Pesquisar no Blog

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Gamificação: O impacto dos jogos educativos no desenvolvimento cognitivo


Não é de hoje que se discute a importância das brincadeiras na educação infantil. Estudos da Universidade de Miami indicam que a utilização de atividades lúdicas proporciona um "ambiente seguro" durante o processo de aprendizagem infantil, especialmente em questões que demandam o uso da lógica.

Porém, engana-se quem pensa que a diversão não pode ser uma grande aliada no desenvolvimento cognitivo e na capacitação técnica diversas fases da vida. Os jogos e brincadeiras desempenham um papel fundamental na formação de um pensamento lógico e das habilidades motoras.


Na primeira infância, a utilização das brincadeiras no ensino é extremamente importante, pois é nesse momento que as crianças se sentem à vontade para explorar e descobrir novos mundos, já que a brincadeira também é uma forma de aprendizado. Além disso, um ensino mais leve e lúdico é mais atrativo para os pequenos, pois gera um interesse maior em entender e participar da atividade e socializar com os colegas.

Apesar de uma certa discriminação, o uso de videogames também pode trazer um grande aprendizado durante a adolescência. Jogos como Assassin’s Creed, por exemplo, são capazes de dar uma grande aula de geografia, com mapas complexos para conquistar missões primárias e secundárias, além de contextualizar com a parte histórica da antiga Grécia ou, até mesmo, da França.

Os Role-playing Games (RPGs), jogos de interpretação, também vêm para ajudar em questões matemáticas de lógica e de semântica, auxiliando na construção e entendimento de diferentes tipos de narrativas.

Já na fase adulta, a gamificação é muito bem-vinda para os negócios. Se bem utilizados, os elementos de jogos podem contribuir, e muito, para a experiência dos consumidores, com layouts mais atrativos e usabilidade mais intuitiva, podendo ser aplicados nos mais diversos softwares.

Além disso, os jogos são capazes de estimular a conquista de objetivos. É neste momento que atividades antes vistas apenas para passar o tempo, também são capazes de desenvolver mecanismos importantes como a empatia e habilidades sociais.

Para esse público, é possível notar o surgimento de outras características durante a prática do jogo, como flexibilidade, resiliência e soluções inovadoras para a resolução de problemas. E são justamente esses requisitos que são essenciais no ambiente de trabalho, uma vez que é onde lidamos diariamente com todo tipo de pessoas e adversidades.

Já para a terceira idade, os jogos vêm para manter o cérebro ativo e estender as conexões mentais, uma vez que é nessa época que o desenvolvimento cognitivo começa a apresentar sinais de declínio.

Aqui, o recurso pode ser aplicado para todos os gostos: para aqueles que são mais analógicos, as clássicas revistinhas de banca de jornal, com palavras-cruzadas e sudoku são a saída; já para os vovôs e vovós mais modernos, é possível encontrar jogos online e aplicativos para smartphones com a mesma proposta e ainda de forma gratuita.

Ao introduzir essas práticas ao dia a dia dos idosos, os resultados não poderiam ser mais animadores: reforço de memória, criatividade e atenção visual. Além disso, sabemos que nada como uma boa brincadeira para nos reunirmos com entes queridos e desenvolvermos o senso de pertencimento a algum grupo.

Por isso, nada de falar que "joguinhos" são coisa de criança. Utilizar essa ferramenta pode ser a garantia de uma mente saudável e de uma pessoa bem sucedida e feliz!


Samir Iásbeck - CEO e Fundador do Qranio, plataforma mobile de aprendizagem que usa a gamificação para estimular os usuários a se envolverem com conteúdos educacionais em todos os momentos.

