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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Especialista destaca 3 presentes não materiais para os pais darem aos filhos neste Dia das Crianças

Para Adriana Drulla, mestre em psicologia positiva, aumento do vínculo, autocompaixão e escuta compassiva são fáceis de encontrar e não custam nada

 

Mais um Dia das Crianças se aproxima e, tradicionalmente, é comum pais e mães se esforçarem para encontrar brinquedos, roupas e lembrancinhas para presentear os filhos. A mestre em psicologia positiva e especialista em parentalidade consciente, Adriana Drulla, mãe de duas crianças, destaca, no entanto, que existem outros presentes mais importantes. Presentes que vão refletir na própria formação das crianças.


Crie vínculo

Estamos passando por momentos de muito estresse e ansiedade. Mas entre as coisas positivas que o isolamento social trouxe para as famílias é a possibilidade dos pais passarem mais tempo com seus filhos, em casa. E mais do que estar mais presente, é importante aproveitar esse tempo a mais para criar vínculos, criar conexão de modo que crianças e jovens se sintam verdadeiramente acolhidos e tenham seus sentimentos compreendidos por seus pais. O vínculo com os pais é um dos principais fatores que suportam a resiliência emocional da criança, que é a capacidade da criança de enfrentar desafios de forma construtiva. O primeiro passo para ganhar a confiança da criança é validando seus sentimentos, acolhendo o que ele está sentindo com empatia. “Não basta dizer ‘Eu amo meu filho e ele sabe disso’. O vínculo se constrói quando as pessoas compartilham experiências positivas. Brincar junto, cozinhar junto, até mesmo dividir outras tarefas de casa são exemplos de momentos agradáveis de interação”, completa Adriana. 


Autocompaixão

Aos pais e mães, aceitar nossas imperfeições com naturalidade e abrir mão das expectativas irrealistas, é importante para a resiliência emocional dos nossos filhos. “Na minha pesquisa, feita nos Estados Unidos com 246 pares de mães e filhos, descobri que mães autocompassivas tem filhos mais autocompassivos, e se sentem mais competentes no seu papel de mãe". A autocompaixão significa adotar uma postura gentil com relação a si mesmo, dando pra si o que você precisa em um momento difícil, seja um banho demorado, seja pedir ajuda para alguém porque você precisa relaxar. Quando os pais se cuidam e são mais gentis consigo, os filhos também se beneficiam. Eles aprendem a serem autocompassivos pelo exemplo, e tem um vínculo mais forte com pais e mães.

Quando nos cuidamos conseguimos nos conectar com a criança de uma forma mais profunda. Ao abrir mão da expectativa de nos tornarmos mães e pais perfeitos, conseguimos aceitar que nossos filhos também têm defeitos. A criança que se sente aceita por quem ela é, que não acha que precisa mudar para receber amor, desenvolve um autoconceito mais positivo e maior autocompaixão. “As pesquisas mostram que as crianças que têm maior dificuldade para lidar com os próprios erros, e que enxergam as limitações pessoais como sinal de que há algo errado com elas, tendem a deprimir e desenvolver outros problemas emocionais com maior frequência”, completa Adriana. 


Escuta Compassiva

Para entender um filho é importante reservar um tempo para ouvir o que ele está sentindo. Uma escuta com aceitação e sem julgamentos faz com que o outro se expresse com sinceridade, sem preocupação com desaprovação. Uma escuta compassiva acontece do pescoço pra baixo. Isso significa que quem escuta não fala, apenas se disponibiliza a escutar o outro, ao mesmo tempo que presta atenção às próprias emoções, e como elas se expressam no corpo. Quem escuta demonstra entendimento e compreensão, nada mais. “E muitas vezes é apenas isso que a pessoa precisa para que ela se sinta melhor e possa então pensar sobre como melhorar ou lidar com a situação. Muitas vezes tudo que precisamos é de uma escuta compreensiva, uma conexão sincera, um abraço, e um ombro para chorar”, finaliza a especialista. 

 



Adriana Drulla - Mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pennsylvania, programa criado por Martin Seligman, psicólogo fundador da psicologia positiva, para treinar alunos na vanguarda do campo juntamente com outros pesquisadores referência nos Estados Unidos e no mundo. Estudou compaixão e autocompaixão em cursos com Kristin Neff, Christopher Germer, Paul Gilbert e Tara Brach. Autora de artigo científico sobre a transmissão intergeracional da autocompaixão entre mães e filhos. É especialista em Mindfulness pela Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA) e teacher in training do Programa Mindful Self-Compassion, criado por Kristin Neff e Christopher Germer. Formada em Conscious Parenting por Shefali Tsabary, psicóloga referência em parentalidade e autora do método que une psicologia, parentalidade e espiritualidade. 

https://www.instagram.com/adrianadrulla/?hl=pt-br

Podcast Crescer Humano: https://spoti.fi/3lzJghY


Superação ou conquista? Como a autoestima de um PCD pode definir sua trajetória

Quando eu tinha 4 anos, passei pelo pior acidente que uma criança poderia passar: sofri queimaduras por todo o corpo, perdi dedos, uma mão, mas também do fogo eu renasci como uma Fênix - ou seja, superei aquele episódio que deixou marcas por todo o meu corpo. No entanto, o que para muitos é apenas uma história triste e de superação, para mim é o início de uma trajetória de sucesso, pois não se resume a "Ju queimada", abandonada no Hospital de Queimaduras pela mãe biológica, adotada por uma família bondosa e cristã que me deu todo amor e carinho. 

