É
uma tarefa difícil manter as crianças afastadas de brinquedos e equipamentos
esportivos compartilhados em locais como praças, parques e playgrounds de
condomínios durante a pandemia, mas é necessário; segundo o estudo do New
England Journal of Medicine, o vírus leva até 72 horas para se tornar
indetectável em plástico, cerca de 48 horas em aço inoxidável e papelão e até 8
horas em cobre
Com o afrouxamento
gradual da quarentena muitas famílias estão com dúvidas se podem ou não levar
os seus filhos em parquinhos do condomínio, supermercados, feiras livres, shoppings
e locais com aglomeração. O vírus segue com força e a ansiedade dos pais e
crianças só cresce durante a pandemia do novo coronavírus. E o que fazer diante
deste dilema? Como conciliar ansiedade, medo e proteção da família?
Pesquisas apontam que
o grupo de risco da Covid-19 são os idosos e pessoas que sofram com problemas
respiratórios, cardiovasculares, diabetes, por exemplo. Diferente da maioria
das pessoas, a doença nesse grupo se manifesta de forma mais forte, podendo ser
bem grave. Por isso, essas pessoas devem ficar isoladas. No entanto, como o
índice de transmissão do vírus é muito alto, adultos, jovens e crianças devem
se proteger também, para não transmitir a doença para idosos ou demais pessoas
do grupo de risco.
Segundo o estudo do
New England Journal of Medicine, o vírus leva até 72 horas para se tornar
indetectável em plástico, cerca de 48 horas em aço inoxidável e papelão e até 8
horas em cobre. "Então, mesmo que as crianças respeitem o distanciamento
social no parquinho, tocar nas superfícies em que outras crianças também
tiveram contato não as mantém seguras. As crianças estão constantemente se
movimentando, indo de uma parte para outra, e, nesse período, provavelmente
toquem no rosto. Portanto, se eles tocarem em uma superfície com o novo
coronavírus as chances de serem infectadas são muito altas", esclarece a
infectologista pediátrica do Hospital GRAACC, Dra. Fabianne Carlesse.
A nova pandemia da
Covid-19 traz muitas dúvidas aos pais do que se deve e do que não se deve fazer
com as crianças. Principalmente durante o período de isolamento, afinal
quarentena não é férias. "Portanto, até que haja uma redução expressiva de
casos, não é recomendado levar as crianças para o shopping, posteriormente ao
cinema ou teatro e locais com aglomerações. Neste momento, precisamos ter um
pensamento social", explica.
De acordo com a
infectologista pediátrica do Hospital GRAACC, Dra. Fabianne Carlesse, as
crianças ainda podem ser portadoras ativas do vírus antes que surjam sintomas.
"Acima de tudo, vale ressaltar que eles ainda não entendem a importância
do distanciamento social e, portanto, devem ser supervisionados ativamente
pelos pais ou responsáveis", diz. Além de não brincar em parquinhos
compartilhados, é recomendável que as crianças também lavem as mãos com água e
sabão constantemente, além do uso das máscaras de tecido, caso precisem sair de
casa", orienta a médica.
Mesmo que as crianças
não façam parte do grupo de risco, por que elas precisam ficar em casa?
No momento atual,
mesmo que não façam parte do grupo de risco, as crianças precisam ficar
protegidas. Isso porque podem ser assintomáticas, portadoras do vírus, e
transmiti-lo para outras pessoas. "Então, o recomendado atualmente é que,
caso os pais não possam fazer home office, não deixem os filhos com os
avós. O ideal é pedir ajuda para outros parentes e amigos, que também não
tenham contato com idosos e não estejam no grupo de risco", explica.
Cuidados necessários
nos passeios: em relação aos passeios, os cuidados devem começar mesmo antes
de sair de casa. Crianças acima de dois anos devem usar máscaras, desde que não
haja contraindicações. "Deve-se conversar com a criança sobre a
importância da máscara e dos cuidados com seu uso antes de sair de casa.