Acomodando-se para a longa viagem: trabalhando de casa com segurança


Na última década, vimos um tremendo aumento de trabalhadores remotos - tanto autônomos quanto colaboradores e executivos. Graças a melhorias em computação em nuvem, infraestrutura da Internet e ferramentas de colaboração remota, o trabalho de casa tem sido uma megatendência em ascensão há anos.
Com a ampla resposta corporativa e governamental à pandemia de COVID-19 em todo o mundo, muitas empresas estão experimentando em primeira mão o impacto de uma força de trabalho predominantemente remota nas operações comerciais. Com grande parte de sua equipe operando agora em casa, algumas organizações podem optar por continuar trabalhando remotamente após as crises atuais.
Se você já trabalhou de casa em algumas ocasiões no passado, o trabalho remoto foi um ajuste bastante fácil de gerenciar. A maioria das pessoas consegue conviver com o celular, o laptop e uma cadeira razoavelmente confortável à mesa da cozinha. Porém, considerando que muitos esperam que a necessidade de trabalhar remotamente seja muito mais longa do que o estimado anteriormente, a transição exigirá alguma adaptação séria por parte das organizações e dos funcionários.
Após o ajuste a esse novo normal, muitos empregadores podem perceber que uma parte substancial de sua equipe pode e deve trabalhar em casa, pois isso economizaria consideráveis ​​quantias para a empresa. Esse pode ser um fator importante na decisão de dar continuidade ao home office, no momento em que as organizações precisam do máximo de dinheiro possível para recuperar seus balanços patrimoniais, após uma prolongada fase de instabilidade econômica.
Considerando a situação, provavelmente é uma boa ideia que todo funcionário que possa trabalhar remotamente se organize para uma estada prolongada em casa e que as empresas estejam preparadas para apoiá-lo com segurança. Muitos de nós, principalmente profissionais de comunicação, criação e informação, trabalhamos em casa há décadas. Este artigo foi criado para ajudar aqueles que são novos no trabalho remoto a fazerem a transição da produtividade no home office para curto e longo prazos.
Lembre-se de algumas coisas, ao fazer a jornada:
 
Manter contato com sua equipe
Alguns membros da equipe estão bem equipados para trabalhar remotamente e não têm problemas em colaborar conforme o necessário. Eles podem até apreciar estar longe do escritório e do que consideram distrações, como o bate-papo no corredor e no café. Talvez eles tenham cargos que os orientem a pensar e trabalhar de forma independente ou talvez suas personalidades sejam simplesmente dessa maneira.
Para outros funcionários, esse não será o caso e a falta de interação social pode representar um desafio significativo. Alguns tipos de personalidade tendem a prosperar com a interação e a convivência com outros porque alimentam a energia da equipe. Ao trabalhar em casa por longos períodos, algumas pessoas podem ficar tentadas a realizar muitas reuniões ou precisar entrar em contato com a equipe com frequência durante o dia.
Para manter o clima, considere realizar reuniões de vídeo agendadas regularmente com a equipe, a fim de que as pessoas possam se ver e se sentirem conectadas. Além das reuniões regulares da equipe, considere a possibilidade de configurar uma atividade usando um canal "de corredor" por meio de uma plataforma de mensagens diretas, se você ainda não tiver uma. Se você já possui tal app, considere ficar um pouco mais em contato e tornar a comunicação o mais divertida possível.
 
Manter sua sanidade a longo prazo
Parte de cultivar a sanidade em casa será ter o espaço de trabalho certo e coabitantes que possam respeitar os limites desse espaço. Mas sua sanidade também dependerá de você manter bons hábitos durante o dia.
Para sua saúde mental, considere não comer na sua área de trabalho e realmente fazer intervalos para o almoço, como você estava acostumado a fazer no escritório. Cuide-se com pequenos intervalos durante o dia e breves intervalos sociais virtuais com colegas de trabalho, no bate-papo por vídeo ou através de mensagens. Isso permitirá que você volte a se concentrar no trabalho melhor.
Também é essencial organizar uma programação regular. Tente manter sua antiga rotina no lugar. Quando vamos ao trabalho todos os dias, acordamos e tomamos banho, fazemos nossas compras ou fazemos ginástica - normalmente em algum momento antes ou depois do trabalho. É crucial manter essas atividades e sua rotina para ajudar a ter a sensação de normalidade, quando se trabalha em casa por um período prolongado.
 