Durante minha infância e adolescência sofri bullying, mas tive o suporte familiar para que eu não me colocasse em um papel inferior, de vítima. Tornei-me adulta, realizei o sonho de ser estilista (de noivas), sou mãe de 3 crianças maravilhosas, sou influenciadora e, ainda no meio desta pandemia, virei tiktoker... Minha história é muito louca mesmo. Mas o resumo é assim: me queimei, fui adotada, cresci e estou aqui para contar uma parte dessa história, mas precisamente um episódio de quando tinha 15 anos.

Cresci em uma família que me apoiou muito e me fez acreditar que, mesmo possuindo uma deficiência física, tudo era possível. Aprendi a desenhar, sempre gostei de moda; por isso, gostava de me vestir de forma diferente e estilosa. Era popular e tinha muitos amigos, mas mesmo assim passei por maus bocados.

O bullying era diário e constante na minha vida, seja daquela criança que adorava me chamar de "pata de cachorro", "queimadinha", "monstro radiotivo" entre outras coisas, ou da tia da padaria que todo dia queria me contar da prima dela que caiu no tacho de água quente e queimou a cara e ficou toda deformada, igual a mim como ela dizia com um sorriso no rosto.

Não foi uma infância fácil. O tempo todo as pessoas faziam questão de me lembrar que eu não era igual a elas. O tempo todo me faziam sentir pena de mim mesma ou, pelo menos, era isso que elas queriam que eu acreditasse.

Depois da primeira infância e de tentar lidar com tudo isso, veio uma fase mais complicada: adolescência. Hormônios à flor da pele. Todas querendo se sentir lindas, ter seus primeiros namoradinhos e eu, claro, queria a mesma coisa. Mas sempre tinha uma voz na minha cabeça: mas será que algum cara vai me querer assim? Será que vai me achar bonita? Me desejar?

Por muito tempo me senti assim até eu dar meu primeiro beijo. Namorei meu primeiro amor e melhor amigo do colégio por um tempo, até um dia ele falar algo que me marcou e me mudou para sempre: "Você, além de linda, é como se fosse uma bruxa, sabia? Você tem algo que enfeitiça, sei lá... Deve ser esses olhos ou essa boca, para mim você é perfeita". Terminamos quando ele mudou de colégio.

Foi um momento de descoberta importante, onde me vi confiante e sexy, e comecei a demonstrar todos os dias isso. Entendi que, antes de ver minhas mãos, os garotos teriam que olhar nos meus olhos, me conhecer e usei isso a meu favor, me tornei popular e desejada por muitos garotos. Parece um conto de adolescente feliz e empoderada, né?

Até que um dia tudo mudou. Em uma dessas baladas, um cara mais velho que eu (ele devia ter uns 18 anos) me chamou no canto falando que já me via há uns três sábados e me achava muito linda, estilosa, tudo que eu realmente era. Ele me elogiou muito e conversou até começar a me beijar. No começo foi leve e tranquilo, até que começou a forçar algo mais, foi tentando passar a mão no meu corpo. Eu tentava sair daquela posição contra a parede e nada. Enfim, ele forçou a mão dentro da minha calcinha e eu mordi o lábio dele com muita força e empurrei e gritei: "Você está louco? Está achando que sou o quê?" Para não chamar mais atenção, ele pediu desculpas e disse que se exaltou, mas chegou perto do meu ouvido e disse: "Você devia ficar feliz de um cara como eu querer ficar com uma garota como você: deformada e queimada assim. Você só serve para isso mesmo."

Ele saiu como se nada tivesse acontecido. Fiquei ali chorando por dentro, mas sorrindo por fora. Voltei para casa e passei a noite chorando de ódio e ao mesmo tempo pensando: "Será que nunca alguém vai me amar como eu sou, sem ver a minha deficiência antes?".

Bom, acho que Deus me ouviu chorar naquela noite, pois alguns anos depois, vivendo sempre essa insegurança, ele me mandou um adolescente esquisito de capuz preto, bem nerd. Tínhamos muito em comum e, de acordo com ele, eu o conquistei por ser uma baixinha muito brava. Conheci o Rafael (meu marido) com 18 anos e estamos juntos até hoje. São 16 anos juntos, três filhos, muitas aventuras e a certeza de que em nenhum momento ele enxergou minhas mãos como uma barreira.

Esse pequeno fato que aconteceu comigo e que poderia ter sido um trauma que iria me impedir de me relacionar com outras pessoas para sempre, acontece todos os dias com PCD (Pessoas com deficiência). Todos os dias, elas são ignoradas como seres humanos que amam, que sentem prazer, que querem ser vistos por eles mesmos e não por suas deficiências ou "histórias de superação". Todo dia, pessoas nos excluem e nos colocam em um local de pena, de pessoas incapazes de amar ou sentir prazer.

Eu consegui me defender naquele dia e mudar a minha história; porém, existem milhares de histórias diferentes, principalmente de abusos sexuais com PCD. Por isso, é fundamental, essencial, começarmos a falar sobre inclusão mais e mais. Esse será o início da mudança de muitas histórias e de uma nova geração que crescerá respeitando verdadeiramente as diferenças, sem sentir que tudo o que um PCD faz é superação. Não superamos, conquistamos como toda e qualquer pessoa. A minha conquista, minha trajetória de sucesso é ser um estilista de noiva reconhecida, uma influenciadora, mão de 3 crianças. E a sua?

 



Juliana Santos - a.k.a. Ju Sem As Mãos, mulher empoderada, estilista de noivas e mãe de 3.


