Exposição Kumihimo
explora a história e a evolução da confecção de cordões de seda e é apresentada
pela Domyo, empresa familiar de Tóquio que produz cordões de seda
artesanalmente desde 1652
Entre 24 de maio e 28 de agosto, a Japan
House São Paulo
apresenta a exposição gratuita Kumihimo - a arte do trançado japonês com seda, por
Domyo.
Inédita no Brasil, a mostra é apresentada Domyo, empresa familiar tradicional
sediada em Tóquio, que há mais de dez gerações produz artesanalmente cordões de
seda, feitos à mão por artesãos que trabalham exclusivamente para a companhia.
Na exposição, o visitante poderá conhecer a evolução histórica do kumihimo no Japão, entender sobre a construção
dos trançados, além de explorar possibilidades futuras para seu uso, tudo isso
a partir de três grandes instalações, mais de 30 reproduções de peças de kumihimo históricos, ferramentas utilizadas
pelos artesãos e vídeos que contam com recursos de acessibilidade. A exposição
faz parte do projeto de itinerância global da Japan House, com passagem por Los
Angeles, agora em São Paulo e, na sequência, Londres.
Em japonês, kumihimo significa "cordas trançadas". O termo é
utilizado para se referir a amarrações de três ou mais feixes de fios de seda,
formando cordões a partir da sobreposição diagonal desses fios de maneira
regular e uniforme. Os resultados podem ser trançados simples, feitos com três
feixes (conhecidos como “trança francesa”), ou mais complexos, chegando a
conter mais de 140 feixes de fios. No Japão, o kumihimo foi utilizado ao longo dos séculos
para diversas funções, como acessórios para vestimentas e ornamentos para armas
e armaduras, apresentando uma evolução única. Um dos tipos mais conhecidos
pelos japoneses é o utilizado no obijime
– o cordão que se amarra por cima da faixa de um quimono tradicional.
Dividida em três momentos - História, Estrutura e
Futuro -, a exposição ocupa todo o segundo andar da Japan House São Paulo,
inclusive uma nova sala com 100 m², que será incorporada a este piso a partir
desta exposição. Na parte histórica, o foco são as origens e evoluções da
técnica por meio dos séculos. Já os suportes usados na produção dos cordões,
chamados de marudai (utilizado
para produzir cordões quadrados) e takadai
(suporte alto que permite trançados planos), são apresentados ao público na
seção Estrutura, que também exibe as ferramentas usadas nos processos de
tingimento, preparação dos fios e produção dos cordões. Por último, os
visitantes podem conferir as mais recentes estruturas de trançado desenvolvidas
pela Domyo, além
de peças criadas em colaboração com especialistas de áreas como indústria
têxtil e ciência matemática, que apresentam possibilidades de aplicações
futuras para a técnica.
O kumihimo se destaca tanto pela resistência quanto pela
elasticidade, determinadas pelos métodos de trançado e amarração, além da
variação nos ângulos de orientação das fibras, por isso é possível encontrar
estruturas de tubos de carbono semelhantes ao kumihimo em uma série de aplicações
industriais, desde tacos de golfe e aeronaves até próteses ortopédicas.
Exclusivamente para esta exposição, foi criado um modelo baseado em topologia
geométrica em parceria com o Tachi Lab
da Universidade de Tóquio. O modelo apresentado é resultado da atividade deste
laboratório, onde pesquisadores criam estruturas utilizáveis e materiais celulares
com propriedades únicas baseados na geometria do origami, nos sistemas com articulações, na
geometria diferencial e assim por diante. Por meio deste trabalho, buscam
entender a natureza da forma e da função, por meio da observação e, também, da
criação de vários fenômenos. Essa colaboração amplia matematicamente o
potencial oferecido pelo kumihimo
de criar padrões gráficos, estruturas tridimensionais e sistemas
funcionais.
Cerâmicas datadas do início do período Jōmon (entre
5 mil e 6 mil anos atrás) já apresentavam padrões decorativos de uma forma
primitiva de kumihimo impresso,
mas os maiores avanços do kumihimo
no Japão ocorreram a partir do período Asuka (592-710). Sua tradição permeia
desde ornamentos para armas e armaduras, quimonos e vestimentas para
cerimônias, elementos decorativos para santuários e outros objetos religiosos,
bem como nas artes cênicas. Hoje, a técnica também vem sendo incorporada à moda
contemporânea, como nas criações do estilista japonês Akira
Hasegawa (1989).
