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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Surto de dengue em SP ameaça saúde pública e leva estado a decretar emergência

Com 104 mortes confirmadas e mais de 117 mil casos registrados, governo paulista deve adotar medidas emergenciais; SBPC/ML reforça a importância dos testes laboratoriais para diagnóstico e prevenção

 

O estado de São Paulo enfrenta um cenário preocupante de dengue, com 117.502 casos confirmados e 104 mortes relacionadas à doença. Diante da situação, o governo paulista deve anunciar a decretação de emergência em todo o território nesta quarta-feira, 19, medida que dispensa licitação para ações de combate ao mosquito Aedes aegypti e permite maior agilidade nas respostas. Outros 81,7 mil casos seguem sob investigação. 

A decisão foi tomada após o estado alcançar uma média de 264,3 casos por 100 mil habitantes, aproximando-se, portanto, de 300 casos por 100 mil habitantes, taxa de incidência que historicamente tem sido utilizada como limite para disparar ações mais rigorosas no enfrentamento da doença. Em 2024, esse patamar foi atingido apenas em março, o que reforça a gravidade da situação atual. 

No cenário nacional, o Brasil já soma cerca de 339 mil casos prováveis de dengue no início de 2025, com 131 óbitos confirmados e outros 331 em análise, segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) alerta para a importância de diagnósticos laboratoriais rápidos e precisos, fundamentais para o tratamento e o controle da disseminação do vírus. 

“Os testes laboratoriais, como RT-PCR e detecção de antígenos, são ferramentas indispensáveis para identificar o vírus causador e direcionar o tratamento adequado”, explica Carolina Lázari, infectologista e patologista clínica, membro da SBPC/ML. Ela destaca que exames como o teste de antígeno NS1 para dengue podem detectar a doença já no primeiro dia de sintomas, permitindo intervenções precoces e eficazes. 

De acordo com a especialista, a dengue pode evoluir para quadros graves devido à intensa resposta inflamatória do organismo, que compromete a permeabilidade dos vasos sanguíneos, causando extravasamento de líquidos e risco de choque circulatório e hemorragias. “Pessoas com infecções anteriores apresentam maior vulnerabilidade, pois a memória imunológica intensifica a resposta inflamatória. Sintomas como dor abdominal, vômitos persistentes, sangramentos e sinais de hipotensão exigem atendimento médico imediato", alerta, acrescentando que grupos de risco, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades, precisam de atenção redobrada. 

Celso Granato, infectologista e patologista clínico da SBPC/M, reforça a importância do uso correto dos testes rápidos. “Embora sejam uma alternativa ágil, com resultados em até 30 minutos, precisam ser realizados por profissionais capacitados e em locais autorizados, para evitar diagnósticos equivocados”. Ela ressalta que a possibilidade de resultados falsos negativos exige acompanhamento médico, especialmente em casos suspeitos com sintomas persistentes. 

O especialista lembra que não há antivirais específicos para a dengue, mas os sintomas podem ser controlados com medicamentos seguros, como dipirona e paracetamol. “Anti-inflamatórios, como ibuprofeno e nimesulida, devem ser evitados devido ao risco de hemorragias”, alerta o especialista. 

Além do diagnóstico laboratorial, a prevenção segue como a principal aliada no combate à doença. Eliminar criadouros, manter recipientes fechados e evitar o acúmulo de água parada são atitudes fundamentais. Granato destaca a relevância da mobilização coletiva: “A luta contra a dengue exige esforços integrados de profissionais de saúde e da população. Diagnósticos precisos, cuidados preventivos e o uso consciente de medicamentos são cruciais para conter essa epidemia”.

 


SBPC/ML - Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial


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