Juliana Andrade,
professora do curso de Medicina Veterinária da FSG, explica os benefícios do
procedimento
Quando o assunto é
castração, muitas pessoas acreditam que a prática serve apenas para impedir a
reprodução, porém a realização também é extremamente importante para evitar
diversas doenças e comportamentos agressivos nos pets.
Segundo a professora do curso
de Medicina Veterinária do Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG, Juliana
Andrade, os pets não castrados podem desenvolver uma série de enfermidades. “As
fêmeas podem desencadear infecções uterinas que estão diretamente ligadas com a
questão hormonal, neoplasias mamárias graves, bem como alterações
comportamentais durante o estro (cio) que colabora inclusive com fugas de
fêmeas tanto felinas como caninas, desencadeando muitas vezes acidentes
graves”, comenta.
Já no caso dos machos não
castrados, é possível o desenvolvimento de neoplasias, além de alterações
prostáticas. “Os cães desenvolvem alterações comportamentais quando estão na
presença de uma fêmea durante o cio e desta forma acabam se envolvendo em
brigas com outros machos pela marcação territorial e no caso dos felinos,
muitas vezes passam dias fora de casa na companhia de fêmeas no cio, o que
acarreta briga com outros felinos e se contaminam com doenças virais graves,
muitas vezes letais”, explica.
“Espécies caninas e felinas de
ambos os sexos sofrem com as alterações hormonais, muitas fêmeas em toda fase
de estro têm uma queda brusca na imunidade e desencadeiam sinais clínicos de
patologias crônicas, como alergias, doenças autoimunes e diversas anomalias que
até então estavam controladas. Já os machos, por sua vez, podem desencadear
sinais clínicos de patologias toda vez que entram em contato, ou tenham
proximidade com uma fêmea no cio, a libido em alta afeta o comportamento deste
animal, fazendo com que sua imunidade tenha uma queda brusca e algumas doenças
se manifestem, como por exemplo, uma dermatopatia que estava até o momento sob
controle”.
Para a professora Juliana, o
uso da cirurgia como método contraceptivo traz algumas vantagens, entre elas,
três pilares importantes. “É
realizado em um único procedimento, causa a perda irreversível e imediata da
capacidade reprodutiva e produz uma alteração positiva quanto ao comportamento
dos animais, principalmente no caso dos machos que diminuem o comportamento
territorial e até mesmo agressivo pela perda progressiva da libido”, relata.
Juliana ressalta que para os
animais que serão castrados, é importante ficar atento quanto a idade adequada
para o procedimento. Por exemplo, para os felinos machos, o ideal é a partir de
6 meses, para cães de porte pequeno a partir de 7 meses e cães de porte grande
o ideal é mais próximo dos 11 meses de idade.
Já para as fêmeas felinas, a
idade ideal da castração é a partir de 7 meses, fêmeas caninas de pequeno e
médio porte, a indicação é após o primeiro cio, e para fêmeas de porte grande e
gigante, o correto é após o segundo cio.
“Sabemos que os hormônios
reprodutivos são importantes para o desenvolvimento dos animais, portanto o
último consenso para a idade ideal de castração das fêmeas fez um pequeno
ajuste quando comparado com as orientações antigas, onde se indicava a
castração antes do primeiro cio para todas as fêmeas caninas independente do
porte delas. Quando falamos das fêmeas felinas, a orientação segue sendo a
castração mesmo antes do primeiro cio, tendo em vista que esta espécie tem um
ciclo estral diferente das cadelas e são mais sensíveis as patologias
relacionadas aos hormônios reprodutivos”, opina.
Cuidados
dos tutores com a castração dos pets
Antes da castração, os donos
devem procurar um Médico Veterinário para levar o pet a uma avaliação, já que
somente um profissional habilitado poderá orientar sobre quais exames
pré-operatórios o animal de estimação deverá fazer, uma vez que cada um tem suas
particularidades e sendo assim, cada animal terá uma necessidade individual de
exames para que possa ser anestesiado com segurança durante o procedimento
cirúrgico.
Juliana comenta que a
castração para os machos é um procedimento mais simples quando
comparado às fêmeas, uma vez que o procedimento de orquiectomia (castração dos
machos) é uma cirurgia rápida e não invasiva. Já a ovariohisterectomia
(castração das fêmeas) é mais complexa pelo fato de ser mais invasiva, porém
ambas as cirurgias têm uma recuperação rápida, em torno de 7 dias para a
retirada de pontos e alta clínica dos pacientes.
“Logo após o procedimento, os
animais vão para casa com a prescrição de tratamento pós-operatório, limpeza
dos pontos e alguns cuidados de repouso nos primeiros dias pós cirúrgicos e uso
de roupa cirúrgica para evitar que mexam nos pontos. Se trata de um
procedimento seguro, sendo realizado por um profissional habilitado e cuidadoso
quanto aos exames pré-operatórios dos pacientes”, explica.
Por fim, a professora do curso
de Medicina Veterinária da FSG, reforça que: “Um dos cuidados extremamente
importantes que se deve ter após a castração do seu pet, é o fato de aumentar a
possibilidade deste animal ganhar peso, portanto deve-se estar atento ao tipo
de alimentação dele, como qualidade e quantidade do alimento fornecido, deve-se
levar sempre em consideração o porte do animal, raça, bem como estilo de vida,
idade e comorbidades caso exista alguma. Na dúvida, sempre procure um Médico
Veterinário de confiança”, finaliza.
FSG - Centro Universitário da Serra Gaúcha.