Cyberbullying: maioria dos adolescentes já presenciou ou foi vítima de agressões pela internet

Cyberbulling é crime; Epecialistas alertam sobre os riscos das relações pouco saudáveis que podem se esconder por trás das telas do computador


No Dia Mundial da Saúde Mental (10/10), especialistas alertam sobre os riscos das relações pouco saudáveis que podem se esconder por trás das telas do computador 

 

A pandemia e o isolamento social levaram à reinvenção dos modelos de trabalho, ao boom das videoconferências, da telemedicina, ao crescimento do e-commerce, à descoberta dos shows e eventos online, à explosão das lives e à ampliação das interações sociais, aproximando muitas famílias.

Na mesma medida, a situação agravou problemas que já existiam, mas que também migraram com mais força do campo presencial para o online: o bullying entre os adolescentes. A avaliação é do psicólogo, mestre e especialista em Neuropsicologia Diego Maciel Lima, professor do UNICURITIBA - instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações privadas de ensino superior do país.

“O bullying é uma prática antiga, bastante conhecida nas escolas. Trata-se de um conjunto de práticas agressivas, intencionais e repetidas, sem motivo aparente, cometida contra um indivíduo vulnerável e que causa dor e sofrimento. Quando praticado presencialmente, existe uma possibilidade maior de controle e intervenção dos adultos. Com a internet, o alcance pode ser global e foge rapidamente ao controle”, explica.

No chamado cyberbullying, a gravidade dos casos se potencializa, continua o professor, já que nos meios online o ofensor se sente “protegido” pelo anonimato. “Com a audiência quase ilimitada, as motivações para o agressor aumentam e os danos à vítima também.”

 

Cyberbullying e isolamento social

Com o isolamento social, o principal motivo de preocupação de muitos pais é que a incidência do cyberbullying aumente, já que a interação entre os adolescentes passa a ser ainda maior por meios digitais.

O professor Guilherme Alcântara Ramos, mestre em Psicologia, coordenador de equipes de projetos psicopedagógicos e do Núcleo de Atendimento Psicopedagógico do UNICURITIBA, diz que a internet é capaz de encurtar distâncias e, neste aspecto, a tecnologia é bem-vinda, se for para estimular os afetos, vínculos e relacionamentos saudáveis. “Fisicamente as pessoas não estão no mesmo espaço, mas quando se conectam, elas se reabastecem e reforçam o vínculo emocional - o que é extremamente benéfico e necessário”, explica.

A questão é quando os relacionamentos não são nada afetivos e podem ter interferência direta na saúde mental dos adolescentes. No Brasil, um levantamento realizado em 2018 pelo Instituto de Pesquisa Ipsos com um público entre 8 e 16 anos mostrou que:

·         66% presenciaram casos de agressão na internet;

·         21% afirmam ter sofrido cyberbullying;

·         13% afirmaram zombar de alguém por sua aparência;

·         7% marcaram alguém em fotos vexatórias;

·         3% ameaçaram alguém;

·         3% zombaram alguém por conta de sua sexualidade.

 

Como agir em casos de cyberbullying?

O psicólogo e professor do UNICURITIBA, Diego Maciel Lima, dá dicas aos pais sobre como identificar e agir em casos de cyberbullying. “É importante ficar atento aos sinais de alerta, pois nem sempre os adolescentes pedem ajuda aos pais já que muitos sentem vergonha ou medo de serem incompreendidos ou repreendidos”, explica Lima.

Entre os principais sinais de que algo não vai bem estão mudanças súbitas no comportamento e humor, explosões de raiva, sinais de sofrimento ou recusa para entrar nas aulas online, diminuição repentina no rendimento escolar e mudança no tempo de uso das redes sociais, por exemplo.

Nestes casos, continua o professor, o ideal é estar sempre pronto a ouvir os adolescentes, sem julgamentos, e se for preciso, procurar ajuda especializada.

 

1)      O mais importante é os pais estarem atentos e presentes na educação de seus filhos. Quando os adolescentes se sentem acolhidos e vinculados a seus pais, há uma maior probabilidade de que peçam ajuda em casos de cyberbullying.

 

2)      Oriente o adolescente a procurar um adulto em caso de cyberbullying. É importante os pais explicarem que esses tipos de “brincadeira” não são naturais e que podem ser configuradas como crime. O adolescente precisa entender que tem um valor próprio e que ninguém tem o direito de o humilhar e expor ao ridículo.

 

3)      Caso seu filho peça ajuda, busque acolher a sua dor. Mesmo que lhe pareça exagero, nunca diminua, julgue ou repreenda o adolescente por não ter revidado. Também não dê conselhos apressados antes de entender totalmente a situação.

 

4)      Tente se lembrar de como você pensava, sentia e agia quando tinha a mesma idade; quando a aceitação social de seu grupo de amigos era uma de suas maiores prioridades na vida.  Evite dizer frases como “isso é só uma fase”, “isso não é tão grave assim”, “por que você não revidou?”, “que drama”.

 

5)      Lembre-se que cyberbullying é crime. Por isso, busque reunir provas por meio de “prints”, para que se for preciso você possa buscar as autoridades competentes para pedir auxílio

 

 

A quarentena despertou muitas mulheres para o autocuidado

Psicóloga Alethéa Vollmer aponta que a pandemia tem sido uma oportunidade de autoconhecimento. Muitas pessoas passaram a se olhar como são e a gostar do que veem, enquanto outras tiveram a oportunidade de se transformar para isso.


“A mulher nunca chega no ponto de se aceitar como é naturalmente, porque as pessoas não têm um naturalmente”, ressalta a psicóloga especialista em inteligência emocional, que atua há mais de 20 anos com atendimento clínico no Brasil e em Portugal. Ela explica que as mulheres, em especial, estão baseadas em um conceito de identidade que ancora o psicológico a partir do reconhecimento pelo mundo externo. Um exemplo disso é moda da transição capilar, uma prática libertadora proporcionada pelo confinamento.

