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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Inteligência Artificial no futuro da transição energética no Brasil

 

A transição energética é um desafio mundial que implica na troca de fontes de energia não renováveis por opções sustentáveis. No Brasil, esta mudança é essencial, já que somos prósperos em recursos naturais e temos além do potencial uma vocação natural para o desenvolvimento econômico sustentável. A inteligência artificial (IA) seguramente vai ter um papel fundamental neste processo, melhorando a produção, distribuição e utilização de energia renovável. 

O emprego de energias renováveis, por exemplo, como a solar e eólica, é importante para diminuir a liberação de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas. No Brasil, de acordo com o Ministério de Minas e Energia, as fontes renováveis representam 49,1% da nossa matriz energética. Aliando estas opções de energia à inteligência artificial e a sua infinidade de possibilidades no setor, desenha-se um cenário claro, o aumento na busca desta ferramenta, que chega para otimizar processos em vários segmentos. 

Uma consultoria especializada em transformação digital e TI comprovou que 67% das companhias do setor energético pretendem aumentar seus investimentos em tecnologia nos próximos dois anos. Seu estudo que fez uma radiografia da evolução desta nova ferramenta analisou o contexto de adoção e abrangência em mais de 900 empresas do mercado e organizações em diferentes mercados.

 Grupos como a italiana Enel, que gerenciam redes de energia renovável, têm adotado soluções baseadas em IA para melhorar a eficiência da geração de eletricidade a partir de fontes limpas, como solar e eólica. Segundo dados da maior empresa de pesquisa de mercado do mundo a Research and Markets, a Inteligência Artificial (IA) no mercado de energia deverá ter uma taxa de retorno de 24,54%, ou seja, US$ 17,745 bilhões até 2029, acima dos US$ 5,923 bilhões obtidos em 2024. Ou seja, estes dados, só certificam o crescimento da IA no setor de energia. Chama a atenção o poder de expansão e a velocidade da mudança no setor. É parte da Quarta Revolução Industrial, um movimento caracterizado pela fusão de tecnologias digitais, físicas e biológicas, que já estamos testemunhando.

No setor de energia, a inteligência artificial tem desempenhado um papel revolucionário e ainda maior na questão renovável. Os fatores positivos que levam a esse crescimento, pode ser explicado pelas suas contribuições, como análise de grandes volumes de dados, já que o setor energético gera uma quantidade imensa de dados e a IA possibilita a análise e o processamento desta informação de maneira eficiente. Além disso, dá suporte à manutenção preditiva, sinalizando possíveis erros no sistema antes que ocorram. Neste universo há também redução de custos possibilitando às empresas do segmento fazerem uma gestão mais eficaz da distribuição de energia. 

Isso não só melhora a tomada de decisões, mas também ajuda as empresas a se manterem competitivas em um cenário econômico instável, otimizar operações e reduzir desperdícios. Além disso, a IA também tem sido essencial no desenvolvimento de redes inteligentes, capazes de ajustar automaticamente a alocação de recursos e monitorar a geração e distribuição da eletricidade em tempo real. A nova tecnologia responde rapidamente às variações de consumo, identificando falhas, e garantindo uma resposta mais eficiente nos picos de demanda elevando a confiabilidade do fornecimento. 

Dentre o leque de possibilidades que a IA oferece, além de possibilitar o gerenciamento de fontes de energia renovável, ela possibilita a otimização da produção destas fontes e a previsão de riscos relacionados a fatores climáticos e geográficos. Mais do que isso, por meio de algoritmos, a tecnologia ajuda a identificar os melhores locais para a instalação de usinas, maximizando a eficiência das operações. Uma grande evolução no setor. 

No âmbito dos princípios do ESG (ambiental, social e governança), a IA desempenha um papel central no avanço das energias renováveis. A automação proporcionada pela inteligência artificial otimiza as operações, aumentando a eficiência na utilização de recursos, contribuindo assim para a redução das emissões de carbono. As mudanças climáticas estão apontando diariamente o quanto isto precisa ser levado em conta nas operações das empresas do setor energético. 

Hoje, o Brasil já está despertando e investindo na infraestrutura e no desenvolvimento de regulamentações, que garantam a viabilidade da Inteligência Artificial na infraestrutura do setor energético. O Projeto de Lei 2.338/2023 que regula o uso da IA, aprovado pelo Senado no final do ano passado, atualmente segue na Câmara dos Deputados, esperando por sua deliberação. O texto garante os direitos dos usuários e as responsabilidades para os desenvolvedores da tecnologia, como tem sido informado na imprensa. 

No artigo 17, em seu inciso I, o documento estabelece que são considerados sistemas de inteligência artificial de alto risco aqueles utilizados para as seguintes finalidades:


I – aplicação como dispositivos de segurança na gestão e no funcionamento de infraestruturas críticas, tais como controle de trânsito e redes de abastecimento de água e de eletricidade. São aspectos que merecem muitos cuidados mesmo porque podem gerar complicações extremamente danosas para a população. 

Ao analisar o Projeto de Lei, percebe-se com a regulação, pontos positivos para o setor de energia como a maior segurança e confiabilidade por parte das empresas que a utilizarem como também entre os consumidores, pela transparência e responsabilidade, proteção dos seus direitos, incentivos e atrativos para a inovação, melhor gestão de recursos e principalmente a rápida resposta às situações de emergência. 

Isso abrirá ainda mais portas para mais inovações. O futuro da energia no Brasil é promissor. O País tem uma grande oportunidade de se tornar um líder global na transição energética com seus vastos recursos naturais e a crescente adoção de tecnologias inovadoras. Embora a tecnologia enfrente desafios, como a intermitência das fontes renováveis e a necessidade de infraestrutura adequada, as oportunidades que a IA oferece são imensas. Com um compromisso contínuo e investimentos estratégicos, estamos no caminho certo da revolução energética.

 



Marcelo Mendes - gerente geral da KRJ Ind. e Com. Ltda.. É economista e executivo de marketing e vendas do setor eletroeletrônico há mais de 15 anos, com atuação inclusive em vários mercados internacionais. ( https://krj.com.br/ )



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