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sexta-feira, 14 de março de 2025

Mulheres ganhariam, em média, R$ 834 a mais por mês se fossem remuneradas pelo trabalho doméstico, indica pesquisa

Nove em cada dez pessoas acreditam que as mulheres se preocupam mais com a casa e a família do que os homens e se sentem exaustas acumulando tarefas domésticas

 

Da faxina ao preparo de refeições, as mulheres ainda são as que mais operam as atividades de casa em comparação aos homens. Um levantamento do Instituto Locomotiva, com base em dados do IBGE, mostra que, caso fossem remuneradas pelo trabalho doméstico, as mulheres brasileiras ganhariam, em média, R$ 834 a mais por mês. Esse valor resultaria em uma massa de rendimento anual estimada em R$ 905 bilhões, evidenciando o impacto econômico invisível do trabalho não remunerado realizado por elas. 

A estimativa considera a quantidade média de horas dedicadas aos afazeres domésticos pelas mulheres brasileiras com 14 anos ou mais e o valor do rendimento médio obtido pelo trabalho doméstico remunerado no Brasil, conforme microdados da PNADC/IBGE. 

“Reconhecer que as mulheres estão sobrecarregadas é um passo, mas não resolve o problema. A realidade é que elas seguem acumulando jornadas duplas e triplas, equilibrando trabalho, casa e família, enquanto a responsabilidade pela organização e planejamento da rotina doméstica continua invisível”, declara Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. 

Pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro revela ainda que 91% dos brasileiros acreditam que as mulheres estão exaustas em acumular trabalho externo e atividades domésticas. A pesquisa, que ouviu 1.283 pessoas em todo o país, aponta que nove em cada dez pessoas acreditam que as mulheres se preocupam mais com a casa e a família do que os homens. 

O trabalho doméstico e os cuidados com a casa e a família são componentes fundamentais na rotina dos lares brasileiros, porém a distribuição segue um padrão estruturalmente desigual. A carga dessas atividades recai predominantemente sobre as mulheres, que muitas vezes acumulam funções. Entre as atividades domésticas, os homens se destacam mais naquelas consideradas pontuais, como lavar a louça e trocar toalhas e roupas de cama. No entanto, mesmo nessas tarefas, a responsabilidade principal segue sendo declarada pelas mulheres, o que evidencia um cenário de sobrecarga e divisão desigual. 

De acordo com o levantamento, 85% das mulheres declaram que estão à frente da organização geral da casa, contra 54% dos homens. Além disso, na hora e lavar a louça, 82% das mulheres afirmam ser as principais responsáveis pela tarefa, enquanto 64% dos homens dizem o mesmo. mesmo percentual de mulheres (82%) também se declara como principal responsável pela troca de toalhas e roupas de cama usadas, enquanto entre os homens esse número é de 44%. 

O preparo de refeições é outra atividade em que 81% das mulheres se declaram como principais responsáveis, contra 52% dos homens. Já lavar, secar, passar e guardar roupas limpas é uma responsabilidade principal para 80% das mulheres, enquanto apenas 42% dos homens se identificam dessa forma. A faxina da casa – incluindo varrer o chão e limpar poeira – é apontada como responsabilidade principal por 79% das mulheres, frente a 44% dos homens. 

A predominância segue sendo padrão quando o assunto é limpeza de armários e geladeira e limpar a cozinha –, com 78% das mulheres se declarando como principais responsáveis, frente a 46% dos homens. Da mesma forma, apenas 46% dos homens assumem a responsabilidade principal pela limpeza do banheiro, frente a 76% das mulheres. 

“A pesquisa reafirma que a carga de trabalho doméstico não é dividida de forma justa. Enquanto muitas mulheres assumem praticamente todas as tarefas e viram as principais responsáveis por garantir sua execução, grande parte dos homens se limita a poucas atividades pontuais”, reforça Meirelles.

 

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