Nos últimos seis meses, as redes sociais de muitas famosas foram tomadas por imagens de cabelos se transformando por falta de procedimentos de beleza, revelando a possibilidade de autocuidado a ponto de inspirar o universo feminino a aceitar com as madeixas brancas, os cachos e os estilos próprios que cada cabelo passou a ter.

“O Eu verdadeiro, a despeito de colocado na sua essência, sempre precisará do olhar do outro para dizer que ele pode existir. É uma questão de constituição. Eu me constituo a partir deste discurso e as pessoas me olham e veem desta forma. Não adianta eu dizer que meu cabelo é lindo e o outro dizer que não. Acabo criando uma dissociação em mim e o discurso do outro tem um peso tão grande que, ou eu me escondo, ou eu começo a brigar com o outro pela aceitação”, explica a psicóloga Alethéa.

E quando as pessoas conseguem se olhar no espelho e se verem da forma que estão, a gostarem deste “novo” cabelo, elas passam a se aprovarem para si mesmas e para o mundo. “Elas relaxam um pouco mais. Conseguem distinguir que o outro tem um cabelo diferente, mas não melhor ou pior, aprendem a lidar com diversidade. Até parece bobagem, mas a ‘simples’ aceitação por um cabelo é capaz de interferir em escolhas de vida importantes, como profissões, parcerias sexuais e a forma como existir no mundo”, analisa a especialista em inteligência emocional.

Alethéa lembra que durante muito tempo o cabelo crespo, sobretudo o negro, era um cabelo chamado de ‘cabelo duro’, que não tinha reconhecimento nenhum, não era aceito. Então, a única forma que se podia era não ter este cabelo. E aí vem um movimento, sobretudo político, que diz: mulheres, sejam protagonistas e se aceitem. Neste contexto, o termo de transição capilar é muito feliz pelo seu significado, porque se trata da mudança que acontece aos poucos. “Eu vou começar a me constituir de outra forma e a sociedade vai me autorizando a isso. Por exemplo, antigamente não existia um produto específico para cabelo crespo. Hoje, são diversas as opções apresentadas pela indústria, porque ela abraçou este discurso e está dizendo para essa mulher que ela pode ter esse cabelo. Então, existe o reconhecimento. Não tem esse natural, é uma produção que se naturaliza”, explica a psicóloga.

Esse reconhecimento pelo mundo causa completa mudança, porque à medida que a mulher se aceita, a sua autoestima melhora, ela passa a se sentir prestigiada pelo outro. O ser humano está constantemente em busca deste sentimento, que vem de um processo muito lento. “Por muitos anos esse cabelo crespo que hoje é aceito e cobiçado, foi tiranizado”, complementa Alethéa.

 



Alethéa Vollmer - Psicóloga, é Mestre em Ciências Criminais com ênfase em Violência, Pré-Doutorada em Sociologia pela USP e Graduada em Psicologia pela UNISINOS, no Rio Grande do Sul. A especialista também é professora de MBA em Gestão de Marcas – Branding e Assistente Técnica do Judiciário em Processos. No segmento corporativo, Alethéa é partner do Saindo da Média, metodologia que visa auxiliar a empregabilidade desde os estudantes na Universidade, até pessoas que buscam por trabalho, recolocação profissional, executivos etc.


10 de Outubro, Dia Mundial da Saúde Mental

 De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial da Saúde, cerca de 1 bilhão de pessoas vivem com um transtorno mental


De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) braço da Organização Mundial da Saúde, cerca de 1 bilhão de pessoas vivem com um transtorno mental, 3 milhões de pessoas morrem todos os anos devido ao uso nocivo do álcool e uma pessoa morre a cada 40 segundos por suicídio. O cenário da pandemia, afetou bilhões de pessoas em todo o mundo por conta da COVID-19, que vem causando um impacto adicional na saúde mental das pessoas.

De acordo com Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, já é possível ver as consequências da pandemia de COVID-19 no bem-estar mental das pessoas e isso só é apenas o começo. Para evitar isso, é preciso assumir compromissos sérios para aumentar o investimento em saúde mental desde já, as consequências para a saúde, sociais e econômica tendem a ser de longo alcance.

Segundo Dra. Edwiges Parra, psicóloga organizacional, especialista em Recursos Humanos e fundadora da EMIND Mente Emocional, os países gastam em média apenas 2% de seus orçamentos de saúde em saúde mental. Apesar de alguns aumentos nos últimos anos, a assistência internacional ao desenvolvimento para a saúde mental nunca excedeu 1% de toda a assistência ao desenvolvimento para a saúde.

"É fato de que para cada US$ 1 investido em tratamento intensivo para transtornos mentais comuns, como depressão e ansiedade, há um retorno de US$ 5 em melhoria da saúde e produtividade. Com a pandemia atendo diariamente pacientes com dificuldade de ser produtivo, dormir bem e queixas de cansaço. Aqui faço um alerta, Cuidado! Para estes sintomas que persistem em se fazerem presentes, algo está errado e por estar se aproximando de um estresse crônico o que podemos considerar como uma hipótese a ser investigada, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional", destaca Dra. Parra.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), define o termo “Burnout” como uma síndrome que resulta de um estresse crônico no local de trabalho, que não foi gerenciado com sucesso.A síndrome foi oficializada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2019 como uma síndrome crônica. Enquanto um “fenômeno ligado ao trabalho”, incluindo-a na nova Classificação Internacional de Doenças (CID11), que deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2022. O transtorno está registrado no Grupo V da CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde)

A síndrome pode ser identificada à partir de 3 dimensões:

  • Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;
  • Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho;
  • Redução da eficácia profissional.

