As férias de meio
de ano chegam trazendo um aumento de crianças e adolescentes nas ruas e parques
das cidades. Poucas chuvas e maior incidência de ventos incentivam a procura
por um brinquedo inocente, que usado de maneira incorreta pode causar sérios
danos, aumentando a preocupação de pais e responsáveis. Empinar pipa, uma
brincadeira antiga, coloca em alerta distribuidoras de energia elétrica e toda
a sociedade, para os riscos inerentes ao uso incorreto do brinquedo.
Linhas e parte das
pipas que ficam enroscados nos fios causam curtos-circuitos, desligamentos e acidentes com choques elétricos, podendo em alguns casos
culminar em morte. Muitos acidentes também envolvem usuários de motocicletas e
bicicletas que são atingidos na altura do pescoço por linhas de pipas. O
desafio de evitar essa tragédia urbana não é apenas das empresas que distribuem
energia, mas recai sobre toda a sociedade. Os dados são dignos de apreensão, na
região de Americana, Piracicaba e Campinas, a CPFL Paulista registrou 819
desligamentos pela utilização das pipas próximas à rede elétrica, no período de
dezembro de 2014 a fevereiro de 2015, e nessas férias já são registradas mais
de uma ocorrência por dia.
Reverter essa
ameaça é possível, com conscientização e adoção de algumas medidas preventivas.
Ninguém precisa ficar sem seu brinquedo e a solução não passa pela proibição
das pipas. Pelo contrário. Algumas regras básicas devem ser respeitadas,
para que uma brincadeira tão especial não se transforme em preocupação. Linhas
reforçadas, com vidro e cola, são proibidas e sua comercialização é crime. Em
São Paulo, a Lei nº 12.192/2006 proíbe o uso de cerol ou de qualquer produto
semelhante que possa ser aplicado em linhas de pipas.
É importante escolher um local longe da fiação elétrica, como
campos abertos e parques, preferencialmente áreas planas, fugindo do entorno de
rodovias ou das avenidas de intenso movimento, evitando inclusive os
atropelamentos. Outra preocupação é em relação ao papel utilizado, pois o papel
alumínio, ou mesmo papel laminado, são condutores elétricos, facilitando a
ocorrência de curtos-circuitos.
A tentativa de
resgatar a pipa da fiação elétrica pode provocar desligamentos no fornecimento
de eletricidade e causar acidentes com vítimas. Subir em telhados ou postes
para recuperar o brinquedo representa risco de choque, assim como tentar
removê-lo com canos ou bambus. Não é indicado soltar pipas quando estiver
chovendo ou com relâmpagos, pois elas funcionam como para-raio, conduzindo
energia. Também é perigoso brincar em lajes, porque qualquer distração pode
causar uma queda.
Muitos dos
acidentes e desligamentos poderiam ser evitados se fossem adotados cuidados
básicos. Esses conselhos podem contribuir para que um número maior de pais e
responsáveis pelas crianças contribuam com a solução desse problema. Seja
respeitando as regras, seja alertando sobre os riscos as pessoas que ainda insistem
em praticar a brincadeira de maneira insegura.
Rodrigo de Vasconcelos Bianchi - engenheiro eletricista e gerente
Regional da CPFL Paulista