Importante que qualquer pessoa sintomática não saia de casa, a não ser que seja
para atendimento médico", explica Dra. Fabianne Carlesse.
Uso de elevadores: atender ao cuidado
de entrar somente se vazio. Evitar que crianças toquem paredes, botões e portas
e todos devem higienizar as mãos ao saírem do elevador, pois pode haver
contágio através do toque em superfícies contaminadas. Atenção redobrada ao uso
de aparelhos celulares enquanto estiverem fora de casa e sempre mantê-los
higienizados.
Passeios ao ar livre e
piscinas:
são bem-vindos. Escolher locais onde o distanciamento social seja possível,
evitando sempre aglomerações, como parques e praças. "No momento, não se
recomenda que crianças brinquem com outras de famílias diferentes. Parquinhos e
playgrounds não são indicados por geralmente estarem mais cheios,
impossibilitando o distanciamento social. O uso de piscinas é possível, desde
que o distanciamento social seja respeitado, uma vez que não há evidência de
contágio através de água tratada", orienta.
Posso levar meu filho
ao supermercado?
"É melhor que ele
fique em casa. O supermercado é um local fechado e costuma ter aglomerações.
Você vai colocar a mão no carrinho, nos produtos e não conseguirá limpá-las do
jeito que precisa ser feito. E a criança também vai querer pegar as coisas e é
mais difícil cuidar e controlá-la no local", esclarece a Dra. Fabianne.
Uso de máscaras: deve ser usada
durante todo o período fora de casa, respeitando os protocolos de higiene e
distanciamento social. "O uso é indicado para maiores de dois anos, sendo
que de dois a cinco anos o uso correto dependerá da maturidade de cada criança.
Não utilizar em crianças com dificuldade respiratória. A máscara caseira deve
ser feita com três camadas de tecido, sendo a camada exterior impermeável e a
camada próxima ao rosto de tecido tipo algodão, além de cobrir boca e nariz e
estar ajustada ao rosto. Trocar a máscara a cada duas horas e sempre lavar após
o uso", explica a infectologista.
A volta dos pais ao
trabalho:
algumas famílias terão a necessidade de apoio em casa para que possam retornar
ao trabalho, já que creches e escolas ainda não funcionarão. Para
diminuir os riscos, tanto para os colaboradores quanto para as famílias, é
aconselhável o uso de máscaras, além de roupas e calçados separados para uso
domiciliar e fora dele. "Objetos pessoais como carteiras, bolsas, chaves e
celulares devem estar guardados em um local específico. Outra medida para
aumentar a segurança nesse processo seria planejar turnos alternativos, que
propiciem aos funcionários evitar o transporte público nos horários de maior
aglomeração", orienta.
Haverá um período de
adaptação na retomada das atividades, inclusive na questão de sociabilização da
criança, seja com amigos ou com familiares. Os cuidados no contato com os avós
devem ser mantidos e, caso a opção seja visitá-los, as medidas de
distanciamento social e o uso de máscaras devem ser reforçados. "Os
adolescentes devem ser orientados a manter o autocuidado mesmo quando seu grupo
tiver conduta diferente da preconizada pela família. Importante que as decisões
sejam tomadas com cautela e segurança. Dessa maneira, protegemos nossas
crianças, nossas famílias e, consequentemente, nossa comunidade", finaliza
Dra. Fabianne Carlesse.
Sobre o GRAACC
Instituição criada em
1991 para garantir a crianças e adolescentes com câncer todas as chances de
cura. Com hospital próprio, tornou-se referência no tratamento e na cura do
câncer infantojuvenil, principalmente em casos de maior complexidade. Possui
uma parceria técnica-científica com a Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP) que possibilita, além de diagnosticar e tratar o câncer infantil, o
desenvolvimento do ensino e pesquisa. Em 2019, foram realizadas mais de 35 mil
consultas, 1400 procedimentos cirúrgicos e 22 mil sessões de quimioterapia.
Mais Informações no http://www.graacc.org.br