 

Segundo dados da Secretaria de Especial de Previdência e Trabalho, na comparação entre os anos de 2017 e 2018, o crescimento de benefícios de auxílio-doença com a CID 10 Z73 chegou a 114,80%. O número de benefícios pulou de 196 para 421. "No contexto atual, o que já sabemos que a síndrome deverá atingir diversos profissionais no pós-pandemia, mas confesso que já estou vendo isso acontecer pelos pacientes antigos e novos que atendo em meu consultório ou nas ações corporativas, baseado nos relato das pessoas sobre o que mudou no seu estilo de vida e como isso vem afetando negativamente", explica Dra Parra.


O que precisamos saber parar prevenir e cuidar do bem-estar mental? 

SINTOMAS MAIS COMUNS DA SINDROME DE BURNOUT

  •  Distúrbios do sono;
  • Dores musculares e de cabeça;
  • Irritabilidade;
  • Alterações de humor;
  • Falhas de memória;
  • Dificuldade de concentração;
  • Falta de apetite;
  • Agressividade;
  • Isolamento – nos estágios iniciais parece que o indivíduo evita o contato com as demais pessoas; porém em estágios mais avançados pode-se desenvolver irritabilidade no contato com outras pessoas;
  • Estado de humor deprimido
  • Pessimismo e baixa autoestima;
  • Sentimento de apatia e desesperança – este é um dos sintomas que mais leva aos Diagnósticos errados da doença;
  • Irritabilidade exagerada – a irritabilidade acaba surgindo devido ao sentimento de Pessimismo e baixa autoestima, achando que aquilo que se faz não é bom o suficiente.
  • Perda de prazer – inicia-se como algo simples, mas gradativamente torna-se evidente – como a perda de prazer por comidas ou atividades que antes gostava de praticar, momentos com a família, etc.
  • maior suscetibilidade à doenças – como a síndrome de burnout mexe com o físico e também com o psicológico, acaba baixando a imunidade da pessoa, tornando-a mais suscetível ao aparecimento de doenças oportunistas.

 

COMO IDENTIFICAR?

A síndrome acaba sendo confundida muitas vezes, com outros problemas emocionais, isso porque os seus sintomas também estão presentes em outras patologias mentais.

Portanto, se faz necessário prestar atenção em muitos detalhes, sendo que o diagnóstico só deve ser feito por um profissional especializado como psicólogo ou psiquiatra. 


PREVENÇÃO

A prevenção pode se dar por práticas simples e prazerosas, desde que você também assuma esse compromisso (Accountability pessoal) com o seu autocuidado, aliás os cuidados com sua saúde você não deve delegá-la a terceiros e muito menos negligenciar-se.

Aqui as competências organização, planejamento, engajamento, disciplina e regularidades são fundamentais para você garantir longevidade e sustentabilidade com sua saúde como um todo.

Então vamos lá:

Práticas de exercícios físicos - Parte dessa condição acaba causando problemas físicos, isso sem mencionar as tensões musculares que muitas vezes impedem até mesmo a locomoção.


Pausas para o lazer – Bons para relaxar a mente e o corpo, seja na prevenção como no tratamento.


Meditação – Auxilia no controle dos níveis de estresse, bem como reaprender a respirar. Isso significa ter melhor manejo dos seus estados emocionais de volta e não aderir às exigências externas e internas de imediatismo.


Cuidado do “chicote interno” – Ou seja, cobrança excessiva consigo mesma (o), seja orientado pela busca da perfeição ou por suas crenças rígidas baseadas em medos do que os outros vão pensar sobre você, em diversas situações.


Organizar e reorganizar sempre que necessário – seus dias e tarefas no trabalho podem ajudá-la (o) no momento de pegar mais leve nas tarefas e então manter a calma, evitando assim que você venha a se sobrecarregar.


Faça uso de suas folgas e férias - Todo mundo precisa descansar. Pare de adiar as suas! Organize-se e aproveite os dias de descanso como melhor convier. Viaje, leia os livros que sempre quis, assista muitos filmes. Se preferir, não faça nada.

O importante é se desligar do trabalho para conseguir relaxar a mente e o corpo. Acredite: o mundo não vai acabar se você descansar um pouco.


Nutra bem seu organismo – Uma boa alimentação rica em nutrientes, já tem inúmeras eficácias quanto ao equilíbrio do organismo, seja para imunidade como também para o bom funcionamento dos neurotransmissores do bem-estar, como dopamina, endorfina, serotonina e oxitocina.


Conheça seus limites - Não tente abraçar o mundo ou tapar todas as lacunas no trabalho. Fuja de metas abusivas e do excesso de autocobrança. Reconheça até onde pode ir e quais são os fatores que podem lhe ajudar a conseguir chegar no seu objetivo. Esforce-se para separar as demandas pessoais das cobranças do trabalho e, principalmente, não abra mão da sua vida social.

E por fim, a promoção da saúde mental é responsabilidade de todos e o momento exige mais ações concretas e efetivas. Assim como nós em paralelo, devemos estar mais responsivos no exercício do autocuidado e no gerenciamento de nosso bem-estar mental.

 



Edwiges Parra - Psicóloga Organizacional, Terapeuta Cognitiva-Comportamental, Instrutora de de Mindfullness MVCT-D e fundadora da EMIND Mente Emocional.

