Efeitos negativos
da pandemia da Covid-19 atingiram quase metade das empresas do país durante os
15 primeiros dias de julho. Empresários buscam alternativas para manter
serviços ativos e rotatividade do estoque por meio de permutas multilaterais
A crise sanitária do novo coronavírus impactou
diretamente a economia durante os últimos meses. Como a maior parte do Brasil
teve que fechar o comércio físico para conter a propagação do novo coronavírus,
os empresários passaram a investir em alternativas digitais para continuar a
vender seus produtos e serviços. Segundo a Associação Brasileira de Comércio
Eletrônico (ABComm), a abertura de e-commerces passou de uma média de 10 mil
por mês para 50 mil mensais logo após os decretos de isolamento social em
março, um crescimento de 400%.
Essa aposta pelo meio digital contribuiu para que
as empresas espalhadas no Brasil diminuíssem os impactos negativos da Covid-19,
que provocou uma queda histórica de 9,7% do PIB registrada no 2º trimestre.
Diante desse cenário com baixa circulação de dinheiro no mercado, uma das
formas para fazer negócios, que tem atraído muitos adeptos, são as permutas
digitais.
O empresário Demétrius Moura, que trabalha no
ramo de elaboração de projetos para captação de recursos há oito anos, realizou
importantes negócios por meio da plataforma de permutas multilaterais XporY.com
nos últimos meses. “Fiquei sabendo dessa iniciativa por meio de amigos que
atuam em uma aceleradora de startup em São Paulo e decidi fazer parte da
plataforma em dezembro do ano passado. É uma ferramenta importante porque
estamos passando por um momento de reativação econômica e essa variedade de
modelos de negócios pode contribuir para reinserir muitos profissionais no
mercado”, destaca Demétrius.
Assim como Demétrius, muitos outros empresários
também sentiram os impactos do novo coronavírus na economia. Segundo dados do
terceiro ciclo da Pesquisa Pulso Empresa, divulgada pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), 44,8% das quase 3 milhões de empresas em
funcionamento no país sentiram efeitos negativos da pandemia na primeira
quinzena de julho. No início da crise, ainda no final do mês de março, um
levantamento do Sebrae observou que 89% das pequenas e microempresas tiveram
queda no faturamento durante os primeiros dias de pandemia.
Essa queda na movimentação econômica refletiu no
aumento da demanda pelas permutas. A plataforma XporY.com, por exemplo, cresceu
34% de março à julho deste ano. Fundada em 2014, a plataforma, que hoje é uma
scale up, já conta com mais de 10 mil usuários em todo País. O benefício das
trocas para os permutantes é poder adquirir itens de sua necessidade sem
precisar ter o papel moeda em mão. Demétrius conta que investe créditos de
trocas de serviços realizados na plataforma para obter serviços nas áreas de
marketing e publicidade.
Segundo o sócio-proprietário da plataforma,
Rafael Barbosa, as empresas viram nas permutas uma nova forma de fazer negócio
durante o período de crise, repetindo algo semelhante à crise financeira de
2008, quando aconteceu a especulação imobiliária nos Estados Unidos e a
falência do tradicional banco Lehman Brothers, que derrubou outras grandes
instituições financeiras. “As empresas estão com os estoques parados e os
serviços ociosos por conta da diminuição do consumo e de menos dinheiro
entrando no caixa. Com as permutas, elas podem se manter ativas e, ainda,
adquirir produtos dentro da plataforma para manter a atividade”, explica
Barbosa, que também é especialista em inovação e economia colaborativa e
acredita que essa tendência de se apostar na economia colaborativa deve
continuar mesmo após a pandemia.