Manter a segurança de aplicativos e dados
Obviamente, trabalhar em casa significa trabalhar fora da rede da empresa com segurança - então suas decisões precisam ajudar a manter dados e dispositivos seguros. Suas decisões sobre quais links clicar e quais aplicativos instalar podem colocar em risco os dados corporativos confidenciais. Você pode fazer sua parte, certificando-se de usar apenas aplicativos e ferramentas que foram examinados e aprovados pelos departamentos de TI e Segurança.
Também é crucial que você pratique uma boa higiene de segurança, como não usar Wi-Fi público ao viajar e sempre manter com você qualquer dispositivo móvel com dados confidenciais criptografados. Nunca clique em links não confiáveis.
 
Aprendizado
O número de funcionários que trabalhavam anteriormente no escritório e continuarão trabalhando em casa após o término da crise causada pela COVID-19 (e ela passará, apenas aguente firme) é uma incógnita. Dada a tendência atual, é provável que existam muito mais trabalhadores remotos daqui a um ano do que antes do início da pandemia - e isso pode incluir você. Siga as etapas agora para se preparar melhor para uma experiência prolongada de trabalho em casa.





Nigel Thompson - VP de marketing de produto na BlackBerry
 

Caso Gugu: É possível ter união estável com duas pessoas?


Desde novembro, a morte do apresentador Gugu tem trazido questões bastante polêmicas que vêm sendo discutidas no Direito de Família e Sucessões Brasileiro. A existência de um contrato de geração de filhos pode afastar o reconhecimento de uma união estável? O companheiro pode ser excluído da herança através de um testamento? Podem existir uniões estáveis simultâneas?

Conforme noticiado pela mídia, Gugu elaborou, em 2011, um testamento reconhecendo apenas os seus três filhos como os seus únicos herdeiros legítimos, excluindo a sua suposta companheira Rose Miriam de sua herança. Em relação à parte disponível de seu patrimônio, que corresponde à 50% de seus bens, o apresentador dividiu entre os seus filhos e sobrinhos, que são filhos de sua irmã Aparecida Liberato. Além disso, estabeleceu que sua mãe receberia de forma vitalícia a quantia de R$100 mil reais mensais, bem como o usufruto do imóvel que reside e que era de propriedade de Gugu. Por fim, nomeou a sua irmã Aparecida como inventariante e curadora dos bens herdados pelos filhos de Gugu, impedindo, de forma explícita, que Rose Miriam administre os bens de suas filhas menores.

A leitura do testamento diante dos familiares de Gugu causou um enorme mal-estar familiar. Rose Miriam sentiu-se injustiçada por ter sido excluída da herança e acionou a justiça brasileira para pleitear os seus direitos, apresentando algumas cartas, fotos e áudios para provar a união estável. Por sua vez, os familiares de Gugu alegam que Miriam não era companheira dele e apresentaram um contrato de geração de filhos celebrado entre Gugu e Rose Miriam no passado.

Nesta quinta-feira (7), alguns portais de notícia publicaram que o chef de cozinha Thiago Salvático acionou a Justiça para que também fosse provada sua união estável com o apresentador. No processo protocolado na 9ª Vara de Família de São Paulo e Sucessões do Foro Central da Comarca de São Paulo foram anexadas algumas provas, como: comprovantes de viagens, fotos, registros de conversas em aplicativos, investimentos administrados pelos dois e até mesmo contas de serviços de streaming que Gugu e Thiago compartilhavam.

O Código Civil Brasileiro diz que para ser reconhecida a união estável deve haver uma relação entre duas pessoas (mesmo sexo ou sexo oposto), pública, contínua e duradoura com o objetivo de constituir família. Pelas informações noticiadas pela mídia, Rose Miriam se relacionou com Gugu por 19 anos até a sua morte, além de ser a mãe biológica dos três filhos do casal. Ademais, o casal apareceu junto em diversas capas de revistas nacionais como se formassem uma família. Já Thiago alega que se relacionou com Gugu por mais de sete anos e que há três levavam uma vida conjugal.

Ocorre que a Justiça levou em consideração o contrato de geração de filhos realizado entre Gugu e Rose Miriam e estabeleceram uma pensão alimentícia de R$ 100 mil por mês em janeiro deste ano, decisão que foi derrubada em fevereiro, alterando o valor estabelecido para cerca de R$ 42 mil. E o que vem a ser esse contrato?