 

A saúde mental é uma das áreas mais negligenciadas da saúde pública


 75% das pessoas com transtornos mentais, neurológicos e por uso de substâncias não recebem nenhum tratamento para sua condição

 

O Dia Mundial da Saúde Mental é celebrado em 10 de outubro de cada ano, com o objetivo principal de aumentar a conscientização sobre as questões de saúde mental em todo o mundo e mobilizar esforços em prol desta temática. O dia também oferece uma oportunidade para todas as partes interessadas (profissionais da saúde, gestores, legisladores, políticos e os usuários e seus familiares portadores de doenças psiquiátricas) falarem sobre seu trabalho e o que mais precisa ser feito para tornar a assistência à saúde mental uma realidade para as pessoas em todo o mundo.

Neste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) endossa a campanha "Move for mental health: let’s invest" para chamar a atenção mundial para o subfinanciamento crônico que existe em todo mundo nesta área, uma vez que a saúde mental é uma das áreas mais negligenciadas da saúde pública. Para se ter uma ideia da dimensão nesta questão em números, de acordo com a OMS, cerca de 1 bilhão de pessoas vivem com um transtorno mental, 3 milhões de pessoas morrem todos os anos devido ao uso nocivo do álcool e uma pessoa morre a cada 40 segundos por suicídio. Além disso, sabe-se que os transtornos mentais são as principais causas de incapacidade em todo o mundo, inclusive nos países de baixa e média renda - nesses lugares é menor a capacidade de suportar os encargos destinados à saúde mental nos sistemas públicos de saúde. Estima-se, por exemplo, que globalmente 264 milhões de pessoas sejam afetadas pela depressão. A esquizofrenia é outro transtorno mental grave que abrange 20 milhões de pessoas em todo o mundo; enquanto 45 milhões de pessoas mundialmente são acometidas pelo transtorno bipolar.

Apesar destes números alarmantes, em países de renda baixa e média, mais de 75% das pessoas com transtornos mentais, neurológicos e por uso de substâncias não recebem nenhum tratamento para sua condição. Os países gastam em média apenas 2% do seu orçamento de saúde em saúde mental. Apesar de alguns aumentos nos últimos anos, os recursos para a saúde mental nunca excederam 1% de toda a assistência ao desenvolvimento para a saúde. “Isso apesar do fato de que para cada US $ 1 investido em tratamento intensivo para transtornos mentais comuns, como depressão e ansiedade, há um retorno de US $ 5 em melhoria da saúde e produtividade. Relativamente poucas pessoas em todo o mundo têm acesso a serviços de saúde mental de qualidade. Além disso, o estigma, a discriminação, a legislação punitiva e as violações dos direitos humanos ainda são comuns.Já no cenário brasileiro, as palavras insuficiente e pouco efetivo resumem bem o tratamento dado à saúde mental no Brasil, que está em crise”, afirma Alessandra Diehl, que também é vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos Sobre o Álcool e Outras Drogas (ABEAD).

 

Fernanda Nedel, vice-presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria (APPSIQ), acredita que a falta de investimentos na saúde mental, em relação às outras áreas da medicina é histórico. “No passado, havia poucas opções terapêuticas e os medicamentos causavam efeitos colaterais. Muitos pacientes com transtornos mentais eram isolados e esse estigma resiste até hoje. Muitos pensam que os remédios fazem os pacientes dormirem o dia todo. Esse preconceito está presente até nas famílias, que, muitas vezes, não apoiam o tratamento psiquiátrico por acreditaram que o problema está relacionado a questões como falta de fé, falta de vontade ou desvio de caráter”, pontua.

 

Além disso, as autoridades da saúde não conseguem vislumbrar e compreender a complexidade da doença psiquiátrica, direcionando os investimentos para outras áreas médicas em detrimento da psiquiatria. “Um infarto, por exemplo, parece um problema urgente e visível, quando a saúde mental também é. Em jovens, o suicídio já é a segunda causa de morte”, avalia Fernanda.

 

Dependência química e transtornos psiquiátricos

O Relatório Mundial sobre Drogas de 2020 aponta que 36 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos por uso de substâncias. O Brasil é atualmente considerado o maior mercado mundial de crack do mundo. Cerca de 1,8 milhões de pessoas relataram o uso de crack durante a sua vida, e um milhão de pessoas consumiram a substância no último ano da pesquisa realizada pelo II Levantamento Nacional sobre o Consumo de Álcool e Drogas de 2012.

De acordo com Alessandra Diehl, que também é vice-presidente da Associação Brasileira Sobre Estudos de Álcool e Outras Drogas (ABEAD), entre as drogas ilícitas, a procura de tratamento por abuso e dependência de crack está entre as incidências que mais aumentaram nos últimos anos. Desse modo, a dependência de crack é a causa mais frequente de hospitalização relacionadas à cocaína.

“Em razão da imensa diversidade de questões envolvendo a dependência química, o tratamento exige múltiplas abordagens contemplando diferentes ambientes terapêuticos. Desse modo, devem estar disponíveis as mais variadas modalidades de tratamento em um processo continuum de cuidados, mediante as necessidades de cada paciente naquele momento, respeitando-se uma trajetória de cuidados, segundo a evolução da gravidade da doença. Recursos que vão desde a prevenção primária até intervenções complexas em unidades de internação devem estar integradas, para uma política de assistência na área de álcool”, afirma Alessandra.

No setor de dependência química, por exemplo, tem havido recentes esforços de ampliação de 11 mil para 20 mil vagas com investimento de R$ 92 milhões em programas de Comunidades Terapêuticas. "No entanto, outros modelos e serviços da rede, principalmente os ambulatórios, também carecem de investimento e ampliação, comenta a psiquiatra".