“Eu trabalho para transmitir, hoje, emoções de cem anos atrás. Sou movido pela
beleza estrutural e pela sensação de aconchego encontrada em roupas antigas”,
comenta Hasegawa.
“Para nós é muito importante poder colocar o
público brasileiro em contato com esse bem cultural tão significativo do Japão
e apresentar a experiência e os conhecimentos adquiridos pela empresa Domyo
desde 1652. Exposições como esta reforçam a missão da Japan House São Paulo de
apresentar o Japão de hoje com práticas que podem se perpetuar por séculos. E
reiteram nossa aproximação com base também em trançados simbólicos”, comenta
Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da Japan House São Paulo.
Dentro do programa JHSP Acessível, a exposição Kumihimo - A arte do trançado japonês com seda, por
Domyo, ainda
conta com recursos de audiodescrição, libras e bancada com elementos
táteis.
Sobre a Domyo
A instituição Yusoku
Kumihimo Domyo, foi fundada em 1652 na cidade de Edo (a Tóquio da Era Moderna),
e até hoje mantém uma loja na região de Ikenohata, no bairro de Ueno. Durante o
período Edo, a casa Domyo comercializava cordões, produzidos principalmente
para bainhas e empunhaduras de espadas. A partir do período Meiji (1868-1912),
ela começou a vender obijime
para se amarrar sobre as faixas de quimonos, bem como haorihimo, um cordão utilizado para amarrar a
parte frontal do haori,
espécie de jaqueta formal utilizada com quimono e que é aberta na parte da
frente. Até hoje todos os produtos da casa são tingidos a mão e trançados por
artesãos e artesãs que trabalham exclusivamente para a Domyo. Outro aspecto
importante do trabalho da instituição é a pesquisa, a restauração e reprodução
do kumihimo
histórico, por encomenda tanto do Escritório da Casa do Tesouro Shōsōin da
Agência da Casa Imperial, quanto de vários templos, santuários e museus de todo
o Japão. Tais atividades produziram uma rica variedade de técnicas e
conhecimentos, úteis para fins de pesquisa acadêmica, preservação, disseminação
e progresso dessa tecnologia.
Sobre a Japan House São Paulo (JHSP):
A Japan House é uma
iniciativa internacional com a finalidade de ampliar o conhecimento sobre a
cultura japonesa da atualidade e divulgar políticas governamentais. Inaugurada
em 30 de abril de 2017, a Japan House São Paulo foi a primeira a abrir suas
portas, seguida pelas unidades de Londres e Los Angeles. Estabelecida como um
dos principais pontos de interesse da celebrada Avenida Paulista, a JHSP
destaca em sua fachada proposta pelo arquiteto Kengo Kuma, a arte japonesa do
encaixe usando a madeira Hinoki. Desde 2017, a instituição promoveu mais de
trinta exposições e cerca de mil eventos em áreas como arquitetura, tecnologia,
gastronomia, moda e arte, para os quais recebeu mais de dois milhões de
visitantes. A oferta digital da instituição foi impulsionada e diversificada
durante a Pandemia de Covid-19, atingindo mais de sete milhões de pessoas em
2020. No mesmo ano, expandiu geograficamente suas atividades para outros
estados brasileiros e países da América Latina. A JHSP é certificada pelo LEED
na categoria Platinum, o mais alto nível de sustentabilidade de edificações; e
pelo Bureau Veritas com o selo SafeGuard - certificação de excelência nas
medidas de segurança sanitária contra a Pandemia de Covid-19.
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Serviço:
Exposição Kumihimo - A arte do trançado japonês com seda, por
Domyo
Organização:
Yusoku Kumihimo Domyo (Kiichiro Domyo), Mari Hashimoto
Período:
de 24 de maio a 28 de agosto de 2022
Local:
Japan House São Paulo – Avenida Paulista, 52 (2º andar) - São Paulo, SP
Horários: terça
a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 9h às 19h; domingos e feriados, das 9h às
18h.
Entrada gratuita. Reserva
antecipada (opcional): https://agendamento.japanhousesp.com.br/
A exposição conta com recursos de acessibilidade (Libras, Audiodescrição,
elementos táteis).