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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Coronavírus: o Brasil está preparado?


Professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo – SP diz que o SUS tem protocolos eficazes para rastrear a entrada do vírus no País e tratar possíveis casos


A OMS declarou emergência internacional de saúde para o Coronavírus, o que eleva o estado de prontidão dos países no sentido de tornar ainda mais rigoroso o controle da circulação do vírus. As informações sobre sua dispersão geográfica estão sendo atualizadas diariamente pela agência das Nações Unidas.

No Brasil estamos preocupados e torcendo para que ele não aporte por aqui, mas as perguntas são inevitáveis: estamos preparados para impor barreiras à entrada do vírus? Estamos prontos para diagnosticar e tratar os doentes?

O médico sanitarista Sérgio Zanetta e professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo - São Paulo esclarece que “o SUS possui há 30 anos um sistema preventivo e contínuo, com protocolos rígidos para conter a entrada desse tipo de vírus no País e tratar os casos que porventura possam ter passado pelas barreiras da Vigilância Sanitária”.

Em todos os pontos de acesso ao Brasil – fronteiras, portos e aeroportos – há uma equipe da Vigilância Sanitária de prontidão 24 horas por dia, durante 365 dias do ano, para monitorar a entrada no País. Ninguém tem acesso ao território brasileiro com febre ou qualquer sintoma suspeito mesmo que não haja alarme internacional.

Um boletim diário recebido da OMS indica os países dos quais os viajantes devem receber mais atenção. Quando as emergências sanitárias acontecem, como neste momento, as ações são redobradas. Atualmente, os passageiros provenientes da China são os principais pontos de atenção.

Vale ressaltar, entretanto, que como não existe voo direto entre China e Brasil, os passageiros que aqui chegam já passaram por inspeção tão rigorosa quanto a nossa, durante suas conexões na Europa ou nos EUA, sendo submetidos nesses casos à dupla triagem.

O rastreamento dos passageiros no Brasil ocorre de forma metódica e rigorosa. Antes do desembarque as tripulações das aeronaves, por exemplo, são rotineiramente acionadas pelas equipes da Vigilância Sanitária para identificar se há alguém com algum sintoma suspeito. Em caso positivo essa pessoa é automaticamente atendida para que seja feita a anamnese.

Caso ela possa ter contraído um vírus como Coronavírus, toda aeronave poderá ser isolada até que seja feita uma triagem segura. Os passageiros suspeitos ficam em ambiente controlado até a chegada da equipe de Infectologia.

E o trabalho não para aí. Em todas as cidades brasileiras com portos e aeroportos há hospitais de referência devidamente equipados para receber esses pacientes/passageiros. As equipes de Saúde estão treinadas para esses casos.

Zanetta lembra que já houve outras situações de risco que não fugiram ao controle no Brasil, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, do inglês) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS, do inglês), em 2002 e 2012, respectivamente, assim como a Gripe Suína H1N1, a Gripe Aviária e a Febre Ebola. Ele enfatiza: “existe um SUS que as pessoas não vêm, mas que protege de modo permanente e contínuo a população brasileira”.

“O trabalho desenvolvido pelo Brasil, por meio do SUS, é reconhecido pela comunidade internacional como uma das melhores barreiras epidemiológicas do mundo”, conclui o professor.


4 de fevereiro: Dia Mundial de Combate ao Câncer


Exames laboratoriais são aliados no diagnóstico precoce 


O dia 4 de fevereiro foi escolhido pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ser o Dia Mundial de Combate ao Câncer. A data tem como objetivo conscientizar as pessoas, especialmente sobre o diagnóstico precoce para um tratamento mais eficaz e alertar sobre a importância de adotar um estilo de vida mais saudável. 

Apesar de a medicina ainda não ter descoberto a causa exata da incidência da maioria dos tipos de câncer, existem alguns fatores e até comportamentos que já foram associados, por meio de estudos, à doença, como tabagismo, sedentarismo e má alimentação. Por outro lado, questões genéticas também podem ser um ponto importante quando o câncer está em pauta. 

Por isso, o histórico familiar deve ser levado em consideração no momento de realizar os exames de rotina. “Geralmente, solicitamos que os pacientes realizem seus exames dentro do período de um ano, mas quando já existem casos de câncer na família, solicitamos que o check-up seja feito em menor espaço de tempo, de, no máximo, seis meses”, afirma dr. Odilon Denardin, médico endocrinologista do Labi Exames. 

Isso porque uma análise precoce aumenta as chances de cura de até 99%, dependendo do tipo do câncer. “Quando diagnosticado cedo, o tratamento do paciente fica mais fácil, o índice de cura aumenta de forma significativa, assim como o risco de sequelas deixadas pela doença, afirma o especialista. 