Ela salienta também que todas essas diretrizes estão contempladas na nota técnica de 2019, lançado pela Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (CGMAD) do Ministério da Saúde (MS), que diz respeito às mudanças na Política Nacional de Saúde Mental (PNSM) e nas diretrizes da Política Nacional sobre Drogas (PNAD) no Brasil. “No entanto, percebe-se que muitos gestores de saúde, formuladores de políticas públicas, legisladores e até mesmo profissionais da saúde que atuam na área, ainda desconhecem ou negam a existência da nova normativa”, relata a psiquiatra.

Coronavírus X saúde mental

Se a saúde mental já era um problema de saúde pública, a chegada iminente do Coronavírus apenas acentua a gravidade dessa questão. Alessandra chama a atenção para um estudo nacional, realizado em 2020, que entrevistou 45.161 brasileiros. Os resultados apontam que grande parte da população brasileira não saíra ilesa da pandemia da Covid-19. “A pesquisa verificou que, durante a pandemia, 40,4% se sentiram frequentemente tristes ou deprimidos; 52,6% relataram se sentir ansiosos ou nervosos; 43,5% apresentaram início de problemas de sono; e 48% tiveram problema de sono preexistente agravado. Tristeza, nervosismo frequentes e alterações do sono estiveram mais presentes entre adultos jovens, mulheres e pessoas com antecedente de depressão”, conta.

O Dr. Júlio Dutra, presidente da APPSIQ reforça que apesar as entidades ligadas à psiquiatria já chamavam a atenção para um olhar mais cuidadoso das autoridades para a saúde mental. “No início da pandemia já verificamos o medo e aflição diante de uma possível contaminação. Essa é uma das sequelas que a Covid-19 vai nos deixar, com a chegada de novos pacientes e do retorno de antigos que estavam estáveis, mas que precisaram procurar novamente o psiquiatra. O Coronavírus é um gatilho para transtornos pós-traumáticos e processos de ansiedade exacerbados. A população e os gestores precisam ficar de olho na saúde mental, que nunca foi tão necessária. Quem de nós não vê na própria casa, na família e nas pessoas ao redor comportamentos de medo ou preocupação excessivos?”, reflete.

Dutra salienta que a pandemia apenas acentuou uma necessidade latente: os gestores precisam gerir melhor os recursos da saúde para os transtornos mentais. “Essa é uma realidade universal, que vai além da pandemia. A saúde mental é tão necessária quanto a cardiologia e a pneumologia. Temos mais de 1 bilhão de pessoas sofrendo com doenças psiquiátricas no mundo, que merecem todo respeito”, analisa o presidente da APPSIQ.

Alessandra ressalta ainda que, além de causar um impacto adicional na saúde mental das pessoas, com a Covid-19 o atendimento a pacientes que sofrem de transtorno mental foi interrompido ou reduzido em 93% dos países do mundo, segundo uma pesquisa da OMS, divulgada no início de outubro.

Dia Mundial da Saúde Mental

Nesse dia 10 de outubro, em que é comemorado o Dia Mundial da Saúde Mental, a OMS realiza um evento mundial e o foco será necessidade urgente de abordar o subfinanciamento crônico do mundo em saúde mental – um problema colocado em destaque durante a pandemia de COVID-19. A transmissão será nas redes sociais da entidade, das 11 às 16 horas.

 

Crianças e Telemedicina: 5 dicas úteis para ajudar a família na consulta pediátrica por videochamada

Consultas online podem ajudar em situações mais comuns, como febre, diarreia, lesões na pele e dor de garganta, em casos de rotina e triagem. 

Acompanhamento de doenças complexas e crônicas infantis também é possível, entenda.


Quem nunca ficou aflito com o filho doente em casa e não sabia se precisava correr para o hospital? Teve dúvidas se dava algum medicamento ou não para a criança? Essas são situações recorrentes na vida dos pais que a telemedicina pode ajudar. As consultas online chegaram para levar praticidade, agilidade e humanização no atendimento pediátrico. Mas, a partir dessa nova possibilidade, surgem outras dúvidas, entre elas, como e em quais momentos fazer uma videochamada.

Para otimizar a experiência da consulta online com o pediatra, reunimos cinco principais dicas:


1. Criança presente na consulta: a primeira orientação é que a criança deve estar presente. “Ela precisa ser atendida com o responsável, eu preciso vê-la, olhar seu comportamento, avaliá-la dependendo da situação. Não adianta chegar na teleconsulta e simplesmente falar que o filho está com febre. A presença da criança é fundamental para um diagnóstico mais preciso”, orienta a médica e diretora de pediatria da Docpass, Mônica Rodrigues. 


2. Todas as informações em mãos: em segundo lugar, é necessário estar com os documentos e informações, como carteira de vacinação, termômetro, medicações em uso, além do peso atual para que o médico possa receitar algum medicamento, caso necessário. Organização, neste momento, pode fazer com que as consultam sejam mais proveitosas e a situação da criança, resolvida de forma mais rápida.


3. Mandar para o médico os exames recentes da criança: a telemedicina, por meio da tecnologia, proporciona a facilidade de anexar exames para enviar ao médico, para análise mesmo à distância. Então, caso queira mostrar resultados dos exames do filho para o pediatra avaliar, ou então para um laudo e até uma segunda opinião do especialista em casos em que estiver com dúvidas, pode fazer isso antes de iniciar a consulta, para agilizar o atendimento.


4. Ambiente tranquilo e iluminado dentro de casa: a quarta dica é, se possível, os pais estarem em um local mais tranquilo dentro de casa, sem barulho e bem iluminado, para facilitar a conversa com o médico, evitar distração da criança e ajudá-lo na avaliação mais precisa. “Se a luz estiver boa e os pais aproximarem a câmera da criança, eu vou conseguir ver melhor a garganta dela, por exemplo. Ou até mesmo identificar uma alergia na pele ou reparar em coisas que os pais não perceberam”, explica a médica.