Apesar desse contrato não estar regulamentado no Brasil, sendo bastante comum nos Estados Unidos, muitos advogados defendem a sua validade jurídica, ao argumento de que as pessoas têm o direito e a liberdade de afastar o afeto das suas relações pessoais. Assim sendo, o afeto permanece somente em relação aos filhos, havendo uma relação parental (entre pais e filhos) e não uma relação conjugal (entre os pais). Uma vez sendo válido esse contrato não poderia a união estável ser reconhecida.

Caso Rose Miriam seja reconhecida companheira de Gugu, surge uma outra questão. Afinal de contas, ela poderia ser excluída da herança através de testamento? Em relação à condição do companheiro ser herdeiro, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que a união estável é equiparável ao casamento, não podendo haver diferenciação em relação ao regime sucessório de ambos. Portanto, se o cônjuge é herdeiro necessário, conforme determina a lei, o companheiro não pode ser excluído da sucessão, sendo também herdeiro legítimo.

No entanto, o art. 1790 do Código Civil dizia que o companheiro tinha menos direitos sucessórios que o cônjuge. Por exemplo, ele herdaria metade do que os descendentes e os ascendentes do falecido herdam. Já o art. 1829 nunca contemplou o companheiro como herdeiro necessário. Assim, a maioria dos doutrinadores considerava que o companheiro poderia ser excluído da herança através de um testamento.

Ocorre que em 2017, com o julgamento do Recurso Extraordinário 878.694/MG, o STF declarou inconstitucional o art. 1790, devendo ser aplicado ao companheiro as mesmas regras sucessórias aplicadas ao cônjuge, que são as seguintes: o patrimônio será dividido de forma igualitária com os descendentes (filhos, netos, bisnetos), na ausência dos descendentes o patrimônio será repartido com os ascendentes (pais, avós, bisavós) e na ausência de ascendentes e descendentes o cônjuge herda a totalidade dos bens do falecido.

Tendo em vista essa decisão do Supremo, a jurisprudência atual é no sentido de considerar o companheiro herdeiro necessário.

Supondo que Miriam seja considerada companheira e, portanto, herdeira de Gugu, diante da ausência de um contrato de convivência estabelecendo o regime de bens do casal, o regime que prevalecerá será o da comunhão parcial. Ou seja, Miriam tem direito à metade dos bens adquiridos por Gugu após o início da união estável, que são chamados de patrimônio comum do casal. Em relação aos bens particulares de Gugu, que são aqueles adquiridos antes do início do relacionamento, Miriam será considerada herdeira e terá que dividi-los com seus filhos e todos aqueles que foram contemplados no testamento por Gugu. Resumindo, Miriam terá direito à 50% dos bens comuns e mais um percentual dos bens particulares, que serão definidos pelo juiz do caso, o qual levará em consideração o que foi estipulado no testamento.

Por fim, o que acontece caso Thiago Salvático consiga provar sua união estável com Gugu? Caso Rose Miriam não seja considerada companheira e Thiago sim, o mesmo será considerado herdeiro devendo partilhar os bens do espólio com os outros herdeiros.

Mas e se Rose também for considerada companheira? Pode ser reconhecida essa outra união estável? O Supremo Tribunal Federal ainda está julgando a possibilidade de haver uniões estáveis simultâneas, não tendo ainda decidido a questão. O julgamento foi interrompido. Por enquanto há juízes que reconhecem e outros que não reconhecem.

Como podemos ver, o caso do Gugu é um exemplo de como as relações familiares estão cada vez mais modernas e cabe ao Direito de Família se adequar a essa nova realidade através da jurisprudência dos Tribunais para, posteriormente, o Legislativo regulamentá-las.

Por enquanto, o caso Gugu reflete um planejamento sucessório que está gerando um imensurável conflito familiar. Muitas questões íntimas do falecido estão vindo à tona. Tomara que sirva de lição para todos nós. E que o judiciário consiga decidir a questão da forma menos dolorosa possível.






Debora Ghelman - advogada especializada em Direito Humanizado nas áreas de Família e Sucessões, atuando na mediação de conflitos familiares a partir da Teoria dos Jogos.


Posts mais acessados