Exames laboratoriais na luta contra o câncer

As análises clinicas são bastante simples, rápidas e baratas, além de serem grandes aliadas no combate de tumores. O exame de sangue é um primeiro e importante passo para entender se existe alguma disfunção no corpo do paciente. Veja a seguir alguns exames fundamentais para o monitoramento desse exame.


PSA: o PSA é produzido pela próstata. Ele pode estar aumentado em diversas condições que afetam a próstata, incluindo câncer. No sangue, o PSA pode circular sozinho ou ligado a proteínas. A relação PSA livre/PSA total calcula quanto circula sozinho em comparação com o total do PSA no sangue. Esse exame é importante em pacientes que têm PSA total maior que 2,5 ng/mL, pois ajuda o médico a diferenciar condições benignas e malignas da próstata.


AFP: a alfafetoproteína (AFP) é uma proteína cuja dosagem pode ser solicitada para investigar tumores no estômago, no intestino e nos ovários ou presença de metástases no fígado.


CA 125: o antígeno de câncer 125 (CA-125) é uma proteína produzida por células de tumores. Níveis elevados de CA-125 no sangue ocorrem principalmente no câncer de ovário. Esse marcador também pode estar aumentado no câncer de endométrio, cérvice ou trompas. O médico pode solicitar esse exame na suspeita de um tumor de ovário ou em outras doenças ginecológicas, como a endometriose. Outros exames são necessários para confirmar o diagnóstico de câncer. Pode ser recomendado que mulheres com histórico de câncer de ovário na família façam esse exame regularmente, pois têm risco aumentado para essa doença. Em pessoas que já têm câncer conhecido, o CA-125 pode ser usado para acompanhar o tratamento.


Calcitonina: a calcitonina é um hormônio produzido pela tireoide, que pode estar aumentada principalmente em pessoas com câncer da tireoide, mas também em pessoas com câncer de mama ou de pulmão, por exemplo. Veja como é feito o exame da calcitonina.


CEA: o antígeno carcinoembrionário (CEA) pode ser dosado para diferentes tipos de câncer, sendo normalmente elevado em câncer no intestino, afetando o cólon ou o reto. Saiba mais sobre o câncer de intestino.




Labi


4 de Fevereiro – Dia Mundial de Combate ao Câncer


 Câncer da Próstata e Cuidados Básicos com a Saúde


 Prevenção, diagnóstico precoce, qualidade de vida, tratamentos e novas pesquisas


Estamos em plena turbulência na área da saúde em virtude do novo coronavírus, o 2019-nCoV, nome científico do vírus pertencente à família de vírus chamada Coronaviridae. E é claro que toda atenção é pouca, dada a gravidade da doença. Tudo pode e deve ser investigado, e já estão em curso pesquisas que podem resultar em uma nova vacina.

Do ponto de vista global da saúde, a prevenção é a palavra-chave. No caso de infecções virais, a higiene é essencial, como lavar bem as mãos, por exemplo. Da mesma forma, quando não se trata de doenças não infecciosas, medidas preventivas também se tornam aliadas e cada vez mais necessárias.

Iniciativa da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial do Câncer (4 de fevereiro) tem como uma das premissas justamente a prevenção e os cuidados básicos com a saúde. Serve ainda de alerta para políticas públicas governamentais e para ações individuais, entre as quais a conscientização para a realização de exames periódicos preventivos e diagnóstico precoce.

“Falta plena conscientização por parte dos homens sobre o câncer da próstata porque ainda há muito preconceito, medos e tabus que impedem uma avaliação precisa e antecipada da doença. Como resultado, inúmeras mortes poderiam ser evitadas, caso a procura por um urologista fosse mais recorrente e a doença pudesse ser diagnosticada precocemente”, esclarece Marcelo Bendhack, Doutor em Urologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Professor Coordenador de Pós-Graduação em Urologia pelo Hospital da Cruz Vermelha – Universidade Positivo.

As mortes evitáveis destacadas pelo médico decorrem muito pela falta de exames preventivos que podem detectar o câncer da próstata. Segundo estimativas, há possibilidade de cura em até 70% dos casos diagnosticados em sua fase inicial, além das melhores chances de tratamento e qualidade de vida do paciente após o tratamento.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, no Brasil, a doença é o tumor não cutâneo mais comum no homem -  o de mama na mulher. Em 2018, foram aproximadamente 70 mil casos/ano, com mais de 15 mil mortes (2017).

