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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Nossas misteriosas eleições


Clara como a alma do primeiro ser
que se sentiu no mundo, não seu dono
corre a consciência de quem perde o rumo
e volta tranquilamente ao renascer

habita nosso espírito, nosso cérebro
a vontade de construir nosso País
jamais acabado, onde ninguém é feliz
à véspera da democracia é um féretro

Há enterros em que pensam e não falam
que o morto sofreu e não voltará a sofrer
nas alturas para onde seus átomos voam

Não imaginem que nada é o salto quântico
que produz surpresas ao trazer a verdade
esperem-nas, o amor faz sempre o último romântico.





Amadeu Garrido de Paula - Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.


67% dos jovens brasileiros não se interessam por política, diz pesquisa da Microcamp



Corrupção e falta de confiança nos políticos são os principais motivos



Apesar das eleições figurarem entre os principais assuntos do momento na internet e serem motivo de discussões acaloradas e até brigas nas redes sociais, a maioria dos jovens brasileiros não se interessa por política. Foi o que apontou pesquisa realizada pela rede de escolas de informática Microcamp. De acordo com a pesquisa, o índice de desinteresse pode chegar a 67% se somados os que se interessam muito pouco (39%) e os não têm o menor interesse (28%). Isso apesar de a maioria 57,9% admitir que a política influencia a vida dos cidadãos.

O levantamento foi feito entre os dias 1º e 06 de setembro, com 1870 alunos acima de 16 anos (73,48% entre os 16 e 20 anos e 26,52% acima desta idade), de ambos os sexos, com maior participação do público masculino (51%) em 30 unidades instaladas em 10 estados do país. Dos entrevistados, 75% têm ensino médio, 13% ensino superior, 7% ensino fundamental II 5% Colégio Técnico e 2% Ensino fundamental I.

Para a maioria (38%) a falta de interesse por política se dá devido à corrupção no país, enquanto 29% apontou a falta de confiança nos políticos como causa, e 18% atribuiu à falta de informação. Já 15% acham o tema desinteressante.

"É preocupante imaginar que 67% dos nossos jovens estão desacreditados no nosso país por concluírem que estamos dominados pela corrupção e falta de políticos confiáveis", diz Davi Tuffi, CEO da Microcamp.

De acordo com a mostra, 95% dos entrevistados acreditam que a política influencia sua vida - 61% (de alguma forma), 22% (totalmente) e 12% (um pouco).

Apesar do desinteresse pelo tema, a maioria se mostrou bem informada sobre o processo eleitoral de 2018: 69% responderam que as eleições ocorrerão em outubro, 55% disseram saber para quais cargos os eleitores deverão votar, 60% sabem o que é voto legenda e 75% afirmam que o que define uma eleição são os votos válidos.


Na hora de escolher um candidato, o mais importante para 67% dos entrevistados são suas ideias e projetos, enquanto 28% acham o histórico de vida pública, 3% o partido, e 1% a religião.



A maioria dos jovens também admitiu votar em um candidato desconhecido, mas com boas propostas: 51% talvez, e 24% com certeza, contra 24% não. Quanto à obrigatoriedade do voto, 54% são contra.


Pesquisas e internet

Apesar de 58% dos entrevistados não confiarem em pesquisas de intenção de voto, 53% disseram que o que influencia na escolha do candidato são justamente as pesquisas, seguidas pela propaganda política para 21%. "Por mais contraditório que seja, as pessoas estão assumindo que deixam de votar no candidato de sua preferência para apoiar uma segunda opção que esteja na frente", explica Tuffi.



A pesquisa endossa a estratégia de muitos candidatos e partidos com pouco tempo de inserção em campanhas gratuitas em rádio e TV, de investir nas redes sociais pois para 81% dos pesquisados, elas influenciam os eleitores. Da mesma forma que os debates na TV são muito importantes para a maioria dos jovens (62%).



Os dois lados da política


É consenso que estamos vivendo um dos períodos de mais intensa polarização política na história recente do Brasil e do mundo: movimentos extremos ganham voz e mobilizam seguidores em diversos países. A política como instrumento de busca e formação de um ponto de equilíbrio, onde os diversos grupos sociais se sintam representados e não haja um sentimento de derrota de alguns, parece ter perdido força.

Assistimos o desentranhamento de um novo uso para a política: uma ferramenta para impor um lado através da destruição das ideias do oponente. Deixa-se de ter adversários e passa-se a ter inimigos.

Essa visão da política como terreno de confronto parte do pressuposto que é possível uma vitória total, como se fosse possível "aniquilar" o oponente e implanta apenas um lado da agenda. A realidade é que não existe força política no Brasil capaz de tal façanha e na democracia as vitórias são sempre parciais. Ainda bem que é assim.

Nesse contexto, um dos pontos de maior debate é o papel das redes sociais, em seus vários formatos, no engajamento cívico e político dos cidadãos. A primeira questão que se coloca é a dúvida quanto aos pesos dos aspectos negativos e positivos que a nova tecnologia impulsiona: em que medida essas novas ferramentas estão criando um distanciamento e fricção entre os cidadãos e seus representantes e a política, ao exigir um comportamento "purista" e sem concessões dos mesmos.

A outra hipótese seria a proximidade que a tecnologia permite emular gerar um fortalecimento do exercício da cidadania e, gerar dessa forma, uma aproximação entre o cidadão e as instituições que os representam. Essa aproximação pode permitir a melhor compreensão da dimensão dos desafios que precisam ser enfrentados e as escolhas associados a eles.

Os que acreditam na política como uma ferramenta de formação de um "terreno do entendimento" têm a responsabilidade e obrigação de trabalhar para que as tecnologias sejam um instrumento que também aproxime e engaje o cidadão com os seus representantes, que ajude no entendimento de que compromissos e concessões precisam ser firmados para que o processo político avance objetivamente para impactar nossas vidas.

Não significa que iniciativas que buscam influenciar e legitimamente pressionar para atender a sua agenda não sejam importantes, mas precisamos cuidar para que o espaço da tecnologia não seja preenchido apenas com essa narrativa de confrontamento, que de certa forma impede o exercício da busca dos consensos necessários ao mínimo funcionamento das instituições. Se cairmos na tentação do uso da tecnologia apenas como ferramenta de "marcação" de posições estaremos matando esse espaço da construção do consenso e vamos regredir para a era das pelejas tribais só que na velocidade digital.






Paulo Dalla Nora - cofundador do Poder do Voto, aplicativo que tem como objetivo proporcionar ao eleitor brasileiro maior clareza da representação política e auxiliar na construção do debate político saudável e do acompanhamento voto a voto dos parlamentares.

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