parada de Taipas - São Paulo – SP.
Entrada franca
Realização: Arquidiocese de São Paulo - Região Episcopal Brasilândia através da Organização do Grupo Teatral Arte de Viver, Cia de Teatro Monfort, Comunidade Missão Mensagem de Paz e Ministério de Artes Cristo Libertador. Paróquias Nossa Senhora das Dores, São Luis Maria Grignion de Montfort, Nossa Senhora de Fátima e Cristo Libertador.
Apoio e parceria: Prefeitura da Cidade de São Paulo - Subprefeitura de Pirituba/Jaraguá

Excesso de cuidados com o corpo e a aparência são prejudicais à saúde física e mental





Conhecida como dismorfofobia corporal, a perturbação da percepção e valorização exagerada do corpo é um transtorno mental que pode acarretar em doenças como anorexia, bulimia e vigorexia

Na sociedade contemporânea evidenciada pela busca da estética e do corpo perfeito, muitas pessoas acreditam que a regra para ser feliz baseia-se na aparência. Embora a beleza seja importante para o bem-estar e a autoestima e constitua um fator essencial para saúde física e mental, o descontrole com os padrões estéticos podem ocasionar em doenças psíquicas e físicas, explica o psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Breno Rosostolato.
“Ao longo dos anos, as pessoas passaram a acreditar que todo sacrifício é pouco para alcançar o padrão de beleza ou cultivar corpos esculturais. Tudo a favor da estética e contra a saúde, uma vez que, o sofrimento, a dor e o inconformismo são inevitáveis”.  
O especialista ressalta que essa cultura da perfeição leva o indivíduo a uma escravidão da “imagem fantasiosa”, ocasionando um distanciamento da realidade. “A perda da identidade é gradativa e a alienação à vida é uma consequência trágica”- afirma.
Um estudo a respeito da construção do padrão de beleza ainda na infância, realizado por uma pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que, já aos cinco anos, as meninas relacionam feminilidade com consumo, padrão de beleza e casamento. O psicólogo explica que esses pensamentos, ao longo da vida, podem levar o indivíduo a desenvolver o transtorno dismórfico corporal, conhecido como dismorfofobia ou dismorfia corporal.
“A dismorfofobia é uma perturbação da percepção e valorização corporal, caracterizada por uma preocupação exagerada com um defeito real ou imaginada na aparência física”. Conforme o especialista, a dismorfia seria a base de alguns distúrbios alimentares como a anorexia, bulimia e vigorexia.
De acordo com o psicólogo, os fatores que provocam esse transtorno podem ser sociais, culturais e psicológicos, sendo que, as pessoas ansiosas, perfeccionistas e depressivas estão mais vulneráveis a doença.
“No geral, as características das pessoas com esse transtorno psicológico, além de exagerar em maquiagens, passar horas observando-se atentamente no espelho, se comparando com os outros, se resume em procurar defeitos em partes do corpo, a ponto de cobrir e esconder partes que não gostam, como pescoço, nariz, ombros, costas, entre outras partes”.
Ao falar sobre os tratamentos para dismorfofobia corporal, o especialista afirma que o acompanhamento psicológico é importante para reconstruir a autoconfiança do paciente, pois se faz com tratamentos que que prevêem a prescrição de fármacos e associado à psicoterapias.
Breno alerta que embora seja é difícil livrar-se totalmente destes padrões uma vez que a sociedade se alimenta e os enaltece, é importante manter a razoabilidade. “Devemos questionar, indagar e não aceitar as regras sociais que mais servem para agredir do que para acolher. Assim vamos conseguir combater a escravidão da estética” – destaca.

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