5. Consultas com elementos lúdicas e brincadeiras: por último, um dos grandes desafios costuma ser prender a atenção da criança por muito tempo diante da tela. Dessa forma, a dica aqui é para os médicos: procurem incluir algum elemento lúdico nas consultas, como um estetoscópio de brinquedo, um livrinho colorido para mostrar durante a sessão ou até um jaleco de personagens infantis para contribuir com uma consulta a distância mais humanizada e divertida. Os pais também podem ajudar no processo, fazendo interações durante a consulta.

De acordo com Mônica Rodrigues, a pediatria é uma das especialidades que mais entendem de teleconsulta, pois, desde antes da telemedicina como conhecemos hoje, eles já prestavam orientação a distância, por telefone. “A ideia não é substituir a consulta presencial, pois há situações em que o exame físico é necessário. Eu vejo a telemedicina como um complemento fundamental, para ajudar na humanização, com mais tempo de escuta, além da praticidade e acesso a uma consulta de qualidade. Acredito que facilitou muito a vida das pessoas”, reforça.


Quando usar a telemedicina com crianças

A teleconsulta com o pediatra pode ser utilizada em casos mais comuns, como febre, dor na garganta, sintomas de resfriado e gripe.  No atendimento, é possível o médico fazer um diagnóstico ou receitar um medicamento, se for necessário. “Além disso, a telemedicina é um importante meio de triagem, caso você esteja com dúvidas se leva o filho ao pronto-socorro ou não. Isso faz parte do nosso atendimento, assim como orientar para os sinais de alerta, o que precisa ser observado na criança para o encaminhamento ao hospital”, explica a médica.

Consultas de rotina também são um grande exemplo de como a telemedicina ajuda no dia a dia dos pais. Os pediatras, por meio da videochamada, orientam sobre aleitamento materno, desenvolvimento motor e cognitivo, desfralde, distúrbios emocionais, vacinas, introdução alimentar, entre outros. É uma forma de evitar idas a hospitais e clínicas, quando não há necessidade de exames físicos na criança.

“As teleconsultas também possibilitam o acesso a médicos especializados da área de pediatria. Podem ser usadas no acompanhamento de doenças complexas e crônicas, como asma, alergias de pele, obesidade e até epilepsia. Você pode ter acesso a um atendimento especializado, se mora longe dos grandes centros, onde é mais difícil de conseguir especialistas. As consultas online chegam para quebrar essa barreira e levar mais saúde às pessoas”, complementa a médica e diretora de pediatria da Docpass, Mônica Rodrigues.

 

 


Docpass

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Dia da Saúde Mental: Transtornos psicológicos afetam a segurança no trânsito

Uma pesquisa feita pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para o Dia da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, revelou que a pandemia provocou um impacto negativo na saúde mental de mais da metade dos entrevistados. O estudo apontou que a epidemia global "agravou doenças mentais existentes, gerou novas doenças e limitou ainda mais o acesso aos serviços de saúde mental". O diretor da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA) e coordenador da Mobilização Nacional de Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito, Alysson Coimbra, explica que essas alterações afetam a segurança viária de forma direta. “O trânsito está mais violento. Os motoristas estão mais agressivos ao dirigir e os casos de brigas têm sido constantes”, aponta.

De acordo com o diretor da AMMETRA, esse cenário reforça a urgência em cuidar melhor da saúde mental dos motoristas. Atualmente, condutores comuns fazem uma única avaliação psicológica, ao tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), perto dos 18 anos. “Nessa idade, as pessoas ainda estão em formação e mudam muito ao longo da vida. Todos passamos por constantes transformações em curtos espaços de tempo, não podemos atestar a capacidade psicológica de uma pessoa somente no momento da habilitação”, completa Coimbra.

Uma pesquisa recente feita pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) confirma em números a avaliação dos especialistas em trânsito. De acordo com o estudo, cerca de 283,5 mil acidentes de trânsito registrados em rodovias brasileiras nos últimos anos foram provocados direta ou indiretamente por questões relacionadas à saúde dos motoristas. E 76% destes acidentes foram provocados por falta de atenção ao dirigir, consequência de situações como fadiga, estresse, cansaço, deficit de atenção ou comprometimento do raciocínio. Essa condição foi responsável por 62% (9.047) das mortes e 74% (182.288) dos ferimentos no período. “Por isso a avaliação da saúde mental é importante, principalmente no que se refere aos aspectos cognitivos, atenção concentrada, atenção dividida e atenção alternada. É muito importante nessa avaliação a percepção dos traços de personalidade do condutor, como impulsividade, agressividade e ansiedade, fatores que, somados, interferem diretamente na capacidade de dirigir de forma segura”, avalia o especialista.

Estas ocorrências causaram a morte de 14.551 pessoas e deixaram outras 247.475 feridas. “Esses acidentes e mortes poderiam ser evitados se todos condutores realizassem exames médicos e psicológicos na renovação da CNH em menores espaços de tempo”, reforça Coimbra.

Diante deste cenário, entidades médicas defendem a aprovação do PL 98/2015 como uma alternativa para salvar vidas no trânsito. O projeto determina a realização de avaliação psicológica em todos os motoristas no ato da renovação da CNH e atualmente está parado no Senado. “Esse PL é uma solução para ajudar a detectar de forma precoce cenários de instabilidade psicológica nos motoristas e, assim, reduzir o número de acidentes e mortes”, afirma Coimbra.

 

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