“Na fase inicial, os sintomas e a evolução do câncer da próstata são silenciosos. Por isso os exames de rotina são fundamentais. Dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite e sangue na urina são alguns sinais de alerta. Às vezes não são resultantes do câncer da próstata, mas é importante que seja investigado”, afirma Bendhack.


Riscos, estilo de vida e estresse

Os fatores de risco mais citados da literatura médica são a idade (cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos) e a hereditariedade -- pai ou irmão e familiares até segundo grau com câncer da próstata antes dos 60 anos. Ainda não muito conclusivo, a afrodescendência parece ser também um fator de risco que predispõe à doença no sexo masculino. Para esses grupos a recomendação é realizar exames de rotina a partir dos 45 anos de idade e, de forma geral, recomenda-se exames anuais a partir dos 50 anos.

“O que pode ajudar a minimizar riscos, e até evitar a doença, é prestar mais atenção ao estilo de vida, aos hábitos alimentares e, principalmente, ao estresse. Fatores externos influenciam nosso organismo. Temos observado isso graças aos avanços da medicina, especialmente no campo da epigenética que, de acordo com pesquisas científicas recentes, tem facilitado o entendimento dos fatores externos que foram ruins para nós. Isso nos permite alterar conscientemente seu impacto em nosso organismo, a fim de otimizar a regulação epigenética de nossos genes novamente, para que nossas células permaneçam saudáveis”, explica o urologista e uro-oncologista Marcelo Bendhack.


Exames

A biópsia é o único procedimento eficaz para confirmar o câncer de próstata. Embora não sejam 100% precisos, é normal o urologista pedir exame de sangue (dosagem de PSA) e realizar o exame de toque retal, que permite perceber se há nódulos (caroços) ou tecidos endurecidos. “O exame de toque é um forte aliado na detecção precoce do câncer de próstata. É rápido, indolor e raramente causa incômodo no paciente. Infelizmente, ele ainda é refutado por alguns homens”, relata Bendhack.

Exames de imagem também podem ser solicitados, como ecografia transretal, ressonância magnética e cintilografia óssea.


Tratamentos e Novas Pesquisas

Entre os tratamentos mais indicados estão a radioterapia, a terapia hormonal e a prostatectomia radical, cirurgia que pode ser recomendada em casos específicos. Já realizado em muitos países, inclusive pela rede particular e pública no Brasil, outra opção já consolidada é o HIFU (sigla em inglês para High Intensity Focused Ultrassound, que significa Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade).

O HIFU é um método utilizado no tratamento do câncer de próstata localizado. Opção de terapia focal, onde apenas o tumor é tratado, em vez de toda a glândula da próstata, o HIFU evita que estruturas importantes localizadas ao redor da próstata sejam atingidas pelas ondas ultrassônicas, o que reduz os efeitos colaterais, como incontinência urinária e impotência sexual.

Em recente publicação na BJUI Internacional¹ (23 de janeiro de 2020), uma das principais revistas científicas em urologia, pesquisadores ingleses avaliaram 821 homens, sendo que 654 foram tratados apenas uma vez com a terapia HIFU focal/localizada e 167 passaram por um segundo procedimento com HIFU. O segundo grupo apresentou pequenos efeitos colaterais na função urinária e erétil, mas ainda muito baixos em relação aos demais tratamentos para o câncer de próstata não metastático.
  
“O futuro da medicina não será dominar apenas um tipo de tratamento, mas conhecer profundamente a doença neoplásica em toda sua possível evolução, apresentar e discutir com o paciente os riscos e os benefícios de cada tratamento, avaliar o melhor quadro visando a excelência do resultado oncológico e conhecer integralmente o paciente, visando a sua qualidade de vida”, conclui Bendhack.





Marcelo Bendhack - Presidente da Sociedade Latino-Americana de Uro-Oncologia (UROLA), especialista pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e membro do conselho da Federação Mundial de Uro-Oncologia (WUOF). Doutor em Uro-Oncologia pela Universidade de Düsseldorf (Alemanha) e em Urologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Tem formação reconhecida internacionalmente no diagnóstico precoce (screening), biópsia da próstata dirigida por ultrassonografia, ultrassonografia do aparelho geniturinário e nos tratamentos altamente especializados na área de uro-oncologia - tumores malignos dos seguintes órgãos e regiões: rim, bexiga, próstata e testículos. Pioneiro, no Brasil, no tratamento do câncer de próstata com a técnica HIFU, com mais de 300 procedimentos realizados desde 2011.

¹Evaluation of functional outcomes following a second focalHIFU in men with primary localised, nonmetastatic prostate cancer; Results from the High Intensity Focused Ultrasound Evaluation and Assessment of Treatment (HEAT) Registry.


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